Jenny [continuação]

Meu pai tirou o carro e voltou o caminho. Tive que encarar Jacob logo cedo, depois do tsuname que ainda me consumia por dentro.

— E aí Jennyfer! Como vai? – Ele perguntou simpaticíssimo, vindo na minha direção e sorrindo abertamente para mim.

Ele usava uma camisa de mangas compridas, enroladas na altura do antebraço. O tecido colava ligeiramente na parte superior de seu tronco e ficava um pouco frouxa onde sua cintura afinava. Seu jeans era surrado, o que o deixava impossivelmente sexy. E eu já estava hiperventilando. Eu era uma pirralha burra mesmo!

— J-J-Jake... – Minha voz quase não saiu.

Jacob riu um pouco e, quando estava perto o bastante, me abraçou. Acho que fui ao céu e voltei. A lembrança do sonho de ontem era realmente uma caracterização da realidade: as nossas curvas se completavam.

Quase seus fortes braços passaram sobre meus ombros e ele fechou o espaço entre nós, tive que levantar um pouco minha cabeça para poder respirar. Isso fazia meu tronco ficar em contado com o dele. E, sem querer, ou melhor, sendo impossível evitar, eu dei atenção à forma como, naquele breve segundo, nossos quadris encaixaram um no outro. A curva que as costas de Jacob criavam para ficar rente a mim era do tamanho perfeito para meus braços circundarem completamente.

Incrível como tudo isso durou dois segundos. Incrível como ele conseguia ser tão perfeito.

 — Legal seu pai. Grande médico. Grande homem! Mas você ainda não me disse: como você vai? Teve uma boa noite?

O que? Noite? Como ele sabe daquela noite? P.Q.P. Ele não pede estar no meu sonho!

— Eu não sou a filhinha de Carlisle! – Adiantei.

Uma ruga de desentendimento brotou entre as sobrancelhas de Jake. Tremi depois que percebi minha frase estúpida, nervosa e desconecta.

Como ele consegue, no simples ato de não fazer nada, me deixar tão idiota assim?

Jacob sorriu brandamente e pegou minha mão.

— Relaxa Jen, eu sei que você não é “a filhinha de Carlisle”! Eu sei que Bella é quem é! – Ele riu. Tentei sorrir pra descontrair, mas minha garganta simplesmente estava fechada. — Falando em Bella, cadê o seu... Irmão, para todos os casos...?

Por pouco eu não me assustei também com o fato de ele ter dito “irmão”, pois lembrei que, sendo ou não meu irmão mesmo, Edward já era conhecido como meu irmão!

— Ah... Suspeito que ele esteja com Bella... Em algum lugar. Por quê? Ele ainda não chegou? – Finalmente ter lembrado de Edward me fez voltar um pouco ao normal. Mas ter reparado que Jake e eu estávamos andando de mãos dadas pela calçada era incrivelmente perturbador.

— Não que eu tenha visto. Na verdade, eu suspeito também que ele esteja com Bella. Mas... Como é finalmente o primeiro dia de Bels de volta à escola, eu queria falar com ela. E, como você é irmã do Edward... Pensei que encontrando você eu o encontraria e, consequentemente, encontraria Bella. Entende?

Claro: entendo que eu sou uma chavezinha que te liga à linda Bella, sem que você pareça obviamente uma Vela de primeira!

— Claro. Sem problema! – Menti.

— É sério, Jen. Não quero que pareça que estou te usando. Não foi minha intenção fazer parecer que foi isso! – Jacob de repente disse, parando comigo num bando na área externa da escola.

— P-por que você está dizendo isso? “Usando?” Isso nem passou pela minha cabeça!

Ô MENTIRA!

— Eu achei que meu tom havia pressuposto isso, mas, senão foi isso, então tudo bem. Mas, de qualquer jeito, pra mostrar que eu me importo com você, exclusivamente por você e não por Bella ou Edward ou... Carlisle, eu quero que você olhe para sua frente... Lá longe!

Ele apontou para o estacionamento antes que eu me esforçasse para compreender o que ele havia dito. Olhei na direção e, então, nossa conversa na casa da Bella retornou á minha mente.

— Então, aquele é o Opala do qual lhe falei!

Realmente: era um Opala. Um lindo Chevrolett preto lustroso. Nunca eu diria que aquilo era de segunda mão. Era perfeito demais!

— Uau! – Exclamei.

Jake soltou uma gostosa gargalhada ao meu lado. Por um momento me perdi naquele som, mas depois retornei.

— É esse que você quer me vender? Você poderia usá-lo aqui!

— Mas eu tenho minha picape. Ela tem um valor sentimental sabe... Esse aí não. Quer dizer, não exatamente. A final, eu o reformei quase todo! Junto com Bill, meu pai. Ficou legal não foi?

Jacob falava, mas não parecia garboso, mas sim, sincero e admirado.

 — Acho que está perfeito.

— Muito obrigado, minha princesa. E se você quiser, posso começar a te ensinar hoje mesmo, depois da escola. Dirigir não é tão complicado quanto pode parecer.

— Você sabe que dirigir e guiar são duas coisas completamente diferentes, não sabe?! – Joguei.

Novamente o desentendimento tomou conta da expressão de Jake.

Novamente percebi minha frase estúpida desconexa. Só espero não estar parecendo uma completa doida.

Jacob sorriu maroto como sempre, parecia até que eu o divertia. Para meu alívio íntimo.

— Se você está dizendo, eu não duvido! – Ele riu.

— Falando sério, Jake... Eu... Eu queria te perguntar uma coisa... Algumas coisas!

Eu não tinha ideia do que estava fazendo, só sei que estava falando o que me vinha na cabeça. Talvez eu pague caro por isso, mas, no momento, não me percebi direito.

— Algumas coisas? Tudo bem, você pode me perguntar o que quiser! – Ele sorriu de lado pra mim.

GOSH! ASSOPRA!

— Você e Bella... Por acaso... Algum dia...

— Namoramos? – Ele intercalou. Graças a deus! Eu apenas assenti, ficando vermelha. Óbvio. – Por que o interesse?

Simplesmente:

PUTZ!

— Ah, você sabe... Ela está com meu irmão, e eu só queria conhecer melhor as coisas... Por favor, não pense que...

— Você está querendo dar em cima de mim? – Jacob completou de novo... Certo. Mas desta vez me fez ficar arrepiada até o último fio de cabelo. Eu estava sendo óbvia demais?

De repente, ele caiu na risada como se tivesse dito a maior idiotice do mundo, eu deveria ter imaginado que ele falou aquilo brincando.

— Relaxe, Jen. É completamente entendível que você queira o melhor pro seu irmão. Então, eu respondo sim, princesa: eu nunca namorei ou fiquei com a Bels. Fique tranquila quanto a isso. A Isabella é a melhor garota que um cara poderia ter. Considere Edward um cara sortudo!

Era e não era o que eu queria ouvir.

Certo, eu posso estar paranóica, mas, a informação “MELHOR garota que UM CARA poderia ter…” ficou empacada na minha mente.

— É. Você deve ter razão... – Admiti de forma derrotada.

— E o que mais você quer saber?

Na verdade, depois dessa, eu queria saber se poderia retirar meu time de campo com o mínimo de dignidade e amor próprio, porém, algo chamou minha atenção:

Uma garota ruiva e bonita passou perto de nós. Por cortesia, Jacob sorriu para ela depois que ela acenou. Ela era esplêndida. E logo que passou, ela riu. Uma dúvida surgiu na minha mente tão bruscamente que não pude evitar perguntar:

— Você realmente não se importa de que te vejam aqui, em público, comigo?

Jacob se virou de frente para mim desentendido e curioso. Seu rosto era tão claro que eu podia ver obviamente as emoções passando.

— É sério! Eu sou praticamente uma criança. Sou pequena, desengonçada, atrapalhada, nem um pouco fashion, sou uma “tanto faz, como tanto fez!”. E, aliás, você tem amigos aqui e uma reputação que eu já vi muito bem qual é! Você é um dos caras daqui Jacob! Eu me sinto uma total idiota dizendo isso, mas... Incomoda-me que me vejam aqui do seu lado e riam de mim! – Apontei com o queixo para a linda ruiva adiante.

Jacob pareceu expressivamente impressionado e pasmo.

Mas ele não estava tão mais pasmo como eu! Por que diabos eu fui ser tão emotiva e sensorial e falar esse bando de babaquice? Parece até o meu primeiro dia com Edward, quando meu distúrbio emocional fez ele ficar com peninha de mim!

Aguentei o olhar de Jacob por um tempo. Aquelas duas pérolas negras que ferviam vivamente o tempo todo. Debaixo de suas grossas sobrancelhas uma emoção esquisita tomou conta. Essa, justamente, eu não soube exatamente como explicar.

— Jennyfer! – Ele expirou. — Você me pegou completamente desprevenido. Eu não achei que você se importava com esse tipo de coisa!

— Nem eu sabia! – Choraminguei sem querer.

— Jenny, você tem que saber três coisas: primeiro é que você não é nenhuma criança. Você é uma garota bonita e legal como uma garota de dezesseis anos deve ser! Segundo. Você é sim um pouco pequena, mas quem te disse que é atrapalhada e desengonçada? Ser espontânea e natural não é nenhum defeito. Na verdade, é uma das qualidades que mais marca você de forma boa. Eu, por exemplo, adoro sua espontaneidade. E aposto que Emmet também, pelo que ele fala de você! – Jake sorriu. — E terceiro. Por favor, não me julgue como um estereotipo de playboyzinho de escola, assim até me ofende. E eu nunca seria preconceituoso por você ser a novata ou a segundanista. Isso é pura besteira. Nunca mais pense desse jeito, por favor!

Não. Espera aí! Eu morri quando aquela ruiva riu de mim e fui pro céu! Ou então eu peguei no sono quando estava no banho, e estou tendo um sonho bom desta vez.

Jacob não poderia estar sendo tão gentil! Ele não está me tratando como o cínico malicioso do meu sonho! Ele... Ele está sendo... Perfeito!

Por impulso, me larguei num abraço apertado. Eu estava meio que encima dele, eu sei, mas não pude impedir, foi o único jeito que deu! Porém, não me importei, a final, ele me abraçou de volta e me apertou também. Ter ouvido que, para ele, eu não era uma criança e que ele não me via como uma perfeita estúpida tinha feito valer todo meu dia! Eu aprendendo ou não a dirigir, para mim, já estava tudo válido!

— Desculpa! – Falei assim que me afastei dele.

— Não é preciso isso! – Ele deu de ombros e sorriu pra mim.

Eu estava completamente perdida em deslumbre e toda esperançosa quando, de repente...

— EI! Aquela aí é a Bella? – Jake exclamou olhando para trás de mim.

Virei-me e... Sim. Era Bella.

Mas o que ela fazia saindo correndo detrás do prédio de biologia?

Não. Espera aí! O que faz ela vindo correndo e o Edward logo atrás, correndo também?

P.Q.P! Que diabos estava havendo?

Continuaaaaa..... lol