“Cada momento com Peeta o deixa mais ateado ao meu coração, temo que algo venha nos separar, não suporto a ideia de estar sem ele”

***

Nos encontrávamos no grande estúdio da Asprey. Cressida, Tigris e tantos outros modistas que trabalhavam ali, estavam presentes para a apresentação das peças que criei. Com o ambiente bem iluminado e dois fotógrafos de prontidão o desfile iniciou. A cada modelo que entrava, eu explicava a finalidade da peça.

— Parabéns, Srta. Everdeen, cumpriu com o prazo e as roupas ficaram magnificas. Fashion Week que, nos aguarde – Não estava acreditando, eu, Katniss Everdeen recebendo um elogio de Cressida Dormer? – Só teve três ou quatro peças que não curti muito, mas isso é o de menos. Eu estava te testando e passou, você leva seu trabalho a sério, Everdeen. Por que não tire amanhã de folga? É um dia especial pra você, não é?

— Bem, não é nada demais...

— Claro que é. Completará vinte e quatro, estou certa?

— Sim.

— Então pronto, está liberada. Só peço que mande os esboços sinalados para o setor de produção e veja se tem todos os tecidos, aviamentos e apetrechos disponíveis – disse ela me entregando a pasta que, mais cedo eu tinha deixado para que acompanhasse a apresentação.

— Obrigada, Sra. Dormer...

— Que isso Katniss, me chamando assim me sinto uma velha – riu minha chefe. - Me chamar por Cressida, já está ótimo – assenti com a cabeça e quando estávamos fora do estúdio, disse ainda: - A propósito, meus parabéns pelo aniversário, seu bônus já foi enviado para sua conta bancária.

Nos abraçamos e cada uma tomou seu rumo. Cinna e nossa equipe me acompanharam até o setor de produção. Todos me congratularam e me senti satisfeita por ter cumprido minha tarefa, o que não foi fácil, mas tive muito incentivo e que incentivo. Pensar nele só fazia meu coração palpitar um pouco mais e aquela velha ânsia tomar conta de todo meu ser.

— Já pensou o que fará no dia de amanhã, ou o que usará? – perguntou Cinna assim que paramos na área de descanso dos funcionário. Lá tinha uma cozinha equipada e uma maravilhosa cafeteira importada que fazia os mais deliciosos cafés.

— Não tenho nada em mente, mas você me deu uma ideia de usar aquele vestido vermelho que me deu, lembra? – sorri franzindo meu nariz, enquanto meu amigo colocou o próprio rosto entre as mãos em um claro momento de espanto.

— Cherry, aquele vestido ficou um arraso em você! Tenho certeza que certo homem ficará delirando.

— Você é tão exagerado, Cinna.

— Não sou não, sabe muito bem, que sou o mais sincero.

O pior é que eu sabia sim.

— Estou pensando em mudar...

— Mudar? Como assim? – me encarou confuso e tratei de explicar.

— Meu visual, Cinna. – Passei as mãos sobre meus cabelos que se encontravam parcialmente presos.

— Katniss, sou super a favor você mudar o visual, mas veja lá menina o que irá fazer nessas sagradas madeixas.

— Pode deixar comigo.

***

— Katniss, chegou cedo! – minha cunhada se espantou assim que entrei no apartamento.

— Tive um dia agitado, mas a madame amou minha apresentação e vai usar quase todas minhas criações, no Fashion Week, dá pra acreditar? – eu me encontrava tão empolgada que nem percebi quando me grudei a Madge que prontamente abraçou-me comemorando junto comigo.

— Ah, Kat... isso é maravilhoso! Meus parabéns.

— Obrigada, Mad... – me desgrudei e enquanto me afastava meio afoita fui lhe explicando minha correria. – Só passei aqui pra pegar umas coisas e vou para o salão.

— Ui, salão é tudo de bom, temos que marcar um dia desses para irmos ao spa, faz tempo que não vamos, né?

Madge e eu adorávamos ir ao spa, mas realmente não fazíamos isso há um tempo.

— É só combinarmos direitinho... – saí meio tropeçado e rapidamente recolhi algumas peças de roupas do closet e peguei o vestido vermelho colocando tudo em uma pequena mala. – Beijos cunhada, diga ao grandão que não precisa ficar me ligando toda noite quando estou com o Peeta que isso é muito feio – ri trocando beijinhos com ela.

— Eu falo isso toda vez, mas vê se o teimoso me escuta.

— Madge, o lado da família Hawthorne, é teimoso de galocha – reviramos as duas os olhos fazendo graça e em seguida caímos na risada.

Meu carro estava na revisão, então optei pelo taxi e agradeci mentalmente pelo trânsito não estar caótico como o de costume. De dentro do automóvel enviei uma mensagem ao meu namorado.

[16:35]

EU: Pee querido, já saí da Asprey, passei no Gale pra pegar algumas coisas e agora estou indo para o salão, tudo bem?

Demorou exatamente cinco minutos para me responder.

[16:40]

Pee: Oi linda, okay... ainda ficarei preso aqui na empresa por conta dos mesmos assuntos chatos, mas fica tranquila que nos encontramos em casa, não tenho boas notícias...

Senti meu coração dar rápidas galopadas e comecei a me desesperar.

[16:41]

EU: O que foi dessa vez, Peeta????

[16:41]

Pee: Conversamos quando eu chegar, agora preciso ir, beijos... te amo.

Tentei ligar, mas o “filha da mãe” do meu namorado havia desligado o celular. Comecei a perceber que, nesse relacionamento, odiava quando fazia esse mistério todo.

Assim que o taxi estacionou no meio fio, paguei a corrida e adentrei o luxuoso salão Panem Fashion Hair. Cumprimentei as manicures e pedicures que trabalhavam e enquanto caminhava até ao meu assento, os que estavam pelo caminho, me lançavam um aceno amigável. Quase todos ali me conheciam.

— O que vai ser mademoiselle... – Erick e Cinna eram amigos, então a forma de me tratar condizia com esse fato.

— Erick, quero que você arrase. Amanhã é meu aniversário e usarei um vestido vermelho.

Fui dando as dicas de como queria meu cabelo e foi me atendendo com muito carinho e em um intervalo e outro me oferecendo champanhe e aperitivo.

***

— Amor... cheguei!

Já se passava das 20h e pelo seu perfume inebriante, sabia que já tinha chego também. Caminhei pelo corredor em direção ao quarto e assim que abri a porta vi a visão mais perfeita. Peeta tinha uma toalha envolta da cintura, os cabelos e corpo ainda úmidos. Ao mesmo tempo que me encarou estranhamente, mordi os lábios reprimindo a vontade de agarrá-lo.

— Seu cabelo... – fechou e abriu a boca umas três vezes antes de prosseguir. – Onde está minha namorada? – finalmente sua expressão relaxou e larguei meus pertences em um canto qualquer e caminhei lentamente remexendo os quadris e infiltrando minhas mãos em meu novo cabelo.

— Gostou?

— Essa loira de olhos cinzentos é linda, mas e se eu sentir saudades da minha morena de longos cabelos? – perguntou enlaçando os braços em minha cintura.

— Se me prometer ser bonzinho e me contar todos os seus segredos, pensarei se deixo, ou não aquela outra Katniss retornar. Por hora, se contente em levar essa daqui pra sua cama – usei um tom sedutor e suas pupilas pareceram se dilatar.

— Você é linda e perfeita de qualquer jeito.

Não demorou para estarmos embrenhados um no outro, gemendo e dando muito prazer.

— Hum... percebi que alguém ficou animadinho em me ver loira e gostosa – brinquei ainda deitada sobre Peeta, minhas mãos acariciavam seu peito e senti seus pelos eriçarem.

— Quer me testar, é? – ele afagava meu cabelo delicadamente e era tentador a forma que fazia aquilo.

— Não preciso testar você... – passei minha mão sobre seu peito e fui deslizando até sua virilha.

— Uhhh... amor desse jeito a gente não janta hoje – disse estremecendo sob o meu toque e quando suas mãos abandonaram meus cabelos, levantei-me num rompante, me dirigindo ao banheiro para tomar banho. Antes de entrar no box, observei o corte Chanel, luzes louras e com leves ondas que contrastavam com meu tom de pele. Ajeitei meu novo corte curto em um coque desajeitado e coloquei uma touca.  

— O que aconteceu de ruim?

Peeta e eu acabamos por preparar lanche com os frios da geladeira e salada que estava dentro de uma vasilha.

— Sobre a guarda da Prim...

— E aí?

— O juiz disse que no caso, quando há negligência, ausência da outra parte aí sim, podem passar a guarda total, mas ao contrário disso somente a guarda compartilhada. Significa que terei que ficar me encontrando com a Delly e, é tudo que eu não queria.

— Independente disso amor, estou com você.

Depois de ajeitarmos a cozinha retornamos para o quarto e nos amamos novamente. Pela manhã fui acordada com beijos molhados e quando abri os olhos Peeta já estava arrumado para ir trabalhar.

— Pensei que não ia acordar antes de eu sair – ele acariciava minhas bochechas com carinho e afastava alguns fios de cabelo do meu rosto.

— Não queria que você fosse trabalhar hoje – falei manhosa e logo o puxei para mim o beijando.

— Não tenho culpa se tenho que trabalhar e a propósito, feliz aniversário amor. Que seus dias sejam tão iluminados quanto cada sorriso que dá.

— Ah, que amor... obrigada Peeta – fiz com que deitasse e sentei sobre ele. – Mas que tal me presentear com uma rapidinha matinal... – me inclinei beijando e mordiscando sua orelha e pescoço, até senti-lo se arrepiar.

— V-você é muito excitada...

— E que mulher não seria, perto de um homem como você? – lancei meu melhor olhar de inocente e ele apenas riu.

— Não posso... vou me atrasar, mas preparei café da manhã pra você com direito a morangos, cereal e uma super vitamina de frutas. Seu presente oficial, fica para noite quando nos encontrarmos com nossos amigos.

Espalmei minhas mãos sobre seu peito e o encarei confusa, só então desviei os olhos para o lado e vi um completo e perfeito café da manhã depositado sobre a bandeja.

— Preparou todas essas delícias pra mim?

— Sim, preparei e tenho dez minutos para ficar com você.

— Tá bem, já que não vou conseguir te convencer, o jeito é eu repor as energias.

Comecei a comer e logo teve que ir trabalhar, mas prometeu que tentaria sair mais cedo.

***

Meu dia transcorreu normalmente, recebi muitas felicitações e almocei com Madge que comentou sobre meu novo visual, dizendo que fiquei belíssima. Ela tirou a tarde de folga e de última hora fomos ao spa. Ela conseguiu cortesia e foi maravilhoso. Quando a noite chegou, voltei para o apartamento do Peeta e ele já estava lá todo lindo e cheiroso. Como eu tinha tomado um relaxante banho de flores e sais no spa, apenas pedi para meu namorado me aguardar na sala.

Coloquei o vestido vermelho, deixei meus cabelos soltos, fiz a maquiagem e nos pés calcei um Scarpin preto.

“Realmente o vestido tinha ficado perfeito em mim”.

— Uau... você está linda – Peeta assoviou assim que apareci na sala. – Como consegue ser tão perfeita, Niss...?

— Não sou perfeita, mas gosto de pensar que pelo menos tento encarar meus desafios de frente e cabeça erguida.

— Eu não mereço você, sabia? – suas mãos envolviam minha cintura e quando encarei seu rosto, os olhos me pareceram tristes.

— Por que acha isso? – envolvi seu rosto entre minhas mãos.

— Porque penso que não contando, certas coisas que acontecem comigo, estou te protegendo e no fim acabo...

— Shhh... – pousei meu indicador em seus lábios. - Eu aguento a queda e se for pra cair, ou acontecer algo que seja com você.

Ele me abraçou e enterrou o rosto em meu pescoço.

— Vou te contar tudo o que quiser, você merece saber mais.

Peeta dirigiu até o Club Zero, um local de elite que ficava em um luxuoso prédio espelhado no centro da Capital. Assim que as portas do vigésimo segundo andar se abriram todos gritaram “surpresa”. Sorri meio abobalhada, pensei que encontraríamos apenas nossos amigos que são: Finnick, Annie, Madge e Gale, mas tinha muito mais gente. Muitos me entregaram presentes, felicitações, elogios pelo meu novo visual e pelo vestido vermelho. Percebi que o lugar estava reservado particularmente para nós.

Comi alguns salgadinhos e bebi maravilhosos drinks. Todos dançavam e festejavam animado. A música The Long Day Is Over, de Norah Jones se iniciou e Peeta me envolveu em seus braços e permanecemos grudadinhos.

— Pode me emprestar seu namorado por um instante? – a música mal tinha se encerrado e Johanna veio tirar Peeta de mim. Ele me encarou de um jeito “vai ficar tudo bem” e logo senti alguém próximo a mim.

— Hum-hum... com licença Srta. Everdeen – um homem loiro de meia idade estendeu a mão esperando que eu aceitasse. – Sou Haymitch Abernathy, padrasto a desmioladinha da Mason e fique tranquila que já, já ela o entrega sã e salvo a você.

Demorei alguns segundos, mas aceitei dançar com ele.

— Sou Katniss...

— Sei bem quem é. Tenho escutado sobre você bastante.

— Ah, é? – ele me girou no ritmo mais animado da outra música que iniciou.

— Sim, conheço seu namorado desde que engatinhava. É, queridinha não sei o que fez ou a poção que deu ao garoto, mas ele está apaixonado por você e só o vi assim uma vez.

— Ele sempre foi fechado e misterioso?

Haymitch abriu um enorme sorriso antes de responder.

— Oh, não... ele ficou assim depois da morte do pai. Antes era espontâneo e tinha um poder inimaginável sobre todos que o rodeavam. Peeta, era amado por todos sabe...

— Pode me devolvê-la, Hay? – estremeci com a voz enrouquecida de Peeta ao falar com autoridade para o homem que dançava comigo.

— Ela é toda sua Mellark... a propósito, ótima escolha.

O homem se afastou tendo Johanna em seu encalço, que olhou de modo estranho para mim.

— O que ela queria com você?

— Me passar algumas informações – Peeta me abraçou e sussurrou em meu ouvido: - Poderia me acompanhar, por favor? – encarei seus olhos apreensivos e assenti.

Ele entrelaçou nosso dedos e nos guiou até o terraço. Finalmente ia me contar o que se passava.

— Katniss, só quero que saiba que Johanna e Haymitch estão cuidando de mim, ela não tem e nunca teve nenhum interesse pessoal.

— Tudo bem, confio em você, agora me diz o que está acontecendo, por favor. – Aquilo já estava me angustiando demais.

Finalmente fiquei sabendo de toda a verdade e por mais perigosa, estava disposta a correr qualquer risco pelo homem que eu amava.

No momento em que retornamos para o salão um enorme e lindo bolo se encontrava no centro de uma mesa e todos cantavam o famoso “parabéns”. Quando fechei os olhos e apaguei as velas, pedi que perdurasse para sempre o momento que Peeta e eu estávamos juntos e que nada viesse nos atrapalhar. Ao tornar a abrir os olhos, meu pai vinha em minha direção e logo me abraçou.

— Parabéns minha filha. Que você seja muito feliz.