Destiny escrita por Ckyll


Capítulo 10
Enquanto isso, nas profundezas do tártaro.


Notas iniciais do capítulo

Hey amores

Apesar de eu ter estabelecido dias para postagem de cada fic, podem encontrar isso no meu perfil, coisinhas me fizeram atrasar a atualização e só hoje pude vir aqui.
Espero que gostem!



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Destiny

No mais profundo recanto do tártaro ele repousava, mas não dormia profundamente como era de se esperar. Já dormira por muito tempo, éons adormecido nas entranhas de seu pai, fraco demais para reagir, quase um deus-morto. Se dizem que deidades são incapazes de morrer, não provaram o que ele viveu, era muito pior do que a morte, viver trancafiado e esquecido, sem chance nenhuma de se libertar.

Porque até isso lhe fora tirado, Métis escolhera qual de seus filhos iria salvar, antes mesmo que eles nascessem, ele nunca foi o escolhido. Amaldiçoado antes mesmo de existir, carregando o fardo da linhagem de seu pai, porque este repetira o ato do senhor titã em destronar o pai.

Por isso ele fora trancafiado, rejeitado, esquecido. Porque era sua missão tirar Zeus de seu lugar.

Obviamente, a escolhida para sobreviver fora ela, a prodigiosa Atena, sua gêmea boa. Desde que tinha despertado, ainda dentro de Zeus, ele observara a irmã. A inveja e a raiva o tomaram ainda mais, maldita Atena, perfeita Atena, vivendo uma vida que deveria ser sua. Não demorou que ele, tão esperto quanto ela, criasse um plano. Alimentou-se do poder do deus dos deuses, usou Zeus como uma marionete, e que divertido foi destruir aquele acampamento! Ver aqueles pobres semideuses correndo de um lado para o outro, sentir o desespero de seu pai em não conseguir se controlar, ter em suas mãos o poder!

― Meu sssssenhor.

A voz de uma dracaena o despertou, e ele abriu os olhos cinzentos, tal como os da irmã. Saiu de sua cama, se é que aquilo poderia ser chamado de cama, e se dirigiu a porta do quarto.

― O que quer?

― Vosssssoss amigosss o esssperam. ― ela fez uma reverência, mas foi empurrada para o lado e ficou ali, no chão enquanto Ele sumia no longo corredor. Detestava aquelas mulheres reptilianas, aquelas palavras cheias de “ssss” o deixavam impaciente, mas no momento elas eram necessárias. Assim como todos os aliados que pudesse conseguir.

Para sua sorte, Zeus tinha muitos inimigos. Era um péssimo rei, mais detestado do que temido, e aquilo dava uma vantagem a seu filho rejeitado. Ele sabia, ao contrário do que a dracaena dissera, que aqueles não eram seus amigos, tinham interesses em comum, derrubar os deuses eram o que eles queriam, ele só queria ter Zeus sob seus pés.

― Meu senhor, nós conseguimos traze-la! ― o lestrigão comemorava, a cara horrenda se contorcendo em um sorriso. ― Foi difícil, tivemos que entrar naquele lugar ruim e Bill não conseguiu sair de lá...

― Bill voltará, em algum tempo. Agora, por que não me deixa dar uma olhada nela? ― Ele sabia ser bastante persuasivo, também não era difícil colocar criaturas tão burras sob seu controle, o lestrigão se afastou, revelando a mulher acorrentada, que foi empurrada para a frente e caiu aos pés do deus rejeitado. ― Com mais cuidado, tonto. Não queremos que ela quebre o pescoço... Não ainda.

― Se planeja me assustar, precisará de mais do que isso. ― a voz da mulher se fez ouvir, o sotaque pesado enrolava suas palavras, tornando difícil a compreensão. ― Prometeu que depois de saber da profecia eu estaria livre!

― Eu disse livre? Oh, perdoe-me. Não entendo muito bem o conceito de liberdade. ― o sorriso do deus era maldoso, e embora suas feições fossem belas, a mulher o enxergava como o pior monstro daquele lugar. ― Tem coisas sobre a profecia que não consigo compreender, preciso que repita.

― Não sou uma máquina de profecia automática! E não sirvo a você!  ― Ela cuspiu, atingindo o rosto do rejeitado, e ele retribuiu tal gesto com um tapa que a levou ao chão.

― E a  quem você serve? Aos deuses que lhe trancafiaram naquela ilha? A Hécate? Sua mãe não fez nada para lhe tirar de lá, você não entende de liberdade mais do que eu! ― limpando a mão, como se tivesse tocado numa criatura nojenta, o deus se abaixou enquanto a mulher se apoiava em seus joelhos novamente. ― Estou te dando uma chance de ser útil, Daena. Mostre um pouco de gratidão.

Talvez por temer ser machucada, talvez por saber que não conseguiria sair dali sem dar o que ele queria, a semideusa assentiu, mas não sem antes amaldiçoar seu destino infeliz que lhe dera aquele dom. Muitas pessoas desejavam ver o futuro, para Daena isso era um tormento. A filha de Hécate nascera com o poder de ver o passado e o futuro, tinha até, mais de uma vez, interferido e modificado o rumo de suas visões, e por isso os deuses a puniram. Fora trancafiada em uma ilha, nos calabouços de um castelo. Acorrentada, as visões a enlouqueceram por completo, e fora dessa forma que o rejeitado a encontrara.

Infelizmente, ela não controlava seu poder, e quando o vira a profecia saltou de sua boca. Com isso, o deus viu naquela semideusa uma forma de ter seu próprio oráculo particular.

― O que não entendeu na profecia? ― indagou, num tom mais suave, e isso fez o rejeitado sorrir.

― Disse que apenas junto a Atena estarei livre da maldição que corre na linhagem de Zeus.

― Sim, ela é a única capaz de ajuda-lo com isso.

― Como?  Unindo-se a mim? Até as pedras do tártaro sabem o quão leal Atena é a noss... Seu pai.

― Um filho, eu já lhe disse. Precisa gerar um filho com sua irmã, ele será o equilíbrio entre ambos, e isso neutralizará a profecia. Quando tomar o trono de Zeus, e seu filho com a deusa da sabedoria nascer, terá todo o poder para si, sem ameaças.

Ele pareceu pensar naquelas palavras por alguns instantes, a ideia de um herdeiro não lhe agradava, tampouco com sua irmã. Haviam deusas mais belas e mais interessantes do que Atena, pelo que vira dela nos olhos de Zeus, não entendia o que a tornava tão especial.

― Repita a profecia.

Daena respirou fundo, talvez buscando inspiração, ou paciência. Por fim apenas permaneceu em silêncio, então desfaleceu por alguns instantes, o riso sacudiu seu corpo enquanto a profetiza louca tomava seu lugar. Os olhos verdes foram tomados por tons púrpura, e mesmo sua aparência agora fazia jus ao que ela era.

― “Aquele que foi trancafiado na escuridão

Julgado e condenado sem chance de perdão

O destinado ao trono usurpar

Somente com sabedoria triunfará

A união dos filhos de Métis quebra a maldição

Do rio obscuro deverá se alimentar

Para o rejeitado vencer ou por fim ser esquecido

A vitória vem por meio de grande sacrifício.”

Ouvir novamente aqueles versos, mesmo que fosse sua vontade, lhe trouxe uma sensação gélida que ele se recusava a nomear, não gostava da margem erro, da possibilidade de perder, ser esquecido. Ele não voltaria para a escuridão, mas sabia que para isso necessitava de sua adorável irmã gêmea.

― Então, devo gerar um filho com Atena, com isso a maldição se quebra.

Daena, novamente sob controle de seu corpo, assentiu em silêncio para não proferir uma série de insultos.

― Ótimo, leve-a daqui. Entregue a um dos ciclopes, eles vão saber onde deixa-la.

― Espere, não! ― a semideusa se levantou, mas foi interceptada pelo lestrigão, e não era forte o suficiente para se livrar daquele aperto. ― Não pode me prender aqui. Prometeu liberdade, não pode me manter nesse lugar!

― Eu lhe darei liberdade, minha querida profetiza. Porém, não posso me arriscar que os deuses saibam de sua profecia, é mais seguro tira-la do alcance deles. ― o sorriso dele era quase gentil, quase. Era possível ver o prazer em ver a semideusa se debater nos braços do monstro. ― Ficará aqui, como minha convidada. E depois que eu destronar Zeus e cumprir sua profecia, estará livre para viver sua vida como bem desejar. Por enquanto, aproveite a estadia.

A profetiza continuou a gritar enquanto era levada, até desaparecer das vistas do rejeitado, e este voltou para seu lar provisório. Não era um palácio grandioso e digno dele, mas os monstros do tártaro se dedicaram em criar para ele um lugar onde pudesse ficar. Sua localização era estratégica, junto a cachoeira onde o Estige desaguava no tártaro, era ali onde Ele se alimentava, as águas daquele rio o tornaram poderoso, e continuava a usa-las para manter-se assim.

Quase tivera a deusa daquelas águas em suas mãos, Estige parecia pequena e frágil para alguém tão temida, e enquanto encarava aqueles olhos escuros, imaginou milhares de coisas que poderia fazer e como se divertiria em vê-la sofrer. Porém, as fúrias intrometeram-se em seu caminho, levando consigo a deusa, que naquele momento já devia ter contado a Zeus onde seu filho estava.

Esperava que o pai viesse confronta-lo, mas sabia que não o faria. Em seu tempo na mente do senhor dos céus, ele tinha visto muitas coisas: Seus desejos, seus medos, e seu ponto fraco. Em seu trono, moldado numa pedra escura, o rejeitado permaneceu imerso em pensamentos sobre sua profecia.

Parecia óbvia, mas ele sabia que aí estava o perigo: Quando se pensa que entendeu uma profecia antes que ela se concretize, está errado. Havia uma armadilha, e ele não seria um bom filho da prudência se não fosse cuidadoso com os passos que daria dali por diante. O som estridente invadiu o salão, o deus ergueu o olhar a tempo de ver duas harpias pousarem a sua frente.

― Meu senhor, trazemos notícias do Olimpo. ― uma começou.

― Notícias ruins, muito ruins. ― a outra completou.

― Desembuchem de uma vez. ― o deus resmungou, se sentia cercado por idiotas, aqueles monstros tinham uma mente muito limitada, e um vocabulário mais limitado ainda.

― Os deuses se reuniram mais uma vez, mesmo o senhor do submundo esteve presente, junto a rainha e Estige.

Então a deusa já tinha contado aos Olimpianos o que se passara ali, o rejeitado sentiu a satisfação crescer, ofuscando os pensamentos que lhe tomavam minutos atrás. 

― A reunião tratava de vossa irmã, a deusa da sabedoria.

― Dizem que ela, a favorita de Zeus, por ele foi forçada a se casar. Atena, agora, é esposa do deus do mar. ― a harpia de penas alaranjadas contou, e levou uma cotovelada da outra, que tentava ser mais sutil.

O rejeitado permaneceu em silêncio, com um gesticular, dispensou aquelas criaturas, apesar de idiotas eram úteis. Vagou pelo salão, e nenhum daqueles que se tornaram seus servos se arriscou a entrar ali enquanto ouviam o deus revirar o lugar. O trono de pedra foi feito em pedaços, braseiros revirados e ele, o rejeitado, ajoelhado no centro do salão.

Seus acessos de raiva eram raros, até ali, se mostrara apenas cruel e sádico, mas naquele instante, sentia que poderia partir o Olimpo com as próprias mãos. Zeus, novamente, atravessava seu caminho e atrasava seus planos. Atena tinha de lhe pertencer, era o que dizia a profecia, somente assim ele estaria livre da maldição e poderia reinar... quando eles gerassem um filho.

Decidiu ali que nada seria impedimento para que sua profecia se cumprisse, ele teria Atena de uma forma ou de outra, e não seria Zeus ou mesmo Poseidon a impedi-lo.

― Não voltarei para a escuridão, e não serei esquecido. ― prometeu, em meio ao salão vazio, nas profundezas do tártaro. Faria Zeus pagar por cada dia que passara em suas entranhas, e Atena se arrependeria por tê-lo deixado para trás.


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Notas finais do capítulo

Peço desculpa por erros, eu até revisei, mas estou com tanto sono que isso não adianta. Tentarei postar novamente no sábado, então, me desejem inspiração.
Nos vemos nos comentários (ps: Não fiquem bravos, sei que estou devendo respostas em alguns reviews, mas tenho estado muito cansada e com internet ruim, responderei quando puder.
Beijos, Ckyll.



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