A filha de Juventas - A escolhida de Urano escrita por Luana Cajui


Capítulo 10
Porta pra qualquer lugar




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—Vá para a puta que te pariu, Daiana. - praguejou Thomaz, puxando Mirage para trás de uma pilastra, enquanto Leon se escondeu atrás de outra.

Daiana continuou onde estava.

—Mas que inferno, Daiana! - gritou uma das Górgonas que também havia se escondido atrás de um carvalho, enquanto as outras mergulharam para dentro da fonte.

Mérida que estava na frente de Daiana, encarou a ruiva com certa raiva.

Deixe-me adivinhar – começou ela.- Você não contou nada para eles, não é?

A líder da missão abriu um sorriso constrangido no rosto.

—Não...-disse ela.

—Puta que me pariu, sua retardada! -gritou uma terceira voz, vindo do corredor.

A única saída para o grupo estava bloqueada por uma outra górgona está muito maior que as outras, seu corpo da cintura para baixo era uma cauda verde com um brilho arco-íris nas escamas, parecidos com os de uma serpente escavadeira (a de Taiwan), da cintura para cima ela estava nua o que faria um garoto em plena puberdade ficar duro em poucos segundos, já seu rosto, ele estava coberto por uma máscara, que também cobria seus olhos, seus cabelos eram extremamente longos “cabelos” que na verdade era enormes cobras cipós, eram tão longas que uma das cobras se divertia mordiscando a bochecha de Leon que por sua vez mantinha os olhos fechados, assim como Thomaz e Mirage.

—Ah, oi Medéia – Daiana cumprimentou – como você está? Acordamos você?

Era visível que Daiana estava sem graça, suas bochechas estavam levemente vermelhas, principalmente porquê fazer perguntas idiotas era uma das características dela quando estava assim.

A enorme górgona tombou a cabeça para o lado, talvez querendo passar descrença as palavras da ruiva.

—Eu senti o cheiro de vocês desde a rodovia, mas eu pensei que você viria para cá com eles informados, mas pelo visto, nenhum estava preparado para nós.

—Bom, tivemos alguns problemas de confiança no caminho para cá. -Admitiu a ruiva.

—E provavelmente vai ter pelo resto da sua missão -Medéia adentrou o jardim, passando pela ruiva e pela irmã. - Ah! Diga a eles que não precisam ficar com os olhos fechados, nós não vamos transformá-los em estátuas de pedra, fincar uma espada no coração seria mais eficientes para nós.

—Ela me mordeu- Leon resmungou, passando um pouco de álcool em uma pequena mordida em sua bochecha. A cobra o havia mordido um pouco abaixo da maça do rosto, algo que Leon não sabia explicar, pois a gata de sua mão também o mordia no mesmo lugar quando ele estava em casa.

—Desculpe por isso. - pediu Medéia encostada em baixo de uma árvore próxima a fonte. - Elas não costumam fazer isso, mesmo com estranhos. Leon não a respondeu, preferindo se ocupar em fazer seu curativo.

Thomaz, vendo o silêncio que havia se instalado no local, resolveu que essa era a hora perfeita para perguntas.

—Comece a falar! -disse grosseiramente, se dirigindo a Daiana – Que raios de lugar é esse? Quem são elas?

—Pensei que ia ter um treco. -Murmurou Mirage abraçada a própria mochila, enquanto ficava encostada na fonte.

Os três companheiros de viagem encararam Daiana, desta vez com olhares determinados e bem irritados também.

Daiana suspirou, percebendo que estava num beco sem saída, para as perguntas de seu grupo, afinal, ela podia suportar Leon e Thomaz fazendo perguntas, agora com Mirage era diferente, ela poderia até fingir que perdeu o interesse, mas quando Daiana menos percebesse, PAH! A garota a questionaria jogando todas as cartas da mesa contra a ruiva.

—Tudo bem, eu explico….todos aqui conhecem a história de Perseu e Medusa, certo?

Desta vez, Daiana realmente sentiu o olhar de indignação por parte dos seus companheiros e uma amiga de longa data, que se estivesse com o rosto descoberto, transmitiria o melhor olhar de “É sério isso? Jura?”.

—Okay, vocês conhecem, não precisam me olhar assim não, credo!…

Como em todas as versões da historia de Medusa, ela era uma Sacerdotisa/Serva/Devota filha de Forcís e Ceto. Ela foi estrupada por Poseidon no templo de sua deusa, Athena. A deusa não poderia fazer nada ao seu tio, por motivos óbvios (ou nem tão óbvios assim) ela puniu Medusa…

—O que foi, na minha opinião, foi muita filha da putagem por parte de Athena, sem falar na falta de sororidade e empatia por parte dela, sem falar que…

—CONTINUA! -Gritaram os outros ao ver a perda de foco da ruiva.

—Nossa….calma aí! Como eu estava dizendo…

Quando Perseu foi até o antigo templo e matou Medusa e suas irmãs, de seu sangue nasceu Pegásus e seu irmão gigante Crisaor, porém eles não foram os únicos a tomarem forma a partir do sangue de medusa, Medéia também veio ao mundo, encolada as patas de Pegásus, sendo ela a filha do meio de Poseidon com Medusa.

Assim que Atena soube do que o sangue de Medusa havia criado, a deusa da sabedoria se deu conta da merda que havia feito num ataque de fúria, por causa de seu tio, Poseidon, aquele cuzão.

Por fim a deusa desceu à terra a fim de averiguar o que havia se feito.

Pegásus era um belo potro, Crisaor já havia ido embora, e Medéia não passava de uma criança com uma cauda e cabelos de serpentes que transformava absolutamente tudo em pedra, com a exceção de Pegásus.

Sendo assim, Athena enfeitiçou seu templo, que a partir daquele momento seria o lar de Medéia e de qualquer pessoa que precisasse de ajuda, não importa o lugar em que estivessem.”

Isso não explica as outras górgonas, ruiva. -disse Thomaz rispidamente.

Daiana revirou os olhos com a lerdeza de Thomaz, como que era possível ele ser tão inteligente e tão desligado ao mesmo tempo?

—A cabeça de Medusa já foi arrancada diversas vezes, depois de Perseu, pelo que Quiron explicou, monstros voltam e com Medusa não deve ser exceção. Então cada vez que a cabeça de Medusa é arrancada, nasce uma nova garota? -Perguntou Mirage, que já havia montado todas as pecinhas do quebra – cabeça.

A ruiva olhou para a menor com um sorriso orgulhoso no rosto.

—Ligeira, como sempre. É por esse e outros motivos que eu gosto de você! -disse ela, levando uma das mãos aos cabelos da menor, os bagunçando, a deixando um pouco irritada.

A explicação de Daiana pareceu ter convencido Thomaz e Mirage, porém Leon não se viu muito convencido.

—Em que parte disso tudo, tem a ver com a sua mãe? Pelo que sabemos, seu parente divino é o seu pai, sua mãe é a mortal aqui.

Era claro que Leon estava bravo, Daiana havia traído sua confiança, sendo que do grupo ele foi o único a confiar nele, Mirage não contava nessa história, afinal a morena iria aonde for com Daiana, afinal sua confiança estava na ruiva.

Daiana pareceu envergonhada, mas antes que ela pudesse responder, Medéia acabou sendo mais rápida.

—Sua mãe saiu daqui a alguns minutos, se tivessem chegado antes, teriam pego ela na porta.

—Oh droga!

—Afinal quem é a sua mãe? -perguntou Leon, enquanto segurava um algodão na bochecha esperando Thomaz pegar um esparadrapo em sua bolsa.

Daiana pareceu parar para pensar, Mirage poderia ver as engrenagens na cabeça da ruiva se esforçando para conseguir arranjar uma resposta plausível.

—Nem eu sei direito -admitiu ela. -Eu convivo com as irmãs “Eme” desde meus dez anos, então, tudo isso aqui é normal para mim, eu nunca questionei a minha mãe sobre o que ela é, sabe? Talvez uma semideusas ou feiticeira é difícil, eu quase não vejo ela, a última vez foi em Westover Hall.

—Odeio aquele lugar… -murmurou Mirage para absolutamente ninguém.

Ao terminar de ouvir a fala de Daiana, Thomaz não pode evitar de revirar seus olhos, ele segurou Leon por um dos ombros e sussurrou aos seus ouvidos.

—Como alguém como ela mau sabe o que a mãe faz? -Sussurrou ao pé do ouvido do loiro. -Fica esperto com ela, não de muita confiança.

Leon assentiu em resposta, ele não costumava levar as desconfianças de Thomaz quanto a Daiana muito a sério, mas naquele caso o loiro estava começando a dar ouvidos as desconfianças do filho de Ares.

Medéia percebendo o clima que se formava entre os dois homens do grupo tratou de se aproximar da ruiva.

—Mérida disse que você quer usar as portas, posso saber o motivo? -perguntou a filha de Poseidon a ruiva que sorriu de repente com os olhos brilhando.

—Elas estão disponíveis?

Medéia assentiu.

—No último andar como sempre, no entanto como sua mãe acabou de sair, dependendo do lugar que vocês pretendem ir, vão ter que aguardar algumas horas.

O brilho nos olhos da ruiva sumiu.

—Ah…

—Para onde vocês querem ir? - Medéia perguntou enquanto se encaminhava para a fonte, adentrando na água.

Mirage observou atentamente o corpo da enorme Górgona afundar na água, afinal a fonte deveria ter quase quatro metros de profundidade. A garota pensou que talvez a filha de Poseidon virasse uma sereia como em “H2O Meninas Sereias”, porém ao invés disso ela ganhou proporções humanas, pernas surgiram e as serpentes foram se tornando fios negros até que sobrasse apenas uma para segurar o resto dos fios negros.

Medéia nadou para a superfície e saiu da água nua fazendo o filho de Apolo corar até a raiz do cabelo.

Daiana ignorando a nudez da mais velha das Górgonas mostrou o pequeno espelho a ela que assentiu.

—Vão ter que esperar uma hora, pois o caminho é bem longuinho.

—Longuinho? -perguntou Thomaz-O quão longe é?

—Monte Vesúvio, em Pompeia.

—Vamos para a Itália? -Mirage pareceu animada com a ideia.

—Bom, tecnicamente sim, mas é um lugar escondido dentro do Vulcão – a ruiva esclareceu com um tom de voz um pouco tenso. -Iris não estava brincando quando disse “Lugares Seguros” para colocar aqueles cristais.

Daiana conversou por vários minutos com Medéia que logo se vestiu com vestido grego enquanto Thomaz conspiravam e Mirage fazia vários nada.

A garota estava entediada, deixada de lado e para aliviar um pouco de seu tédio, ela abriu a mochila a procura de seu caderno de desenho, mas não a encontrou e sim aquele outro caderno que ela havia ganhado, aquele que havia ficado com Dionísio e agora estava ali. Mirage teve o impulso de jogar o caderno na fonte, mas estranhamente ela pegou seu estojo, abriu e pegou um lápis, começando a desenhar excluindo a página que já estava escrita.

Ela começou a desenhar pequenos itens e logos. Ela começou por desenhar um pinheiro, depois uma Van, Argos como uma cabeça cheia de olhos, a logo da loja de Iris, o número do vagão do trem e por fim, ela desenhou uma Górgona ao pé direito segurando um arco e flecha, Mirage sorriu satisfeita com o resultado, os desenhos não estavam muito detalhados mas estavam bonitos, principalmente o desenho de Medéia. Desenhar era como Mirage relatava seu dia ou semana, ela sempre desenhava algo relativamente importante que acontecia, sendo ele um sonho ou algo que realmente acontecia em Westover Hall, ela já tinha uma bela coleção de desenhos de seu gato e de Daiana em especial uma pequena Charge da ruiva atirando algumas garotas das escadarias do internato.

—Mirage? - Chamou o filho de Ares - Vamos indo?

A garota ergueu o rosto, olhando para o mais velho confusa.

—Já passou uma hora? - ela retrucou a pergunta com outra.

Thomaz assentiu.

—Você parecia tão concentrada que eu não queria interromper, mas os outros já foram e ficamos para trás. - O filho de Ares estava mais calmo depois dos pequenos conflitos de algumas horas atrás, Thomaz tinha uma natureza calma e paciente apesar da maneira rude que ele se expressava, sua voz passava isso muito bem, principalmente quando falava com Leon ou Miragem o que era difícil, mas mesmo assim não passou despercebido por ela. - Guarde suas coisas e vamos, Medéia já me disse o caminho.

Obediente, Mirage guardou suas coisas de maneira desajeitada na mochila e seguiu Thomaz para dentro da Casa ou melhor Casarão. As irmãs de Medéia já não estavam em lugar nenhum, provavelmente tinham se escondido em seus quartos ou algo do gênero por medo dos semideuses.

Os dois caminharam pelo mesmo corredor que dava acesso ao pátio, no entanto agora ele estava muito bem iluminado.

—Alguém trocou as lâmpadas – comentou a garota tentando puxar assunto com o mais velho, porém o filho de Ares não deu muito a mínima para o papo das lâmpadas, então ele não se deu ao trabalho de responder.

Mirage não era idiota, apesar de Thomaz sempre manter o tom da voz calma e o mais educada possível, ela sabia que ele não ia com a sua cara, ela só não sabia a razão, afinal ela não tinha feito nada para ser tratada com indiferença por ele, porém ela também agia com frieza para com os outros, então ela poderia interpretar a indiferença de Thomaz como uma retribuição ao seu jeito e atitudes frias?

Desistindo de puxar assunto com o mais velho, ela só se colocou a segui ló em silêncio até chegar ao seu destino no fim daquele corredor onde havia uma espécie de “Galeria” onde residiam trinta estátuas de pedra. Thomaz não gostou nada do que viu, aquele lugar o fazia se sentir numa “cova dos leões” e a qualquer momento ele poderia se tornar mais uma estátua naquele salão.

Desta vez foi Mirage a ir na frente, observando as estátuas ao seu redor com atenção, uma boa parte delas eram de homens adultos armados em sua maioria eles tinham em seus rostos expressões assustadoras estampadas em suas faces como se quisessem passar medo ao alvo que suas armas deveriam atingir. Mirage pode imaginar uma Medéia com o tamanho muito menor que atual, caída no chão, ferida prestes a ser morta se vendo sem escolha a não ser transformar seus agressores em pedra e isso deveria ter sido bem doloroso principalmente por nem saber o motivo de quererem mata lá, mas afinal o Mirage sabia sobre isso?

—Da para ver a sede de sangue nos olhos deles mesmo sem as iris...- Murmurou Thomaz para ela, Mirage ergue-o o rosto para encará-lo e o viu com uma expressão indecifrável, como se eles reconhecesse a expressão contidas naquelas estátuas.

—É como se eles não se importassem com quem estivessem matando, contando que eles tivessem a tão sonhada glória, como se ela fosse tudo que importasse. - respondeu ela à Thomaz.

—Para os heróis é só isso que importa.

Mirage e Thomaz se viraram na direção da voz. Perto das escadas, parada estava Medéia em sua forma humana olhando para os dois.

—Essas estátuas começou… - Mirage mas antes que ela pudesse terminar de falar foi interrompida.

—Esse lugar é a minha galeria – explicou ela – Eu coloco aqui todos que um dia eu transformei em estátuas.

—Percebemos – Disse Thomaz na defensiva – Eles são os seus troféus, não acha isso meio mórbido?

Medéia negou, descendo os últimos degraus da escada e caminhando até uma outra estátua de um guerreiro grego, este ao contrário dos outros que carregavam expressões agressivas tinha o rosto estampado com uma expressão amorosa, dava para sentir o amor vindo da pedra, ainda mais pois a estátua do homem tinha uma das mãos erguidas para cima, como se estivesse segurando o rosto de alguém o que se tornou obviou quando Medéia encaixou seu próprio rosto nas mãos da estátua e com uma das suas mãos ela segurou o rosto do homem.

Thomaz se arrependeu imediatamente de ter dito aquelas palavras.

—Daiana e o outro menino estão nos esperando lá em cima, vamos? -perguntou ela se afastando da estátua e voltando para perto das escadas, voltando a subir.

Thomaz e Miragem se encararam, trocando olhares cúmplices que diziam apenas uma coisa: ‘Tenso!’

Em silêncio os dois seguiram Medéia escadas acima, tomando cuidado para não escorregar na água que escória dos cabelos da filha de Poseidon.

Quando o fim da escadaria chegou os três estavam agora num corredor repleto de portas como num hotel. Daiana e Leon estavam no fim dele em frente a uma porta que parecia cair aos pedaços.

—Depois sou eu que atraso todo mundo- Reclamou Daiana batendo o pé no chão impaciente.

Thomaz revirou os olhos e se limitou a apenas caminhar até a dupla sendo seguido por Medéia e Mirage.

—Como isso vai funcionar? -perguntou a menina a Medéia.

A filha de Poseidon “encarou” Mirage e demorou um pouco para responder isso com a voz num tom um pouco alegre.

—Você é uma dos poucos que perguntam. -Medéia apontou para as portas- As portas funcionam com Magia de criar fendas, mas a que usamos é mais diferente do usado ocasionalmente.

Quando chegaram perto das portas, a filha de Poseidon pegou um frasco de tinta preta que Mirage supôs ser de polvo, (claro a figurinha de polvo no frasco ajudou um pouquinho); ela molhou os dedos nela e voltou sua atenção a Mirage.

—Respondendo sua pergunta, isso funciona com muita e muita Magia, tanto que só eu tenho permissão de “ligar” as portas.

Medéia começou a escrever várias letras gregas na porta formando um círculo na madeira com os dedos e no centro o nome do destino deles.

“Monte Vesúvio, Pompeia.”

Assim que Medeía terminou de escrever o nome do lugar, as palavras ganharam um tom dourado e desapareceram no ar, deixando Mirage de queixo caído assim como Thomaz e Leon, logo as frestas da porta foram preenchidas por uma luz dourada que desapareceu rapidamente.

Daiana sorriu, assim que a porta começou a mudar de aparência para uma porta bem comum em escritórios, a ruiva se aproximou e abriu a porta, contemplando uma bela paisagem para as ruínas de Pompeia.

—Vamos? -chamou a ruiva com um sorriso no rosto.

—Primeiro as Damas – disse Leon cordialmente.

O sorriso de Daiana se alargou, ela se abaixou, pegou sua maleta e ficou na frente da porta.

—Arrivedeci, seus otários. - disse a ruiva aos meninos – Nos vemos mais tarde Medéia.

Assim que se despediu, Daiana cruzou a soleira da porta, aparecendo na paisagem do outro lado.

Os garotos não apareceram tão surpresos, ao contrário de Mirage que ficou de boca aberta, fascinada, deixando os outros dois irem na frente.

—Fantástico! - exclamou ela com os olhos brilhando, fazendo Medéia rir.

—Você não vai? -perguntou ela mas a mais nova não respondeu. -Não precisa temer, eles estão logo ali, vai ser rápido, você só vai sentir um formigamento, prometo.

Mirage se virou para Medéia, mas em vez de ver a máscara prateada ela pode ver o rosto da filha de Medusa.

Medéia era sem dúvidas a mulher mais bonita que ela já tinha visto, igual ou se não, mais bela que as atrizes de Hollywood que suas colegas na escola adoravam idolatrar. Apesar da feição no rosto de Medéia, ele era extremamente delicado, como se fosse esculpido por algum artista, seus lábios eram finos e vermelhos, o nariz pequeno e empinado, seus olhos eram negros mas se assemelhavam muito a de um réptil.

—Você está bem? -perguntou a filha de Poseidon agora um pouco preocupada. - Está com medo de cruzar a porta?

—Não estou com medo. - disse ela a Medéia, mantendo a voz firme. - Eu….só tenho a impressão que as coisas vão ficar mais estranhas daqui pra frente.

Medéia riu sorrindo.

—Elas não vão ficar mais estranhas – ditou ela ajeitando os longos cabelos - Elas sempre foram estranhas e você só esta descobrindo isso agora, mas para lidar com isso basta ter uma mente aventureira e muito criativa e minha intuição diz que isso é algo que não falta em você.

—E como você sabe disso? -Perguntou - Nem eu mesma lembro.

—Vai lembrar, nada entra na minha casa sem que eu saiba pelo menos o mínimo da pessoa, por isso as pessoas assinam o livro da recepção.

E sem dizer mais nenhuma palavra, Mirage foi empurrada pela porta, caindo de bunda no chão, sendo sua última visão, Medéia fechando a porta na sua cara.

—Que indelicado – disse Daiana rindo da menor junto com Leon e Thomaz.

Mirage se virou para o trio, onde os três mais velhos riam de sua situação, ela se levantou limpando a poeira das roupas e olhou para os outros muito mau humorada. Aos poucos os três pararam de rir, tomando fôlego e Daiana foi a primeira a se pronunciar.

—Aiii, vamos então? -Perguntou a Ruiva- Temos que roubar cristais roubados.

 


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