— Arg! Que droga Med, cadê você? — resmungo mais uma vez ao deixar outro recado em sua caixa postal.

Já havia dois meses que estávamos em NY, às aulas em Juilliard eram mais que magníficas, mas havia duas coisas que estavam me incomodavam e que consequentemente não estavam me deixando aproveitar cem por cento do curso. Primeiro, ter que olhar para a cara deslavada de Glimmer todos os dias nas aulas. E a segunda, era não ter noticias de Peeta. Desde o dia em que ele saiu pela porta de minha casa eu havia perdido qualquer contato com ele, não por escolha minha é claro. Eu tentei entrar em contato com ele mesmo depois de já estar aqui em NY, mas depois de não ter nenhuma mensagem ou ligação retornada eu simplesmente desisti. Não completamente, pois toda vez que ligava para casa perguntava aos meus pais sobre ele e a resposta sempre era a mesma, que ele continuava na Itália.

Mas apesar de estar com o coração partido por não tê-lo ao meu lado, não me importava. Poderiam se passar meses, anos ou até séculos, mas Peeta continuaria sendo o grande amor da minha vida. E no fundo eu tinha esperanças de que no final, estaríamos juntos novamente.

— Desisto! — exclamo ao jogar meu celular dentro da bolsa, era a sexta vez que ligava para Medge e ela não atendia. Era sábado e tínhamos marcado de nos encontramos no Central Park. Já era quase tradição, todos os finais de semana nos encontrávamos aqui para correr.

— Mas parece que a Sta.Undersee desistiu e não me avisou. — resmungo para mim mesma enquanto me levanto do banco, mas quando dou o primeiro passo sinto meu celular vibrar na bolsa e rapidamente o pego.

“Desculpa por não atender suas ligações Kat, mas é que eu esqueci o celular em casa e tive que voltar para buscar. Não vou poder correr com você hoje porque surgiu um imprevisto, desculpa. Bjos”

Termino de ler a mensagem e solto um longo suspiro. Já passa das oito da manhã e o frio começa a aumentar conforme a neve começa a cair, estávamos em pleno inverno em NY. Desisto de correr e começo a seguir caminho pelo Central Park rumo ao meu apartamento, que ficava cerca de uns dez minutos dali. Mas antes mesmo de sair do Park ouço a bela e suave melodia de um violão. E por alguma razão inexplicável aquela melodia fez meu coração dar um salto no peito.

Viro-me para o lado em busca da pessoa que está tocando, mas só vejo algumas pessoas passeando com seus cachorros. Começo a andar pelo Park olhando para todos os lados em busca de saber quem é o autor daquela bela melodia e é então que o vejo. Sentado em um banco, com seus cabelos loiros sendo levemente bagunçados pelo vento da manhã, com o seu belo e encantador sorriso no rosto e acima de tudo, com seus tão brilhantes e lindos olhos azuis me encarando, está Peeta.

Ou eu estou tão louca para vê-lo que estou tendo visões ou ele realmente está ali. Aproximei-me lentamente até estar parada a sua frente, sem conseguir acreditar que aquele é mesmo ele.

— Oi. — diz sorrindo parando de tocar, com os olhos presos nos meus. É aquilo não é uma visão, ele realmente está ali.

— Oi. — falo em voz baixa ainda surpresa por tê-lo ali, sentado bem a minha frente depois de dois longos meses.

Com um breve aceno ele pede que eu sente e assim faço. Não consigo desviar meus olhos dos seus, principalmente por eles conterem um brilho tão intenso quanto à de uma super nova. É tão reconfortante vê-lo sorrindo para mim, pois da última vez que nos vimos à única coisa que ele demonstrava era raiva e tristeza. Seus dedos deslizam pelas cordas do vilão e ele volta a tocar aquela bela e suave melodia.

There's nothing I could say to you  (Não há nada que eu possa dizer para você)
Nothing I could ever do to make you see  (Nada que eu poderia fazer para te fazer enxergar)
What you mean to me  (O que você significa para mim)
All the pain the tears I cried  (Toda a dor e as lágrimas que eu chorei)
Still you never said goodbye  (E ainda assim você nunca me disse adeus e agora eu sei)
And now I know, how far you'd go  (O quão distante você está)

Fecho meus olhos absorvendo a letra da música e principalmente, para absorver sua voz tão doce e suave ao qual eu sentia tanta falta de escutar. Aquela letra além de ser bela dizia tantas coisas.

I know I let you down  (Eu sei que eu te decepcionei)
But it's not like that now  (Mas não é mais assim agora)
This time I'll never let you go  (Desta vez eu não deixarei você ir embora)

I will be all that you want  (Eu vou ser tudo o que você quiser)
And get myself together  (E me recompor)
'Cause you keep me from fallin' apart  (Pois você faz com que eu não caia aos pedaços)
All my life  (Toda a minha Vida)
I'll be with you forever  (Estarei com você para sempre)
To get you through the Day  (Para fazer com que você siga o dia)
And make everything okay...  (E fazer tudo ficar bem...)

Abro meus olhos ao notar que tanto a melodia, como sua voz silenciaram-se e deparo-me com seu rosto a centímetros do meu. E sem me dar chances de dizer o quanto eu havia gostado da música ele me beijou.

E ali, tendo novamente seus lábios macios sobre os meus eu senti uma chama ardente que me queimava de dentro para fora. Um fogo ardente como os das asas de uma fênix, um fogo bom, reconfortante. Sua língua se movia lentamente ao entrelaçar-se com a minha, como uma bela dança. Ali naquele beijo continha uma mesclagem de sentimentos. Paixão, felicidade, saudade e amor. Nem sei em que momento aconteceu, mas minhas mãos já se encontravam com seus fios loiros, enquanto meu coração batia tão acelerado no peito, que parecia até que eu havia corrido uma maratona. Só nos separamos quando nossos pulmões reclamam por ar, tamanha a intensidade do beijo.

Peeta pressiona sua testa contra a minha fazendo-me abrir os olhos e dar de cara com os seus. Seu olhar trasborda emoção.

— Me perdoa. — pede segurando meu rosto entre suas mãos — Me perdoa por ter sido tão idiota, por ter te magoado...

— Shiii. — dou-lhe um beijo casto nos lábios — Não precisa se desculpar. Eu que deveria estar te pedindo perdão por ter sido uma imbecil e não ter te contado nada.

— Eu não tenho nada que te perdoar meu amor. Você só não falou nada porque estava com medo e eu não entendi isso. — se lamenta — Mas é que... Eu fiquei bastante magoado e confuso com aquela história, principalmente por saber através de uma foto e não por você. Eu me senti meio perdido e a forma que encontrei para organizar meus pensamentos foi viajando para a Itália. Mas cada dia que passava longe de você, das suas caricias... — sorri contornando meu rosto com a ponta dos dedos — ...da sua voz... — acaricia meu nariz com o seu — ...e principalmente dos seus beijos percebi o quão idiota estava sendo. Eu sofri muito quando aquela tragédia aconteceu e levou todos de mim, não quero perder você também Niss. Porque você foi quem me salvou da solidão. Você soprou uma nova vida para dentro de mim.

— Você não vai me perder meu amor. Nunca. Jamais. — lhe abraço bem apertado tentando preencher todo o vazio que senti por termos ficado tanto tempo longe um do outro. Momentos depois ele desfaz nosso abraço para poder olhar em meus olhos. Ahh como eu senti falta daquele azul.

— Você é a luz que me guia para o lugar onde eu encontro a paz. Você é a força que me mantém andando. Você é a esperança que me mantém confiando. Você acalma as tempestades em meu coração e é o meu propósito. — sorri acariciando minhas bochechas — Katniss, você é tudo o que eu quero, tudo o que eu mais preciso. — declara me deixando levemente atordoada, não só por sua declaração, mas como também por seu sorriso tão encantador.

— Você sabe mesmo como me deixar sem palavras, não é? — brinco o fazendo rir, mas logo em seguida grudo meus lábios nos seus — Como soube que eu estava aqui? — pergunto curiosa desfazendo nosso beijo, afinal de contas, como ele soube que eu estava ali no Central Park?

— Madge.

— Já devia saber. — balanço a cabeça em negativa e nós dois rimos.

— Humm... Isso é pra você. — me entrega um broche com um belo pássaro — Sinto muito por não estar presente em seu aniversario e também por não ligar, como eu disso, eu fui um idiota — sorri um pouco sem graça — No dia do seu aniversario eu estava passeando pelas ruas da Itália e avistei esse broche na vitrine de uma loja, então o comprei, como seu presente de aniversario.

— Isso é um...

— Tordo. — completa minha frase — Eu achei perfeito pra você, porque assim como os tordos, você também representa esperança, minha esperança.

— Ele é lindo Peeta — falo emocionada encarando o belo broche em minhas mãos. Ele não havia esquecido meu aniversario — Obrigada. — agradeço agora olhando dentro de seus olhos, que assim como seus lábios, sorriam pra mim — Amo você. — murmuro com os lábios a centímetros dos seus.

— Amo você. — e com essas duas palavrinhas ele quebra a distancia entre nós dando inicio a mais um caloroso beijo.

A saudade era tanta que seguimos para meu apartamento, dispostos a demonstrar todo o nosso amor, não apenas através de palavras, pois elas muitas vezes não eram o bastante para demonstrar tudo o que sentíamos. Mas sim através de nossos corpos que se transformaram num só e deles irradiou o desejo, o fogo da paixão. Nossas almas se juntaram e sentimos o mais puro amor. E naquela manhã eu soube que, a vida poderia colocar mil barreiras para nos derrubar, mas nosso amor enfrentaria todas elas, porque um sentimento tão forte como aquele era difícil de encontrar. Pois o nosso amor, assim como a música, era eterno.

Pov Peeta

Abro os olhos e percebo que não estou mais no quarto com a Niss, mas sim sentado no banco de uma praça. Ao meu redor a varia árvores e em minha frente vejo duas crianças brincando, mas não consigo ver seus rostos por estarem distantes. Ergo minha cabeça e encaro o céu, os raios solares aquecem minha pele enquanto alguns pássaros sobrevoam o lugar onde me encontro. Mesmo sem entender direito o que está acontecendo sorrio, o vento sopra um pouco forte fazendo com que as folhas das árvores caiam ao chão e juntamente com o vento vem um delicioso cheiro de rosas. Aquele cheiro me era familiar, porem não me lembrava de onde. Sinto alguém sentar-se ao meu lado, porem não me importo em olhar quem é, pois estou concentrado demais em encarar o belo céu acima de minha cabeça.

  — Está um belo dia hoje, não? — essa voz, eu a reconheceria em qualquer lugar, mas como? Viro-me para a pessoa ao meu lado e lá está ela, com um lindo vestido branco voando ao vento, com seus cachos loiros caindo em perfeitas ondas por seus ombros e em seus lábios, o mesmo sorriso que me encantou desde a primeira vez que a vi.

Come up to meet you, tell you I'm sorry.  (Vim para te encontrar, dizer que sinto muito.)
You don't know how lovely you are  (Você não sabe o quão amável você é)
I had to find you, tell you I need you  (Tinha que te ver, lhe dizer que preciso de você)
And tell you I set you apart  (Dizer que te escolhi)

— Delly? — minha voz sai mais como um sussurro, ela está tão linda, exatamente como a vi pela última vez.

— Oi Peet — seu sorriso, seus olhos, sua presença em si, fizeram com que todos os meus sentimentos aflorassem em forma de lágrimas e sem conseguir me conter eu a abracei. O cheiro de rosas entrou em minhas narinas e então me lembrei de onde conhecia aquele cheiro, aquele era o cheiro natural dos cabelos de Delly.

— Eu senti tanto a sua falta. — declaro em meio às lágrimas e ela me aperta mais em seus braços.

— Eu também senti sua falta Peet. — começa a cariciar meus cabelos, assim como fazia quando namorávamos. Depois de um tempo ela desfaz nosso abraço para poder me olhar nos olhos, suas mãos vão até minhas bochechas onde ela começa a enxugar cada lágrima que continha ali.

Tell me your secrets, and ask me your questions  (Conte-me seus segredos, faça-me suas perguntas)
Oh let's go back to the start  (Oh, vamos voltar para o começo)
Running in circles, coming up tails  (Correndo em círculos, lançando a moeda)
Heads on a science apart  (De cara numa ciência à parte)

— Você está tão linda. — elogio colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha, ela sorri me fazendo suspirar — Ahhh como eu senti falta desse seu sorriso. Por que tudo aquilo teve que acontecer Dell? Por quê? — pergunto agora acariciando sua bochecha.

— Eu não sei Peet, realmente não sei. — deita a cabeça em meu peito e eu a abraço.

— Eu sofri tanto. — falo baixinho e ela ergue a cabeça para me encarar, seus olhos azuis como sempre tão brilhantes, tão encantadores.

— Eu sei. Mesmo você não me vendo, eu sempre estive com você. Eu estive presente em cada lágrima derramada, em cada momento de dor, nos momentos de solidão. E mesmo eu querendo muito Peet, não pude fazer nada. A única coisa que eu podia fazer era ficar do seu lado. — ela suspira e sorri — Eu sempre estive com você aqui... — aponta para minha cabeça — ...E aqui.— põe a mão em meu coração me fazendo sorrir.

— Sabe? Eu realmente achei que tudo havia acabado pra mim, mas então eu me mudei pra Los Angeles e conheci a...

— Katniss. — me interrompe, o sorriso não deixa seus lábios nem por um segundo — E ela roubou esse coraçãozinho. — acrescenta dando leves cutucões em meu peito.

— E ela roubou esse coraçãozinho. — repito e meu sorriso duplica de tamanho ao lembrar-me de minha morena.

— Eu gosto muito da Katniss. — admite se ajeitando no banco para ficar de frente pra mim — Ela é uma pessoa maravilhosa. Tem um bom coração e mesmo não sabendo muito sobre você, ela esteve lá, se preocupando, cuidando de você. No mundo existem poucas pessoas como ela, que dão tudo o que tem e o que não tem sem se importar se irão ou não receber algo em troca. Sem contar no ótimo gosto musical que ela tem. — pontua a última parte rindo e eu acompanho.

Essa era umas das qualidades que Delly tinha e que eu tanto admirava. Ela sempre via o melhor das pessoas. Eu costumava dizer que era um dom que ela possuía, pois não importava a cor, religião ou classe social, Delly sempre buscava olhar para o coração das pessoas, sempre olhava o interior e não o exterior. Ela costumava dizer que não acreditava em pessoas ruins, para ela as pessoas só se tornavam frias e rancorosas porque não haviam tido a chance de serem felizes. E eu passei a acreditar nisso também e esse foi um dos motivos pelo qual confiei tanto em Katniss, pois a primeira vez que a vi, mesmo ela sendo linda, o que me encantou não foi seu exterior e sim o seu coração, que era tão puro quanto o de uma criança.

— Verdade. Ela tem um ótimo gosto musical. — ainda rindo desvio meus olhos dos seus e passo a observar as duas crianças que ainda brincam ao longe — A primeira vez que a vi cantando eu me lembrei de você. — volto meus olhos para os seus que me encaram sorrindo, assim como seus lábios — O jeito que ela se conectava com a música, a forma como se expressava em cada nota com tanto sentimento, com tanto amor. Vocês duas compartilham da mesma paixão pela música e eu amo isso. — confesso — Sem contar na voz, ela tem uma voz tão bela que quando canta, até os pássaros param para ouvir.

— Você realmente a ama, não é? — pergunta entrelaçando nossos dedos.

— Amo. Muito. — mais uma rajada de vento nos atinge fazendo os belos cabelos de Delly voarem — Assim como você, ela também se tornou o grande amor da minha vida. — seus braços vêm de encontro aos meus ombros em um apertado e aconchegante abraço.

— É tão bom ouvir isso Peet. — desfaz nosso abraço e posso ver as lágrimas de felicidade inundarem seus belos olhos azuis — Saber que você encontrou outro amor, que continua vivendo, que não desistiu. — sua felicidade me trás uma paz sem igual — Fico mais feliz ainda por saber que a nova dona desse coraçãozinho tão especial, seja a Katniss. Tenho absoluta certeza de que ela te fará muito feliz.

 — Sim. Ela me fará muito feliz, senhorita sorrisos. — com o dedo indicador toco a ponta de seu nariz fazendo-a rir. Costumava chama-la assim quando a conheci, pois mesmo em momentos difíceis ela permanecia com aquele belo sorriso nos lábios.

Ali sentado a sua frente, vendo o quão bela e feliz ela estava, eu percebi que as saudades que sentia dela eram muito maiores do que eu poderia imaginar. Porque, eu não sentia falta somente da garota que era minha namorada e futura mão de meus filhos, eu também sentia falta da minha amiga, companheira para todos os momentos. Sentia falta de nossas conversar, de estar deitado no telhado ao seu lado observando as estrelas, de nossos passeios pela orla da praia, de nossas brigas infantis que sempre resultavam em muitas gargalhadas. Ela fazia tanta falta em minha vida.

Nobody said it was easy  (Ninguém disse que seria fácil)
It's such a shame for us to part  (É uma pena nos separarmos)
Nobody said it was easy  (Ninguém disse que seria fácil)
No one ever said it would be this hard  (Mas também não disseram que seria tão difícil)
Oh take me back to the start  (Oh, me leve de volta ao começo)

— Vem. — sua voz me desperta de meus pensamentos e só então percebo que ela não está mais sentada ao meu lado e sim, que está em pé a minha frente com uma mão estendida em minha direção.

— Pra onde? — pergunto confuso enquanto seguro sua mão e me ponho de pé.

— Dançar. — responde tão eufórica quanto uma criança que acabou de ganhar uma viagem para Disney.

— O que? Dançar?

— É Peet. Como nos velhos tempos. — e com essa resposta ela sai me puxando em direção a um campo repleto de flores de dente-de-leão.

E nós dançamos, mesmo sem música. O vento soprando forte levando consigo as frágeis pétalas de dente-de-leão pelos céus. O sorriso não deixava seus lábios, assim como seus olhos não paravam de brilhar. Era realmente bom estar com ela novamente em meus braços. Nossos movimentos eram leves e precisos, nossas risadas se tornavam cada vez mais altas conforme errávamos alguns passos, porem não desistíamos, continuávamos dançando.

— Você evoluiu bastante em relação à dança desde a última vez que nos vimos. — comenta enquanto a giro.

— Eu sempre fui um pé de valsa minha querida. Já você, bom, digamos que a dança nunca foi o seu forte. — brinco quando ficamos de frente um para o outro novamente.

— Ei! — protesta dando-me um tapa no braço, enquanto eu, bem, rio de sua reação — Parece que você, não só evoluiu na dança, como também ficou bastante convencido. — pontua seguindo-me nas risadas.

— Eu senti falta de estar assim com você. — comento parando com os movimentos.

I was just guessing at numbers and figures  (Eu só estava analisando número e figuras)
Pulling the puzzles apart.  (Montando o quebra-cabeça)
Questions of science, science and progress  Questões da ciência, ciência e progresso)
Don't speak as loud as my heart.  (Não falam tão alto como meu coração)

— Eu também Peet. Mas estou vendo que você não é mais o mesmo de tempos atrás. Você evoluiu bastante, está mais forte, mais feliz. Tudo graças a Katniss e agora sim, posso ir embora tranquila, porque sei que você estará em boas mãos. — sorri.

— Embora? — pergunto sentindo meu coração ficar apertado em meu peito.

— Sim Peet. Agora que você está bem, nós podemos partir em paz.

— Nós? — então, com os dedos em meu queixo, ela vira meu rosto para a esquerda e lá estão eles. Os pais de Delly, meus pais e as duas crianças, que momentos atrás eu não conseguia ver o rosto por estarem brincando um pouco longe. E uma delas era Hope.

— Mano. — seus olhinhos brilham ao chamar-me pelo apelido e sem perder tempo corro em sua direção e a pego nos braços. Passei tantas noites sonhando em ouvir, pelo menos uma última vez, sua voz me chamando de mano.

— Oh minha pequena. — as lágrimas já faziam caminho por minhas bochechas. Ela aperta os bracinhos em volta de meu pescoço e beija minha bochecha.

— Você continua lindo. — sorri me olhando nos olhos. Seu sorriso demonstra tanta pureza que é impossível não retribuir.

— Oi papai. — a voz infantil do garotinho faz com que eu me separe de Hope para poder encara-lo. E ali, com cabelos loiros, os olhinhos azuis e o sorriso banguela nos lábios estava meu pequeno, que nunca tive a chance de conhecer, de ensinar a jogar bola, a andar de bicicleta. Ali a minha frente estava meu filho.

— Oi filho. — então o abraço, deixando todas as emoções tomarem conta de meu corpo. Eu havia até perdido a conta que quantas vezes me peguei imaginando como seria seu rostinho, se ele teria as mesmas bochechas rosadas de Delly, se seus lábios seriam finos como os meus. E agora eu o tinha aqui, em meus braços, algo que só acontecia em meus sonhos, talvez aquele até fosse, mas ele era real demais para ser somente um sonho. Com ele ainda em meus braços vou até meus pais.

So tell me you love me, come back and haunt me,  (Diga-me que me ama, volte e me assombre)
Oh, when I rush to the start  (Oh, e eu corro para o começo)
Running in circles, chasing in tails  (Correndo em círculos, nos preocupando à toa)
Coming back as we are.  (Voltando a ser como éramos)

— Oh meu filho. Você está tão bonito. — mamãe beija minhas bochechas me fazendo sorrir em meio às lágrimas.

— Eu sempre fui mãe. — brinco fazendo a rir.

— E modesto também. — acrescenta pegando Hope no colo, enquanto Delly tira Beijamim de meus braços para eu poder abraçar meu pai.

— E ai campeão, está cuidando bem da Leslie? — pergunta me fazendo gargalhar. Leslie era o nome do Mustang ao qual papai tanto amava.

— Estou sim pai. Pode ficar tranquilo. — ele me dá um beijo na bochecha e nos separamos. Os pais de Delly se aproximam e também trocamos um longo abraço.

— Nunca. Nem em meus melhores pensamentos poderia imaginar um dia estar aqui, em pé na frente de vocês. — declaro aos sete enquanto enxugo minhas lágrimas — Eu queria dizer tantas coisas, entre elas pedir perdão por não poder fazer nada para impedir que tudo aquilo acontecesse.

— Você não tem porque nos pedir perdão filho. Você não poderia prever que algo tão grave como aquela explosão acontecesse. — mamãe acaricia meus cabelos.

— Mas se eu tivesse ficado em casa, eu...

— Você teria morrido filho. E não teria a chance de viver, de realizar seus sonhos. — interrompe-me meu pai.

— Mas vocês também tinham sonhos! E todos eles se foram junto com vocês. E eu... Eu fiquei sozinho. — falo a última parte baixinho já sentindo as lágrimas banharem, mais uma vez, meu rosto.

— Você nunca esteve sozinho filho. Sempre estivemos com você. — mamãe me abraça, assim como todos.

— Temos que ir pessoal, já está na hora. — avisa Lucia, mãe de Delly.

— Não, vocês não podem ir, por favor, não me deixem sozinho novamente. — imploro entrando em desespero.

— Desculpa Peet, mas nós temos que ir. E você não ficará mais sozinho. Agora você tem seus amigos, tem a Effie, a Prim e principalmente a Katniss, que tenho certeza de que cuidará muito bem de você. — Delly acaricia minha bochecha.

— Mas, eu não posso perder vocês, de novo não.

— Você não vai nos perder Peet. Sempre estaremos com você, bem aqui. — aponta para meu peito — Nunca se esqueça de que eu te amo. — sussurra.

— Eu também te amo. — declaro também em um sussurro e com um leve movimento, ela cola seus lábios nos meus e assim damos nosso último beijo.

Aos poucos todos vão se afastando de mim, cada um com um belo sorriso no rosto. Desde que toda aquela tragédia aconteceu, sempre que eu pensava neles, suas imagens apareciam sempre cobertas por chamas e cinzas. Mas a partir de agora, sempre que os meus pensamentos me levarem a eles, suas imagens aparecerão cobertas por felicidade, por sorrisos. E agora seus rostos também estarão associados à delicada florzinha de dente-de-leão.

 — Tchau mano. — Hope sorri enquanto acena com a mão.

— Tchau papai. — Beijamim também acena com a mão. Engulo cada uma de minhas lágrimas e sorrio.

— Tchau meus pequenos. — quem disse que toda despedida tem que ser triste?

— Filho. — o sorriso de minha mãe se ilumina mais ainda — Eu amei sua namorada. — declara fazendo meu sorriso se tornar ainda mais verdadeiro.

— E filho. Seja feliz.

— Eu serei pai. Amo vocês. — declaro ao vê-los cada vez mais distantes.

— Nós também te amamos Peet. — e com essas palavras eles somem, restando apenas eu ali. Mais uma vez eles partiram e me deixaram aqui, porem dessa vez foi diferente, dessa vez nossa despedida não se resumiu a dor e solidão. Dessa vez ela se resumiu a belos sorrisos e uma promessa de felicidade.

Nobody said it was easy  (Ninguém disse que seria fácil)
It's such a shame for us to part  (É uma pena nos separarmos)
Nobody said it was easy.  (Ninguém disse que seria fácil)
No one ever said it would be so hard  (Mas também não disseram que seria tão difícil)
I'm going back to the start.  (Eu estou voltando para o começo)

E assim como você cai no sono, gradativamente eu fui sendo levado daquele lugar, sabendo que a vida havia soprado um novo começo para mim.

Sinto uma respiração quente em meu pescoço e lentamente abro meus olhos. Minha visão está um pouco turva por conta do sono, mas aos poucos o foco volta para meus olhos me permitindo reconhecer o ambiente onde me encontro. Estou em um quarto, mas precisamente no quarto de Katniss e a mesma se encontra deitada em meu peito. Sorrio e acaricio seu braço, através das vidraças da varanda vejo que o céu já está bem claro e que a neve cintila ao sol me deixando completamente relaxado. “Filho. Eu amei sua namorada.” As palavras de minha mãe vêm em minha mente fazendo meu sorriso aumentar. Será que aquilo havia sido apenas um sonho ou eu realmente havia me encontrado com eles?

Quer saber? Isso não tem importância, porque o que realmente importa é que eu tive a chance de dizer adeus, tive a chance de poder olhar uma última vez para seus rostos, de ouvir uma última vez suas vozes, de ver uma última vez seus sorrisos e principalmente, de ver meu pequeno ao qual imaginei inúmeras vezes como seria tê-lo em meus braços, em como seria seu rostinho. E ao ter a chance de vê-lo, de senti-lo pela primeira vez soube que jamais a imaginação chegaria aos pés da realidade. Aquele momento foi único e permaneceria cravado em minha mente para todo o sempre. Sonho ou não, aquele encontro havia feito muito bem tanto para meu coração, como para minha alma. Ele havia curado por completo os resquícios de feridas que ainda mantinham-se cravadas em meu ser.  

Eles estavam tão bem, tão bonitos, principalmente Delly. Não conseguia descrever o quão emocionante havia sido nossa conversa, nosso último beijo. Ela estava exatamente igual, o sorriso tão radiante quanto aos raios solares, os olhos azuis tão brilhantes como um céu repleto de estrelas e acima de tudo, seu jeito encantador, gentil e extrovertido que sempre foram sua marca registrada. Nossa última conversa, assim como tantas outras que tivemos em vida, me trouxe a tão conhecida sensação de paz e tranquilidade. Delly além de ter sido o grande amor da minha vida também foi minha melhor amiga. A ela eu podia confiar todos os meus segredos, todos os meus sentimentos e mesmo cometendo algumas atitudes erradas, ela nunca me julgou. Ela sempre me entendia, sempre me dava os melhores conselhos e fez de mim o homem que sou hoje. Com ela eu aprendi a nunca julgar as pessoas pela a aparência, com ela eu aprendi a nunca desistir de um sonho e com ela eu aprendi o lado bom da vida.

Quando a morte os levou sem nos dar chance de despedida eu sofri, eu chorei, eu me entreguei sem medo à solidão. Nunca foi e nunca será fácil perder alguém e eu sou a prova viva disso, mas esse é o ciclo da vida, quando se nasce uma estrela e quando se morre uma cruz. Mas sempre existirão pessoas que estarão ao seu lado para te apoiar, te dar forças. E Katniss foi uma dessas pessoas em minha vida. Eu estava perdido e sufocando em minha própria dor, mas foi ela quem acendeu a luz e me empurrou de volta a vida. Assim como Delly havia dito, Katniss me ajudou, se preocupou comigo, me deu forças para não desistir e fez tudo isso sem se importar se receberia ou não algo em troca, ela fez isso pelo simples fato de me amar. E naquele momento eu poderia gritar para todo o mundo ouvir o quão sortudo eu era, pois Deus me deu a chance de ter dois grandes amores, ele colocou em meu caminho duas mulheres maravilhosas que haviam feito e permaneciam fazendo de mim uma pessoa melhor.

Aquele encontro não havia sido somente uma despedida. Aquele encontro também havia sido uma forma de me mostrar que eu estava pronto para recomeçar. Recomeçar a vida com um novo amor, em um novo caminho, com novos sonhos, novos objetivos. Delly havia sido meu grande amor e sempre teria um lugar muito especial e somente seu em meu coração, assim como todos que partiram. Mas agora quem ocupava o posto de mulher da minha vida era Katniss. E eu, bem, estava me sentindo imensamente feliz porque sabia que todos eles estavam em algum lugar, um lugar muito melhor do que esse, onde Hope e Beijamim poderiam brincar sem parar em um campo repleto de dente-de-leão, onde Delly poderia dançar e cantar enquanto os raios solares refletiam em sua pele branca, onde meus pais poderiam passear de mãos dadas por uma bela trilha de flores, onde os pais de Delly poderiam sentar-se embaixo de uma árvore e apreciar o canto dos pássaros. Eles estavam felizes onde quer que estivessem e eu... Eu também seria feliz.

Uma brisa gélida adentra o quarto através das vidraças abertas me fazendo arrepiar, só então me dou conta de que estou nu, assim como Katniss. Cuidadosamente, para não acorda-la, pego o lençol e nos cubro, Niss se aconchega mais em meus braços e beijo o topo de sua cabeça. Flashes do nosso dia anterior vêm em minha mente me fazendo soltar um suspiro apaixonado. Depois de termos nos reconciliado viemos para seu apartamento e nos amamos o dia inteiro. Eu realmente senti falta da minha morena. Aqueles dois meses em que passei longe dela me fizeram refletir bastante.

Quando recebi aquela foto em meu celular em primeiro momento pensei ser apenas uma montagem, porque custava a acreditar que ela havia feito àquilo comigo, era impossível. A minha Niss jamais faria algo para me machucar, mas os detalhes que aquela maldita foto continham eram reais demais para ser montagem, então fui a sua procura para saber o que aquela foto significava. Sua explicação havia me deixado mais calmo e por um momento me senti um idiota por desconfiar de sua fidelidade, mas no segundo seguindo fui consumido pela raiva e decepção ao saber que ela havia escondido aquilo de mim por quase um mês. Eu acreditava nela, sabia que não havia me traído, mas ela não confiou em mim o bastante para me contar o que havia acontecido, ela não havia sido sincera e aquilo doeu bastante dentro de mim. Aquilo não era o bastante para terminarmos o nosso namoro, mas eu ainda não estava recuperado cem por cento das antigas feridas e ela não ter me contado a verdade só contribuiu para que elas sangrassem. Se foi devastador vê-la chorar? Sim, foi. Eu me senti um lixo por ser o causador de suas lágrimas, mas o que eu poderia fazer? Eu estava uma completa confusão novamente, senta raiva por ela ter me ocultado algo tão serio e sentia mais raiva ainda por ter descoberto através de uma maldita foto, me sentia triste por terminar nosso namoro, me sentia frustrado, amargurado, um imbecil por deixa-la sofrendo sem ter coragem de olhar para trás. Mas eu não deixei de notar o quanto ela estava sofrendo, a imagem de seus olhos inchados enquanto as lágrimas faziam caminho por suas bochechas estavam bem nítidas em minha mente. Ela estava um pouco bagunçada, um pouco arruinada, um belo desastre. Assim como eu.

Eu realmente havia ficado mal com tudo aquilo, por isso resolvi viajar para a Itália. Meus pais adoravam aquele país, quando eu era criança nós sempre viajávamos para lá nas férias. Naquele momento eu só queria um lugar que me deixa-se mais conectado com eles e a Itália era de onde eu guardava as melhores lembranças. Minha tia tentou me fazer mudar de ideia, mas eu precisava daquele tempo sozinho, precisava por meus sentimentos em ordem novamente. Quando meus pés já estavam em solo italiano eu soube que havia feito à escolha certa, aquele lugar me trazia uma paz sem tamanho. Com os dias se passando eu fui me recuperando e quando o dia do aniversario de Katniss chegou, eu percebi o quão idiota estava sendo. Pra falar a verdade eu me considerava um completo covarde. Eu havia ido para a Itália para pensar e foi pensando que eu percebi que jamais poderia ficar longe de Katniss. Ela havia se tornado tão essencial em minha vida quanto o ar. Quando avistei o broche de tordo na vitrine daquela loja eu soube que tinha que voltar, mas antes disso eu precisava estar recuperado, eu precisava estar pronto para seguir um novo caminho, viver uma nova vida.

Apesar de minha recuperação ter durado dois meses eu me sentia uma nova pessoa. Sem rancor, sem magoas, sem feridas. Só um cara completamente apaixonado sentado em um banco no Central Park, cantando uma música como pedido de desculpas para o amor da minha vida. E agora estávamos os dois ali de conchinha curtindo um ao outro. Eu seria eternamente grato a Madge por ter me ajudado. Eu me sentia feliz, me sentia pronto para finalmente seguir em frente e tudo isso graças ao verdadeiro amor, que nos permite vencer as dificuldades, cura nossos corações, espanta a solidão e dá sentido a vida.

Com um enorme sorriso no rosto - sorriso esse que não deixava meus lábios desde nossa reconciliação - olho para baixo e flagro dois belos olhos cinzentos me fitando curiosamente. De tudo o que Katniss possuía, duas coisas eram as que mais me fascinavam nela. Primeiro sua voz, que de tão bela me deixava completamente anestesiado. Segundo seus olhos, que podiam ser facilmente comparados a uma tempestade.

 — Bom dia dorminhoca. — beijo seus lábios suavemente — Está acordada há quanto tempo?

— Bom dia. — sorri lindamente pra mim — Não sei exatamente, mas já faz um tempinho.

— E por que não me chamou?

— Porque você estava aí, olhando para o teto enquanto seus pensamentos pareciam estar bem longes daqui, não quis atrapalhar. — revela acariciando a tatuagem em minha costela. Aquilo havia se tornado quase que uma mania sua, mania essa que eu apreciava bastante — E também porque você fica muito fofo quando está pensativo. — acrescenta me fazendo rir.

— Ah! Então quer dizer que eu só sou fofo quando estou pensando? — pergunto divertido enquanto distribuo beijos por seu pescoço.

— Claro que não! Mas você fica mais fofo quando está pensativo. — declara mordiscando meu queixo — Será que eu posso saber por que você estava tão distraído?

— Não era nada demais, eu só tive um sonho muito bom. Bem, não sei ao certo se foi mesmo um sonho, mas graças a ele eu percebi uma coisa. — falo acariciando sua bochecha rosada pelo frio da manhã.

— Que coisa? — pergunta com o queixo apoiado em meu peito para poder me olhar melhor.

— Que agora sim estou pronto para recomeçar. — beijo sua testa — Eu quero me casar com você Niss. Quero ter filhos, uma casa na praia, quem sabe até ter um cachorro. — conforme vou falando seu sorriso vai aumentando.

— Esse me parece ser um ótimo futuro. — aproxima seu rosto do meu — Nosso futuro.

— Nosso futuro. — quebro a distancia que a entre nós e a beijo, um beijo calmo e intenso. Quando nos separamos fico a encarando.

— Que foi? Por que está me olhando assim?

— Só estou admirando sua beleza. — sorrio segurando seu rosto entre minhas mãos e beijo a ponta de seu nariz — Tem uma música perfeita para esse momento.

— Ah é? E que música seria essa?

— Oh, os olhos dela, os olhos dela. Fazem parecer que as estrelas não tem brilho. O cabelo dela, o cabelo dela. Recai perfeitamente sem que ela precise fazer nada. Ela é tão linda e eu digo isso pra ela todos os dias... — canto fazendo-a rir.

— Uau! Bruno Mars? É foi uma ótima escolha. — sorri beijando meu peito — Eu senti tanta falta de estar assim com você. — suspira.

— Eu também meu amor. — aperto-a mais em meus braços — Uma vez você me pediu para sermos nada, porque nada dura para sempre. E foi por isso que eu voltei, porque agora somos o nada. — decreto e vejo seus olhos ficarem marejados.

— Ah! — exclama batendo em meu peito enquanto algumas lágrimas escorrem por suas bochechas.

— O que foi? — pergunto confuso e preocupado por sua reação.

— É que eu odeio esse seu dom com as palavras. — revela abrindo um sorriso radiante em meio às lágrimas — Eu nunca sei como reagir ou dizer algo que esteja à altura.

— Você não precisa fazer ou dizer nada Niss, ter você aqui comigo já é o suficiente. — declaro fazendo-a bater mais uma vez em meu peito.

— Aí! Está vendo?

— Tudo bem, desculpa. Prometo que não vou mais usar o meu “dom” com as palavras. — brinco.

— Acho bom. — sorri mordiscando meu lábio inferior — Te amo loirinho.

— Também te amo Niss. — confesso unindo seus lábios aos meus — Que tal um banho quente para esquentarmos esse frio? — pergunto ao pararmos o beijo.

— Se você continuar me beijando com tanto fervor assim, não precisaremos de um banho quente. — pontua com a respiração entrecortada me fazendo rir — Mas eu acho uma ótima ideia. — acrescenta com um sorriso malicioso, me ponho de pé e estendo a mão para ajuda-la a se levantar.

— Assim você vai acabar me matando Niss. — comento sem conseguir tirar os olhos de seu belo corpo nu parado em minha frente.

— Essa é a intenção. — seus lábios quentes chocam-se com os meus enquanto seus braços envolvem meu pescoço. Sua língua rodeia a minha e eu gemo baixinho, reconhecendo o quanto seu beijo é o mais delicioso que eu já havia experimentado em todos esses anos.

Todo es tan real  (Tudo é tão real)
Tierno y celestial  (Terno e celeste)
Le pones alas a mis sueños  (Você coloca asas em meus sonhos) 
Le pones rumbo y dirección  (Você coloca curso e direção)

Minhas mãos seguram firmemente sua cintura enquanto nos guio até o banheiro. O caminho até o mesmo foi cheio de obstáculos, já que estávamos concentrados demais em nosso beijo para poder perceber os objetos ao nosso redor. Nossos corações estavam acelerados, batendo no mesmo ritmo. Nosso amor era algo único, assim como o desejo que nossos corpos tinham de se tocarem, de se sentirem. Éramos como letra e melodia, um necessitava do outro para ser completo.

Todo es tan real  (Tudo é tão real)
Basta pronunciar  (Basta pronunciar)
Tu nombre y se detiene el tiempo  (Seu nome e o tempo para)
Todo vuelve a su lugar  (Tudo volta ao seu lugar)
Te haz convertido en mi equilibrio  (Você se tornou meu equilíbrio)
Dibujando mi camino  (Desenhando meu caminho)
Estaba escrito en un principio para ti  (Estava escrito originalmente para você)

Quando adentramos o Box não perdi tempo e logo liguei o chuveiro. A água quente caindo sobre nossas cabeças aquecendo ainda mais nossos corpos nus. Minhas mãos passeavam livremente por todo seu corpo enquanto nos beijávamos. Sua pele estava quente, fervente, tornando a necessidade que eu tinha de fazê-la minha mais importante que o oxigênio que faltava das nossas respirações. Katniss passou suas pernas ao redor de meus quadris assim que lhe agarrei, elevando seus pés do chão, fazendo suas costas arquear-se ao entrarem em contato com o azulejo gelado. Descolei nossos lábios e passei a distribuir beijos e chupões por seu pescoço enquanto ela arranhava sem pudor minhas costas. Desci os beijos para seu colo arrancando de seus lábios um doce gemido.

Antes de ti no habia ilusion  (Antes não havia nenhuma ilusão)
No habia un motivo  (Não havia um motivo)
Antes de ti la vida no pintaba a mi favor  (Antes de você a vida não olhava ao meu favor)
Antes de ti la vida me obligo a ser distinto  (Antes de você a vida me obrigava a ser diferente)
Antes de ti la vida no brillaba en su esplendor  (Antes de você a vida não brilhava em seu esplendor)
Quiero vivir mis dias junto a ti, hacerte una promesa  (Quero viver meus dias com você, fazer uma promessa)
Rompamos todos los esquemas  (Quebramos todos os esquemas)
Rompamos todas las cadenas   (Quebramos todas as correntes)

Eres tuuuuuu  (É vocêêêêêê)
Tuuuu mmm  (Vocêêêê mmm)

— P-Peeta... Eu preciso de v-você... Agora... — diz entre os gemidos e sem perder tempo a tomo por completo em meus braços. O nosso encaixe era perfeito e eu senti meu coração bater forte em meu peito. Suas mãos subiram até meus cabelos e com um movimento rápido ela grudou nossos lábios mais uma vez, deixando nossas línguas dançarem assim como nossos corpos. Meus movimentos de vai e vem eram suaves contra seu corpo. Uma vez, duas vezes. Estávamos perdidos em nosso próprio prazer, em êxtase. Os sons de nossos gemidos ecoando por todo o banheiro, a água quente banhando nossos corpos deixando tudo muito mais aconchegante, mais envolvente, até alcançarmos nosso ponto máximo de deleite. Quando o ar se fez necessário paramos o beijo em busca de controlar nossas respirações e não pude deixar de notar o quão maravilhosa ela estava. Os lábios inchados por contas dos beijos, os olhos cinzentos completamente escuros por conta do desejo, sem contar nas gotículas de água que escorriam por todo seu corpo. O amor que eu sentia por ela só aumentava mais a cada dia.

Todo es tan real  (Tudo é tão real)
Simple original  (Simples original)
Le pones alas a mis sueños  (Você coloca asas aos meus sonhos)
Le pones rumbo y direccion  (Você coloca curso e direção)
Te haz convertido en mi equilibrio  (Você se tornou meu equilíbrio)
Dibujando mi camino  (Desenhando meu caminho)
Estaba escrito en un principio para tii  (Estava escrito originalmente para você)

— Você é perfeita Niss. Meu coração é totalmente seu e às vezes parece pequeno demais para todo amor que sinto por você. — declaro com a testa colada na sua. Suas mãos acariciam meus cabelos molhados enquanto um sorriso brota em seus lábios.

— Nunca fui muito boa com as palavras, então... — me beija novamente, deixando que seus lábios demonstrem todo o amor que ela sente por mim. E quer saber? Eu não precisava de suas palavras. Palavras são apenas sentimentos expressos jogados ao vento, pois o amor verdadeiro não precisa de palavras para mostrar ao mundo todo seu esplendor. Quem ama não precisa gritar ao vento o que sente, pois as palavras um dia serão esquecidas, e o que reinará eternamente perante todo o infinito é o sentimento puro do amor, e só o amor completa e engrandece a vida.

A vida realmente nos reserva surpresas maravilhosas. E Katniss foi a melhor surpresa que aconteceu em minha vida nos últimos tempos. Dizem que as melhores coisas da vida chegam sem avisar, e assim foi com ela. Tudo aconteceu de modo tão suave, tão simples, tão natural, como se o nosso encontro já tivesse sido planejado pelo destino, com dia e hora marcada para acontecer. E desde que nos conhecemos, tudo tem sido assim entre nós dois, calmo, fluido e sereno.

Antes de ti no habia ilusion no habia un motivo  (Antes de você não havia ilusão não havia um motivo)
Antes de ti la vida no pintaba a mi favor  (Antes de você a vida não olhava ao meu favor)
Antes de ti la vida me obligo a ser distinto  (Antes de você a vida me obrigava a ser diferente)
Antes de ti la vida no brillaba en su esplendor  (Antes de você a vida não brilhava em seu esplendor)
Quiero vivir mis dias junto a ti, hacerte una promesa  (Quero viver meus dias com você, fazer uma promessa)
Rompamos todos los esquemas  (Quebramos todos os esquemas)
Rompamos todas las cadenas   (Quebramos todas as correntes)

E ali, naquela manhã fria de inverno continuamos nos amando, sem nos importamos com as horas ou os minutos, só aproveitando cada momento um ao lado do outro. O que seriamos no futuro? Eu não fazia ideia. Só queria passar cada segundo dos meus dias ao lado da mulher da minha vida.

Eres tuuu  (É vocêêê)
Tuuu mmm  (Vocêêê mmm)