Mercy escrita por Jupiter


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

* a historia começa a se desenvolver nesse capitulo.
* você vão ver que Nuria é mais especial do que parece. Nem tudo sobre ela, vai aparecer nesse capítulo.
* cada capítulo vai ter um assunto central, e todos vão acabar girando em torno da Nuria.
* nas próximas semanas os capítulos vão entrar pela manhã.

Espero que gostem ♥



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"Não posso deixar de comparar a noite com ela. Obscura, vazia, fria e seca". — Gabito Nunes.

29 de janeiro de 2015

Cleveland, Ohio

 

A noite já começava a ficar mais fria e escura, as pessoas já não ficavam mais na rua nas praças ou até mesmo nas varandas dos apartamentos e prédios com exceção daqueles que por uma infelicidade tinham o céu como teto; tudo que rodeava aquele centro de dança dormia como acontecia em todos os outros mas somente aquele, que a muito tempo não tinha uma bailarina tão dedicada quando a Núria.

Ela já não tinha mais idade para continuar sendo bailarina profissional mas o que prendia a ali não era seu talento ou quanto ela se dedicava, e sim o seu ótimo jeito de fazer todos ali no estúdio se sentirem bem, todos sabiam que ela sempre foi a melhor e a que mais dava o seu coração para aquilo que amava.

Mas ninguém sabia o que Núria realmente guardava dentro de si e só mostrava a quem ela podia confiar a sua vida; ela era mais especial do que muitos acreditavam, mas mesmo ela já sabendo controlar os seus poderes ainda tinha medo de ser ela mesmo e usar eles, porque ser ela mesmo era perigoso.

Núria terminou de colocar sua roupa de treino e se sentou ali no chão mesmo em frente ao espelho, ela se encarava de maneira seria como se esperasse que dali saísse alguém que iria responder tudo que ela sempre quis saber mas nunca teve a quem perguntar; ela queria respostas que talvez só alguém de dentro dela pudesse ter e talvez em algum momento dividir com ela. Sem conseguir nada a morena começou a calçar as suas inseparáveis sapatilhas, que já trouxe grande orgulho para ela, e para o estúdio, as suas favoritas entre tantas...

O treino foi rápido mas o suficiente para que ela conseguisse esquecer os seus problemas e tudo que estava para começar a acontecer naquela noite; aquele dia fazia dois anos que o Bobby estava morto e seria a primeira vez que ela iria ter a sobrecarga sem um lugar exato para isso desde que a casa do Bobby foi destruída. Mas dentro dela ela sabia que não tinha com o que se preocupar, porque seria um dia diferente de tudo que ela com toda sua experiência iria presenciar.

 

P.O.V Núria Hickman

Terminei de guardar minhas coisas na mala que eu trazia e então me arrependi amargamente naquele momento em que sentei no banco em frente aos armários para colocar as botas; eu estava naquele momento com mais um par de feridas nos pés. Enxuguei os pés com cuidado e já coloquei as meias, e então me arrependi novamente por ter colocado botas de salto alto para ir até o estúdio mesmo que só fosse andar do carro até a porta e assim vice versa.   

Sai pelas portas dos fundos trancando ela com a chave que foi presente depois de vinte anos na mesma academia de dança, fui andando devagar segurando a mala em uma mão com firmeza enquanto que com a outra tirava a chave do carro de dentro do bolso da calça indo em direção ao mesmo; era um carro simples, o que o dinheiro da academia e a pensão que meu pai dava mensalmente conseguia pagar.

A rua lateral da academia que era onde o carro estava parado, hoje estava mais escura do que o normal mas eu sabia que naquele horário e com aquele frio não teria mais ninguém na rua e eu estava escondendo o meu medo atrás dessa certeza que eu tinha.

Quando avistei o carro, parecia que a cada passo que eu dava o ambiente a minha volta ia ficando ainda mais frio, eu já podia ver o ar frio saindo de dentro da minha boca e meus dedos da mão começando a congelar.

Quando finalmente cheguei ao carro senti meu corpo sendo paralisada no meu lugar, quando um clarão aparece em minha frente e no reflexo de me proteger usei os meus poderes para afastar aquele homem de sobretudo para longe de mim; mas do mesmo jeito que joguei ele contra a parede do beco, ele fez o mesmo comigo me fazendo bater na parede de tijolos porém antes que eu pudesse cair no chão, o mesmo me segurou em seu colo e no momento que meu corpo entrou em contato com o corpo dele pude presenciar uma paz enorme que me fez entender eu que aquele ser se travava de um anjo.

— Eu não vim com intenção de te machucar Núria, e sinto muito se te machuquei. -Ele falou com a voz doce enquanto me colocava no chão.

— Quem é você? -perguntei com firmeza, sem demonstrar medo.

— Eu sou um anjo do Senhor, e vim com a missão de te guiar; uma nova parte da sua vida vai começar e você vai precisar de ajuda para isso, dentro da sua mala você vai encontrar um endereço e quando você chegar lá vai receber novas instruções.

E então a pessoa que dizia ser um anjo do senhor, foi embora do mesmo jeito que apareceu na minha frente, de uma hora pra outra sem deixar nenhum rastro ou mais informações. Abri a porta do carro com a chave jogando a minha mala no banco do passageiro e logo abrindo a minha mala em busca do endereço; era um envelope branco e tinha uma escrita em uma letra bonita e nele tinha uma localização.

Joguei o envelope em cima da mala fingindo não estar realmente interessada em tudo que o anjo disse em relação ao meu futuro incerto, coloquei a chave na ignição e escutei aquele barulho característico do Dodge challenger 1970; usei como sempre o máximo dele pra chegar mais rápido até o pequeno apartamento que eu dividia com o meu pai, que não era mais o mesmo a muito tempo, esse ano ele já não se sentia tão jovem a idade tinha chegado e com ela um preso que todos vamos pagar um dia.

Sai do carro levando a minha mala e a minha bolsa mas colocando o envelope no porta luvas do carro onde ninguém iria mexer, assim que tranquei a porta do carro e me olhei no vidro do carro vi o reflexo do meu olho mudando de cor então soube que não tinha muito tempo para pensar.

Fui andando até o terço andar, optei por não usar o elevador mesmo que meus pés implorasse por isso; era uma regra de segurança do meu pai e mesmo que antes eu não seguisse, passei a seguir agora para deixá-lo feliz. Quando cheguei no nosso andar senti uma sensação estranha então peguei a arma que sempre carregava na minha bolsa e fui com ela em mãos até o final do corredor; assim que me aproximei da porta que ficava no final do corredor, vi o sigilo contra demônios a mostra o que indicava que ele tinha sido quebrado.

Passei a mala e a bolsa pelo corpo, assim deixando as mãos livres para segurar a arma com mais firmeza na mão, eu tinha um treinamento base mas que ajudava muito quando era necessário; esperei algum tempo na porta tentando escutar alguma coisa mas tudo o que eu conseguia escutar eram coisas sendo jogados no chão e parecia ser no meu quarto.

Quando entrei pela porta da sala vi as malas que eu usava para carregar as correntes que eu iria usar esse fim de semana, todo os móveis da sala estavam revirados e molhados pelo que parecia ser gasolina; o plano deles já estava pronto na minha mente, eles iriam colocar fogo no apartamento para destruir tudo.

Da porta de entrada era possível ver toda a sala e a cozinha e a porta do meu quarto onde era possível escutar eles reviraram as minhas gavetas, quando dei os primeiros passos para dentro da sala vi uma poça de sangue se formando atrás do sofá perto da janela corri até lá já imaginando que deveria ser o meu pai. Me agachei ao seu lado vendo a poça de sangue aumentando ao seu redor, a sua mão estava mantendo pressionada uma ferida em seu peito, coloquei minha arma no chão e com carinho me aproximei mais dele colocando minha mão no lugar da sua estancando o sangue.

— Tá tudo bem pai, eu estou aqui com você, vai ficar tudo bem papai. -sussurrei pra ele, tomando cuidado para as outras pessoas que estavam no apartamento não escutarem.

— Minha filha, eu sei o que vai acontecer comigo, mas eu preciso que você entenda isso e não deixa que isso te afunde; você precisa seguir o seu coração e jamais esquecer que tanto eu quanto a sua mãe amamos você não importando o quão diferente você é. -ele falou devagar com cara de dor, me fazendo derramar ainda mais lágrimas em seu rosto, se misturando com as dele. Escutei um barulho mais alto no quarto indicando que eles estavam voltando pra sala e que o meu tempo com ele já estava acabando.

— Eu sei que o Senhor me ama, e sempre carrego comigo o colar da mamãe para me lembrar que ela amava a gente.

Ele apontou pra minha mala no canto da porta e depois levantou os olhos para a janela que dava na escada de incêndio, assenti com a cabeça entregando o isqueiro que ficava na sala para emergências pra ele; e com cuidado voltei para perto da porta pegando minhas outras malas vendo o quanto seria difícil correr com elas.

Olhei pro meu pai uma última vez no mesmo momento em que os dois demônios entraram na sala saindo do meu quarto, eles começaram a tirar na minha direção no mesmo momento que meu pai acendeu o isqueiro jogando ele no meio da sala, iniciando um incêndio.

Então naquele instante me vi bem no meio de dois perigos que poderiam me matar de uma maneira dolorosa e que não sobraria nada; com as duas mãos ocupadas não conseguia usar os meus poderes para afastar eles de mim, então a única solução era correr. Corri até a janela tentando fugir dos tiros e joguei as malas através do vidro quebrando ele e facilitando a minha passagem por ela mas antes que eu conseguisse passar pela janela, um dos demônios jogou uma das labaredas em cima de mim queimando a minha perna.

Com o susto escorreguei e acabei empurrando as malas com as correntes da escada que por pouco não atingiram o carro que estava parado na calçada; olhei pra baixo vendo a minha perna queimada mas não dei importância pra ela naquele momento, também joguei a mala da academia que estava comigo lá embaixo e me levantei começando a correr escadas abaixo com a chave do carro na mão.

Abri o porta mala do carro jogando as malas lá dentro e dando a ultima olhada no apartamento que o fogo já tinha tomado conta, assim que sentei no lugar do motorista eu soube que teria que recomeçar a minha vida e que agora iria ser diferente mas ao sair com o carro de lá e olhei o porta luvas, eu sabia para onde ir naquele fim de semana.

[...]

Foram doze horas de viagem sem paradas mesmo com dores alucinantes na perna por causa da queimadura, e dores no corpo pela queda na escada de incêndio; uma viagem de Ohio até o Kansas não era fácil, mas assim que  passei de um determinado lugar o meu celular parou de funcionar e a única coisa que eu pude ver era o que parecia ser um Bunker.


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Notas finais do capítulo

roupa Nuria: http://www.polyvore.com/cap2/set?id=208950072

Até o próximo sábado ♥



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