Estávamos em pleno 25 de dezembro, a data que eu mais amava em todo o ano, o Natal. Minha mãe havia convidado Peeta, Effie e seu namorado Haymitch para passarem com a gente. E naquele momento estávamos todos sentados à mesa para comemorar aquela data tão especial. Esse mês de dezembro estava cheio de emoções, primeiro por que no dia 5 havia sido o aniversario de Peeta, que completara 19 anos, depois porque a carta de Juilliard havia chegado e por último, porque era Natal. A felicidade era tanta que não cabia em mim.

A ceia correu perfeitamente bem, comemos, bebemos e conversamos. E entre essas conversas descobri que Haymitch era dono de um restaurante Italiano no centro e que foi lá, onde ele e Effie se conheceram. Os dois estavam mais do que apaixonados e Peeta estava muito feliz com aquilo. Ele me disse que desde o falecimento do marido de Effie ela não saia com ninguém, era sempre muito sozinha e depois do acidente com sua família essa solidão só aumentou.

Depois que a ceia terminou todos fomos para sala, meu pai pegou uma garrafa de vinho Château Margaux e serviu uma taça para cada um. Conversávamos sobre assuntos variados enquanto riamos das gracinhas de Peeta e Prim. Quando o relógio marcou dez horas resolvemos trocar os presentes. Prim ganhou muitos brinquedos e sua felicidade era contagiante. Também ganhei muitos presentes, mas nenhum deles chegou aos pés do de Peeta, que me presenteou com um lindo violão branco personalizado com meu nome. Depois de todos já terem recebido seus presentes ficamos conversando mais um pouco. Prim depois de muito brincar acabou dormindo nos braços de Peeta e resolvemos coloca-la na cama. O jeito que ele a cobriu com o cobertor, me fez imaginar um futuro ao qual ele estaria colocando nosso filho para dormir com a mesma delicadeza e carinho.

Depois de se certificar que ela estava tendo um sono tranquilo saímos e fomos para meu quarto. Assim que fechei a porta Peeta avançou em meus lábios me beijando com rapidez e paixão, finalizando com uma mordidinha em meu lábio inferior. Eu amava quando ele fazia aquilo. Nos deitamos em minha cama, abraçados, eu como sempre com a cabeça em cima de seu peito, ouvindo o tranquilo som de seu coração.

— Peeta. — chamo erguendo minha cabeça para encara-lo, seus olhos analisam todo meu rosto e em seus lábios a um pequeno sorriso — Minha carta de Juilliard chegou.

— A minha também. E então, você foi aceita? — pergunta curioso.

— Fui! — digo entusiasmada e ele me abraça — Eu nem acredito Peeta! Eu vou realizar meu sonho! — minha voz sai abafada por seu pescoço.

— Parabéns amor. — meu sorriso triplica de tamanho ao ouvi-lo me chamar de amor, ele vem me chamando assim desde aquela noite em seu quarto, mas mesmo assim meu coração ainda acelera como se estivesse ouvindo pela primeira vez — Você merece. — beija meus cabelos.

Afasto-me um pouco de nosso abraço para poder encara-lo novamente.

— E a sua? Ela também chegou, certo? — pergunto.

— Certo. — responde, espero que ele diga mais alguma coisa, mas o mesmo permanece calado.

— E então? Você foi aceito ou não? — pergunto um pouco aflita.

— Bom... — ele deixa a frase morrer no ar e leva a mão até a nuca para coça-la.

Sinto meu coração apertar no peito com a remota possibilidade de ele não ter sido aceito. Desde o momento em que nós começamos a namorar não consigo mais ficar longe dele, de seus beijos, abraços, caricias... Vai ser impossível manter um relacionamento a distancia, eu preciso dele assim como ele precisa de mim.

— Anda logo Peeta! Você já está me deixando aflita! — bato em seu peito e ele começa a rir.

— Calma esquentadinha. Eu também fui aceito. — revela, não consigo conter um grito de felicidade e me jogo sobre seu corpo — Não grita Niss, assim você vai acabar acordando a pequena. — me repreende, porem o sorriso não abandona seus lábios.

— Desculpa, mas é que estou tão feliz Peeta.

— Eu sei amor. Eu também. — ele beija a ponta de meu nariz, para logo em seguida beijar meus lábios. Aquele Natal não poderia ser mais perfeito.

— Peeta, dorme aqui hoje. — peço em um sussurro quando separamos nossos lábios.

— Acho melhor não, Niss. Não quero abusar da bondade de meus sogros. — fala com um sorriso de lado.

— Mas a gente não vai fazer nada de mais, só dormir. — tendo convencê-lo.

— Com você nunca é só dormir.

— Você está insinuando que sou pervertida? — pergunto semisserrando os olhos em sua direção e ele abre um sorriso zombeteiro.

— Não. Eu estou afirmando que você é pervertida. — abro minha boca em completa indignação enquanto ele ri. Começo a estapear seu peito com certa força e em um impulso ele se põe por cima de mim prendendo minhas mãos acima de minha cabeça.

— Me solta, Peeta! — peço emburra e seu sorriso se torna maior.

— Está brava comigo?

— É claro que estou! Você me chamou de pervertida. — profiro tentando permanecer com a face emburrada, mas estou falhando diante de seu belo sorriso.

— Você não é pervertida, amor. — lentamente ele vai soltando minhas mãos e passa a apoiar as suas em meu rosto dando inicio a um leve carinho, que me faz fechar os olhos para apreciar melhor a sensação — Você é a coisa mais linda e maravilhosa que já aconteceu em minha vida. — com suas palavras abro meus olhos e dou de cara com os seus a centímetros dos meus. Seu olhar sobre o meu contem um brilho tão intenso que sinto todos os pelos de meu corpo se arrepiarem.

— Eu não sei como, mas, cada dia que passa eu te amo mais. — declaro hipnotizada pelo seu olhar.

— Às vezes eu acho que tudo isso que estou vivendo com você é apenas um sonho. Um sonho ao qual não quero jamais acordar. — dito isso ele cola nossos lábios novamente.

E ele passou aquela noite comigo, e não foi apenas dormindo. Naquela noite nós nos amamos intensamente e apaixonadamente assim como das outras vezes, até porque nossas peles tinham a necessidade insana uma da outra.

                                                                 +++

Estávamos a um dia do Ano Novo e eu estava indo ao shopping encontrar-me com as meninas para fazermos umas compras. Mas no caminho resolvi passar em um Starbucks para comprar um café, por sair muito sedo de casa, não havia comido absolutamente nada. Depois de já estar com o café em mãos segui meu caminho em direção ao shopping, mas ao dobrar a esquina acabei esbarrando em alguém e consequentemente meu café foi de encontro ao cão, assim como minha bolsa.

— Me desculpa moça. Eu estava distraído e não vi você. — pede abaixado enquanto pega minha bolsa e quando se põe de pé para me entregar a mesma vejo que é Gale — Katniss?

— Oi Gale. — cumprimento pegando minha bolsa de suas mãos — Já está virando mania nos esbarramos por ai. — falo e ele solta uma leve risada.

— Pois é. Mais uma vez, desculpa pelo esbarrão e por derrubar seu café, se você quiser posso te pagar outro. — sugere pondo as mãos no bolso da calça um pouco sem jeito e eu também estava. A impressão que eu tinha era de que nosso último dialogo havia sido há séculos atrás.

— Não precisa, está tudo bem. — tento sorrir, mas tenho certeza de que meu sorriso saiu mais como uma careta, estava me sentindo desconfortável ali, falando com ele depois de tudo o que havia acontecido — Bom. Já vou indo, se não vou acabar me atrasando. Tchau Gale. — despeço-me rapidamente e passo por ele retomando meu caminho.

— Katniss. — chama fazendo meus pés pararem de caminhar, com um suspiro viro-me em sua direção — Eu só queria poder me despedir de você antes de ir embora.

— Se despedir? — pergunto confusa.

— Sim. Amanhã estou embarcando para o Canadá, vou cursar faculdade na mesma que o meu pai. — explica.

— Então você vai seguir a mesma carreira que ele?

— Sim. E por isso queria me despedir de você. Eu sei que tudo que eu fiz machucou muitas pessoas, inclusive você, mas... Você sempre vai ser muito importante para mim Katniss e eu só queria poder dizer adeus. — fala se aproximando mais de mim até estar a minha frente.

— Gale... — minha voz sai em um sussurro, eu só queria sair correndo dali.

— Eu sei que eu fui um completo imbecil e que por isso eu te perdi, mas, não precisa me perdoar... E não importa o que faça daqui pra frente, saiba que... Sempre vou te amar Katniss. — declara e sem me dar chance de responder cola seus lábios nos meus.

Em primeiro momento fico parada, hipnotizada, tentando raciocinar tudo o que ele disse. Mas no segundo seguindo quando recobro minha consciência e me dou conta do que está acontecendo ponho minhas mãos em seu peito e o empurro para longe de mim.

— Você ficou maluco?! Por que fez isso?! — exclamo deixando a raiva transparecer em minha voz.

— Eu... Eu precisava fazer isso... Pelo menos uma última vez. — me encara com os olhos marejados — Eu sinto muito Katniss, por tudo, de verdade. — ele seca uma lágrima que escapa de seus olhos — Adeus.

E assim ele me da às costas e vai embora. Fico parada olhando na mesma direção ao qual ele seguiu e tento organizar meus pensamentos que no momento estão uma bagunça. Mas que diabos foi que aconteceu aqui? Pergunto para mim mesma e decido seguir meu caminho para encontrar-me com minhas amigas, preciso falar com elas, preciso saber o que fazer. Porque sinto como se tivesse traído Peeta e estou me sentindo um lixo por isso.

Quando finalmente chego ao shopping, vou à procura de minhas amigas e quando as encontro não consigo segurar e acabo desabando em lágrimas. Sem entender nada elas me questionam o que aconteceu e então conto tudo.

— Eu não acredito que ele fez isso! — exclama Johanna indignada.

— Pois pode acreditar. — falo depositando o capo com água - que Medge me deu para me acalmar - em cima da mesa.

— Mais que cretino! — exclama novamente revoltada, se fosse em outra situação eu até estaria rindo dela agora.

— Katniss, você realmente não sente mais nada pelo Gale? — pergunta-me Clove.

— Claro que não Clove! — dessa vez quem exclama sou eu — Eu amo o Peeta! E tenho plena certeza disso!

— Ta bom, ta bom. Não precisar se revoltar por isso. — fala com as mãos para cima em sinal de rendição.

— Claro que ela vai ficar revoltada Clô, você faz cada pergunta. — diz Annie.

— Kat. — Madge se pronuncia atraindo minha atenção e a das meninas pra ela — Você precisa contar para o Peeta.

— Você acha mesmo?

— Mas é claro que sim Katniss. Você não pode esconder uma coisa dessas do Peeta, ele merece saber o que aconteceu.

— Mas é que eu tenho medo Mad. Tenho medo de fazê-lo sofrer... Tenho medo de perdê-lo. — murmuro a última parte já sentindo as lágrimas voltarem para meus olhos e ela me abraça.

— Eu sei Kat, mas acima de tudo Peeta te ama e tenho certeza de que ele não vai deixar você por isso, afinal de contas você não teve culpa.

— É isso ai, a Mad tem razão Kat. Você precisa contar para o Peeta, vai ficar tudo bem. — incentiva Annie pondo a mão em meu ombro e fecho meus olhos para pensar.

Elas têm razão, preciso contar para Peeta o que aconteceu. Vai ficar tudo bem, tem que ficar tudo bem. Com um longo suspiro abro meus olhos e dou de cara com as quatro me encarando.

— E então? Você vai contar? — pergunta-me Clove.

— Vou. — afirmo.

Mas eu não contei, eu queria esperar o Ano Novo passar para poder contar tudo pra ele, mas não consegui. Sempre que me preparava para falar desistia no momento seguindo. Seus olhos que diferente de tempos atrás, estavam tão brilhantes, tão vivos e só a ideia de que eles pudessem voltar a serem os mesmos azuis sem brilho de antes o peso em minhas costas só aumentava.

Eu sabia que era errado esconder dele que Gale havia me beijado, mas, o que fazer quando o medo se torna maior que a razão? Eu estava travando uma luta constantemente com minha própria mente, por um lado eu queria lhe contar tudo, queria ser sincera, transparente, mas aquele medo idiota não me deixava e eu me sentia um lixo por ser tão covarde. Mas por outro lado eu dizia a mim mesma que, não conta-lo o que tinha acontecido, não seria mentir, seria apenas ocultar uma coisa ao qual eu preferia esquecer, até porque eu não retribuir o beijo e ele também não significou nada para mim, mas mesmo não tendo retribuído aquilo ainda seria considerado uma traição? Toda aquela história estava me deixando maluca.

Os dias foram se passando e já estávamos no final de janeiro e consequentemente a uma semana da viajem para New York, há uma semana para em fim realizar meu sonho de cursar música em Juilliard. Depois do show os ganhadores das vagas foram: Glimmer, Marvel, Madge, Peeta e eu. Johanna também viajaria para NY junto com a gente, pois ela havia conseguido uma vaga para cursar Jornalismo na New York University. Clove e Cato tinham viajado há cerca de dois dias para França, Clove para estudar moda e Cato para cursar Direito. A despedida tinha resultado em muitas lágrimas, era difícil dizer adeus para pessoas que sempre estiveram junto com a gente. Já Annie e Finnick permaneceriam em LA, os dois cursariam medicina.

Eu estava praticamente ficando louca com os preparativos da viagem, primeiro porque ainda não havia conseguido um apartamento, queria um que ficasse perto, tanto da Universidade, como também de meus amigos. E em segundo porque eu tinha que encontrar um jeito de transferir meu carro para lá.

Estava escolhendo quais roupas levaria para viagem quando a campainha tocou. Estava sozinha em casa, então sai em disparada rumo à sala. Quando cheguei à mesma fui em direção à porta e a abri dando de cara com Peeta.

— Hey amor. Eu não sabia que você viria hoje. — falo um pouco surpresa com sua presença, já que ele havia me dito que passaria o dia no centro resolvendo as coisas para a viagem.

— É que eu precisava falar com você. — fala um pouco serio e lhe dou passagem para entrar. Depois de fechar a porta aproximo-me dele que está perto do sofá e quando vou dar-lhe um beijo ele vira o rosto.

— Está tudo bem? — pergunto confusa por sua reação.

— Não Katniss, não está tudo bem. Será que você pode me explicar isso? — pergunta virando a tela de seu celular em minha direção e arregalo meus olhos ao ver uma foto onde Gale e eu estamos nos beijando, o mesmo maldito beijo que ele me deu naquele dia.

— Peeta... Eu posso explicar. — falo desesperada encarando seus olhos que no momento estão frios.

— É exatamente por isso que estou aqui Katniss, porque quero uma explicação. — suas palavras saem tão gélidas que chegam a cortar meu coração.

— Nesse dia eu havia marcado com as meninas de ir ao shopping, mas no caminho acabei esbarrando com Gale e ele disse que queria se despedir de mim, porque estava indo embora do país. E sem que eu percebesse ele me beijou. — falo em um fôlego só — Eu juro Peeta que eu não retribuir o beijo. Ele me pegou desprevenida e no mesmo momento eu o empurrei para bem longe de mim. Por favor, acredita em mim. — suplico.

— Há quanto tempo foi isso Katniss? — pergunta e sua voz sai fria me fazendo encolher os ombros.

— Um dia antes do Ano Novo. — respondo em voz baixa.

— Isso foi há quase um mês, Katniss! — exclama — Por que você escondeu isso de mim? — vejo a decepção em sua voz e aquilo só me deixa mais desesperada.

— Porque eu tive medo! Quando ele me beijou eu me senti um lixo, Peeta! Porque mesmo não tendo retribuído minha mente insistia em me dizer que eu havia te traído. Eu tentei te contar, eu juro que tentei, mas o medo de perder você me impediu. Por favor, acredita em mim. — peço já sentindo as lágrimas escorrerem por minhas bochechas.

Ele leva as mãos até os cabelos em um ato de nervosismo e depois fecha os olhos. E assim permanece por longos minutos que só servem para deixar meu coração mais dolorido no peito. Com um longo suspiro ele abre os olhos.

 — Eu acredito em você Katniss. Sei que você seria incapaz de me trair. — fala me fazendo abrir um largo sorriso entre as lágrimas, mas quando faço menção de me aproximar ele dá um passo para trás — Mas você não foi verdadeira comigo. Você deveria ter me contado tudo, mas preferiu esconder. — seu olhar demonstra magoa e tristeza, e me amaldiçoo mortalmente por não ter contado, por ter sido tão covarde.

— Peeta, por favor... — suplico tentando me aproximar novamente e mais uma vez ele se afasta.

 — Não Katniss. Eu acredito em você e sei que não me traiu, mas você ter escondido essa história de mim foi o que me machucou. E machucou mais ainda por eu ter descoberto através de uma maldita foto e não por você! Eu fui sincero com você Katniss, mas você não foi sincera comigo. — uma lágrima escorre por sua bochecha e a essa altura meus soluços já estavam incontroláveis.

— Peeta não faz isso, por favor. — imploro em desespero, sentindo o teto ruir sobre minha cabeça.

— Eu sinto muito Katniss, mas eu... não dá. — e com essas palavras ele sai porta a fora levando consigo meu coração.

Caiu de joelhos no chão e o único som que ecoa pela sala é os de meus soluços. Eu deveria ter contado, mas aquele maldito medo de perdê-lo me impediu e no final das contas, foi exatamente por culpa dele que eu deixei o amor da minha vida escapar por entre meus dedos.

                                                                   +++

— Eu sinto como-se uma parte de mim houvesse sido arrancada. — declaro com a voz embargada.

— Não fica assim Kat. — fala Johanna acariciando meus cabelos.

Depois do que pareceu séculos ajoelhada no chão chorando, liguei para as meninas que vieram correndo. E agora estávamos em meu quarto depois de eu ter contado tudo o que aconteceu.

— Como não vou ficar assim Joh? Eu o amo com todas as minhas forças! — exclamo voltando a chorar e Madge me abraça.

— Você deveria ter ouvido a gente quando dissemos para você contar tudo ao Peeta, Kat. — diz Annie.

— Eu sei e estou me odiando por isso. Está doendo tanto aqui dentro. — lamento e as três suspiram.

— Sabe kat, quando a gente é adolescente e se decepciona ou sofre por alguém acha que o mundo vai acabar, mas não acaba. — fala Johanna.

— Pode não acabar Joh, mas deixam feridas e marcas muito dolorosas. — digo enxugando minhas lágrimas.

— Eu sei, mas isso faz parte da vida, certo? — sorri para mim.

— Certo. — afirmo.

— Vai ficar tudo bem Kat. Realmente foi errado esconder algo tão importante de Peeta, mas ele só precisa de um tempo. Tenho certeza que logo, logo vocês estarão juntos novamente. — diz Madge beijando minha bochecha.

— Tomara Mad. Agora eu quero um abraço bem apertado. — peço e sorrindo as três me abraçam.

— Só está faltando a Clô aqui. — comenta Annie quando nos separamos do abraço coletivo.

— Verdade. Já estou morrendo de saudades dela. — declaro.

— Só não deixa ela saber disso se não o ego da baixinha vai ultrapassar a atmosfera terrestre. — brinca Johanan arrancando risadas de todas nós. E é em momentos como esses que eu agradecia aos céus por ter as melhores amigas do mundo.

— Obrigada meninas. Não sei o que seria de mim sem vocês.

— Não precisa agradecer Kat. Amigo é pra essas coisas. — fala Madge e mais uma vez nos abraçamos. Agora eu me pergunto, quem mandou aquela foto para o Peeta?

— Ok. Agora chega de chororô. Que tal um sorvetinho para levantar o animo? — propõe Johanna quando desfazemos o abraço.

— Acho uma ótima ideia. — confirmo e saímos as quatro rumo à sorveteria.

Apesar de estar desmoronando por dentro, estava fazendo o possível para me manter na conversa com as meninas. Eu sabia que elas estavam tentando me animar, mas no fundo a única coisa que eu queria era ter Peeta ali ao meu lado. Mas como sempre fui uma idiota e estraguei tudo.

— Ora, ora, mais se não são minhas belas ex-colegas tomando sorvete em uma tarde ensolarada. — fala Glimmer parada em frente a nossa mesa.

— E ora, ora se não é nossa querida ex-colega/vadia atrapalhando nossa tarde maravilhosa. — rebate Johanna com sarcasmo nos fazendo rir.

— Obrigada pela parte que me toca Johanna. — sorri falsamente.

— Anda Glimmer. Fala logo o que você quer. — peço rude.

— Nossa Katzinha quanta agressividade. Mas eu entendo, em termino de namoro a gente sempre fica assim. — fala enrolando uma mecha de cabelo no indicador.

— Do que você está falando? — pergunto meio confusa e um sorriso debochado surge em seus lábios cobertos por batom.

— Sobre o seu namoro com o Peeta ter acabado.

— Como você sab... ? — deixo a frase morrer no ar quando completo meu raciocínio — Foi você, não foi sua vadia?! Foi você que mandou aquela foto para o Peeta! — exclamo entre dentes — Eu vou acabar com você!

E antes que qualquer uma ali naquela mesa tivesse chance de raciocinar, Glimmer já se encontrava estirada no chão comigo sobre ela estapeando sua face.

— AHHHHH!! — grita se debatendo em baixo de mim.

— Sua vadia, cretina! Vou arrancar cada fio oxigenado do seu cabelo! — continuo lhe batendo até sentir braços me segurando e me retirando de cima dela — Me soltem! — me debato enquanto Johanna e Madge me seguram. Glimmer se levanta com um pouco de dificuldade e reparo no belo estrago que fiz em seu rosto.

— Isso não vai ficar assim Everdeen. Pode ter certeza. — ameaça antes de sair em passos rápidos e as meninas me soltam.

Se eu fosse um personagem de desenho animado, tenho certeza de que meu rosto estaria vermelho e estaria saindo fumaça de meus ouvidos tamanha raiva que estava sentindo.

— Fica calma Kat. — pede Medge.

— Como é que eu vou ficar calma Mad, sabendo que foi por culpa daquele energúmeno que meu namoro com Peeta acabou? — rebato, mas antes de Madge ter a chance de responder nossa atenção é atraída por Johanna que está gargalhando a nossa frente.

 — Do que você está rindo Joh? — pergunta Annie confusa, assim como Madge e eu.

— É que... A última vez que ouvir a palavra energúmeno sair da boca de alguém... Foi quando minha avó pegou meu irmão assistindo filme pornô. — responde entre gargalhadas. Se fosse em outro momento eu até teria rido daquele comentário.

— Você não tem jeito Joh. — fala Madge negando levemente com a cabeça.

— Voltando ao assunto. Kat você não deveria ter agredido a Glimmer. — comenta Annie desgostosa.

— Eu descordo Annie. Acho que a Kat fez muito bem sim em dar umas boas bofetadas na Glimmer, inclusivo Kat se você quiser um segundo round eu te ajudo. — Johanna me lança uma piscadela.

— Johanna! — Madge a repreende e acabamos rindo.

— O ruim é que eu vou ter que me encontrar com esse ser todos os dias em Juilliard. — solto um longo suspiro.

— Você é forte Kat, vai aguentar. — Johanna da um tapinha em minhas costas me fazendo rir.

Ficamos mais um tempo na sorveteria e depois fomos embora. Aquela tarde havia sido bastante agradável apesar da briga com Glimmer. Minha vontade ainda era de dar uns bons tapas naquela cara de vaca dela, mas não valeria mais apena, até porque a maior parte da culpa era minha. Se eu tivesse falado com Peeta antes, ainda estaríamos juntos.

Minha última semana em LA passou voando e com ela meu aniversario, que diferente de todos os outros foi triste, sem emoção. Apesar de ter a presença de meus amigos e familiares, eu sentia que estava faltando algo. Estava faltando Peeta. Que não me ligou ou mandou uma mensagem de parabéns e aquilo me deixou bastante magoada. Será que ele havia esquecido meu aniversario? Eu o amava incondicionalmente e sabia que ele também, mas para ele não se manifestar, significava que estava bastante chateado comigo, tão chateado que quando perguntei a Effie porque ele não tinha ido ao meu aniversario, ela me respondeu que ele havia viajado para a Itália. Segundo ela, ele estava confuso, magoando e que por isso resolveu se afastar, da um tempo.

E eu, bem, sentia como se tivessem arrancado parte do meu coração, o que de certa forma era verdade, pois no exato momento em que Peeta saiu por aquela porta há exatos oito dias, ele levou consigo parte do meu coração. E o que me restou foi apenas um enorme e sufocante vazio. Assim como Johanna disse, quando somos adolescentes e sofremos por amor agimos como se o mundo fosse acabar a qualquer momento, mas não acaba. Porem, quando você constrói sua vida em cima de outra pessoa de certa forma ele acaba sim, pois tudo o que você viveu perde o sentido, as músicas se tornam tristes e os cantos dos pássaros se tornam melancólicos. É assim que estou me sentindo sem Peeta, uma constante melancolia.

Termino de pentear meu cabelo e me olho uma última vez no espelho. O grande dia chegou. Hoje, juntamente com Madge, Johanna e Marvel, embarcarei rumo a NY. Finalmente realizarei meu grande sonho, cursar música em Juilliard. Sempre sonhei com esse dia e achei que fosse o mais feliz de minha vida, mas agora, aqui em frente ao espelho vejo que só seria o dia mais feliz de minha vida se eu estivesse com um certo loirinho ao meu lado.

— Já está tudo pronto. Vamos? — pergunta meu pai parado na porta de meu quarto.

— Vamos. — respondo com um sorriso triste, ele se aproxima e analisa minuciosamente meu rosto.

— Você não me parece muito feliz para uma pessoa que está indo realizar um sonho. — sorri levemente.

— Eu sei. — suspiro pesadamente — É que... Eu não sei mais o que fazer para amenizar essa saudade do Peeta. Isso está me matando pai. — lamento e ele me envolve com seus braços.

— Ele ainda não voltou da Itália? — pergunta acariciando meus cabelos.

— Não. E se ele não voltar pai? E se ele não for mais para Juilliard? — pergunto deixando o desespero transparecer em minha voz — Eu preciso vê-lo, mesmo que não possa toca-lo, eu preciso pelo menos saber que ele está bem para poder ficar bem também.

— Ele vai voltar filha. Eu sei. Peeta te ama muito para deixar que uma bobagem dessas afaste vocês.

— Acontece que essa bobagem já nos afastou pai. — permito que uma solitária lágrima escorra por minha bochecha.

— Não filha. Não afastou. Tenho certeza que mesmo estando longe um do outro, bem aqui... — aponta para meu coração — ...Vocês estão mais conectados do que nunca. — seu sorriso me faz sorrir também e o abraço novamente.

— Vou sentir tanta falta disso, pai. De nossas conversas, de seus conselhos. Da mamãe, da Prim...

— Eu sei meu amor e nós também vamos sentir muito, muito mesmo sua falta, mas estaremos sempre nos falando e todo final de mês promete ir te visitar em NY. — declara beijando minha testa.

Saímos de meu quarto e seguimos para fora de casa, onde seu carro já estava pronto para me levar até o aeroporto, onde meus amigos já me esperavam para embarcamos juntos. Através da janela do carro olho uma última vez para nossa casa, a casa ao qual passei tantos momentos felizes, momentos que jamais irei esquecer, e então meu pai da partida com o carro em direção, não só ao aeroporto, mas como também ao meu futuro.

Queda tan lejos cuando imagine  (Estava tão longe quando imaginei)
Que buenos tiempos me esperan  (Que bons tempos me esperavam)
Pero no fue tal como lo sone  (Mas não foi como eu havia sonhado)
Y ahora me pongo a mirar  (E agora me coloco a observar)

Que un amor perdi, y hasta tu amistad  (Que um amor perdi, e até a sua amizade)
Y me quedo siempre a mitad de camino  (E sempre fico na metade do caminho)
De lo que vivi, nada sera igual  (Do que eu vivi, nada será igual)
Todo lo bueno algun dia se va  (Tudo de bom algum dia se vai)

Chegamos ao aeroporto e vamos ao encontro de meus amigos e ali, começam as despedidas.

Creo que debo partir, seguir  (Creio que devo partir, seguir)
Viajar en otra direccion  (Viajar em outra direção)
Y dejar atras lo que mas quiero  (E deixar para trás o que eu mais amo)
Creo que debo partir, seguir  (Creio que devo partir, seguir)
Confiar en que habra algo mejor  (Confiar que aja algo melhor)
Por ahora no se donde voy  (Porque agora não sei aonde vou)

— Niss, não quelo que você vá embola. — minha patinha choraminga em meus braços.

— Eu sei patinha, mais eu preciso ir. Mas prometo que sempre que puder eu venho te visitar. — falo segurando-me para não chorar.

— E se ela não vier, eu a arrasto até aqui, está bem? — propõe Madge e Prim assente levemente antes de apertar seus bracinhos em torno de meu pescoço.

— Eu vou sentir tantas saudades de você meu amor. — diz minha mãe abraçando-me após Prim ser retirada de meus braços por meu pai.

— Eu também mãe. — aperto mais ainda meus braços em torno de seu corpo enquanto as lágrimas já se fazem presentes em minha face.

— Se cuida e boa sorte. — beija minha testa sorrindo — Te amo.

— Obrigada mãe. Também te amo. — com essas palavras termino de me despedir e sigo em direção à área de embarque, com meus amigos ao meu lado.

Si algun recuerdo me llegara a herir  (Se alguma recordação chegar a me ferir)
Prefiero no pensar en nada  (Prefiro não pensar em nada)
Porque es mejor tratar de sonreir  (Porque é melhor tentar sorrir)
Que detenerse a llorar  (Do que chorar)

Tengo que saber, como continuar  (Preciso saber, como continuar)
Y seguir andando y buscando el camino  (E seguir andando e buscando meu caminho)
Y si alguna vez, quiero renunciar  (E se alguma vez, quero renunciar)
Mis suenos nunca me van a dejar  (Meus sonhos nunca vão me deixar)

Entramos no avião e sentamos em nossas poltronas. Johanna sentou ao lado de Marvel e os dois começaram uma pequena discussão sobre algum assunto ao qual não prestei atenção. E Madge sentou-se ao meu lado.

— Hey Kat, melhora essa carinha vai. — pede Madge com seus belos olhos verdes vidrados em mim.

— Estou tentando Mad, mas está difícil. — suspiro recostando-me na poltrona.

— Eu sei que vai ser difícil ficar longe de seus pais e da Prim, e sei também que você só está assim por causa do Peeta. Mas eu estou aqui com você Kat, somos melhores amigas, pra sempre. — sorri me fazendo abraça-la.

— Obrigada Mad. — agradeço retribuindo seu sorriso. O piloto anuncia a decolagem e repouso minha cabeça no ombro de Madge.

Creo que debo partir, seguir  (Creio que devo partir, seguir)
Viajar en otra direccion  (Viajar em outra direção)
Y dejar atras lo que mas quiero  (E deixar para trás o que eu mais amo)
Creo que debo partir, seguir  (Creio que devo partir, seguir)
Confiar en que habra algo mejor  (Confiar que aja algo melhor)
Por ahora no se donde voy  (Porque agora não sei aonde vou)

Olho pela janela e vejo o belo tapete de nuvens ao redor do avião enquanto o sol brilha alto no céu. O que será que você está fazendo agora Peeta? Penso fechando meus olhos logo em seguida.

Por ahora no se donde voy... (Porque agora não sei aonde vou...)