All I want is
And all I need is
To find somebody
I'll find somebody
Like you
Tudo que eu quero
E tudo que eu preciso
É encontrar alguém
Vou encontrar alguém
Como você
All I Want - Kodaline

Sirius não conseguia conter a alegria. Há anos não podia bancar o cupido para o amigo e ele tinha certeza de que fazia muito tempo que Remus não namorava alguém. Agora ele finalmente voltaria a ativa e ainda seria com Tonks, que apesar de ter o sangue dos Black, era exatamente o que Lupin precisava para uma vida mais leve: alegre, desastrada e extremamente talentosa.

— Finalmente lobinho, não aguentava mais aquelas trocas de olhares e as indiretas da Molly para vocês dois! — Sirius brincou, os dois parados perto do batente entre a cozinha e o corredor que dava para a sala.

— Eu não sei, Sirius. Eu não deveria fazer isso com ela... — A coragem de Lupin voltava a vacilar.

— Por Merlin, Remus! Vai logo para a sala, eu vou ficar com vocês e entretê-los um pouco, para quebrar o gelo. Minha priminha é muito boa para você deixar escapar. — Sirius empurrou Remus para fora da cozinha. — Vocês parecem crianças!

— Vocês demoraram... — Ela estava sentada num dos sofás, brincando com um baralho que encontrara por lá. — Querem jogar Snap explosivo? Faz muito tempo que eu não jogo! — Ela tinha recuperado o animo de sempre, pensando que as coisas com Remus estavam se resolvendo. Sirius voltou para a cozinha, deixando os dois as sós por pouco tempo antes de voltar com duas garrafas de Firewhisky e três copos.

— Sirvam-se.— Sirius se jogou na poltrona mais distante dela e falou, apontando para a mesa de centro em que colocara as bebidas. Remus logo encheu os copos, sentou-se na poltrona mais próxima de Tonks e o jogo começou.

Snap explosivo era um jogo muito popular entre os alunos de Hogwarts e, mesmo já tendo se formado, os três eram muito bons no jogo que funcionava quase como um jogo de cartas trouxa, mas as cartas explodiam na frente do bruxo derrotado.

— Eu estou bem cansado, acho que exagerei na bebida dessa vez... — Sirius se levantou, após pouco mais de uma hora de jogo.

— Ah Sirius, para de ser fraco! Eu tenho certeza que vocês bebia muito mais que isso quando estavam em Hogwarts. — Tonks provocou.

— Não posso discordar, Almofadinhas. — Remus virava mais um copo de Firewhisky, sentindo a queimação que a bebida proporcionava. Ele não era muito de beber, mas se fosse ficar sozinho com Tonks naquela sala, precisava muito de uma bebida para acalmar os nervos.

— Eu acho que estou ficando velho... Vou lá para cima, juízo crianças! — Ele deu uma piscadela, jogou seus cabelos para trás e virou o corredor, indo em direção às escadas.

— Eu não lembro qual foi a última vez que eu fui o último a parar de beber. — Remus pensava nos tempos de escola, em todas as festas comemorando a vitória da Grifinória no quadribol. Sirius e James sempre bebiam até alguém os fazer parar ou até caírem por algum canto do salão comunal.

— Vocês se divertiam mesmo quando estavam em Hogwarts né? Eu não consegui superar a fama de vocês, mesmo pregando várias peças e tudo mais... — Tonks ria, lembrando das enrascadas que havia se metido. Ela agora estava sentada na mesinha de centro, mais perto das bebidas e de frente para Remus.

— Acho que foram os melhores anos da minha vida, antes eu praticamente não saia de casa e depois que nos formamos as coisas ficaram difíceis... Até mesmo as detenções eram divertidas com os marotos.

— Foi uma pena terem perdido aquele mapa, teria sido muito útil. — Ela estava sentada perto de Remus, mas até o momento os dois estavam olhando para o nada, nostálgicos. — Provavelmente vocês sabiam os melhores lugares para namorar sem serem pegos, eu até parei de tentar. A maioria dos caras não aguentavam nem uma detenção e já desistiam de mim, fracos! — Ela se voltou para o homem, que agora estava levemente corado.

— Eu não era muito de namorar, isso era mais com o James e o Sirius. — Remus deu de ombros. Lembrou-se do que tinha deixado escapar mais cedo sobre Sirius, ele realmente ficava com a maioria das garotas depois que James se apaixonou por Lily.

— Ah, fala sério! Vai me dizer que não escapou nem uma vez com alguma garota? — Ela falou alto entre uma risada, um tanto chocada. — Você devia fazer sucesso também, imagino você todo nerd e misterioso na biblioteca... — A última parte da frase soou mais como um pensamento dela mesma do que um argumento sobre a popularidade de Lupin em Hogwarts.

— Eu não era nerd! — Ele se defendeu, cruzando os braços como uma criança envergonhada. — Eu só gostava de ler, e talvez eu tenha saído com algumas meninas. — Ele se deu por vencido, tentando esconder um sorriso.

— E por que nenhuma delas virou a Sra. Lupin? —  Tonks retrucou rapidamente, o provocando. Ela estava curiosa para entender por que ele afastava tanto as pessoas que sentiam algo por ele.

— Acabava não dando certo, eu sempre sumia por uns tempos durante a lua cheia e elas cansavam dos segredos. Era perigoso, sempre foi mais fácil evitar relacionamentos... — Ele suspirou, agora pensando no fim de seus relacionamentos. Normalmente ele terminava com alguma desculpa esfarrapada antes que as meninas pudessem suspeitar de alguma coisa. — Você sabe o que eu penso sobre isso. — Ele a olhou, um pouco relutante sobre o assunto de mais cedo.

— Então você não teve nenhuma namorada séria? Que droga. — Ela não devia ter tocado naquele assunto e percebera isso naquele momento, quando a expressão dele ficava cada vez mais angustiada.

— A minha única namorada de verdade desde Hogwarts quase conseguiu, sabe, ser a Sra. Lupin... — Por mais incrível que poderia ser ver Remus se abrindo para ela, um arrependimento bateu assim que ele terminou a frase, num tom sério: — Foi assassinada pelo próprio Voldemort quando entramos para a Ordem da Fênix. — Ele contou, arrasando o coração de Tonks, que se sentia péssima por ter provocado aquilo.

— Eu... Sinto muito, Remus. — Impulsivamente, ela pulou em cima dele o abraçando. — Eu entendo seu medo de se aproximar das pessoas, mas seria bom para você ter alguma companhia. — Ela estava sentada de lado em seu colo na poltrona apertada, o abraçando forte. Porém, percebendo o quão constrangedora era a posição em que eles estavam ela se sentou novamente na mesa de centro, quase derrubando uma garrafa vazia.

— Eu sei onde você quer chegar, Ninfadora. — Lupin se recompôs, tentando manter a seriedade.

— Não me chame de Ninfadora! — Ela realmente odiava aquele nome, as vezes as pessoas pareciam esquecer daquele fato.

— Desculpe Tonks. — Ela sorriu levemente em resposta, ainda esperando ele continuar o que estava dizendo. — Eu só... Você estava falando mesmo sério lá na cozinha? Quero dizer, é meio que bom demais para ser verdade.

— Lupin, quantas vezes eu vou ter que dizer que eu quero você? — Ela tocou em seu braço calmamente e falou dando uma risadinha que fez o coração de Remus se derreter.

Diante daquela frase, Lupin se sentiu perdido naquele turbilhão de sentimentos: a felicidade de saber que a Ninfadora realmente gostava dele, o medo de colocá-la em alguma situação perigosa, o coração batendo forte pela situação em que estavam, a culpa por impedi-la de ter uma vida normal...

— Remus? — Tonks não aceitaria mais uma vez aquele silêncio constrangedor, como na cozinha. — Não faça isso comigo. — Ela levantou, preocupada e um tanto aborrecida.

— Eu sinto muito, Tonks. — Ele balançou a cabeça negativamente e, por um segundo, Ninfadora pensou que ele havia se levantado para deixar a sala, mas quando percebeu, já estava em seus braços. Ele a beijou cauteloso. Os cabelos de Tonks expressaram a surpresa, passando do rosa para o azul e então ficando num tom de roxo.

A sensação de ter Tonks em seus braços era tão boa que Remus se perguntava por que havia demorado tanto tempo para aceitar aquele momento. O beijo, que ficava cada vez mais intenso, tinha tirado as preocupações de sua mente. Apenas uma coisa importava naquele momento e ela agarrava a nuca dele, passando suas pequenas mãos pelos cabelos cor de areia dele.

Os minutos pareciam horas e logo o relógio de parede, um dos muitos objetos antigos que decoravam a Mui Antiga e Nobre Casa dos Black, tocou anunciando a meia noite.

— Eu acho melhor nós irmos para a cama. — Remus sussurrou entre os beijos. O sofá em que estavam nunca pareceu tão confortável, a casa escura e empoeirada tinha um aspecto vivo graças a felicidade que os dois transmitiam e aos muitos copos de Firewhisky que haviam tomado.

— Num momento não acha que nós dois daríamos certo e no outro me chama para dormir com você? — Ela se afasta, levantando uma sobrancelha desconfiada de que ele levaria a brincadeira a sério.

— Não foi o que eu quis dizer! Me desculpa, Tonks... — Remus lançou um olhar assustado e arrependido, a pegando pela mão temendo que ela fugisse. — Por Merlin! — ele praguejou.

Tonks ria tanto da reação dele que sentia lágrimas escorrerem pelo seu rosto.

— Tonks, o que foi que eu fiz? — Remus estava confuso com a reação.

— Eu estava brincando com você, você precisa aprender a relaxar! — Ela finalmente conseguiu explicar, ainda com uma das mão sobre a barriga, que doía de tanto rir. — Você vem? — Ela deu as costas para ele, indo para as escadas.