Together Again escrita por Cristabel Fraser, Bell Fraser


Capítulo 20
Cicatrizes


Notas iniciais do capítulo

Olha quem retornou com força total!!!!!! UHUUUUU!!!!! Eu mesma Belzinha... pessoal me perdoem pelo sumiço, eu poderia escrever uma lista completa de explicações, mas resumindo TUDO venho engolindo uma lagoa inteira de sapos (coisas que me chatearam bastante e me magoaram) e pra piorar perdi minha ferramenta mais importante para editar os capítulos. Enfim foi um verdadeiro mar de azar, mas cá estou e o capítulo de hoje haverá pequenas pistas e acredito eu que capítulo que vem já será continuação do prólogo, digamos que estaremos mais perto ainda da verdade. Desculpem se estou lenta e tal, mas talvez se eu colocasse os acontecimentos acelerados vocês ficariam boiando e estou mostrando o quanto Katniss ficou quebrada. E estou planejando altas aventuras para o que está por vir. Agradeço o carinho de cada um e Cris obrigada pela MP foi um incentivo entanto.



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“A esperança se agarra a tudo que flutua”.

***

 

O aniversário de seus 35 anos, havia passado como um flash, tão rápido quanto um cometa. Eu continuava inerte que só parei pra pensar nesse fato, depois que fui tirada a força do apartamento, onde construiríamos o princípio de nossas vidas juntos.

— O departamento de investigação quer falar com você. – Johanna entrou em meu quarto e eu me encontrava na mesma posição de semanas atrás. – Ei, estou falando com você! – grita, mas não dou a mínima. – Não tenho muita paciência com crianças mimadas. – Ela corta minha visão que eu tinha do jardim, se enfiando na minha frente.

— Johanna, deixe minha irmã em paz. – Escutei a voz de Gale e virei o rosto esboçando um pequeno sorriso. – Me parece que o detetive do caso quer te ver. Vim te buscar. – Ele acariciava minha bochecha com ternura.

— Não sei se quero falar com alguém – pronuncio, após dias sem dizer uma palavra sequer.

— Eles não irão conseguir apontar um culpado, se não der alguma informação, Katniss. As câmeras de segurança da marina, apontaram algumas falhas, estão achando que tudo foi muito bem planejado e que interviram. Um dos vigias, o que aparentemente viu algo de estranho naquela noite, acharam-no morto dentro do rio municipal. – Olho para Johanna que tem uma expressão alarmante.

— Esse vigia era a tal testemunha ocular?

— Co-como você sabe? – Gagueja.

— Vi você gritando com alguém ao telefone na semana passada.

— É feio ficar escutando escondido, sabia? – Cospe raivosa e logo dirige a atenção para meu irmão. – E você Gale, como soube dessa informação?

— Tenho alguns amigos que trabalham no escritório da promotoria.

— Que lindo.

— Katniss, se arrume para irmos – ele ordenou sem dar muita atenção para Johanna. – Estarei te esperando lá embaixo. – Senti seus lábios beijarem calidamente minha testa.

Johanna logo marchou atrás dele e me forcei a me vestir decentemente, afinal um moletom surrado não era nada adequado para uma estilista estar trajando.

Chegamos ao departamento e o tal detetive me aguardava. Gale não pôde entrar e frisou que me esperaria sentado no corredor próximo a sala.

— Você deve ser a Katniss, estou certo? – perguntou a voz potente.

— Sim.

— Muito prazer sou o detetive, Joseph Boogs – disse estendendo a mão para me cumprimentar. – Por favor, sente-se – apontou para a cadeira depois dos cumprimentos. – Quer beber algo?

— Não, obrigada.

— Certo... Katniss, quer me contar do que se lembra, sobre aquela noite de seis de junho?

— Havia sido uma semana agitada. No domingo anterior tinha sido a festa de aniversário da filha dele, e a ex-mulher me confrontou na ocasião...

— Espere, a ex-mulher dele te fez alguma ameaça?

— Ela disse para eu me separar dele e me ofendeu, mas não me ameaçou.

— Certo. – Ele fazia anotações enquanto me interrogava. – Vamos nos situar na noite do acidente. O que aconteceu? Viu algo estranho?

— Peeta e eu jantamos... – divaguei no maravilhoso jantar que ele tinha me preparado, sentindo-se culpado pelo confronto da Delly. – Naquela noite eu iria contar que estava esperando um filho dele, mas não tive tempo. – Logo as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto e Boogs me estendeu um lenço de papel.

— Pode ir com calma, cada detalhe que se lembrar é importante.

— Bem, estávamos deitados no sofá do iate na parte da  proa, quando ouvimos um barulho, como se algo tivesse caído na água... Peeta pediu para que eu o aguardasse e foi averiguar, quando dei por mim ele corria em minha direção e depois disso é tudo uma verdadeira confusão na minha cabeça.

— Obrigada pelas informações, Katniss.

— E sobre o corpo dele, encontraram? – Ele tinha a postura séria.

— Ainda estamos averiguando isso. Qualquer novidade entraremos em contato.

Saí da sala e Gale se levantou assim que me viu.

— Quero ir pra casa.

— Vou te levar agora mesmo.

***

Minhas sessões com Dr. Aurelius eram entediantes e exaustivas.

— Lembre-se de que você é mais forte do que isso.

Ele falava pouco, mesmo assim me irritava. Após alguns testes ele foi diminuindo a terapia. O que era uma vez na semana, tornou-se a cada quinze dias. Durante esses intervalos ele sugeriu que eu saísse e frequentasse lugares que haviam grande abundância de água, mas que não precisava necessariamente ser praias, mas clubes, por exemplo.

Numa tarde quando me arrumei para ir ao clube em que éramos associados, juntamente com Gale e Madge, escutei uma pequena discussão entre Johanna e uma outra pessoa do outro lado do telefone, presumi. Quando me aproximei do corredor que dava acesso a escada notei que falava com Haymitch.

— Onde você acha que tudo isso vai dar, pai?

— Johanna? – A chamei e a mesma se sobressaltou.

— Conversamos mais tarde. – Ela desligou o celular e me encarou com indiferença. – Por que está me olhando com essa cara?

— Sobre o que estava falando?

— Não te interessa – disse me dando as costas, mas a segurei pelo pulso e num rompante ela me levou até a parede e prensou meu pescoço com seu antebraço. – Olhe aqui Katniss, você é meio difícil de engolir e ser sua babá não estava nos meus planos. Não quero te ver bisbilhotando nos meus assuntos. Estamos entendidas?

— Se me odeia tanto, porque não vai embora – falo com dificuldade por conta do aperto em minha garganta.

— Eu não te odeio... – riu sem emoção. – Mas essa é a minha missão “te proteger”.

— Me proteger de quê? – Meus olhos umedeceram dando indícios que lágrimas queriam vir à tona.

— Ah, fala sério, não vai chorar, vai? – No mesmo instante me soltou e ajeitou seu colete social. – Estou aqui para te proteger de alguém que provocou o acidente no iate do Mellark. Meu pai estava me informando que encontraram a causa da explosão, mas disse que arquivaram o caso.

— Mas por que fizeram isso? – Minha expressão era pra lá de assustada.

— Segundo o laudo da perícia, a explosão foi causada por um incêndio, que começou em um dos compartimentos do motor.

— E, por que o caso será arquivado.

— Por falta de evidências, Katniss. Nenhum suspeito foi encontrado até agora. A única testemunha que pôde ter visto algo, morreu. Aparentemente morto pela mesma pessoa que causou o acidente do iate. Conseguiram localizar o corpo perdido do Peeta, mas foi cremado, então não tem nada que possam fazer.

Era informação demais pra minha cabeça.

— Mas quem autorizou a transferência do corpo dele? – perguntei exasperada sentindo todo meu corpo tremer.

— Isso também é um mistério. Não tem a assinatura de ninguém na prancheta de transferência.

— Johanna... – Na parede, onde me encontrava estática, escorreguei meu corpo até o chão. – Como encontrarão quem fez isso conosco?

— Ei, acalme-se. – A morena se agachou e pôs uma mão em meu ombro. – Tanto eu, como meu pai não iremos desistir de encontrar o culpado e levá-lo a justiça. Só peço que não fique nesse fogo cruzado. É importante você não se machucar.

***

Outubro... novembro... dezembro, e eu continuava do mesmo jeito, sem vontade de agir. Os pesadelos se intensificavam cada vez mais. Gale passou a dormir comigo durante algumas noites. Eu me agitava na cama e pacientemente ele me acalentava em seus braços e dizia que ficaria tudo bem.

Não vi o natal passar e nem o ano novo. Tudo estava me sufocando e para tentar aliviar, ou ver se a dor no peito passasse, comecei a me ferir. Algo inútil, já que a dor no peito só aumentava, ao invés de diminuir. Quando me perguntavam, dizia que havia caído, ou até mesmo me cortado sem querer. Alguém notou que eu mentia e as sessões com Dr. Aurelius retornaram semanalmente e passei a tomar medicamentos. A verdade era que comecei a me sentir uma boneca esfarrapada.

— Katniss – chamou Johanna ao adentrar meu quarto – escuro - pelas janelas e cortinas fechadas. – Você tem visita, então vê se tome um banho e vista algo descente.

— Quem está aí?

— Finnick. Ele disse que veio te buscar para passar o fim de semana no 4.

— Não quero sair...

Senti a luz forte adentrar meu quarto, quando Johanna abriu tudo, e com isso fechei meus olhos.

— Prim está com saudades de você. É sério que não quer vê-la?

— Prim?

— Sim, ela ficou no 4 com a Annie e o Alex, aguardando você.

Eu não poderia recusar aquele convite nem se eu quisesse.

Tomei um rápido banho e joguei algumas roupas dentro de uma bolsa. Assim que Finnick me viu, notei seu sorriso resplandecer lhe a face.

— Olá, Katniss. Que bom que resolveu sair um pouco.

— Finnick... – corri até ele e o abracei. Mesmo tendo traços diferente do irmão, era como se eu sentisse Peeta ali.

Meus pais haviam viajado, então Johanna iria junto comigo para o 4. Não liguei, eu até que estava me acostumando com sua presença, mesmo que as vezes sua irritação me deixava melancólica.

— Faz tempo que não vê o Alex, não é? – Finnick dirigia tranquilamente, enquanto uma Johanna pra lá de entediada, dormia no banco de traz.

— Faz tempo sim. Ele deve estar enorme e esperto.

— Muito esperto por sinal. Annie não quer voltar a trabalhar, pelo menos por enquanto. Segundo ela, quer participar um pouco da criação do Alex. Quer educar e dedicar um tempo a ele – comentou com um olhar orgulhoso de pai.

— Ele está com um ano e...

— E três meses – completou ele.

— Se eu não tivesse perdido o bebê, já teria nascido e estaria completando em torno de dois meses. Seria um bebezinho, indefeso e sem a presença do pai. – Mal percebi que as lágrimas escorriam pelo meu rosto e em um gesto caridoso, Finnick segurou firmemente minha mão.

— Não fique assim. De algum jeito que não sei explicar, as coisas devem ser exatamente como são. Não temos controle sobre nada, Katniss.

— Eu sei... de qualquer forma continuaria a ser humilhada pela minha mãe. Ela disse um monte de coisas quando descobriu sobre o aborto. Jogou na minha cara que eu era uma irresponsável por engravidar assim do nada.

— Não ligue para o que as pessoas dizem. Sei que o desejo do meu irmão era ter quantos filhos você quisesse dar a ele. E formar uma família com você. – Não consegui não sorrir entre lágrimas ao ouvir Finnick dizer aquilo. – Ele me procurou antes de te pedir em casamento. Peeta estava enlouquecido. Pensou que você não aceitaria.

— Como poderia recusar algo assim, Finnick?

— Eu disse isso a ele.

— Nessa semana fez dois anos que nos conhecemos. Que eu o vi pela primeira vez no escritório de casa – divaguei por um tempo até escutar um resmungo.

— Ah, vou ficar com torcicolo e uma enorme dor de barriga. Mas que droga vocês dois falando do romance dessa desmiolada aí – bradou Johanna com seu tom inigualável.

— Johanna, você é assim só porque nós dois não demos certo. Olhe, a culpa é sua por ter me apresentado a Annie.

— Vagabundo! Odair Mellark, você é um homem morto e só não te dou um tiro com minha pistola, porque está no volante e eu ainda aqui dentro desse carro, senão ia ver comigo – cuspiu a morena uma colmeia inteira de marimbondos.

Não contive uma gargalhada e meu amigo me olhou de um modo estranho, já que fazia tempo que eu não ria, não daquela maneira.

— Por favor, Finn... me conta essa história. Me conta vai... – pedi ainda rindo.

— Bem, tudo começou quando Peeta estava na faculdade e Johanna era sua melhor amiga... – começou ele com divertimento na voz. – Sabe que a Jojo e meu irmão tem a mesma idade, certo? – assenti.

— Cala sua maldita boca loiro! – gritou dando-lhe um tapa na cabeça.

— Auuu... sua louca! Deixe-me contar nossos tempos de loucura. – Finnick soltou sua mão direita do volante apenas para revidar com a Mason, mas logo tornou sua postura e continuou a falar, mesmo aos protestos da minha guarda-costas. – Eu estava meio na bad quando entrei para a faculdade e Johanna se tornou uma grande amiga minha, mas se apaixonou por mim...

— Mentiroso!

— Encrenqueira... – Finnick mostrou a língua para a amiga. – Ela até me convidou para uma festa de alguma fraternidade e acabei conhecendo a Annie... – disse ele suspirando. – Eu até teria ficado com a Jojo, mas minha ruiva se tornou meu diamante precioso desde que coloquei meus olhos nela.

— Pare de dizer esse apelido idiota!

— Jojo... Jojo... – começou a cantarolar e vi que a morena iria assassiná-lo mais tarde.

Chegamos ao Distrito 4 após o almoço, mas Annie pediu que esquentassem a refeição para nós.

— Katniss, que prazer em vê-la.

— Annie, quanto tempo. – Nos abraçamos e trocamos poucas informações.

— Pois é... – Logo uma criaturinha surgiu, andando meio cambaleando, de encontro as pernas da minha amiga. – Oi, Alex vem ver sua tia Katniss. – Ela o pegou nos braços e vi o pequeno esconder a cabeça na curva de seu pescoço.

— Ei, Alex como está grande e bonito.

— Katniss.

Meus olhos paralisaram na menina. Ela parecia tão crescida.

— Prim.

Ela sorriu e se jogou em meus braços. Me apertei a ela e esse contato era reconfortante e mágico.

Após almoçarmos Prim e eu fomos caminhar pelo jardim. Ela segurava minha mão enquanto conversávamos sobre nossa atual rotina.

— Eu disse para o tio Finn e a tia Annie que não quero festa de aniversário este ano – falou com a voz um tanto baixa e eu entendi. Peeta perdeu o pai bem próximo a data de seu aniversário, e por uma coincidência assombrosa, Prim estava passando pela mesma dor.

— Como está indo os estudos e as outras atividades? – perguntei tentando desviar dos assuntos tristes.

— Vai bem. Eu quis desistir do balé, mas minha mãe não deixou. E sobre a equitação eu quero retornar, o tio Finn disse que me leva.

— Fico feliz que esteja se empenhando a voltar ao normal. Eu parei com tudo.

Encontramos o banco de madeira próximo a um salgueiro e sentamos nele.

— Katniss, papai me dizia que os que nos amam, estarão sempre conosco. Eu acredito que ele amava tanto a mim quanto a você, então devemos acreditar que está aqui conosco – disse ela pousando sua pequena mão em meu peito.

— Obrigada, Prim... foi lindo o que você disse.

Ela me abraçou e ficamos um tempo assim. Percebi a verdade, realmente a esperança era um bote salva-vidas que se agarrava a tudo que flutuava. Mas como continuar a ter esperanças quando perdi ele, que a trouxe de volta um dia para minha vida? As cicatrizes jamais iriam embora.


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Notas finais do capítulo

Bem, espero que tenham gostado. Hum... Jojo gostava do Finn...rss.Tenho me esforçado bastante para vir aqui e não deixá-los na mão. Só tenho um pedido a fazer, se estiverem gostando do enredo, ou se acham que preciso mudar, ou fazer algo diferente, por favor, comentem. Não exijo meta de comentário, mas fico sempre feliz quando abro minhas atualizações e vejo um recadinho de vocês, isso muito me alegra.



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