A Rosa Dourada escrita por Dhuly


Capítulo 8
Perdido e Sozinho


Notas iniciais do capítulo

Oi!
Terminei de escrever esse capítulo agora e já dei uma corrigida, pode ser que eu tenha deixado passar alguns erros, desde já peço desculpas por qualquer erro.
Eu tava sentindo que o Arthur estava meio sumido e sem muito foco, por isso fiz esse capítulo todo para ele!
Espero que gostem!Boa leitura!



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c a m i n h o   p a r a   o   s u l

Arthur sucumbia ao sol quente. Como, mas como, ele odiava o calor. Suava como um porco, mesmo com apenas a blusa de linho e o calção. O ombro doía por conta da cota de malha que carregava nos ombros. As pernas mal se aguentavam por si próprias. A garganta estava seca, a água havia acabado pela manhã e ele não tinha visto sinal de rio ou lago. Estaria ele tão longe do Vinhomel? Pensou ele enquanto passava a língua pelos lábios rachados.

No início ele tinha um cavalo, contudo um maldito arqueiro havia acertado uma flecha na pata do animal. Com o sangue escorrendo o garanhão não resistiu mais do que dois dias. O Tarly teve de andar sem parar e ficar o mais longe possível de Jardim de Cima.

Os cortes em seu braço e na mão formigavam. A Redwyne havia feito um corte profundo acima de seu cotovelo, se ele não tivesse segurado a espada com a própria mão, ou ele teria perdido o membro ou estaria com um braço segurado por apenas um tendão. Mesmo com a luva, a espada bem afiada de Odethe havia cortado facilmente sua mão. Sem um meistre ou algum curandeiro, o máximo que ele conseguiu fazer foi enfaixar com um pano os dois cortes.

O rapaz se perguntava como os Gardener haviam descoberto todo o plano, ele havia sido extremamente cauteloso para que nada fosse exposto. Todas as informações haviam sido passadas por informantes extremamente selecionados e leais, ele mesmo teve o cuidado de escolher a dedo todos. Não tinham como ter descoberto, mas haviam descoberto mesmo assim...

Ele coçou os olhos, para piorar parecia estar com febre e com dor de cabeça. Pensar em problemas só pioraria as coisas, tinha de se focar na sua situação atual, tinha de sobreviver!

O Tarly parou por alguns segundos e largou a cota de malha sobre o chão. A grama estava amarelada e seca, o verão estava assolando a Campina. Arthur havia tido o cuidado de andar afastado da estrada e, sempre que possível, camuflado pela vegetação. Até agora não havia encontrado ninguém, nenhum inimigo, mas também nenhum aliado.

O jovem respirou fundo e pegou novamente a cota, sentindo uma forte dor no braço, porém ele seguiu sua caminhada. Arthur pensava em ir para Vilavelha antes de voltar a Montechifre, já que o caminho era mais curto. Perguntava-se como as coisas estavam por lá, com certeza seu tio saberia como cuidar das coisas.

A dor de cabeça aumentou e ele continuou seu caminho tentando não ligar para a dor incômoda. Ele conseguiu avistar uma colina alta e resolveu subir até o cume dela. De cima ele tinha uma boa vista, e ao longe viu uma pequena aldeia.

Por mais que ele não quisesse ser reconhecido, não tinha outra opção senão ir ao povoado, precisava de água e comida. Após pensar um pouco ele caminhou em direção à aldeia, colocando o seu manto para esconder o rosto.

Não passaram mais do que minutos e Arthur se viu no centro da vila, algumas crianças corriam com os pés descalços.  Olhou ao redor e não viu nenhum poço, contudo uma taberna encontrava-se em sua frente. Ele seguiu para o estabelecimento.

Era uma taberna pequena, de um andar apenas e com poucos clientes. Duas janelas deixavam o sol entrar e de vez em quando uma brisa refrescante entrava no local.

Havia algumas mesas pequenas e um balcão. Ele sentou-se em um dos bancos do balcão e pediu água. O taberneiro não demorou muito para trazer e ele bebeu três copos cheios antes de se saciar.

— O que tem para comer? — Perguntou ele da forma mais rústica que conseguiu, tinha de disfarçar sua real identidade e posição.

— Pato, pão de hoje de manhã e um ensopado de carne — Respondeu o homem bruscamente, tinha uma careca e uma barba grosa e embrenhada. Não era uma bela visão.

— Quero um pato com pão, tem hidromel nesse lugar?

— Apenas cerveja preta e água — Respondeu o taberneiro com um sorriso de canto — E você tem como pagar?

Arthur apenas balançou a sua sacola de moedas na face do homem. Logo o taberneiro foi para a cozinha preparar sua comida.

— Ei — Chamou um homem bêbado em um banco próximo, o bafo de cerveja era péssimo.

O Tarly olhou para ele.

— Vi que você tem dinheiro com você, sabe eu estou com umas dívidas e tô meio sem moedas para pagar o taberneiro... — Explicou o homem. — Você não poderia quebrar meu galho?

— Não!

— Vamos lá, é só algumas moedas! — Pediu ele.

— Já que disse que não! — Repetiu Arthur.

O homem olhou para o copo e Arthur voltou a sua espera para a comida. Por sorte ele era bem atento e logo percebeu a mão rápida do bêbado em direção a sua sacola. Ele apertou o braço do homem com o braço esquerdo. Mas ele logo tentou desferir um murro em seu rosto. Arthur impediu com o outro braço e sentiu uma dor angustiante na ferida.

O bêbado pulou sobre ele, os dois caíram no chão, a cabeça de Arthur bateu no chão com tudo, fazendo a dor de cabeça ficar mais forte.

Ele conseguiu se defender de alguns socos antes da dor na cabeça e no corte piorarem. Sentiu sangue saindo do nariz e percebeu que o mesmo havia quebrado.

Ouvia gritos e uma voz forte. As coisas ao redor começaram a ficar turvas e as vozes a ficarem mais distantes. Tudo parecia perder o sentido, por fim o breu tomou conta da visão de Arthur.

 

 

As dores tomavam conta de Arthur. Sua cabeça, seu braço, sua mão, seu nariz doíam. Ele sentia que estava em uma cama bastante macia e fofa. Escutava um barulho de algo batendo.

Ele respirou profundamente e abriu os olhos lentamente. O ambiente era escuro, a única luz vinha de uma janela pequena ao longe. Percebeu que já estava sem a camisa de linho e a capa, apenas de calção. Suava bastante e a dor de cabeça o assolava.

O Tarly olhou para o lado e viu um velho de roupas cinzentas e com uma grande corrente feita de elos de ferro. Só podia ser um meistre. Ele amassava algo com um pequeno batedor em um recipiente.

O homem idoso e barbudo se virou tomando um susto.

— Quem é você? — Arthur quis saber.

— Meistre Alester, trabalho para Lorde Robert Florent... — Informou o erudito.

— Os Florent ainda estão ao lado dos Hightower certo?

— Lorde Robert é o servo mais leal do Rei Gerold! — Afirmou Alester.

— Preciso falar com Robert o quanto antes — Disse Arthur tentando se levantar.

— De jeito nenhum! — Contestou o meistre deitando ele novamente — Primeiro preciso cuidar de suas feridas antes que piorem, Lorde Florent impediu que você fosse morto na taberna e pediu para eu cuidar de você e é isto que vou fazer!

O Tarly acabou concordando, ficar deitado um pouco mais naquela cama macia não seria o fim do mundo.

— Já cuidei de sua mão, coloquei uma mistura de ervas e enfaixei. Agora teremos de olhar este corte em seu braço que está péssimo.

Alester retirou o pano que Arthur havia amarrado ao braço com cuidado e paciência. Logo um fedor ruim toma conta do quarto, o meistre estreitou os olhos ao observar o ferimento.

— Devia ter cuidado disso o quanto antes! — Reprendeu o meistre.

— Digamos que eu não estava com muito tempo de sobra. — Rebateu ele sarcasticamente com um sorrisinho.

— Bom, ainda está vermelho... Significa que a carne ainda não começou a apodrecer... — O homem falava após pausas pequenas em que observava o corte. — Dói? — Perguntou o meistre após apertar o ferimento.

Arthur cerrou os dentes e fechou os punhos com a imensa dor que sentiu.

— O que acha? — Rugiu o Tarly irônico.

— Está bastante inflamado... com bastante pus... por sorte ainda não há vermes, terei de limpar e costurar, vai ser muito doido, por isso vai ter de tomar uma boa dose de leite de papoula. — O meistre fala enquanto preparava seus instrumentos e separou o leite para Arthur tomar.

Ele não devia aceitar um anestésico de um meistre desconhecido, contudo não parecia ter outras opções. Não conseguiria sair dali e se manter com aquele braço e toda a dor. Por fim ele bebeu o leite de uma vez e logo o sono veio fazendo ele adormecer profundamente...

 

 

O barulho de espadas era alto, ele escutava aço contra aço. Uma música muito comum a seus ouvidos. Ele estava no meio de tudo, homens lutando e se matando. Queria lutar, mas estava paralisado, não conseguia se mover. Viu uma cabeleira ruiva como o fogo vindo em sua direção. A espada em punho.

Ele queria se defender, mas estava sem espada e não conseguia se mexer.

Ela chegava mais perto, sua face como uma rocha. Sem expressões. Quando finalmente chegou a sua frente. A mulher diferiu um ataque em seu braço. A dor foi tremenda e Arthur acordou gritando.

— Acalme-se, já estou terminando... — Meistre Alester estava ao seu lado, colocando um pano de linho branco sobre o corte no braço direito de Arthur. Isso doía muito.

Arthur olhou pela janela pequena e viu que já era noite.

— Primeiro eu retirei todo o pus do ferimento... depois limpei com vinho fervente... costurei o corte e coloquei uma mistura de ervas para cicatrizar mais rápido... — Explicou o meistre com pequenas pausas — Se não usar o braço para nada e deixar ele parado, logo vai ficar curado...

— Eu preciso falar com Lorde Robert — Murmurou Arthur percebendo que a garganta estava seca.

— É claro... Lorde Florent pediu para manda-lo até ele assim que acordasse... — Avisou Alester. — O Senhor Erren mandou um par de roupas para você Lorde Arthur...

— Como sabe quem eu sou?

— O brasão em sua cota de malha e seus ferimentos revelam muitas coisas... — Disse o meistre apontando para a cota que jazia no chão.

Ele suspirou. Agora não havia o porquê de esconder sua verdadeira identidade, se quisessem matá-lo já o teriam feito.

— Lorde Robert te espera para o jantar... Já vou me retirar... Um guarda está à porta e te levara até Lorde Florent — Diz Alester com suas pausas irritantes.

Arthur apenas confirmou com a cabeça e o meistre retirou-se. Rapidamente o Tarly se vestiu, a dor no braço atrapalhou um pouco, mas ele soube se virar. Logo já estava acompanhando o guarda.

A construção em que se encontrava até que era grande e espaçosa, com pisos de madeira e paredes de tijolos feitos de pedra. Tinha dois andares e eram bem iluminadas. Guardas estavam por toda parte, o que era normal já que um lorde estava no recinto.

Lorde Robert Florent era um homem forte de ombros largos, havia sido um dos maiores guerreiros na última guerra contra Dorne. Havia massacrado os dornenses com seu machado de batalha e espalhado sangue nas Montanhas Vermelhas. Arthur ainda nem era nascido na época que o homem lutava.

Ele estava sentando numa enorme mesa recheada de assados e vários pratos diferentes. Comia um pernil com gosto e lambuzava os dedos de molho. Seu filho mais novo Erren era menos “bagunceiro”, bebia de seu cálice de vinho quieto, num canto do cômodo.

Madeira crepitava na enorme lareira e aquecia o ambiente. Arthur se sentou a mesa, Robert parecia mais interessado no alimento a sua frente. Já o filho observava tudo.

— Lorde Robert! — Arthur chama.

O Florent olhou para ele surpreso e logo limpou os dedos e a boca.

Arthur — Trovejou Robert com um sorriso e logo batendo seu corno de cerveja na mesa, obviamente derramando metade do conteúdo. — Que bom vê-lo, todos pensávamos que havia morrido ou sido preso.

— Consegui sair de Jardim de Cima com alguns ferimentos e um cavalo manco. Depois de dias eu cheguei aqui.

— Terresa e minha neta? Conseguiram também? — Questionou Robert com um pouco de medo transpassado na voz.

— Elas conseguiram fugir do palácio, só não sei das mãos de Garth... — O Tarly respondeu.

— Tenho certeza que estão bem, Terresa sempre sabe o que fazer! — Afirma o Florent com orgulho da filha mais velha.

— Poderia dizer onde estou e o que vocês estão fazendo aqui? — Ele ainda nem sabia o nome da aldeia onde se encontrava.

— Está espelunca tem nome Erren? — O grande homem riu até chorar, deixando as bochechas vermelhas. — Eu sei lá o nome daqui, estou apenas de passagem, a caminho de Vilavelha. Você teve sorte de ser encontrado em terras Florent, se fosse em qualquer outro lugar provavelmente te levariam direto para as mãos de Axel!

Arthur olhou para Robert sem entender, o que ele queria dizer com aquilo?

Pai e filho se entreolharam por um momento.

— Você não sabia? Axel agora é Lorde de Monte Chifre...

Ele ficou alguns momentos sem reação.

— Como? — Foi à única coisa que saiu de sua garganta.

— Axel agora é Lorde de Monte Chifre, tomou o seu lugar logo após que os boatos que você foi preso se espalharam. Diz a todos que tem ouvidos que você é um traidor da coroa e que está indo contra o verdadeiro rei. Gerold está furioso com toda a situação. Dizem até que ele está casado com a garota Beesbury ou que vai se casar. Desde que a guerra começou ficou difícil de saber as informações concretas em vez das fofocas. — Explicou Robert.

Ele não conseguia acreditar! Como seu Tio Axel havia feito isso com ele? O mesmo homem que havia ajudado ele a ser um bom lorde e ajudado ele a passar pela perda dos pais? Como ele havia roubado o lugar de direito de Arthur e ainda falava que ele era um traidor? O mesmo homem que havia ficado ao seu lado na decisão de seguir os Hightower...

Por fim ele pensou, tinha de recuperar suas terras e seus títulos de seu tio usurpador. Tinha de pegar tudo de volta! Mas como sem exército e ajuda? A solução chegou rapidamente.

— Irei para Vilavelha com vocês!


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Notas finais do capítulo

Bom, eu espero que vocês tenham gostado e tenham visto mais da personalidade do Arthur. O que acham que ele planeja fazer em Vilavelha??
Vejo vocês nos reviews!Beijinhos!