CASTELOBRUXO - O Início de Uma História escrita por JWSC


Capítulo 7
CAPÍTULO 7 – A Cabana dos Guardiões




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O Mini-magizoo havia sido construído durante a regência do segundo diretor da Escola, sendo a segunda construção mais antiga da Escola, perdendo em idade apenas para o Prédio Principal.

Por fora, era relativamente pequeno, sendo um pouco maior em dimensões do que o Prédio Principal. Feito em formato de um hexágono, com pilares de sustentação grossos repletos de figuras de animais mágicos, sem janelas em toda a sua extensão. Possuía telhado verde musgo e uma porta de ferro negro que rangia sempre que era aberta.

Por dentro, o local era separado em áreas de acordo com o tipo de criatura, o seu habitat e o nível de periculosidade. A Área Azul possuía criaturas marinhas, a Área Verde possuía florestas e habitats úmidos, sendo a maior área, a Área Amarela possuía criaturas venenosas e com nível e periculosidade “A”, ou seja, que precisam de Atenção por não apresentarem perigo imediato, a Área Vermelha era a menor e possuía apenas algumas criaturas de nível de periculosidade “E”, onde apenas Especialista e bruxos qualificados podiam entrar. Por fim, havia a Área Branca, onde os alunos podiam ter contato com criaturas mágicas de periculosidade “P” (Criaturas a se ter Precaução) e “I” (Inofensivos).

Cada área possuía ainda um pequeno laboratório de pesquisas, sendo que o laboratório geral estava na Área Cinza, o coração dos estudos e pesquisas do Mini-magizoo. Além de ser usada para as aulas de Estudos das Criaturas Mágicas, o Mini-magizoo ainda era um foco de pesquisas e aprendizado para bruxos do mundo todo que vinham ter aulas ou participar de pesquisas com o corpo permanente de funcionários e professores da Escola.

A responsabilidade pelo Mini-magizoo era da Escola e do Diretor, mas a sua administração era feita pelo professor chefe das aulas de Estudos das Criaturas Mágicas, que no caso era o professor Alexandre. Naquela manhã o professor Alexandre informou que o Mini-magizoo iria abrir até a quinta para que os alunos da Escola e para os estudantes de intercâmbio pudessem ter suas aulas, porém, na sexta, sábado e domingo ficaria fechada para adaptações.

A professora Hermenita levava os alunos do primeiro ano C para visitar a Área Verde e continuar os estudos sobre os graminions, iniciados naquela manhã.

— Por aqui. Venham. Fiquem juntos. Vamos, vamos.

A professora chamava os alunos com as mãos, enquanto caminhava com seu vestido longo em tons de verde. O estilo único diante de todos os outros professores destacava a professora, pois sempre combinava a cor dos vestidos que usava a maquiagem, seus acessórios e sapatos, fazendo que piadas fossem frequentes. Era uma mulher alta e de cabelos negros como a noite, de olhos verdes amendoados e lábios finos que gostava de respeito e ordem.

Logo atrás, quase no fim da fila de alunos, Eduardo, Maria, Roberto, Miguel e Hugo vinham conversando baixo.

— O Mini-magizoo esteve fechado desde a semana passada, não foi? — Eduardo perguntou para os amigos.

— Ouvi dizer que estavam reformando — Miguel respondeu com sua calma habitual.

— Eu conversei com o Manco e ele disse que era outra coisa — Hugo falou.

— O Manco? — Roberto perguntou.

— É como chamam o Marcus, o Guarda dos Portões — explicou maria. — O que ele disse?

— Disse que eram ordens do Presidente da Magia.

— Mas o que o Presidente iria querer na Escola? — Eduardo perguntou quase que para si mesmo.

— Dizem que estão trazendo uma criatura para Escola. Uma nova — Hugo cochichou.

— Uma nova? Que tipo de criatura? — Eduardo ficou curioso.

— Eu não sei, mas dizem que vai fica na Área Vermelha. Podemos perguntar para o Manco antes do jantar.

— Ir até a Cabana dos Guardas? — Maria ressaltou.

— Está com medo? — Miguel disse e sorriu.

— Não estou com medo — ela respondeu. — Só não acho um lugar legal.

— Mas vamos mesmo assim. É uma nova aventura gente — Eduardo disse animado.

— O grupinho pode se apressar? — A professora chamou. — Ninguém vai ficar para trás.

Os cinco aceleraram o passo e aproximaram-se dos outros alunos. Passaram pela Área Branca, pela Azul e pela Vermelha, com seu portão na forma da cabeça de um dragão, e só depois chegaram na Verde. Passaram o restante da aula aprendendo sobre os graminions, as criaturas reptilianas e curiosas, com o corpo quase que todo coberto de folhas, que representavam o símbolo dos alunos do segundo ano.

 

Após a aula, antes do jantar, o grupo foi até a Cabana dos Guardiões.

Era um local um pouco afastado do Mini-magizoo, próximo ao portão de saída número Seis. Uma parte afastada da escola que gerava diversas histórias, contos e lendas entre os alunos.

Ali viviam os Guardiões dos Portões, responsáveis por guardar e proteger todo os portões da Escola. Todos trabalhavam sob as ordens e controle do professor Luís, de Defesa Pessoal, que também era o responsável pela segurança geral da escola.

De longe avistaram a Cabana. Uma construção larga, com uma varanda de madeira negra grande e duas chaminés, uma liberando fumaça negra e a outra fumaça branca.

— Você já veio aqui antes, Hugo? — Eduardo questionou.

— Sim. Quando a Bárbara se perdeu na Floresta Profunda, procurando pelo Beija-Flor Prateado, a professora Hermenita me pediu para chamar um dos Guardiões para procura-la.

— E você conheceu o Manco? — Miguel perguntou.

— Sim. E o Dedo, a Dona, a Louca e o Pezinho. — Pensou por um momento e logo completou. — Pensando bem, é melhor não chama-los por esses nomes.

Logo que subiram o morro, viram que os residentes estavam do lado de fora, em um conjunto de bancos a direita da casa. Eram cerca de quatro pessoas, duas mulheres e dois homens que conversavam ao redor de uma pequena fogueira.

— Essa não! — Miguel praguejou. — O professor Luís está lá.

De fato, a cabeleira ruiva o destacava em meio aos outros ali presentes.

— Vamos voltar? — Roberto questionou.

— Não se preocupem — Hugo tranquilizou. — Vai dar tudo certo.

Os cinco se aproximaram e logo os que estavam ao redor do fogo perceberam sua chegada. Um homem levantou-se com dificuldade enquanto tocava a perna direita e gritou:

— Hugo! Que bom vê-lo — O homem veio andando meio cambaleante até onde os cinco estavam e abraçou Hugo, de forma um pouco desajeitada. — Trouxe amigos! Veja, Magda, Hugo voltou e trouxe amigos!

Uma mulher mais baixa que o homem já vinha ao encontro deles. Os cabelos louros esbranquiçados balançavam de um lado para o outro enquanto ela se apressava em chegar onde todos estavam. Rapidamente limpou as mãos no avental e estendeu os braços para Hugo, que a recebeu de forma tímida.

— Hugo, que ótimo vê-lo — ela o abraçou com força.

— Calma, Magda. Vai quebrar o garoto — advertiu o homem.

— Ele é forte, Marcus — a mulher explicou e dando tapinha nos ombros de Hugo completou. — Veja esses braços fortes.

O momento descontraído cessou assim que o professor Luís se aproximou. Os cinco jovens prenderam o ar por alguns minutos. Não era um local que os alunos gostassem de visitar, portanto a presença de um já era questionável, entretanto cinco já levantava várias suspeitas do professor.

— O que fazem aqui? — questionou o professor. — Com certeza este não é um lugar para crianças.

— Como não? — Magda colocou as mãos na cintura. — Temos tudo que uma criança possa querer aqui. Como acha que criei meus dois filhos?

— Não quis dizer neste sentido, dona Magda — Luís se justificou.

— E em qual sentido? Por que essas crianças adoráveis não viriam nos fazer uma visita?

— Não, não é isso. Só me preocupo com a segurança deles. Veja bem, a casa possuí muitos artefatos mágicos perigosos e está muito perto da floresta... — Luís começou a se explicar.

Marcus chamou os jovens com um aceno e apontou para dentro da Cabana. Ele saiu na frente cambaleando, enquanto os cinco jovens deixavam o professor e Magda resolverem a sua conversa.

A Cabana era iluminada por velas em todos os cantos, desde o chão até em candelabros suspensos por fios de couro. Era praticamente impossível identificar tudo que existia nas paredes da cabana, haviam quadros, esculturas, itens de magia, folhas de livros, jornais, revistas, folhetos, dentre diversas outras coisas, como um enorme quebra-cabeça incompleto.

 — Uau — Eduardo e Roberto exclamaram ao entrar.

Marcus riu e abriu os braços.

— Bem-vindos, a minha humilde residência. Venham por aqui, vamos ver o que tem na cozinha para vocês.

A cozinha não era muito diferente do restante da casa, exceto pela extrema limpeza que havia ali. Haviam quadros, jornais, itens e outras coisas espalhadas pelas paredes, porém, os balcões, as mesas, as cadeiras e o piso estavam extremamente limpos. Marcus retirou um bolo do fogão à lenha e colocou na mesa. Apontou sua varinha para o armário e talheres e pratos saíram flutuando até a mesa, em seguida apontou para a chaleira, fazendo com que levitasse.

— Desculpe, vocês preferem chá ou café?

— Chá — responderam Maria, Hugo e Miguel.

— Café com um pouco de leite, por favor — Eduardo sugeriu e Roberto concordou com a cabeça.

— Muito bem — Marcus moveu a varinha mais uma vez e uma chaleira pequena foi até a mesa acompanhado de um pequeno bule com leite. Marcus sentou-se em uma das cadeiras e pediu que todos sentassem e se servissem.

— Não temos muitas visitas da Escola, por aqui. Exceto o Luís, mas ele é o chefe, então não conta — sua risada rapidamente contagiou a todos, que sorriram em resposta. — Nos meus tempos de professor eu via esses rostinhos sorridentes por todos os lados. Como eram felizes e ativos.

Maria cutucou Hugo.

— Professor?

— Sim, depois te conto.

— Mas me digam — Marcus tomou um gole de seu café preto e sorriu para todos. — O que esses cinco jovens buscam aqui? Além do bolo de mandioca divino que a minha mulher fez. — Colocou a mão do lado da boca e falou mais baixo. — É melhor garantir que ela escute o que quer.

Outra risada e outro gole.

— Nós queríamos saber de uma coisa. — Hugo começou. — Marcus levantou uma sobrancelha e pediu que continuasse. — Nós ouvimos que o Mini-magizoo está sendo fechado por motivos especiais, é verdade?

— Sim, para manutenção — Marcus respondeu enquanto bebia tranquilamente.

— Não apenas para isso, certo? — Hugo questionou.

Marcus sorriu.

— Sabemos que tem uma criatura vindo — Miguel disparou.

— Aí está um jovem que não gosta de arrodeios — Marcus gargalhou. — Que criatura supostamente esta vindo para a Escola?

— Uma perigosa — Hugo continuou.

— De periculosidade “L” ou “E” — Roberto falou baixo.

— O que essas crianças andam comentando por aí? — Marcus coçou o queixo. — Onde já se viu uma criatura de periculosidade “L” na Escola? Está certo que no Mini-magizoo tem umas três de periculosidade “E”, mas “L”? Não, meus jovens, podem ficar tranquilos. Não há nada de tão perigoso assim e, para concluir, o Mini-magizoo está sendo fechado para reformas estruturais meus jovens, apenas isso.

Os cinco ficaram desapontados com a informação. Esperavam algo de emocionante, assim como todo jovem espera.

— Não fiquem assim, vamos — Marcus encorajou. — Ainda temos chá e bolo para comer. Me contem como anda a Escola?

 

Pouco antes do sino tocar e avisar do jantar, os cinco saíram da Cabana. Marcus e sua mulher Magda os levaram até a porta e aconselharam a tomar cuidado no retorno para a escola. Os cinco caminharam pelos ladrilhos beges desgastados pelo tempo que levavam da Cabana até o Mini-magizoo, de lá iriam pelo caminho de luminárias até o Prédio Principal.

Ao chegarem na porta do Mini-magizoo ouviram um som de estalo metálico.

— Boa noite, Hugo.

Um homem magro e alto, com cabelos negros bagunçados fechava o último dos diversos cadeados do Mini-magizoo.

— Bernardo, boa noite — respondeu Hugo.

— Um pouco tarde para passeios, não acham? — Bernardo arrumou as costas, que estalaram de um jeito assustador. — Sabem que todos devem estar dentro da escola até o horário do jantar, não?

— Sim, só estávamos visitando a Cabana — Hugo respondeu.

— Ah sim, falando com Marcus, suponho. — Bernardo riu para si mesmo. — Aquele quadrado, acredito que ele não contou o que está acontecendo aqui, certo?

— Você pode nos contar? — Eduardo perguntou animado.

— E quem seria você? — Bernardo questionou com um sorriso.

— Este são Eduardo, Roberto, Miguel e Maria, são meus colegas de classe — Hugo apresentou.

— Prazer conhece-los, meus jovens. Venham, sentem-se aqui — Bernardo os levou até a lateral do Mini-magizoo. Haviam alguns bancos velhos que seriam transportados na manhã seguinte para fora da Escola. — Que estranho que não fizeram nenhuma suposição ou criaram alguma hipótese na escola. Esses jovens estão cada vez mais decepcionantes.

— Ouvimos que é algum tipo de criatura — Roberto mencionou.

— Um tipo de criatura? Não é só uma criatura. É uma das piores criaturas do mundo. Um monstro que caça em noites como essa, se alimentando de tudo aquilo que se move. Ela anda sorrateira pela noite, quase sem emitir som, se escondendo nas sombras, enquanto vê sua presa. Até que ela se prepara e... Bum! Você já era. Não deixa nada para trás.

— Que criatura é essa? — Eduardo questionou.

— Não tenho autorização para falar mais do que isso. Na realidade, já até falei mais do que devia. Vocês têm que prometer que vão tomar cuidado nessas noites e não contar para ninguém o que eu lhes disse. Certo?

Todos concordaram.

O som do sino se espalhou pelas terras da Escola.

— Vão logo, ou vão ter mais problemas.

Bernardo olhou enquanto os cinco caminhavam juntos pela estrada. Os postes de luz estavam acessos, mas de um modo estranho isso não confortava os cinco aventureiros.

— Será que acreditaram em tudo que eu disse? — Bernardo disse para si mesmo e sorriu diante da ideia de ter assustado as crianças, já que ele mesmo não tinha certeza de qual criatura estava chegando. — Adoro essas crianças.


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