Mercy escrita por Jupiter


Capítulo 25
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

oi meus amores, eu sei que demorei mas faz parte.
Hoje (29/01) é um dia bem especial pra mim então eu decidi fazer uma coisa legal por vocês, e postar esse capítulo porque ele é decididamente o meu capítulo favorito e um dos mais importantes pra historia ♥ Eu realmente espero que vocês gostem dele e continuem me acompanhando até o final dessa fanfic que não deve estar muito longe.



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Você me lê, eu te decoro.

— Allan Moura.

 

06 de Março

Lebanon, Kansas

Motel Dois Corações

 

Matiel acordou no mesmo momento em que o sol nasceu e mesmo o quarto estando somente iluminado por um pequeno feixe de luz que entrava pela janela ele permanecia concentrado em ficar deitado de lado olhando pra morena que ainda dormia, ela dormia tão tranquila que parecia que não tinha problemas ou o mundo não estava em suas costas e mesmo que parecesse estranho para pessoas que tinham se conhecido em tão pouco tempo, o moreno ja sentia como se até mesmo respirasse no mesmo ritmo que ela.

O rosto sereno da Nuria era um rosto de quem estava tendo bons sonhos mas o que em poucos segundos era bom, no segundo seguinte foi transformado em algo ruim, a morena começou a suar frio e a começar a tremer enquanto que falava palavras na lingua dos anjos.

— Você é a prometida, vou matar você e o seu anjo protetor, e então mais ninguém vai saber do cajado ou como me encontrar. -a morena sussurrou e no mesmo momento em que o Anjo entendeu sobre o que ela estava “falando”, se sentou na cama tentando acordar a morena que no mesmo momento se sentou na cama abrindo seus olhos que estavam escuros como tempestades.

— Ele ta na minha mente, eu não sei o que fazer, por favor me ajuda, eu não quero mais isso na minha cabeça, só faz parar Matiel. -Nuria falou em desespero chorando, com as duas mãos na lateral da cabeça tentando esconder o rosto entre os joelhos, e principalmente os seus olhos.

— Não precisa se esconder de mim, nada vai acontecer comigo e enquanto estivermos aqui nada vai acontecer com você. -o moreno falou sentindo algo dentro dele vibrando, e ele sabia que aquilo era ele sentindo a última presença da graça que havia sobrado nele.

Matiel pegou a mão esquerda da Nuria com cuidado e delicadeza com uma mão tirando da cabeça dela e colocando no seu peito bem em cima do coração enquanto que com a outra mão levantava o rosto dela fazendo a mesma encarar os seus olhos.

— Todo Anjo só é um ser celestial por ter graça dentro de si, é o que diferencia a gente dos humanos e cada vez que perdemos a nossa graça dentro da gente ainda fica uma quantidade bem pequena mas essa pouca quantidade é mais poderosa do que todo o resto e dizem que ela pode ser usada para muito mais do que somente os poderes dos anjos alcançam. -o moreno falou fazendo seus olhos ficaram claros como o da morena estavam e tirando a sua mão do rosto dela e de cima da mão que estava em seu peito.

Matiel se aproximou mais da Nuria mesmo eles já estando bem próximos, ainda mantendo os olhos conectados como se ligassem eles além do contato físico que estavam tendo, mesmo sabendo que não era certo por tudo que ele sabia sobre a graça dos anjos o ex líder do exército do Senhor tirou o colar da morena.

Deixando o colar que antes pertenceu a Escuridão na mão de sua respectiva filha e voltando a mão dela para onde estava, em cima do seu coração, colocando sua mão por cima e olhando no fundo dos olhos dela os dois se viram no momento seguinte dentro do Matiel onde ele em meio a toda a escuridão segurava uma luz azul brilhante em uma das mãos enquanto que na outra o colar.

— A milhares de anos atrás quando os humanos ainda eram liderados por Reis e Rainhas, um Anjo que servia Deus antes de mim desceu a terra para uma missão que foi ordenada pelo próprio Senhor, era uma missão que nem mesmo os Arcanjos tinham conhecimento, a sua missão na terra era um completo segredo e até hoje somente poucos anjos e alguns demônios sabem sobre ela, ele passou quase onze meses na terra e depois de ter passado tanto tempo aqui ele acabou se apaixonando por uma humana, o que fez com que ele desistisse de voltar para o céu depois de ter completado a sua missão; para Anjos que se apaixonam por humanos é lhes dado o pior castigo que já inventaram para a nossa espécie, retiraram a graça dele de forma dolorosa bem diante da humana que ele amava e então quando o mesmo já não tinha poderes, a sua amada foi ferida diante dos seus olhos e deixada para morrer em seus braços.

A morena se aproximou não entendendo onde o Matiel queria chegar com aquela história ou como mais uma vez eles se conectaram daquela forma, ela queria perguntar o que estavam fazendo ali e o que era a luz brilhante na sua mão mas a história estava tomando um rumo interessante e que em algum momento iria fazer um maior sentido.

— O Anjo sem a sua graça não pode usar os seus poderes para salvar ela então tudo o que fez foi ficar com ela em seus braços, vendo o amor da sua vida partindo daquele mundo aos poucos, ele se sentia impotente sem saber o que fazer quando sentiu algo dentro dele vibrar e foi quando se deu conta que ainda havia um pouco da sua graça dentro dele e tirando aquele ponto brilhante dentro de si, o Anjo agora completamente sem graça colocou o que tinha de mais importante no anel que iria pertencer a sua amada quando ele pedisse ela em casamento. Colocando o anel com a sua graça no dedo do amor da sua vida, o coração dela voltou a bater e a sua ferida foi curada, dizem que eles viveram mais cem anos juntos e durante esse tempo eles se esconderam dos seres sobrenaturais mas aconteceu de um anjo encontrar eles e ao tentar matar ela o ex Anjo entrou na frente da bala por ela mesmo sabendo que o tiro não mataria ela e ele carregou com orgulho a cicatriz que ficou em sua pele e o seu coração que batia por amor.

— Então você está dizendo que roubando a graça de um anjo eu posso salvar a vida de alguém? -a morena perguntou começando a entender melhor o que ele estava falando mas ainda não da maneira certa.

— Não se pode roubar o final da graça de um Anjo, ela precisa ser dada para você em sinal de amor infinito e então colocada em um objeto que represente um grande amor e esse objeto só pode salvar a vida de quem ganhou a graça e de mais ninguém. Esse ponto brilhante foi o que sobrou da minha graça, e ela agora pertence a você, e agora você não tem mais que ter medo, porque em todos os momentos mesmo quando eu não estiver ao seu lado para me colocar na frente de uma bala por você ainda sim vou te proteger. -o moreno falou colocando a sua graça no colar da Nuria fazendo ele por um momento brilhar azul como o poder que estava dentro dele e então quando voltar ao normal, parecia que nada havia acontecido.

Matiel deu um passo a frente ficando somente a um curto passo de distância da morena esticando os seus braços voltou o colar ao seu lugar de origem onde ele brilhou mais uma vez fazendo a Nuria que ainda se encontrava sem expressões a sorrir, se esquecendo completamente das lágrimas que havia derramado a pouco tempo e tomando o controle das vozes que estavam em sua cabeça; que antes pareciam que iam matar ela de dentro pra fora mas naquele momento não passava de sussurros que estavam sumindo aos poucos.

 

Quando saíram da mente do Matiel e voltaram para o quarto que parecia intocado como se nada tivesse passado por ali, Nuria já não escutava mais nada e agora sua mente estava cheia de respostas e novas certezas e planos, e entre eles o principal plano não envolvia diretamente ela e sim o moreno.

— Eu preciso ir para casa ou os Winchester vão começar a me procurar e isso é perigoso pra você, mas antes de ir preciso que você me diga que entendeu tudo que eu disse. -a morena falou depois de juntar todas as suas coisas que estavam no quarto ainda deixando a mala ali.

— Eu entendi Nuria, agora você tem que ir e tome cuidado no caminho de volta temos não só os anjos na cidade como também temos os caçadores; e nessa viagem que você vai fazer com os Winchester se lembre de manter primeiro você viva depois se preocupe com os outros. -o moreno respondeu levando ela até a porta e pegando a chave do carro que estava em sua mão, e quando ela saiu corredor a fora até as escadas ele ficou ali observando a sua amada ir embora.

Porque mesmo sem ele ter deixado claro que amava a morena, no momento em que ele deu o que sobrou da sua graça para ela ficou claro que mesmo estando a pouco tempo convivendo ele já amava ela de forma infinita e estava disposto a repetir a historia que havia contado para ela. Ele estava disposto a proteger ela com a sua graça e a entrar na frente de uma bala por ela, e então quando esses momentos passassem ele também estava disposto a viver ao lado dela até o final de sua vida agora curta como humano.

A filha da Escuridão desceu do seu táxi um pouco longe do bunker e seguiu andando até lá depois de ver que ninguém observava ela tanto de longe quanto de perto, no momento em que entrou na biblioteca dos homens de letra encontrou não só o Dean e o Sam mas também a Mary que deveria ter chegado no tempo em que ela estava fora, o que era um problema pra morena já que mentir para os meninos era completamente diferente de mentir para a mãe deles.

— Onde você estava Nuria? Quando eu cheguei aqui ontem e os meninos falaram que você não estava eu achei estranho. -a loira falou se aproximando dela e olhando em seus olhos tentando achar o que ela achava estranho.

— Os últimos dias foram intensos por isso resolvi passar a noite fora, mas está tudo bem comigo. -a morena falou desviando o olhar da Mary e indo até a mesa que estava estranhamente arrumada onde um mapa estava aberto em cima dela, era um mapa que mostrava somente o continente onde estava e pelo fato do Sam e do loiro ainda estarem em silêncio, ela soube que eles estavam fazendo pesquisa para mais uma caçada. - Eu descobri onde tá o Caladriel ou quase isso.

A última frase da morena fez todos os olhares se voltarem para ela que somente se aproximou da mesa tirando o livro do Caladriel de dentro da sua mochila e colocando ao lado mapa vendo todos observando ela com atenção.

— Como você descobriu sobre onde ele está? -Sam perguntou vendo ela abrir o livro na última parte que tinha lido e quando eles pensaram que naquela página só continha textos que eles não conseguiam entender a morena revelou para eles um desenho de um mapa que combinava exatamente com a Nova Escócia, Canadá.

— Eu somente sei onde ele está não pergunte como, e chegando na Nova Escócia para encontrar onde ele se esconde vai ser um pouco mais difícil mas temos trinta e cinco horas para saber mais sobre ele através das próximas páginas do livro. -Nuria falou fechando o livro e com um lapis riscando o percurso que teriam que fazer.

Era um longo caminho e mesmo que os Winchester já estivessem feito viagens mais longas ainda sim eles precisam de um tempo para conseguirem organizar tudo que era preciso, cada um dentro daquele bunker seguiu para um cômodo diferente organizar o que fosse preciso. Dean foi até o arsenal dos homens de letras juntando todas as armas que talvez fossem precisar durante a viagem, focando em armas que pudessem ser usadas contra anjos, ele tinha em mente que a morena estava escondendo algo deles.

Sam estava no quarto que pertencia a sua mãe junto com a mesma que estava desarrumando uma mala mas ao mesmo tempo já estava fazendo outra, desde que Mary havia retornado ela estava sendo menos a mãe que o Dean se lembrava de quando era pequena e mais a caçadora que ele conheceu quando viajou no tempo.

— O que você vai caçar agora? Você quase não fica em casa parece que tem medo de ficar aqui. -o moreno falou apenas observando a habilidade que a loira tinha em limpar uma arma e colocar ela dentro de sua mala.

— Um ninho de vampiros talvez, ainda não tenho certeza do que eles são; eu não tenho de ficar em casa eu só não confio ou consigo dormir aqui por enquanto por causa das pessoas que dormem ao lado. -Mary falou baixo se referindo a Nuria.

Porque mesmo que ela soubesse que a morena não seria capaz de fazer qualquer coisa contra um deles, ainda sim ela não conseguia fechar os seus olhos e dormir enquanto a outra estivesse ali, isso porque ela não sabia das últimas informações de que a Nuria era filha da Escuridão.

— Você não precisa ter medo dela, mas não diga essas coisas para ela ou podemos todos ter realmente problemas com alguém que é muito mais poderosa do que ela. -Sam falou sincero que por ter visto com os próprios olhos, que jamais deve insultar ou questionar a filha da Escuridão.

— Do que você está falando? Do que realmente devemos ter medo? -Mary perguntou parando o que estava fazendo e olhando para o seu filho com um certo receio da resposta que poderia receber.

— A Nuria é poderosa assim por um motivo, o pai dela era humano mas a mãe dela é a Amara; e ela está disposta a fazer de tudo para manter a filha dela protegida e feliz. -o moreno falou se levantando da cama onde estava sentado e saiu do quarto sem dizer mais porque o rosto de surpresa da sua mãe era o suficiente, e seguiu até o seu quarto encontrando a morena lá, mais uma pessoa concentrada em arrumar uma mala.

— Sua mãe tem medo de mim, e nesse momento ela já deve saber quem é a minha mãe então agora ela definitivamente tem algo realmente grande contra mim então acredito que a melhor coisa a se fazer é seguir logo em viagem para que eu posso me manter longe da Mary. -a morena falou fechando a sua mochila e tirando de dentro da caixa alguns roupas para vestir naquele momento e jogando em cima da cama.

— Ela não tem medo de você Nuria. -o moreno falou tentando convencer não só a morena mas também a ele mesmo enquanto observava a mesma pegando a sua capa que nos últimos dias ela não tirava e colocando também em cima da cama.

— Tente convencer a si mesmo Samuel, eu sei qual é a sensação de ter alguém sentindo medo de mim e eu sinto essa sensação vindo da sua mãe, e a cada momento ela fica mais forte. -a morena falou tirando seu casaco pesado e jogando para dentro da caixa e fazendo o mesmo com o moletom que estava usando e em seguida com a calça, deixando as suas botas perto da cama e ficando só de calcinha e sutiã.

— Eu não preciso me convencer, eu preciso convencer você porque não é verdade. -o moreno respondeu observando como a morena parecia estar pronta para entrar no banho mas não parecia que iria tirar o seu colar, o que não era normal pra ela. - Você não vai tirar o seu colar? Você sempre faz isso. E quem fez o seu curativo ele parece novo?

— Eu não vou tirar ele nunca mais, ele é um sinal de amor precisa ficar comigo sempre e o meu curativo não é o mais importante aqui. -a filha da escuridão falou e por mais que o Sam achasse ela estava falando do colar que ela sempre usava, na realidade ela falava da graça do Matiel que estava nele o curativo que o mesmo havia feito.

— Quem escuta você falando essas coisas, acredita que nada acontece na sua vida. -Sam rebateu saindo do quarto e fechando a porta, porém a sua saída foi mais por não conseguir mais ver a morena parada daquele jeito olhando pra ele e falando com voz apaixonada do que por não ter mais o que conversar.

Samuel ficou parado por um momento em frente a porta do seu quarto ainda pensamento na morena mas logo desistiu indo até a biblioteca onde encontrou o seu irmão em pé perto da mesa olhando o mapa com atenção, ele parecia concentrado ali mas como bom caçador que era Dean no primeiro passo que o moreno deu para dentro da sala ele levantou seus olhos incrivelmente verdes pra ele.

— Andou falando com a Nuria? Eu acho que temos que colocar alguns limites aqui em casa, porque não sei se vou continuar mantendo minha sanidade se eu entrar no meu quarto mais uma vez porque a porta estava aberta, e ela começar a tirar a roupa na minha frente. -o moreno de olhos claros falou sério se apoiando na mesa, fazendo o seu irmão rir sincero talvez pela primeira vez no dia.

— Então quer dizer que o fato dela andar por aí com pouca roupa está incomodando você Sammy? -Dean perguntou ainda rindo mas no fundo ele compartilhava do mesmo sentimento que o irmão.

— Você não ta entendendo, eu fui pro meu quarto conversar com ela sobre como ela tinha encontrado o desenho mas então ela começou a falar sobre outro assunto e a tirar a roupa e então quando já estava só de lingerie começou a falar sobre demonstrar amor e estava com uma voz apaixonada. Juro pra você, me dá arrepios só de pensar nisso agora. -o moreno falou suspirando e jogando a cabeça pra trás em sinal de que estava realmente quase desistindo da sua sanidade.

— Eu entendo, cada vez que ela entra na sala meu coração bata mais forte e cada vez que ela saiu ele só falta suspirar e chorar; mas não sei se tem algo que possamos fazer contra isso, acredito que ela faça esse tipo de coisa para nos provocar. -o loiro respondeu também suspirando mas os dois se calaram quando a Mary se aproximou deles carregando mais uma vez uma mala e diferente das outras vezes o seu rosto não parecia em paz por deixar os seus filhos.

— Eu preciso ir caçar, tem certeza que nenhum de vocês quer ir comigo? Podemos fazer duas equipes e assim terminamos mais rápido com a minha caçada e então podemos ir ajudar os outros. -a loira falou olhando para o Dean e moreno soube que ela queria que o loiro ficasse longe.

Na cabeça da Mary ela iria deixar o seu filho com melhor sanidade que ela acreditava que era o Samuel ficar com a Nuria enquanto que levava o outro para longe dela, mas havia um erro nisso e o loiro percebeu qual era o erro e tomou a frente porque mesmo que fosse errado o que a sua mãe queria ainda sim ele não podia ir contra o que ela queria, mas também não podia deixar a morena sozinha.

— Mãe, eu não concordo mas eu estou disposto a fazer o que a Senhora pedir então eu vou para o Canadá com a Nuria e o Sam vai caçar com você. -Dean falou fechando o mapa e guardando dentro da sua mala e no mesmo momento a morena apareceu na sala mas assim que pisou nela percebeu que o assunto era ela.

— Podem fingir que eu não estou aqui, é uma conversa entre a família, não vou atrapalhar vocês. -a morena falou ficando parada em pé no canto da sala observando tres pessoas discutirem sobre quem iria ela com ela e não era uma discussão por ser uma viagem longa atras de alguém desconhecido, era por ser uma viagem ao lado dela.

— Dean, acho que você não entendeu o que eu quis dizer. -a loira falou fazendo exatamente o que a Nuria tinha sugerido, fingir que a outra não estava ali.

— Mãe, eu já disse e repito, você leva o Sam para caçar com você enquanto eu vou com a Nuria para a Nova Escócia e não tem como discutirmos sobre isso, eu sou o protetor dela é minha obrigação. -o loiro falou sério deixando claro que não teria mais o que conversar porque aquela era a sua decisão final e mesmo ele sendo conhecido por ser o filho obediente existia coisas que não se podiam mudar.

— Concordo sobre isso, vai ser mais rápido se formos de dois podemos demorar no mínimo uma semana enquanto que eles vão demorar pelo menos trinta e cinco horas só para chegar lá já que vão de carro dependendo ainda podemos precisar da ajuda deles. -Sam falou concordando com o seu irmão porque ele também concordava com esse pensamento.

— Tudo bem, minha opinião não vale de nada pra vocês mesmo; então vamos logo Samuel porque preciso matar alguma coisa. -a loira falou olhando de relance pra morena e saindo em direção as escadas com o Sam saindo em direção ao corredor dos quartos onde pegou a mala que já tinha preparado e saiu porta a fora do bunker seguindo a sua mãe.

O silêncio que ficou na sala era insuportável para quem ficou ali mas o loiro sabia que não havia nada que ele poderia dizer para fazer com que a sua protegida se sentisse melhor, e a Nuria sabia disso então somente terminou de juntar suas coisas e pegando a pedra e o galho da árvore colocando eles dentro de uma caixa de joias, foi até onde o Impala estava estacionado se sentando no banco do carona sem dizer uma única palavra; Dean terminou de arrumar as suas coisas e fechando o bunker saiu de lá encontrando a morena até mesmo virada para a janela concentrada em um livro sobre vampiros em sinal claro de que não iria ter conversa.

— Você sabe que vai ser uma longa viagem né? Vamos primeiro até Ohio onde vamos encontrar um conhecido que vai nos ajudar a fazer balas com a arma contra anjos, até lá vão ser catorze horas e depois seguimos viagem até o Canadá com mais vinte e duas horas de estrada. -o loiro falou começando a dirigir mais ainda olhava de canto de olho para a morena que nem ao menos se deu o trabalho de virar a cabeça ou pensar em responder.

— Uma hora vamos ter que conversar Nuria, e eu espero que seja antes de chegarmos em Nova Escócia. -Dean falou mas a única resposta que teve foi da morena ligando o radio em um volume alto o suficiente para ele entender que não era hora de conversar e que essa hora iria demorar.

 

14 horas depois

7 de Março

Willard, Ohio

 

Dean encostou o carro em frente a uma loja de brinquedos antigos, em uma cidade pequena e no mesmo momento em que ele desligou o Impala a morena fechou o livro que estava lendo e jogando ele no banco de trás junto com as malas saiu do carro começando a andar de um lado para o outro do lado do mesmo tentando sentir a sua perna voltando a funcionar, o dia havia amanhecido a pouco tempo deixando tão lindo que fazia a cidade ficar ainda mais bonita.

— Acho que você vai querer um tempo sozinha, eu vou estar dentro da loja se precisar de mim ou se quiser entrar pra ver como são feitas as balas, eu vou estar aqui. -o loiro falou pegando a mala de armas e entrando na loja não sem antes deixar o revólver que pertencia a ele em cima do banco do carro.

— Ele achou certo. -a morena falou depois que ele entrou na loja, e entrou novamente no carro procurando dentro da sua mochila o seu celular que discando o último número que tinha adicionado nele que era justamente o do motel.

 

TELEFONEMA ON

— Matiel? -a morena perguntou assim que a pessoa do outro lado da linha atendeu.

— Senhora, você demorou para ligar estava esperando. -o moreno falou pegando o telefone e se sentando na cama para colocar os sapatos que a sua líder havia arrumado pra ele.

— Já falei que você não precisa me chamar de Senhora, nem que seja só quando estivermos sozinhos, como estamos agora. Você está bem? -ela perguntou calma apoiando o celular no ombro enquanto pegava a arma que estava ao seu lado que ela soube que não era uma arma normal.

— Eu entendi Nuria e estou bem, estou pronto para começarmos com o plano. -Matiel respondeu andando pelo quarto e imaginando o que a morena estava fazendo naquele momento.

— Que bom, porque não sei quanto tempo vou conseguir ficar ao lado do Dean fingindo que nada está acontecendo quando na verdade muita coisa aconteceu. -Nuria falou deixando a arma de lado e começando a mexer com o colar para poder se distrair.

— Eu já falei a ultima vez que nos vimos e vou falar de novo agora, vai ficar tudo bem, você vai terminar essa viagem e vai voltar para o Lebanon onde eu estou te esperando. -Matiel falou se sentando na cama observando o quarto com detalhes vendo que alguma coisa estava faltando ali. - Você está com a graça daquele anjo né?

— Eu preciso de uma moeda de troca, não consigo nem imaginar como vai ser mas não queria chegar lá só com os meus poderes, ele é um anjo né? Graça de outro anjo deve ser importante. -a filha da Escuridão falou baixo e recuada como se estivesse envergonhada pelo que estava dizendo, o que fazia ela parecer adorável aos olhos do ex Anjo.

— Você pensou bem, a graça de um anjo é sempre uma boa moeda de troca não importando se é para outro anjo ou para um demônio; estava preocupado mas acho que você vai se sair bem. -o moreno de olhos claros falou sorrindo fraco mas ainda mantinha dentro de si o medo de que a sua líder voltasse com um machucado que ele não pudesse curar.

— Que bom que você também acha que vai dar certo porque agora já não sou mais a única pensando assim; e aliás sabe de uma coisa, o tempo aqui está diferente do Kansas e a cidade é tão pequena que dá vontade de morar aqui até envelhecer, acho que talvez você goste desse lugar, deveríamos vir um dia. -Nuria falou sem perceber e somente depois que viu o que falou ficou por um segundo em silêncio tentando entender da onde havia surgido toda aquela intimidade com o moreno.

— Eu adoraria ver essa cidade com você, deve ser encantadora e tenho certeza que envelhecer nela deve ser mágico também. -Matiel falou depois do silêncio mas a sua resposta pareceu tão natural que nem ao menos se deu conta de que estavam tendo aquela conversa.

— Com certeza é mágico, vamos começar com o plano; eu preciso desligar ou o Dean vai descobrir sobre você, tome cuidado por favor e eu vou fazer o mesmo. -Nuria falou desligando o celular mas continuando a mexer no colar.

TELEFONEMA OFF

 

A morena saiu do carro mais uma vez tirando o casaco pesado que usava ficando só com o moletom que estava por baixo e esticou como fazia no ballet e sorriu por sentir faltar de dançar, e pensou em como gostaria de estar dançando em vez de lá e em como gostaria que não fosse a única no estúdio. Ela pegou a arma colocando na cintura escondendo com o moletom, e trancando o carro entrou na loja de brinquedos vendo que era realmente uma loja mas ela continuou seguindo até uma porta no final da loja que levou ela até a sala onde o loiro estava.

Dean olhou pra ela dando um leve sorriso e voltou a se concentrar na fabricação das balas, ele derretia a espada angelical usando um molde, moldava ela para fazer balas para mais de um calibre; o processo não era demorado e não precisava de experiência mas precisava de jeito.

Foram quase duas horas produzindo balas para lutar contra anjos, e quando elas já estavam prontas rapidamente os dois voltaram pro carro seguindo viagem novamente, agora sem mais paradas que não fossem as necessarias como abastecer o carro; a segunda parte da viagem era mais longa que a primeira o que daria ainda mais tempo em completo silêncio somente observando o que acontecia do lado de fora do carro e escutando o rádio, Nuria que antes estava concentrada em um livro sobre vampiros para evitar o loiro trocou o livro por um que realmente interessava ela, era um livro sobre anjos.

 

Lebanon, Kansas

Bunker homens de letra

 

Matiel parou o carro da Nuria em frente a entrada do bunker, entrando no mesmo e seguindo até o quarto onde a morena havia indicado que era justamente o quarto onde as coisas dela estavam guardadas, ele observou com atenção o quarto a sua volta vendo que tinha coisas da sua líder por todo ele.

Todo o bunker era um lugar completamente diferente de tudo que o morena já tinha visto em seu tempo como humano, ele já havia visitado algumas casas de caçadores e alguns homens de letras mas aquela era a primeira vez que entrava na biblioteca deles e mesmo sendo um lugar como ele imaginava ainda sim ele ficou surpreso e entendeu o porque a Nuria gostava e havia ficado tanto tempo naquele lugar.

 

08 de Março

Ducans Cove, Nova Escócia, Canadá

 

Ainda era madrugada, faltava quase quatro horas para o dia amanhecer e como a Nuria havia falado no bunker ela não tinha certeza de onde o Caladriel estava mas no momento em que passou pela fronteira de Ducans Cove, ela sentiu algo vibrando dentro dela como acontecia quando tinha a sua sobrecarga de poderes e no momento em que pegou a caixa onde estava guardado as partes do cajado e ela abriu soube para onde deveria ir.

— Está escuro ainda, vamos dormir primeiro e depois podemos começar a procurar pelo Caladriel já que ainda não temos nenhuma dica sobre onde ele está. -Dean falou parando o carro no estacionamento de um posto de gasolina na beira da estrada principal.

Era uma cidade pequena onde a única coisa que tinha ali era a reserva que cobria tanto a área da praia quanto a área da floresta, a estrada por onde eles estavam passando a única estrada que tinha no mapa e que tinha poucos sinais de que muitas pessoas passavam por lá naquele horário.

— O posto de gasolina está aberto ainda, eu vou comer alguma coisa e ver se tem banheiro com chuveiro, você pode dormir enquanto isso. -a morena falou pela primeira desde que eles saíram do Kansas chocando o loiro.

— Tudo bem mas tome cuidado, eu vou estar no carro e por favor não faça nada sozinha; é perigoso que você ande por ai sozinha quando não se conhece a cidade. -o loiro falou vendo ela pegar a sua mochila e guardando o livro que estava lendo ali mas deixando a caixa no chão do carro.

Nuria entrou na loja de conveniencia do posto encontrando uma garota que parecia ter saído da capa de um disco de heavy metal antigo o que parecia estranho de um jeito legal, se aproximando da garota que mesmo sem conhecer a morena sorriu pra ela o medo que estava pairando em sua mente sumiu.

— Boa noite, eu estou viajando com um amigo e gostaria de saber se vocês tem banheiro com chuveiro e café fresco. -a morena perguntou olhando distraidamente para os chaveiros que estavam no caixa e vendo que todos eles eram sobre a mesma coisa, uma árvore histórica feita por dois frutos.

— Geralmente não temos mas por vinte dólares eu deixo você usar o banheiro dos funcionários onde tem um, eu vi o carro que você chegou aposto que não é problema pra você ou pro seu amigo. -a funcionaria falou fazendo a morena concordar com a cabeça e a tirar o dinheiro do bolso da calça ainda concentrada no chaveiro que chamava a sua atenção sem ela nem saber ao certo o porque.

O banheiro dos funcionários era normal mas somente por ter um chuveiro que ela pudesse usar fazia com que fosse o melhor banheiro do mundo pra morena, ela tomou um banho rápido e se arrumou ainda mais rápido já que naquele lugar estava frio mas ela estranhou por não sentir aquele frio então nem colocou casaco. A conveniência era como todas as outras que ela havia passado mas ainda sim algo nela fazia com que a Nuria se sentisse estranha ali, algo na floresta que estava atrás da loja, chamava ela de forma que ela não conseguia evitar.

Nuria juntou suas coisas e saiu da loja sem perceber mais nada foi até o carro abrindo a porta sem se importar com o barulho o que fez com o Dean acordasse, e jogando algumas coisas no banco a morena pegou a caixa que estava guardado as partes do cajado, o vidro onde guardava a graça que havia roubado do anjo e vestindo a sua capa que havia ganhado saiu dali sem fechar a porta do carro ou dizer alguma palavra; somente seguiu o seu caminho como se o mundo ao redor não existisse mais, como se ela fosse a única coisa funcionando em todo aquele sistema cheio de maravilhas e falhas.

— Pra onde você está indo? Nuria? NURIA! -o loiro gritou o nome da morena se levantando rapidamente e pegando a sua mala que já estava pronta desde a loja de brinquedos e fechando o carro foi atrás dela.

A filha da escuridão em um último ato de controle do seu corpo colocou a graça dentro da caixa e fechando ela trouxe para perto do peito protegendo a mesma com a capa e com os braços de forma que ninguém que visse de fora pudesse notar o que era, mas como a Amara havia dito a capa protegeu a sua filha, os desenhos talhados na barra da capa se acenderam e sozinha o capuz foi colocado em sua cabeça.

Dean foi entrando na floresta e seguindo Nuria e se chocou no momento em que a sua capa acendeu mas ainda sim continuou seguindo ela principalmente porque não conseguia entender o porque cada vez estava entrando mais na floresta, e mesmo que estivessem seguindo uma trilha o loiro sabia que eles não estavam realmente indo pelo ponto turistico.

Eles andaram toda a trilha até chegarem finalmente no final dela onde encontraram a árvore especial que a morena havia visto nos chaveiros da loja de beira de estrada, ela era muito maior do que esperavam e no momento em que a morena parou em frente a árvore, e como se ela voltasse a ter controle do seu corpo caiu de joelhos, sentindo o quanto o seu corpo estava cansado.

— Você me queria aqui não queria? Eu estou aqui Caladriel, agora me diga o porque eu. -a morena falou baixo se deixando levar pelas suas emoções sem nem mesmo olhar para frente.

Por mais que depois de andar durante um longo tempo e estar quase que no ponto mais alto da montanha eles ainda sim não tinham visto nem mesmo o sinal de que o sol estava para nascer ou iria nascer naquele lugar; era como se tudo ali fosse ficar escuro por um longo tempo.

A filha da escuridão se sentou em cima dos seus calcanhares colocando a caixa no chão bem em frente a ela ao alcance de suas mãos, e olhou para cima observando a árvore mas sem deixar a touca cair de sua cabeça, ela viu algo diferente do que o loiro estava vendo. Dean via somente uma árvore diferente enquanto que a Nuria via muito além, ela conseguia ver as duas raízes se chocando e crescendo perfeitamente entrelaçadas como se fossem um encaixe perfeito.

— Não é somente uma árvore né? Elas se encaixam com perfeição e formam somente uma, como se estivesse nascidas para isso. -Nuria falou e diferente do Dean imaginava por ver a morena falando sozinha uma escada surgiu na frente dela que somente descia o que fez ela se levantar começar a seguir aquele caminho com a caixa sempre próxima ao seu peito e o loiro logo atrás dela.

A escada era longa e no momento em que eles começaram a descer não havia mais um jeito de retornar para cima, e quando chegaram finalmente ao chão se encontraram em uma casa simples de madeira, sem janelas e com somente duas poltronas no centro do quarto.

— Eu estava esperando por você escolhida, agora que você chegou posso te matar e provar que é errado ter alguém favorito. -um homem sentado em uma das poltronas falou não observando com atenção, somente dizendo a mesma coisa que dizia para todos.

— Você nem mesmo olhou em meu rosto, não sabe quem eu sou para dizer se sou a escolhida o que eu não sou, se quer me matar por favor espere eu dizer o que vim fazer aqui. -a morena falou se aproximando mas quando o loiro tentou fazer o mesmo foi impedido e mantido preso nos últimos degraus da escada.

— Você vem até aqui e me pede por favor? -o homem que até então não havia mostrado o seu rosto falou se revelando estar surpreso. - Você não quer poder para você?

— Eu quero ajudar duas pessoas importantes pra mim, não quero ser poderosa; poder somente vai me levar a um lugar onde eu não quero ir. -Nuria falou se aproximando e observando com atenção o rosto do homem vendo o quanto ele parecia estar tenso por ainda não conhecer o rosto de quem estava ali.

— Quem é você? E por que esconde o seu rosto? Me mostre quem você é. -o senhor que naquele momento não parecia ser tão velho mas algo nele dizia que ele era muito mais.

— Eu sou ninguém e ouvi pouco sobre quem você é Caladriel, eu me chamo Nuria. -a morena falou e a sua capa se acendeu abaixando a sua touca e revelando o rosto dela porém o que mais chamou a atenção foi os olhos castanhos marcantes como ele havia ouvido que eram o da Escuridão.

— Eu sei quem você é filha da Escuridão, não me venha com esse papo de que não quer poder quando eu sinto poder em você; o que está escondendo debaixo dessa sua capa? Me mostre ou eu encerro a nossa conversa agora. -o anjo falou rispido até o momento em que a filha da escuridão tirou a caixa de dentro da sua capa, não sem antes tirar a graça do anjo e guardar em sua mão.

— Você não é um anjo muito conhecido, tive muitas dificuldades em conseguir saber mais informações sobre você, mas pelo que eu vejo agora você não passa de um homem que passou tanto tempo sozinho não sabe mais quem é. -Nuria soltou ríspida na mesma medida guardando a graça em seu bolso, e se sentando na poltrona em frente à que ele estava e abrindo a caixa mostrando tanto a pedra quanto o galho da árvore dos frutos. - Construa o cajado pra mim, e então não vamos nos ver nunca mais como é o que eu planejo.

— Você acha que eu sou um anjo qualquer? mostre respeito a mim, tenho certeza de que um anjo como eu não merece que você venha aqui exigir algo de mim usando moletom. Se vista com repeito filha da Escuridão, e então podemos começar a conversar sobre algo que você não vai ter. -Caladriel falou se levantando e fazendo a morena fazer o mesmo deixando a caixa cair no chão, e quando ela percebeu já não estava mais com as suas roupas e sim com roupas que lembravam as que sua mãe usava, mas a capa ainda era a mesma.

— Construa o cajado Caladriel, eu somente preciso dele e então vou embora, não vamos nos ver nunca mais ou ouvir falar um do outro. Eu somente quero sair daqui. -a mulher falou levando a mão até o colar mas parando no meio do caminho o que não passou despercebido.

— Eu já vi Isso, quando se tem algo que ama quase não consegue se conter a não ser que tenha medo de machucar essa pessoa. -o anjo falou se abaixando para observar a caixa o que fez com que mostrasse um pouco do seu peito onde havia uma marca de tiro exatamente no coração.

E naquele momento, vendo aquela marca e sentindo o seu colar em contato com a sua pele a Nuria se lembrou claramente da história que o Matiel havia contado pra ela antes de entregar a sua graça; um anjo que havia dado a sua graça por amor. Enquanto que no canto da sala Dean somente observava tudo com atenção sem conseguir ouvir a conversa, restando para ele apenas continuar desejando que tudo acabasse logo e bem.

— Você diz sobre amor com convicção, e agora eu sei o porque, você é o anjo que deu a sua graça por amor e até mesmo sobreviveu a um tiro; eu sei mais sobre você do que você imagina mas ainda não entendo como pode haver tanto amor entre duas pessoas.

— É claro que você não entende, eu vim na terra como o grande Caladriel um dos poucos anos que tinham acesso direto a Deus e missões mais importantes que a dos arcanjos, eu era poderoso, todos me amavam e os humanos rezavam pela minha ajuda mas então Lúcifer se rebelou contra o céu deixando claro que não iria se ajoelhar diante dos humanos e assim foi mandado para o inferno com a marca do Caim; porém Deus começou a perceber que havia muito poder nas mãos de poucas pessoas que protegiam somente os seus e então se fez uma nova profecia.

— Que profecia?

— A profecia de que alguém com muito poder iria chegar para proteger aqueles que ainda não tinham ninguém para isso, e foi quando eu fui mandado para a terra para espalhar de forma complicada peças de um cajado que pertenceria a essa pessoa mas no momento em que cheguei na terra assumindo essa casca me senti perdido e confuso e uma mulher nunca havia visto nem eu e nem a minha casca me ajudou. No momento em que eu coloquei meus olhos nela me senti fora de mim, como se eu não tivesse mais controle do meu corpo e eu realmente não tinha mais.

— Você se apaixonou por uma humano no mesmo momento em que a viu? Isso é possível?

— Foi o que aconteceu comigo, eu me apaixonei por ela e como você já sabe depois que eu terminei a minha missão não consegui voltar para o céu e me afastar dela, eu decidi desertar do exército de Deus para ficar na terra com a minha humana, ela se chamava Rosa e era tão linda quanto a flor. Como estava na terra vivendo como humano e escondendo meus poderes eu passei a trabalhar e a seguir os lideres da época que eram Reis e Rainhas que foram os melhores líderes que já tiveram aqui.

— Se você estava se escondendo como os anjos te acharam? Você mesmo disse que era um anjo poderoso. -a morena perguntou realmente interessada naquela historia que ela conhecia somente por quem estava de fora.

— Eu abandonei o céu depois de completar a missão e foi no mesmo tempo em que Deus abandonou o céu, Miguel que estava no controle de lá não queria que eu ficasse na terra vivendo como um humano e ainda sim sendo adorado como um anjo, ele queria ser o único nas orações dos homens então mandou os arcanjos Gabriel e Rafael me buscarem mas quando eu eu falei que não ia eles me deram o que acharam que seria o meu maior castigo.

— Eles tiraram a sua graça.

— Exatamente, mas esse não era o pior castigo que existia pra mim e quando eles perceberam isso usaram a adaga dos anjos na Rosa e deixaram ela para morrer em meus braços, você sabe o que é ver a única pessoa da sua vida que você seria capaz de entrar na frente de uma bala por ela morrer em seus braços? Eu precisava fazer algo e quando fiz e a primeira coisa que ela fez foi falar que me amava, eu não conseguia mais nem imaginar viver sem ela.

— Eu sei a sua história, eu entendo o que você fez mas agora eu preciso do cajado. -a Nuria falou mas tanto ela quanto o anjo sabiam que não era verdade, ela falou mas não queria nem mesmo pensar naquela possibilidade.

 

P.O.V Nuria Hickman

— Não, você não merece o cajado ainda e você também não entende. -o anjo falou tocando a minha testa me fazendo desaparecer e surgir em em outro lugar com a mesma roupa mas quando olhei em volta era completamente escuro e não via as partes do cajado encontrei o Matiel parado perto de mim e parecia tão perdido quanto eu e o Caladriel parado distante da gente.

— Onde a gente está? Você realmente tá aqui? -perguntei me aproximando dele com ele fazendo o mesmo, parecia com um sonho mas era muito real.

— Sou realmente eu Nuria, está tudo bem, tudo vai ficar bem. -o moreno falou mas eu podia sentir uma coisa estranha em sua voz como se ele estivesse escondendo alguma coisa de mim, e aquele segredo era assustador.

E como se alguém lesse a minha mente Caladriel que estava distante observando fez uma arma aparecer em umas das suas mãos, e na distância que estávamos era um ponto a começar a se preocupar mas como se o Matiel já soubesse o que ia acontecer ele se colocou na minha frente no mesmo momento em que o outro anjo atirou contra mim, pegando no peito do ex Anjo que caiu de joelhos com a mão no lugar do tiro.

— Matiel? -falei me ajoelhando e fazendo o mesmo deitar, vendo a quantidade de sangue que saia da sua ferida mas os seus olhos ainda permaneciam brilhantes.

— Você está bem não tá? Não ta ferida né? -ele perguntou baixo com a voz quase se perdendo no meio da frase e começando a piscar de forma mais lenta.

— Você está ferido! Então por que está se preocupando comigo? -perguntei pressionando a sua ferida com uma mão e arrumando o seu cabelo que ainda estava comprido com a outra.

— Porque é mais importante você estar bem, porque então eu posso morrer em paz. -a voz do Matiel era tão fraca que eu mal podia escutar o que estava partindo o meu coração, e a cada segundo mais um pouco.

— Você não vai morrer… -sussurrei usando as duas mãos para estancar o sangue e no momento em que percebi que não estava conseguindo mais segurar o sangue em seu peito, comecei a chorar de forma silenciosa porque não queria assustar ele.

— Eu vou, eu sinto que vou mas tudo bem, eu não me importo.

— MAS EU ME IMPORTO! Você não pode me deixar aqui sozinha, eu não posso… Isso não é real, isso não pode estar acontecendo, isso é só um sonho ruim. -eu já não estava mais no controle do meu corpo, sentia aquela sensação de desespero em cada átomo do meu corpo.

— Isso é real Nuria, agora você sabe muito bem sobre o que eu estava falando, ele vai morrer é depois você vai morrer como eu tinha prometido. -Caladriel falou sorrindo.

— Eu posso salvar ele, eu sei que eu posso.

— Ele já vai dar o seu último suspiro, se despeça agora para não chorar de arrependimento depois.

E no momento em que o meu Anjo estava para dar o seu último suspiro como o Caladriel havia falado eu senti o meu coração se partindo e sem sentir o colar em meu pescoço, entrei em desespero, fazendo os meus olhos ficarem escuros como o céu em um dia de tempestade.

NÃO DEIXE ELE MORRER!—gritei pro homem em pé na minha frente mas tudo o que ele fez foi continuar parado me olhando como se nada estivesse acontecendo ali.

 

P.O.V TERCEIRA PESSOA

Nuria estava ficando fora de si, o desespero por estar perdendo o Matiel estava consumindo ela de forma tão profunda que ela não sabia mais o que estava sentindo, ela não sabia se havia um modo de aceitar o que estava acontecendo só sabia que cada átomo do seu corpo estivesse prestes a explodir. A morena olhou uma ultima vez para o ex anjo que somente sorriu pra ela de forma tão tranquila que nem mesmo a capa conseguiu conter o que ela sentiu, e antes que ele pudesse dar o seu último suspiro ela parou o tempo.

Seus olhos ficaram claros como o Caladriel nunca havia visto ninguém fazer, e no momento em que a morena olhou pra ele ela soltou a capa dos seus ombros e fez o que ela disse que não faria durante muito tempo.

— VOCÊ MATOU QUEM EU AMAVA, SOMENTE PARA ME DAR A CERTEZA DE QUE EU AMAVA ELE! EU ACHEI QUE ESTAR COM VOCÊ E SABER SOBRE A SUA HISTORIA ME FARIA UMA PESSOA MELHOR MAS O SEU ATO VAI ME FAZER SER A PIOR PESSOA QUE JÁ PISOU NA TERRA.

— O que você está fazendo? -Caladriel falou tentando se mexer mas nem ao menos conseguiu mover o seu braço dois centímetros.

— VOCÊ TIROU A PESSOA QUE ME FAZIA QUERER SER BOA, NADA MAIS JUSTO DO QUE DESTRUIR O MUNDO E SOMENTE DEPOIS TE MATAR. Você vai pagar pelo que fez ao Matiel. -a morena falou começando a flutuar mas diferente das outras vezes que era por proteção era por raiva e tristeza.

Um brilho ofuscante envolveu ela mas diferente das outras vezes que somente envolvia, agora o brilho estava tomando forma, formas que não traziam significado mas assustavam aquele que via, era tanto poder que estava saindo do que ela conhecia como descontrole e indo para a parte onde ela já nem sabia mais o que acontecia. A morena abriu os seus braços recebendo pronta para receber um raio bem em seu peito mas algo impediu que ele chegasse ao seu destino, e no momento seguinte eles estavam de volta a sala com duas poltronas.

 

Dean que estava congelado até aquele momento, acordou do seu transe vendo que a sua protegida estava desacordada na poltrona onde estava sentada e homem a sua frente que antes estava com as mãos vazias agora segurava um cajado e na outra mão um vidro com o que ele conhecia de longe como graça de anjo.

— O que eu fiz? O que aconteceu com o Matiel? -Nuria perguntou baixo colocando a mão na cabeça tentando entender o que estava acontecendo e se tudo o que eles tinham passado era real.

— Você demonstrou amor além de qualquer outra coisa. -o anjo falou sorrindo de verdade mesmo depois de toda aquela agitação.

— Eu não tinha entendido até agora, você não morreu junto com a Rosa como o Matiel tinha me contado, vocês envelheceram juntos a muito tempo atrás por isso a árvore especial; são dois frutos com encaixe perfeito crescendo juntos, eles representam você e o seu amor não é? -a morena falou se sentando na poltrona com mais atenção e olhando por cima do ombro vendo que o Dean continuava ali em pé, prestando atenção em tudo que acontecia.

— Exatamente, e por você agora entender isso eu acredito na profecia e sei que você vai ser uma boa pessoa que logo vai achar o seu propósito. -Caladriel falou sorrindo e colocando a graça do anjo na pedra do cajado. - E não deixe aquele que você chama por “meu Anjo” escapar, amor como o de um anjo só acontece uma vez.

— Eu vou fazer o melhor que puder.

— Seja mais como a sua Mãe, e menos como o seu pai, mulheres poderosas como você tem o mundo os seus pés. -o anjo falou sorrindo e no momento seguinte ele olhou para o céu como se estivesse em paz.

 

Dean e a Nuria abriram seus olhos vendo que não estavam mais na floresta ou na sala sem janelas e saídas, eles se encontravam ao lado do carro que ainda estava estacionado no posto de gasolina porém o que mais chamava atenção era o cajado que agora estava na mão da morena.

— Como você conseguiu? Durante todo o tempo em que ficamos lá eu não pude ouvir nada. -o loiro falou abrindo o carro para que a morena entrasse.

— Não importa como, o que importa é que eu quero ir logo para casa. -Nuria falou se sentando no banco de trás e deitando da melhor forma que conseguiu, colocou seu fone de ouvido escutando uma música qualquer com os olhos concentrados no cajado.


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Notas finais do capítulo

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Espero de verdade que tenham gostado, e que continuem acompanhando ♥



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