Destiny escrita por Ckyll


Capítulo 8
As estranhezas dos mares (incluindo Poseidon)


Notas iniciais do capítulo

Hey amores
Boa leitura
Liudi e Maeve, esse capítulo é de vocês.



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Quando acordou sozinha na cama, Atena quase pensou que o dia anterior fosse um pesadelo.

Porém, o ambiente ainda desconhecido deixava claro que ela não estava em seu quarto, e os peixes que passavam pela janela e a olhavam com curiosidade com certeza não eram típicos do Olimpo, a menos que Poseidon tivesse inundado o lugar.

O nome dele a fez fechar os olhos, uma dor de cabeça ameaçava começar, e a deusa rolou pela cama, ainda não acostumada com a maciez e o perfume masculino que se desprendia dos lençóis. Não estava pronta para levantar, a reviravolta em sua vida ainda era difícil de assimilar, e a deusa reservou aquele momento sozinha para analisar a situação.

Ainda sentia a revolta por tudo o que acontecera, desde a conversa com Hera até a reunião dos deuses, a decisão de seu pai, o que Hades relatara, as reações de seus irmãos. De inicio tudo o que conseguia pensar era o quão injusto Zeus fora em tomar uma decisão daquelas sem sequer consulta-la? Como Hera podia abençoar uma união em que ambos não queriam estar? Se não enxergavam que ela podia muito bem lidar com seus problemas sozinha?

A noite de sono ajudara a clarear sua mente, embora não fosse nem de longe relaxante, passou a noite consciente de cada movimento de Poseidon, desde seu corpo inquieto enquanto dormia à sua disputa com ela pelo cobertor. Porém agora conseguia enxergar os por quês daquela situação, e embora não gostasse, não conseguia oferecer outra solução. Pensava sobre seu irmão, aquele que ela havia esquecido com o passar dos éons, por saber que ele era ruim... ou destinado a isso. Sempre soubera da profecia, sempre interpretara o ato de Zeus como uma precaução, e o sacrifício de Métis como um ato de amor.

Atena tinha nascido, e seguido sua vida como uma guerreira, mas por dentro sentia-se como uma garotinha. De inicio ela tinha tanto medo, de que fosse ela a ameaça a seu pai, de que a maldição que corria pela linhagem do senhor dos céus a atingisse, mas não era algo que tivesse admitido a ninguém... Exceto a ele.

E agora ela estava atada a ele, seu antigo confidente, seu rival, e agora seu novo marido.

As lembranças do passado ameaçaram emergir em sua mente, Atena não queria, se recusava sequer a pensar que algum dia tudo aquilo tinha acontecido. Ela não era mais uma deusa jovem e tola, não era mais aquela Atena.

A Atena dele.

Furiosa com os próprios pensamentos, seguiu para o banheiro, evitando propositalmente a banheira que seu “marido” tinha sugerido como acomodação na noite anterior, talvez tivesse sido melhor do que passar a noite com ele a seu lado. Mas Atena era orgulhosa demais para dar o braço a torcer, e ainda mais para cair nas provocações do senhor dos mares.

― Lady Atena?

Reconheceu a voz de Sebastian antes mesmo de virar para vê-lo, depois de um banho e roupas limpas, ela sentia que estava pronta para enfrentar seu primeiro dia como esposa de Poseidon. Deuses, que pesadelo era aquilo. Percorreu os corredores do palácio, nadar não era algo que lhe agradasse, era cansativo e por isso tentou caminhar, como tinha feito na noite anterior, mas constatou que apenas a presença do baiacu de tridente lhe permitira tal façanha.

― Olá, Sebastian. Eu estou um pouco perdida.

― Imaginei que sim, levará alguns dias para que decore todas as passagens e corredores do palácio, enquanto isso ficarei feliz em ser seu guia. ― Ele educadamente fez uma reverência a ela, guiando Atena ao grandioso salão de jantar. Não tinha toda a ostentação do Olimpo, mas era tão imponente quanto. Um grupo de tritões se servia do banquete disposto a mesa, Atena recusou educadamente a oferta de Sebastian em tomar seu café da manhã naquele momento, a confusão em sua cabeça dera um nó em seu estômago.

Seguiram por muitos cômodos, em especial um dedicado exclusivamente a rainha, o salão das mulheres, onde nem mesmo Poseidon podia entrar sem permissão. Foi óbvia a tentativa do tritão em não citar Anfitrite, e a deusa da sabedoria começou a se questionar sobre as circunstâncias do divórcio dos soberanos dos mares.

A ala leste mais uma vez foi ignorada, o que deixou Atena ainda mais frustrada. Curiosa como era, ter uma informação negada a ela fazia sua mente fervilhar em possibilidades, mas não se prendeu ao pensamento, pois o próximo ponto do tour era o salão do trono.

― É aqui onde o rei passa a maior parte do dia, ocupado em receber os súditos, vindos de todos os lugares dos mares. ― Sebastian explicou, como se lesse os pensamentos curiosos da deusa, Atena estava começando a gostar dele.

Entraram sem que os outros os notassem, o salão era grandioso, e sinceramente, o sonho de qualquer arquiteto. As paredes eram claras, com painéis em um metal que brilhava como fogo, e a deusa o identificou como oricalco, provindo da lendária ilha de Atlântida. Nesses painéis estavam retratadas a história dos mares, desde sua criação através de Ponto até os dias atuais sob o domínio de Poseidon. Ela sabia que poderia perder horas ali analisando cada figura e descobrindo a história por trás dela, mas uma pequena discussão chamou sua atenção, fazendo a deusa se voltar para o centro do salão.

Diante do trono do deus dos mares, dois sereianos discutiam, aparentemente trocando acusações sobre o roubo de um baú cheio de moedas de ouro que estava em um antigo navio. Poseidon observava tudo como uma partida de futebol, ocultando um sorriso mínimo por trás do dedo indicador. Seu olhar se ergueu, Atena não tinha certeza de como ele notara sua presença, mas por alguns instantes ele apenas a encarou e voltou-se a seus súditos. 

— Certo, vocês dois. O baú de ouro não pertence a nenhum, se estava em um navio naufragado, deve permanecer lá. Sabem disso. 

— Mas... Majestade... — um deles tentou protestar, mas foi calado por um gesticular de Poseidon. 

— Espero que se entendam, ou procurem algo mais importante para discutir, mas esqueçam o baú. A audiência está encerrada.

Prontamente os sereianos fizeram uma reverência ao rei e saíram do salão, não sem antes lançar um olhar curioso a deusa da sabedoria, sem compreender sua presença ali. Não tinha problema, ela também não compreendia. 

— Pensei que tivesse fugido logo pela manhã. — a voz do deus fez com que ela se voltasse em sua direção, Poseidon parou diante dela, curioso, e virou para o tritão ao lado de Atena. 

— Sebastian, estava mostrando o palácio, um tour mais detalhado. — "porque você é um péssimo guia turístico", pensou em comentar, mas não era necessário, ele já a encarava como se soubesse exatamente o que passava por sua cabeça.

― Obrigado por isso, Seb. Eu assumo daqui. ― era impossível não notar a simpatia, e até o respeito, que o deus dirigia ao tritão. Sebastian fez uma reverência a ambos, saindo em seguida. Os guardas fecharam as portas do salão e de repente apenas Atena e Poseidon permaneciam ali. ― Mais calma? Você parecia querer esquartejar Afrodite ontem.

― Ela fez por merecer, me forçar a dormir com você é motivo para a pior das torturas.

― Fala isso, mas não se importou nem um pouquinho em dormir aninhada a mim.

A deusa sentiu o rosto esquentar, queria negar aquelas palavras, mas tinha uma leve e confusa lembrança de se aninhar em um grande travesseiro, quente e confortável, que se moldava perfeitamente para ela. Preferiu não responder, apenas nadou pelo salão, dando uma boa olhada nos painéis, analisando o material claro da parede, observando os três tronos que ficavam ao final do salão.

― É pérola, nas paredes. E o terceiro trono é de Tritão. ― Poseidon explicou enquanto a seguia, a deusa da sabedoria, porém, analisava o trono menor à esquerda do que pertencia ao senhor dos mares. O trono de Anfitrite. Era lindo, delicado, e claramente feito por alguém talentoso.

― Onde ele está? ― indagou, dando as costas aos tronos, sem querer prender-se mais aos pensamentos relacionados a deusa dos mares.

― Em Tritonis, seu próprio reino.

Ela recordava de Tritonis, embora jamais tivesse visitado o reino, sua melhor amiga viera de lá. Palas, a filha de Tritão, a neta do senhor dos mares que morrera pelas mãos de Atena. Não fora intencional, todos sabiam, mas ela não conseguia deixar de sentir a culpa, mesmo depois de tanto tempo, e a suspeita de que o ódio que o deus lhe dirigia tinha isso como motivo.

Além de Medusa, é claro.

― Sebastian me levou até o salão das mulheres, disse que você não pode entrar lá sem permissão da rainha, já gostei do lugar. ― provocou, e o riso do deus saiu com facilidade.

― Sim, estive pensando o que fazer com aquele salão, mas se gosta tanto, vou mantê-lo.

― O que pretendia fazer com o espaço? Uma sala de tortura?

― Para uma deusa tão inteligente, você tem pensamentos bem limitados de vez em quando.

Eles se encararam com hostilidade, ali estava algo que reconheciam, as provocações e respostas atravessadas. Atena poderia ter começado uma série de insultos a ele, como a sua inteligência inexistente e sua personalidade canalha, mas tinha coisas a resolver.

― Precisamos conversar sobre tudo isso.

Poseidon arqueou a sobrancelha escura, como se esperasse que ela dissesse outra coisa, mas por fim assentiu e indicou que a deusa a seguisse para fora do salão. Por alguns momentos ela pensou que seria levada a um escritório, era o que Zeus faria diante daquela frase, mas Poseidon não.

Saíram do palácio, entrando no complexo que cercava o lugar, e que Atena sequer notara na noite anterior. Além do jardim haviam outros edifícios e templos, sereias passavam por ali, não as verdadeiras e sanguinárias, aquelas eram mais Disney do que Supernatural. Quis questionar sobre aquilo, mas Poseidon continuou seguindo em frente, então subindo em direção a superfície. Foi com grande alegria que os pulmões da deusa receberam o ar, e com certa ansiedade, pois ela engasgou e tossiu, então a mão do deus dos mares estava em suas costas, e toda a água que tinha respirado até então foi colocada para fora de forma nada agradável.

― Por que estamos aqui? ― ofegou, então sentou na areia e respirou profundamente, o sol brilhava forte, e se ela pudesse daria um abraço em Apolo.

― É mais seguro, essa praia é protegida por mim, podemos conversar sem que ninguém mais nos ouça.

― Seu palácio não é seguro?

― É sempre bom desconfiar.

Ela o encarou por alguns instantes, mas preferiu não fazer mais perguntas, Poseidon não estava nem um pouco abalado com a súbita vinda a superfície, mas tinha o olhar fixo na deusa da sabedoria. Em algum momento em sua subida tinha perdido o controle, já tão frágil, e sua roupa ficara completamente molhada. Não teria sido um problema se o vestido que ela considerava tão comportado não tivesse se grudado em seu corpo, delineando bem as curvas que tanto se esforçava para esconder, seu cabelo descia em cachos bagunçados sobre seus seios, e ela ficou feliz por aquilo ajudar a oculta-los.

Só não compreendia por que o deus a encarava daquela forma.

― O que está olhando? ― perguntou, como sempre na defensiva.

― Você fica melhor bagunçada assim.

― Eu não estaria bagunçada se tivesse avisado para onde...

― Está bonita assim.

― Humpf.

E como sempre o rubor ameaçava lhe subir a face, Atena se esforçou para não deixar aquilo acontecer, lembrava-se bem do sorriso vitorioso do deus quando a fazia corar. Arrumou a postura, gesticulando levemente, seu corpo e suas roupas ficaram completamente secas.  

― Vamos conversar agora ou você vai continuar fazendo beicinho? ― Poseidon questionou, internamente estava se divertindo como nunca, era maravilhoso poder provoca-la e saber que ela não correria para se esconder atrás de Zeus. ― Estou ansiosíssimo.

― Eu não... ― ela começou, mas parou, respirou fundo e não se deixou levar. Se quisesse que aquilo desse certo tinha que tentar se entender com ele. ― Certo, vamos começar.


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Notas finais do capítulo

Vocês não querem me matar pela demora, né? Sabem que eu amo vocês sz
Eu estive muito ocupada, e com muito sono, mas finalmente terminei o cap! Tenho uma perguntinha, qual foi o shipp mais estranho (de deuses) que vocês já viram? É pro meu Tcc q
Enfim, espero que tenham gostado.
nos vemos nos comentários?
Beijos, Ckyll.