Together Again escrita por Cristabel Fraser, Bell Fraser


Capítulo 18
Escuridão


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde tributos lindos. Primeiramente venho agradecer a JMellark pela maravilhosa recomendação, gente vocês não têm noção do quanto fico emocionada e feliz pelo carinho excepcional de cada um, obrigada mesmo. E JMellark em carinho pela recomendação dedico esse capítulo a você. Agora quero agradecer de coração aberto aos comentários do capítulo passado, gente vocês conseguiram me deixar fora de órbita kkkkk tipo leitores que pela primeira vez comentaram na fic, já que estamos em 18 capítulos contando com este de hoje. Bem, sei que foi muita informação no último capítulo e quero a opinião de cada um sobre tudo e mais uma vez peço a compreensão e paciência, daqui pra frente serão capítulos tensos... talvez depressivos, me perdoem por isso, ok? Quando esse enredo surgiu em minha mente eu não estava na melhor fase e não posso dizer que estou melhor, mas digamos que eu colocar essas emoções aqui tem me ajudado e tendo vocês aí do outro lado, é melhor ainda rss... Estarei usando algumas músicas em determinados capítulos, apesar do título da fic ter sido inspirada numa música da Evanescence, essa música se estou sugerindo pro cap de hoje eu escutei ela enquanto editava o prólogo e em mais alguns caps, incluindo este. Por exemplo nesse de hoje sugiro que iniciem a leitura escutando a música Dark Waves, da Delhia De France. A frase que inicia o capítulo faz parte da tradução... Estarei deixando o link aqui... ela é um tanto “dark” mas esse capítulo pede. Notem que tem tido capítulos pra lá de românticos e quentes, mas tudo foi uma preparação para o que vem agora... sem mais delongas, me perdoem pela nota inicial enorme, boa leitura e nos vemos lá embaixo.

>>> link da música>>>>

https://www.youtube.com/watch?v=pskF0piAeVs



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“Frio é a noite, quando o céu cai. E é tão real, surreal. Porque parece que eu estive me afogando em um sonho de novo. Profundamente engolindo as memórias que sufocam”

***

 

Eu sentia apenas uma única sensação: a agonia. Nenhum som, nenhuma visão, nenhum sentimento, exceto minha carne que queimava continuamente. Talvez alguns períodos de inconsciência, mas o que importa, se eu não consegui encontrar refúgio neles?

A profundeza da água me consumindo aos poucos, parecia não ter um fim.

Finalmente comecei a sentir algo me puxando, mas eu não tinha nenhum comando sobre meu corpo. A altura e gravidade puxaram-me de um mar de escuridão profunda. Flutuei sentindo alguns membros do meu corpo queimarem por baixo da água, mas a agonia de alguma forma acalmava a dor. Por um instante - enquanto estava à deriva - incapaz de navegar, vi seu rosto e sua mão querendo me alcançar.

— Estaremos juntos novamente. De onde eu estiver, estarei cuidando de você... Sempre.

— Peeta...

Tentei gritar, mas nada saiu.

Estiquei meu braço para me aproximar, e foi inútil, pois algo estava arrastando-me debaixo da superfície. Uma dor apunhalou meu peito naquele instante, mas não foi somente por ver o homem que mais amei na vida se dissipar na escuridão, e sim, por alguém que pressionava as mãos com força. Algo molhado arrebentou de dentro. Um jorro de água saiu pela minha boca. Meus olhos vacilaram e uma luz forte cegou minha visão. E, quando finalmente tive um visitante, foi doce. Anestésico. Correndo nas minhas veias, aliviando toda a dor. Aliviando o meu corpo. Daquele momento em diante fui levada novamente à inconsciência.

Minha garganta parecia uma lixa desgastada, quando arrisquei chamar novamente seu nome. Não houve resposta. Mas, o som de uma outra voz clamando meu nome, assustou-me. Tentei voltar para o abismo, para dar sentido aquilo. Mas não teve como voltar atrás. Certas coisas na vida não tinham volta.

Presa por dias, meses, anos, séculos talvez.

Aos poucos, fui forçada a retornar. No hospital branco, ao abrir meus olhos com certa dificuldade, deslumbrei uma enfermeira que exercia sua magia em mim. Injetando alguns medicamentos em minha veia e trocando a bolsa de soro vazia por outra cheia.

— Bem-vinda de volta, Srta. Everdeen. Sou a enfermeira Rue. Vou agora mesmo chamar a Dra. Sullivan e dizer que acordou.

Tentei me mexer, mas senti que meus pés e mãos estavam atados por algum tipo de correia.

— Boa tarde, Katniss. – Uma mulher jovem entrou em meu campo de visão. Seus cabelos eram curtos e castanho, os olhos verdes lhe davam uma beleza angelical. Seu semblante demonstrava isso. – Sou a doutora, Alisson Sullivan do setor de queimaduras intensivas. Estarei acompanhando você durante o período até que esteja com a pele totalmente curada.

— O que... – Tentei pronunciar, mas minha garganta não permitiu.

— O fogo queimou uma pequena parte de seu pescoço, e fora o suficiente para que suas cordas vocais ficassem sensíveis. Mas não se preocupe, já, já estará falando normalmente. E, assim que houver uma cicatrização de sua pele, estaremos realizando uma nova cirurgia plástica. Sua família disse para a entregarmos em perfeito estado. Seus pulmões reagiram muito bem ao tratamento. – Mexi meus braços e os encarei em um claro questionamento e ela entendeu. – A imobilizamos por conta de sua pele. Você estava sob os efeitos dos medicamentos e poderia fazer algum esforço que a machucasse – assenti com um leve gesto e Sullivan acrescentou: - Você tem visita.

Alguns segundos e um homem, com os cabelos parcialmente louros, surgiu à minha frente.

— Olá, Katniss. Lembra-se de mim?

— Sim – balbuciei fracamente.

— Sou agente do FBI aqui da Capital. Sua médica acabou de me dizer para não forçá-la a nada, muito menos a falar. Mas, eu agradeceria se você apenas meneasse a cabeça com um “sim” ou “não”. Pode fazer isso pra mim? – afirmei levemente com a cabeça. – Acabei de voltar do Distrito 4 e a agitação por lá é grande. Minha filha, Johanna é investigadora e ficou lá para me passar mais informações. Já faz quinze dias desde o acidente. Sabe me dizer se notou algo estranho?

Minha ficha não tinha caído ainda. Me sentia submersa em um terrível pesadelo *Kafkiano. Automaticamente as lágrimas se fizeram presente e não me encontrava em condições de reviver aquilo.

— Tudo bem, volto outra hora. – Ele ajeitou seu terno e fez menção de sair, mas forcei minha garganta no último instante.

— Por... favor... n-não vá...

— Você não está emocionalmente bem. Quando o departamento disse para eu vir, achei que conseguiria me ajudar a esclarecer, mas há dias que está sob efeitos de medicamentos fortes.

— On-onde... ele está...?

Não foi preciso um maior esforço para especificar de quem eu perguntava. O homem passou a caminhar de um lado para o outro, no quarto bem equipado, em que eu me encontrava. Seu ato estava me deixando nervosa.

— Algo aconteceu no iate, naquela noite, Katniss. Quando o resgate chegou tudo estava em chamas. Por pouco não a encontraram, mas de algum modo, que não sei explicar conseguiram te resgatar da água, mas... – Ele hesitou por um instante e eu gelei. – Peeta não sobreviveu. Eu realmente sinto muito.

Meu corpo começou a tremer, as lágrimas que já caíam, escorreram ainda mais por todo meu rosto e a histeria se fez presente. Chorei pelo que me pareceu horas. Meu coração havia acabado de se partir. De alguma forma tinha esperanças dele estar se recuperando em algum outro setor, talvez mais debilitado do que eu, mas morto? Eu não podia acreditar até ver seu corpo desfalecido.

Tentei me mexer, foi inútil, meus pés e mãos atados não me permitiriam de sair daquele leito gélido.

— Vou chamar a enfermeira...

— Não! – rosnei, sentindo a acidez e a angústia em minha fraca voz. – Preciso... – raspei minha garganta para terminar minha sentença. - Preciso vê-lo.

— O quê? – Ele me encarou incrédulo. – Sério isso, quer vê-lo? – anuí a cabeça. – De forma alguma vai vê-lo. Finnick não conseguiu reconhecer o corpo, eu mesmo fiquei a par disso. O corpo está no necrotério do departamento forense. Há dias estão trabalhando nisso. A mídia caiu como abutres. A promotoria quer respostas e já vieram atrás de você. Só não entraram aqui por restrição de sua família – disse ele em um único fôlego.

— E... meu bebê? – Haymitch deu as costas e saiu me deixando sozinha, mas logo a enfermeira Rue adentrou no quarto e começou a retirar as correias que me prendiam na cama. Em silêncio começou a trocar meus curativos. Um alarme soava sem sessar em minha cabeça. Eu precisava saber se meu bebê estava bem, e assim que minhas mãos estavam livres, segurei firme em seu pulso. – Meu bebê está bem?

— Sinto muito... – Rue tinha um olhar solicito, mas o complemento de sua fala, fez desmoronar a pequena porção que restava do meu mundo. – A senhorita perdeu o bebê.

O nó que se formou há poucos minutos, fez minha garganta emitir um grito silencioso. Não demorou em nada para sentir a inconsciência vir me buscar. Em um rápido lampejo, vi Rue retirar a seringa do meu antebraço, a qual, estava conectado o soro.

— Descanse um pouco... – Sua cálida mão acariciava parte do meu cabelo e depois só me restou a escuridão.

***

Nos dias que seguiram me fechei para todos. Senti que minha garganta estava curada, mas me submeti ao silêncio. Minha família vinha me ver todos os dias. Nem ao menos Gale, ou a Madge eu dizia uma palavra sequer. Eu recebia muitas flores, algumas acompanhada de cartões me desejando melhoras e condolências, sabia disso por conta de Rue que tentava me animar. Ela se tornou uma pessoa querida aos meus olhos. Jamais esqueceria de sua bondade comigo e desconfiava que foi contratada para cuidar exclusivamente de mim.

Um profissional e outro que me visitava, para avaliar o que restou de mim. Disseram como eu era sortuda. Pois, meus olhos foram poupados. A maior parte do que o fogo lambeu, estava quase cem por cento curada. Pensei no quanto minha família vinha gastando com tudo. E, no quanto mamãe devia estar reclamando, ou exigindo dos melhores médicos para me deixarem novinha em folha. Logicamente para que as amigas de seu meio social não ficassem cochichando entre si sobre meu estado.

Mais visitantes chegavam, mas continuei recusando a falar. Na maioria das vezes, fingia estar dormindo. Me sentia um farrapo. Uma boneca que se quebrou, e que estavam tentando remendar. Sem sucesso algum, pensei. Sabia que a maior das cicatrizes, nunca iria se curar. Ele me deixou, simples assim. Alguns lampejos invadiam minha mente, enquanto dormia, e nele via Peeta me salvando. Não permitindo que eu fosse junto de si.

Em uma tarde, Dr. Aurelius, um psicólogo, surgiu tentando me convencer a falar. De um modo sucinto e cuidadoso disse que meu silêncio em nada ajudaria no quesito, físico, psíquico e emocional.

— A senhorita passou por um forte trauma. Mas, se quer saber o que houve naquela noite, precisa preparar-se para dar seu depoimento. Eu mesmo agendei várias sessões para podermos trabalhar suas emoções.

Ele passou mais de meia hora me explicando os prós e contra. Sua prancheta e caneta em mãos, anotavam observações que para mim pareciam uma enorme bobagem. Assim que se retirou, meu pai entrou e tive um súbito ataque de pânico.

— Foi você, não foi?

— Do que está falando, meu anjo? – Sua voz era tranquila e quando aproximou a mão para tocar meu rosto, dei um tapa a afastando de mim.

— Pediu pra alguém tirá-lo de mim... – As lágrimas vieram sem permissão. Eu chorava copiosamente. Não acreditava em mais ninguém. Todos pareciam conspirar.

— Não filha... eu nunca faria isso com você.

— Mentira! – vociferei, não me importando com nada, além da dor que estava sentindo.

— Katniss, nenhum pai aceita perder a filha, ainda mais para um homem como Peeta. Mas, jamais faria algo para magoá-la. Aceitei que estavam juntos...

— Você disse que eu estava fazendo besteira, me prendendo a um casamento...

— Não foi isso que eu quis dizer.

— Foi sim! – gritei entre soluços. – A pior parte é que nem o filho que eu carregava em meu ventre sobreviveu. Como poderei viver assim...?

— Estamos contigo, minha filha. – Ele tornou a se aproximar e não criei resistência, por mais que eu quisesse. – Não vou sossegar até encontrar o responsável que fez isso com vocês.

— O responsável está aliado à sua empresa – acusei me afastando de seu aconchego.

— Como disse?

— Michael Ritchson. Ele que contratou alguém para fazer isso e matar o único amor da minha vida... – Senti sua mão tampar minha boca e seus olhos cinzentos, como os de Gale e os meus, me fitaram alarmado.

— É uma acusação muito séria, Katniss. Por que diz isso com tanta convicção? – pensei, se devia, ou não contar o que sabia, mas preferi me calar. – Ele não está aliado a WBE. E, vê se pare de dizer besteiras. Ele é um homem respeitado e de muita influência.

Me calei o restante da tarde, e quando a noite caiu tive uma visita que não esperava.

— Olá, Katniss... eu queria ter vindo antes, mas não consegui. – Ele não trazia o típico sorriso nos lábios, mas trazia a constatação de que havíamos perdido a pessoa que amávamos, e que talvez, nunca nos recuperássemos daquela dor. Seus braços me envolveram, e por um instante o silêncio se entrepôs. Somente as lágrimas foram nossa companhia.

— Por que, Finn? – Foi o que consegui emitir.

— Eu não sei, Katniss... só sei que, quem fez isso irá pagar muito caro. – Finnick estava com uma aparência horrível. As olheiras demonstravam claramente que não vinha dormindo bem. – A promotoria me procurou, querendo saber se ele estava envolvido com algum tipo de trama, acredita nisso?

— Haymitch disse que estão loucos para falar comigo.

— Você não irá sozinha. Darius, era o advogado do Peeta. Ele me procurou e disse que meu irmão deixou instruções para que defendesse você, ou qualquer assunto relacionado a Prim.

Prim. Até aquele momento não tive coragem de perguntar a ninguém por ela. Não conseguia imaginar a dor que deveria estar sentindo. Ela o amava tanto e não tinha como contradizer a relação dos dois, pois era recíproca.

— Finnick, como ela está? – Pude ver a dor em seus olhos verdes.

— Ela está sendo acompanhada por uma psicóloga, mas assim como nós, está lidando como pode.

— Sabe do que mais me arrependo? – Meus ombros sacudiram pela onda de choro que retornou com força total. Finnick me tomou em seus braços acalentando-me. Puxei o ar de meus pulmões para tentar retomar minha fala. – Tínhamos tantos planos... ele queria que nos casássemos o mais breve. Desejou um filho sendo gerado dentro de mim e tudo isso estava se tornando real e daí... – A partir daquele momento entendi que a dor nunca me abandonaria. Peeta era meu mundo. Ele me tinha em seus braços. Tinha prometido nunca me deixar. Dizia que sempre estaríamos juntos... e, no fim o que restou? Dor. Escuridão. O enorme vazio que nunca se preencheria novamente.

 

 *Kafkiano— esse termo vem do nome, Franz Kafka. Considerado pelos críticos, um dos escritores mais influente do século XX. Geralmente em seus enredos era retratado, temas e arquétipos de alienação e brutalidade física e psicológica, conflito entre pais e filhos, personagens com missões aterrorizantes, labirintos burocráticos e transformações místicas.  

 

 

 


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Notas finais do capítulo

E, aí o que acharam? Não se preocupem que próximo capítulo já não se passará no hospital... então digam-me o que estão achando. Viram que banner top? Imaginei a cena da trágica noite assim... sobre o banner foi a linda e meiga Arabella MHSI quem fez, ela arrasa e é uma das coautoras da coletânea Encontros, Acasos e Amores, quem ainda não teve a oportunidade de embarcarem nas maravilhosas Ones entrem aí no meu perfil e bora ler rss... minhas últimas palavras direi que mais uma vez vocês me emocionaram com a participação, obrigada por isso. Tenham todos um ótimo FDS e uma semana melhor ainda. Um forte abraço de urso a todos.

Ps: Ainda terá alguns capítulos bônus, não vou dizer de quem, mas já devem desconfiar né... rss.



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