CASTELOBRUXO - O Início de Uma História escrita por JWSC


Capítulo 4
CAPÍTULO 4 - O Banquete de Recepção




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/721371/chapter/4

Todos estavam reunidos no Saguão Principal. Os alunos do primeiro ano acabaram por sentar nas mesas mais ao fundo, perto da porta da cozinha e do corredor de acesso aos dormitórios. Os caiporas se aglomeravam nos cantos do Saguão, pendurados nos pilares que iluminavam o ambiente ou nas poucas estatuas espalhadas. Os outros alunos estavam espalhados pelas mesas, com os bordados azuis, verdes, vermelhos, amarelos e laranjas identificando os anos escolares.

Os professores começaram a entrar no Saguão, vindos de várias direções. Dos corredores, das portas laterais ou das salas ao redor do Saguão. A primeira a entrar foi uma professora alta, de cabelos negros e vestido justo, coberta por uma capa vinho e um chápeu pontudo. Ela vinha conversando com um professor baixo e gorducho, com barba grisalha e careca no topo da cabeça. Em seguida entraram dois professores velhos, sem cabelo algum na cabeça. Pareciam ser gêmeos, um usava um óculos grande e o outro um monologo prateado. Aos poucos a mesa grande foi sendo preenchida pelos professores que se sentavam em seus respectivos lugares.

Roberto estava ansioso para ver o professor Alexandre Carvalho Andrade, um dos maiores estudiosos de magizoologia do mundo. Ao seu lado Eduardo, Hugo, Miguel e Maria conversavam sobre o ritual dos caiporas, como descobriram que se chamava o evento mais cedo.

— Qual será o feitiço que eles usaram nas varinhas? — Eduardo questionou segurando sua varinha alto, procurando alguma alteração no brilho ou na forma.

— Pode ser que tenha sido um feitiço de boa sorte — respondeu Maria.

— É improvável que seja algum feitiço que melhore as nossas habilidades — Miguel falou baixo. — Não há registros disso em nenhum lugar.

— Será que vamos aprender sobre isso? — Hugo perguntou.

— Em qual aula? — Eduardo guardou a varinha. — Será que em Estudo das Criaturas Mágicas? Caiporas são criaturas mágicas, certo?

— Não sei. — Maria enrolou o cabelo no dedo enquanto pensava. — O que você acha, Beto? Beto? — Ela deu um leve tapa no ombro do garoto de óculos que parecia estar distraído.

— Oi? Desculpa, o que?

— No que estava pensando?

— Nada, nada — arrumou-se na cadeira. — Sobre o que falavam?

— Você acha que vamos aprender sobre os caiporas em Estudo das Criaturas Mágicas? — Eduardo questionou.

— Não, acho que não. Digo, pelo menos não esse ano. Os caiporas não são tecnicamente criaturas que a escola se preocupe em ensinar. Eles não são “cruciais” para o nosso aprendizado acadêmico, mesmo que estejam classificados como criaturas a se ter Atenção. Não precisamos aprender como lidar com eles, já que a principal função deles é cuidar da escola e das terras de Castelobruxo, mas devem ter livros sobre eles na Biblioteca. Acho que a professora Angelita fez um estudo aprofundado sobre eles enquanto estudava no último ano.

— Podemos passar lá depois — sugeriu Maria.

— Fechado — Eduardo disse animado.

— Acho que eu não vou junto — disse Hugo. — Preciso mandar uma carta para minha família e ver o que me mandaram.

— Verdade. Eu também preciso mandar uma para minha mãe — disse Eduardo. — Encontramos vocês depois então.

O Diretor e o Vice-Diretor da escola entraram por uma porta lateral, à esquerda da mesa, fazendo com que Roberto esquecesse a conversa com os colegas.

O Vice-Diretor, o professor Alexandre de Estudo das Criaturas Mágicas, era um homem baixo e com o corpo roliço, tinha bigode grande escuro e um pequeno cavanhaque, vestia roupas em tons de marrom e bege. Vinha acompanhado do Diretor da escola, Orlando, um homem magro, de altura mediana, parcialmente careca, com a barba e cabelos brancos. Ele vestia um sobretudo negro sobre terno e gravata, uma vestimenta incomum para o mundo bruxo, mas corriqueiro para as pessoas comuns.

Todos os alunos se arrumaram em seus lugares assim que o Diretor entrou e o silêncio se estabeleceu no Saguão. O diretor sentou em sua poltrona-trono de madeira viva que pareceu relaxar com seu o toque. Logo após se sentar, os galhos que oscilavam geraram folhas verdes, brilhantes, e flores das mais variadas cores e formas brotaram dos galhos. O diretor sorriu ao ver a expressão de admiração e surpresa dos alunos do primeiro e segundo.

— Obrigado — disse para o assento. Aguardou alguns instantes e levantou-se. — Bem-vindos a mais um ano de aprendizado na nossa querida Escola de Magia & Feitiçaria de Castelobruxo.

Houve uma salva de palmas iniciadas pelos professores, depois o silêncio voltou. O diretor continuou com sua voz incrivelmente forte e audível para alguém de sua faixa etária:

— Neste novo ano escolar que se inicia, temos que ter em mente nossos objetivos. Sei que vocês são jovens e podem ainda não ter traçado seu futuro, mas é sempre bom planejarem o seu destino, mesmo que seja apenas para esse ano. Lembrem-se que com força e determinação todos vocês aqui podem conseguir o que quiserem, seja fama, poder, felicidade ou amor. — Ele sorriu de um modo gentil ao dizer a última palavra. — Os senhores e senhoras, independente do ano escolar, estão iniciando oficialmente suas vidas como membros da grande e unida comunidade bruxa da América do Sul e começando a ter a merecida participação no mundo. Por essa razão, sugiro para aqueles que estão iniciando que se empenhem em acumular mais e mais conhecimento e para aqueles que estão na reta final, fiquem confiantes quanto ao seu futuro daqui para frente. É hora de se certificar de que escolheram exatamente o que querem e avançar nesse objetivo. Tenham força e fé, meus jovens.

Outra salva de palmas foi iniciada pelos professores.

— Pois bem. Vamos para a parte burocrática — ele sorriu e pegou as folhas a sua frente. — Como sabem, agora é hora de anunciar as classes que conseguiram uma ótima pontuação no ano passado. A classe do primeiro ano que mais conseguiu pontos foram os alunos da sala C, que agora passam a ser os alunos do segundo ano A. — Vivas irromperam dos alunos que agora eram do segundo ano A. O diretor continuou a falar, fazendo com que os alunos das respectivas salas mencionadas comemorassem. — Os alunos do segundo ano que obtiveram a melhor pontuação foram os da sala B, que passam a integrar o terceiro ano A. Os alunos do terceiro ano que obtiveram a melhor pontuação foram os da sala C, que passam a ser do quarto ano A. Os alunos do quarto ano que obtiveram a melhor pontuação foram os da sala B, que passam a ser do quinto ano A. Os do quinto ano que obtiveram as melhores pontuações foram os da sala A, que continuam como sexto ano A e os alunos do sexto ano que obtiveram a melhor pontuação foram os da sala A, que continuam como sétimo ano A. Parabéns à todos.

O diretor esperou que comemorassem um pouco e depois pediu silêncio.

— A relação das salas e suas pontuações já se encontram no quadro de avisos ali. Podem ver depois.  — Orlando apontou para o quadro verde, com documentos enfeitiçados que se moviam por ele. Um novo documento se materializou no quadro, onde constava a classificação das salas por ano e a pontuação. — Para os alunos que ingressam hoje no primeiro ano, eu digo que durante todo o ano suas atividades e conquistas serão pontuadas para a sua sala. Ao fim do ano letivo, serão apurados os pontos que sua sala acumulou e no primeiro dia do ano letivo seguinte serão publicadas. A sala que conseguir a melhor pontuação passa a ser a sala A do ano seguinte e poderá gozar de diversos benefícios e regalias durante o ano letivo. Em outras palavras, se esforcem para ganhar pontos para sua sala e conseguir desfrutar dos prazeres de ser da sala A.

“Por fim, aviso a todos que devem tomar cuidado com os seres e criaturas das Estufas, do Magizoo e da Floresta Profunda. Lembrem-se que são criaturas mágicas vivas e por isso não devem ser tratadas como animais de estimação ou brinquedos. Aviso também que teremos a visita do Ministro do Ministério do Meio Ambiente Mágico a cada dois meses. Portanto, não estranhem se o Magizoo estiver indisponível alguns dias, peço a paciência de todos. Desejo aos senhores e senhoras um ótimo ano letivo de muito aprendizado e muitas conquistas. Agora, vamos comer, pois somos bruxos e não Norques. Que venha o jantar!”

As portas da cozinha se abriram e bandejas com várias comidas típicas de diferentes regiões da América do Sul saíram flutuando. As bandejas pararam há cerca de dois metros acima das mesas e com um estalo de dedo do diretor, desceram. Os talheres, pratos e copos surgiram logo em seguida, com um pequeno ploc! E então o jantar se iniciou com conversas e brincadeiras dos alunos.

Logo, os caiporas entraram no banquete. Saltavam por cima da cabeça dos alunos para distraí-los, enquanto outros vinham por baixo das mesas e surrupiavam um pouco de comida. Quando eram pegos por algum bruxo, eles logo encolhiam, alongava ou expandiam seu tamanho para se safar das mãos ágeis. Mas eles não fugiam apenas dos alunos, mas de outros caiporas que tentavam surrupiar seu bocado de comida e disputas entre eles eram comuns. Sendo mais cômicas do que violentas.

Os professores conversavam tranquilos, alheios a bagunça que se instalava nas cadeiras e mesas logo abaixo do estrado.

— Se me permite perguntar, senhor Diretor. — Aproximou-se a professora Ana Catalina. — O que o Ministro do Meio Ambiente Mágico quer com nosso Magizoo?

O diretor olhou de relance para o professor Alexandre.

— Pelo que sabemos, eles estão trazendo uma criatura um tanto quanto problemática — disse baixo, tomando cuidado para que os outros professores não ouvissem. — Eles me pediram para deixar a criatura no Magizoo durante alguns meses e eu obviamente neguei, mas o Ministro fez aquele discurso sobre a ajuda que o Ministério deu a Escola e o que poderia acontecer caso o Presidente da Magia descobrisse isso. Portanto, eu permiti que eles mantivessem aqui por dois meses, entre agosto e setembro. Depois eles têm que arranjar um local mais adequado. O Ministro virá para avaliar as instalações e acertar alguns pontos de segurança.

— Que criatura problemática é essa? — questionou a professora.

— É uma incrível... — Começou Alexandre, mas foi interrompido pelo Diretor.

— É uma incrível criatura que não ficará tempo o suficiente para gerar conversas paralelas. A professora é a chefe do Corpo Docente da Escola e acredito que saberá como transmitir essa informação da maneira mais adequada para que não cause comoção. Estou certo?

— Com certeza, senhor diretor — concordou a professora. — Irei manter o máximo de sigilo.

— Ótimo, vamos terminar o jantar, a comida pode esfriar. — O diretor tomou um longo gole de sua taça, mostrando que a conversa havia acabado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá,
Só passando para informar que o próximo capítulo irá demorar mais.
Peço que aguardem um pouco mais ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "CASTELOBRUXO - O Início de Uma História" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.