Love Is a Losing Game escrita por msnakegawa


Capítulo 10
Stay With Me


Notas iniciais do capítulo

Prometi que ia continuar postando e eu sei que é bem chato esperar tanto tempo por um capítulo novo, mas até eu conseguir me organizar ou ter um surto de inspiração, os capítulos vão demorar um pouquinho pra sair (mas vão sair, prometo!).



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I don't want you to leave

Will you hold my hand?

Oh, won't you stay with me?

'Cause you're all I need

Eu não quero que você vá

Você vai segurar minha mão?

Você não vai ficar comigo?

Porque você é tudo que eu preciso

Stay With Me - Sam Smith

Tonks mentalizou o Largo Grimmauld, os postes de luz brilhando timidamente em frente a fileira de sobrados de tijolos fazendo parecer uma noite tranquila como deveria ser. Quando enfim aparatou em Londres, desejou ter um pouco de Felix Felicis para encontrar Remus ali. Se ele não estivesse na Antiga casa dos Black, ela não saberia exatamente onde o encontrar.

Nada na sala, nem na cozinha, o quarto de Sirius estava intocado desde a noite em que ele partiu e nem o quarto que Remus costumava usar tinha sinais dele. Ninfadora já estava perdendo a esperança quando ouviu um barulho vindo do outro quarto de hóspedes, onde ela dormia quando ficava no distrito de Londres.

Torcendo para não ser apenas o Monstro, ela abriu a porta e encontrou Remus agarrado a uma almofada, com o rosto molhado. Para ele, aquela era a última vez que entraria naquele quarto, um lugar que tinha tanto da Tonks: as fotos, os posters, o cheiro floral e delicado...

— Remus? — Tonks entrou rápido no quarto, sentando ao lado dele. Tentou segurar sua mão, mas ele se afastou.

— Não podemos fazer isso, Tonks. — A voz dele era quase um sussurro. Ele tinha começado a sentir os efeitos da lua e, com isso, todas as lembranças terríveis das noites de transformação clarearam sua mente. Lupin havia desejado Tonks no bosque d'A Toca, desejou beija-la e sentir cada centímetro do corpo dela junto ao dele e por esse motivo, ele se sentia errado e fraco.

Ele não poderia colocá-la em risco e se eles continuassem juntos, ele sabia que não conseguiria se controlar. As implicações podiam ser terríveis, principalmente se algo desse errado e eles tivessem um bebê com sangue de lobisomem.

— Lupin... — Ela insistiu e aproximou-se dele, segurando seu rosto com as mãos delicadas. — Nós já estamos fazendo isso. — Ela tentou ser firme, mas a certeza na voz dele fazia tudo dentro dela ruir. Ela tentava pensar no que poderia ter feito ele mudar de ideia. Remus não podia estar realmente voltando atrás, mas ele estava.

— Não podemos continuar com isso. — Sua voz falhou e lágrimas tímidas desceram por suas bochechas, mas ela sentia que ele estava falando sério. — Você merece mais que um lobisomem que pode colocá-la em risco. — Respirou fundo, afastando-se novamente das mãos dela. — Eu não te amo tanto a ponto de não me importar com as consequências. — Aquelas palavras partiram o coração de Tonks e Remus sentiu tanta dor que não conseguia suportar olhar para ela. Ele a amava e muito, mas ela iria atrás dele, onde quer que ele fosse, se ele não fizesse algo assim.

— Você só deve estar assim por causa da lua, não é o que você sente de verdade. — De pé, Tonks era uma mistura de raiva, tristeza e o mais puro amor que existia. Ela não conseguia acreditar nas palavras que acabara de ouvir, sabia que ele a amava.

— Eu preciso ir embora. — Cada palavra machucava Remus como nenhuma transformação havia machucado, nem mesmo a mordida de Greyback doeu tanto quanto deixá-la naquele quarto empoeirado, naquela casa vazia e naquele mundo bagunçado e perigoso sozinha. Partiu sem dizer adeus, para o mais longe que podia aparatar e sem esperanças de que ela iria querer vê-lo depois de tudo aquilo.

x

As cores de Ninfadora Tonks sumiram depois daquela noite, ela havia perdido quase que por completo sua metamorfomagia e sua vontade de viver. A extravagância e animação foram sumindo e quando percebeu, só saia de casa para as missões que Alastor insistia em dar a ela e quando a Sra. Weasley a convencia a tomar um chá n'A Toca.

Quando estava lá, além de conversar com a Sra. Weasley e narrar o que tinha acontecido, ela tinha Gina. A garota ficou muito brava com Lupin pelo que ele tinha feito, e sempre dizia que apoiava que Tonks investisse em Gui. Sua principal justificativa era que Ninfadora era muito melhor que Fleur, a nova namorada do irmão mais velho, e que ela seria muito bem vinda à família. Cortava o coração de Gina ter que ver Tonks sempre cansada e forçando sorrisos, ela merecia ser feliz.

O verão foi também foi complicado para Remus. Depois de deixar Londres, foi para o norte da Inglaterra, onde havia alguns grupos de lobisomens. Era uma missão perigosa, investigar os licantropos que apoiavam o Lorde das Trevas, mas Dumbledore precisava de um espião e ele precisava ficar longe de Tonks. Precisava esquecer como as poucas semanas que ficaram juntos foram boas e como nunca haveria nada parecido com aquele sentimento, ou então ele acabaria cedendo às suas fraquezas.

O mundo bruxo estava cheio de casos de desaparecimentos, acidentes estranhos e até mortes, que eram anunciadas no Profeta Diário. Perto do aniversário de Harry, quando as coisas começaram a ficar muito feias, Remus acabou voltando para visitar os Weasley.

Assim que ele chegou n'A Toca, todos perceberam que Lupin parecia mais magro e deprimido, os cabelos castanhos estavam mais embranquecidos, suas roupas mais remendadas que nunca.

— Houveram mais dois ataques de dementadores — anunciou ele, quando a Sra. Weasley lhe ofereceu uma grossa fatia de bolo de aniversário, provavelmente pensando que precisava engordar um pouco o homem. — E encontraram o corpo de Igor Karkaroff em um barraco no norte do país com a Marca Negra brilhando no céu... Fico surpreso que ele tenha sobrevivido quase um ano depois de desertar os Comensais da Morte, ainda mais nas condições que estamos enfrentando.

As condições que o mundo bruxo estavam enfrentando eram difíceis e as que Remus estava enfrentando pareciam ser uma soma das piores coisas que já havia sentido: viu coisas terríveis em seu tempo no norte, variando desde ataques lobisomens até o que havia acontecido com Karkaroff, mas acima de tudo sentia falta de Tonks e se questionava a cada segundo se havia feito a coisa certa indo embora.

Quando Ninfadora ouviu de Molly que Lupin estava novamente por perto, não pensou duas vezes em aceitar a missão de reforçar a proteção de Hogwarts na base dos aurores em Hogsmeade.

Porém, até mesmo longe dos arredores de Londres, tudo levava os pensamentos dela para Lupin. Ela observava a Casa dos Gritos de longe, pensando que era muito melhor ter continuado achando que era uma casa mal assombrada e não saber que tinha sido a morada de Remus durante tantas luas cheias.

Certo dia, enquanto fazia ronda pelo vilarejo, Tonks pensou ter visto um dos capangas de Voldemort se esgueirando entre as casas e decidiu segui-lo. Não tendo dúvidas de que ele não tinha nada além de más intenções, ela lançou um feitiço que o pegou despercebido.

Estupefaça! — Não estava com vontade de ter uma batalha, então lançou logo um feitiço que deixaria o homem inconsciente. Ela precisava avisar os outros aurores, não conseguiria levar o homem que estava caído aos seus pés até a base sozinha.

Quando tentou fazer o feitiço do patrono, teve uma dificuldade imensa de se concentrar numa lembrança feliz. Os dias tristes do verão passavam em sua cabeça como um filme, Remus saindo do quarto e a deixando sozinha depois de dizer que não a amava tanto a ponto de ficar com ela, Sirius atravessando o arco do Departamento de Mistérios... "Quando foi que as coisas ficaram tão ruins?", ela se perguntou.

Tentando resgatar qualquer memória feliz que tivesse restado, ela se lembrou de quando Remus dormiu em seu sofá. O cheiro amadeirado de suas roupas, a respiração dele fazendo seu peito subir e descer enquanto ela o usava como travesseiro, o modo como ele a beijava, sempre tímido e lutando contra seus instintos, mas tão carinhoso quanto ele podia ser.

Enfim, um brilho azulado saiu de sua varinha quando ela proferiu o feitiço Expecto Patronum. Mas diferentemente do que ela esperava, em vez de um coelho, o feitiço passou a ter a forma de um animal grande e quadrúpede, um lobo. Passada a mensagem, Tonks se viu sentada no chão chorando timidamente enquanto esperava que as coisas melhorassem.

x

Os meses se passaram com facilidade sem grandes novidades na vida de Tonks ou de Lupin. Certo dia, Tonks encontrou Harry gritando para os ares que Mundungo era um ladrão e que tinha roubado as coisas de Sirius. "Ah, se Sirius estivesse vivo com certeza as coisas estariam bem melhores. Ele saberia o que fazer.", pensou enquanto acalmava o pobre garoto.

Harry notou que ela ainda estava com a fisionomia triste e os cabelos sem vida como na última vez que se encontraram n'A Toca, parecendo mais velha e muito mais séria e decidida. Potter se perguntava se toda aquela mudança era apenas por conta da morte de Sirius.

Na noite de natal, Harry e Lupin jantaram com os Weasley. Na sala, todos estavam reunidos ouvindo o programa de Natal apresentado pela cantora favorita da Sra. Weasley, Celestina Warbeck. As crianças jogavam Snap Explosivo enquanto o Sr. Weasley tirava um cochilo sem que fosse notado. Lupin estava sentado à lareira, contemplando suas profundezas como se não ouvisse a voz de Celestina.

 “Ah, vem mexer o meu caldeirão,

E se mexer como deve ser

Faço procê um amor quente e forte

Para sua noite aquecer.”

Ele se lembrava de ter ouvido a Celestina tocando na casa dos pais de Tonks, quando ela o levou para tomar café da manhã lá. Fazia tempo que ele não tinha uma noite quente e aquecida com um amor quente e forte, como na noite em que ele dormiu no sofá de Ninfadora e acordou com ela em seus braços

— Você tem falado com Tonks ultimamente, Remus? — A Sra. Weasley perguntou, depois de comentar sobre como ela e Arthur dançavam as músicas de Celestina quando eram jovens. Lupin não sabia se ela estava ciente do que havia acontecido.

— Não, não tenho tido muito contato com ninguém – disse Lupin. — Mas Tonks tem família para visitar, não? — Ele tentou parecer natural, mas seu tom era triste e seus olhos externavam a confusão que se passava dentro dele.

— Hummm. Talvez. Na realidade, tive a impressão de que estava planejando passar o Natal sozinha. Não aceitou meu convite para vir jantar conosco... — Ela contou. — Você sabe o que pode ter acontecido para ela ficar tão doente como está agora?

Ele apenas balançou a cabeça negativamente, não querendo prolongar mais o assunto. Percebendo o silêncio constrangedor que havia se instaurado na sala Harry contou, sem saber de tudo o que havia acontecido, que o patrono de Tonks havia mudado.

— O Patrono de Tonks mudou de forma. — disse Harry a ele. — Pelo menos foi o que Snape disse. Eu não sabia que isto podia acontecer. Por que razão um Patrono mudaria? — Harry passou metade do semestre se perguntando isso e quem melhor para responder que a pessoa que lhe ensinara a conjurar um patrono? Lupin demorou algum tempo mastigando o peru, e engoliu-o antes de responder lentamente.

— Às vezes... um grande choque... uma perturbação emocional... — "Um amor incrivelmente forte", completou em seus pensamentos. Era culpa dele.

— Parecia grande e era quadrúpede – comentou Harry, tendo uma súbita ideia e baixando a voz. – Ei... não poderia ser...? — Uma luz se acendeu na mente de Harry: "E se Ninfadora estivesse tão séria e triste por causa da partida de Remus?", eles estavam bem próximos durante seu quinto ano.

Molly interrompeu o pensamento de Harry antes que as coisas ficassem piores para Remus, que estava em choque. Aproveitando o alvoroço gerado pela chegada de Percy e do Ministro a casa dos Weasley, Lupin se despediu e aparatou sem ter exatamente um destino em mente.

Para sua surpresa, ou nem tanta surpresa assim, ele acabou indo parar no vilarejo trouxa onde Tonks e sua família moravam. Da rua era possível ver pelas janelas que Andrômeda e Teddy conseguiram arrastar a filha para um jantar, mas ela estava quase irreconhecível.

O rosa chiclete de seus cabelos agora era um castanho claro e pálido, suas feições estavam cansadas e abaixo dos olhos haviam olheiras arroxeadas visíveis mesmo de longe. Ela parecia mais velha e seu sorriso era tímido e quase forçado. Essa visão fez Lupin sentir vontade de entrar correndo naquela casa e aninhá-la em seus braços, mas não havia nada que ele podia fazer. Ele já tinha a machucado demais.


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Notas finais do capítulo

Eu to de coração partido com esse capítulo e queria me justificar com vocês. Eu sempre tento fazer o máximo de referências as cenas dos livros, então tive que revirar o Enigma do Príncipe para achar esses momentos e encaixar todos eles no contexto da fanfic... Espero que vocês tenham gostado (apesar das circunstâncias). Quero saber a opinião de vocês, conversem comigo!
Beijos e até logo (prometo que vou continuar, se eu demorar podem me mandar mensagens me cobrando hahaha)