Go Rogue! escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 16
Capítulo 16 – A Força estará com você, sempre




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Capítulo 16 – A Força estará com você, sempre

“Quem você está esperando em Jakku não voltará jamais.”

Aquela frase martelava no coração de Rey como se a cada vez que a repassava em sua mente levasse uma dolorosa pancada. Era a primeira vez que conseguia parar para pensar nisso desde que ouvira as palavras de Maz Kanata. Olhou para os quatro cantos de seu quarto na Millennium Falcon, sem ter a mínima ideia de que sua mãe, muitos e muitos anos atrás, já dormira naquele mesmo quarto algumas vezes. Era uma espécie de quarto de hóspedes, mas ainda assim aconchegante e Rey gostava dele, de forma que o transformara em seus aposentos oficiais dentro da nave. O vazio e o silêncio com os quais aprendera a conviver em Jakku agora lhe causavam tristeza e dor, talvez pela imensa quantidade de novas informações rodando em sua cabeça, e o fato de sua vida ter mudado completamente com o simples ato de ajudar um droid perdido. Quatorze anos atrás seus pais a abraçariam e lhe falariam do quão bela pode ser a vida, apesar de todas as coisas ruins. E lhe contariam as histórias que ela adorava ouvir sobre os Jedis e sobre como os Rogue One provocaram a destruição da primeira Estrela da Morte.

“Quem você está esperando em Jakku não voltará jamais.”

As palavras de Maz Kanata pesaram outra vez em seu coração e seus olhos se encheram de lágrimas. Olhos verdes como os de sua mãe. Seu pai costumava falar do quanto era parecida com ela, a cor dos olhos, as mesmas sardas, a mesma coragem. E sua mãe falava do que tinha de seu pai, o mesmo carinho, o talento para cuidar de droids e máquinas, ainda que só tivesse cinco anos... O cabelo louro escuro, uma mistura dos dois. E suas discussões com K-2SO, o droid imperial reprogramado por seu pai bem antes dela nascer, antes mesmo dele conhecer sua mãe e os dois se envolverem na história da Estrela da Morte.

Rey morria de rir ouvindo a constante troca de farpas entre sua mãe e K-2, que sempre terminava com ela sorrindo e o droid confuso ou indiferente. Seu pai dizia que Rey tinha o mesmo talento da mãe para encurralar K-2 durante um diálogo, mesmo que não fosse proposital, afinal ela era apenas uma criança. Rey sorriu, mas seu sorriso desapareceu nas lágrimas que ela desistiu de conter.

“Fique aqui, eu voltarei para você, eu voltarei, querida, eu prometo!”

 Por que não voltariam jamais?! Não tivera tempo de esclarecer isso. Estavam mortos? Ou apenas não voltariam para Jakku , mas estavam em algum outro lugar? Presos talvez? E como Maz Kanata poderia saber disso?! E K -2? Ela voltaria e esclareceria isso ao fim da missão. E começava a desconfiar que Han sabia de alguma coisa, mas agora ele estava morto. Com sorte descobriria algo com Chewie.

Rey passou mais longos minutos sozinha, deixando que as lágrimas e a dor acumulada por quatorze anos se libertassem. De repente pensou em Finn, queria que ele estivesse ali, e se perguntou se estaria bem, e acordado. Secou os olhos, precisava recuperar o foco.

“Nunca perca a esperança. Rebeliões são construídas com esperança, Estrelinha.”

As palavras de seus pais ecoaram em suas lembranças, e quando julgou estar com melhor aparência, saiu do quarto e encontrou Chewie que passava pelo corredor. O wookie a olhou preocupado e emitiu um grunhido triste. Rey lhe deu um sorriso entristecido, mas sincero.

— Queria que Finn estivesse aqui... – confessou – E BB 8. E Han...

O wookie assentiu com a cabeça e seus olhos se encheram de tristeza, assim como os de Rey ao mencionar o melhor amigo que Chewie perdera de forma cruel. A garota abraçou o alienígena, que a retribuiu prontamente enquanto emitia alguns murmúrios tristes.

— Me desculpe.

                Chewie a respondeu com mais um som que para qualquer outro seria incompreensível.

                - Tá tudo bem.

                Se afastaram e Chewie reagiu com outro ruído, buscando uma confirmação do que sua nova comandante dissera. Rey balançou a cabeça afirmativamente e trocou um sorriso com ele, vendo-o seguir na direção da cabine do piloto.

******

Cassian entrou correndo no quarto ao ouvir o choro da filha de quatro anos. Eram seis da manhã. Normalmente Rey acordava entre seis e meia e sete. A menina havia aparecido no quarto dos pais de madrugada de mãos dadas com K-2 implorando para dormir com eles depois de um sonho estranho.

— Shh... Papai está aqui, está tudo bem, querida – a tranquilizou a abraçando e beijando seus cabelos.

A pequena o abraçou com força e passou mais dois minutos chorando enquanto Cassian a balançava de leve. Jyn também apareceu no quarto, com preocupação tomando seus olhos verdes, e sentou ao lado dos dois, unindo-se ao abraço e também beijando o cabelo louro escuro da filha.

— Precisa de ajuda lá fora? – Cassian perguntou baixinho.

— K-2 vai terminar.

Ele assentiu e voltaram sua atenção para a filha, agora mais calma. Jyn abraçou a garota olhando em seus olhos, iguais aos dela, e observando no rosto da filha as mesmas sardas que haviam no seu.

— O que houve, meu amor?

— Viu fogo e chuva forte numa noite escura de novo? – Cassian perguntou.

— Eu fiquei sozinha no deserto, todo mundo foi embora. Eu gritei e ninguém voltou. Alguém me puxou pra eu ficar. A nave foi embora. Prometeram que iam voltar e foram embora – ela falou deixando novas lágrimas caírem por seu rosto.

O casal se entreolhou preocupado. Sabiam que Rey era sensível à Força desde antes de nascer. O cristal kyber de Jyn às vezes brilhava quando Rey se mexia a partir do quinto mês de gravidez e havia brilhado intensamente no momento em que ela nasceu. A menina começar a ter sonhos estranhos e ruins tão cedo não podia ser um bom sinal. Quinze anos haviam se passado da batalha de Scarif até seu nascimento, mas a ameaça do Império continuava presente.

— Nós não vamos a lugar algum, querida – Jyn lhe disse secando suas lágrimas e beijando sua testa.

— Eu vi neve – Rey disse com a voz infantil ainda um pouco afetada pelo choro – E as vozes. Tinha alguém correndo atrás de mim – ela apertou os olhos ao falar isso, tentando não chorar de novo, mas logo os abriu outra vez. 

— Quem, Rey? – Cassian quis saber. 

— Eu não sei. Eu acordei.

Jyn abraçou a filha, sentindo-a abraçá-la de volta com toda a força que seus bracinhos permitiam, e olhou para Cassian de novo. Ele podia ver o medo e a dor nos olhos verdes, e sabia que o mesmo podia ser visto nos seus castanhos. Beijou o rosto da esposa numa tentativa de tranquilizá-la e abraçou as duas.

Mais cedo Rey dissera também ter ouvido vozes, incluindo a do amigo de Luke, que eles sabiam ser Yoda. E ela vira o próprio Luke junto a um dos droids da Aliança, cuja descrição dada por ela se enquadrava no R2-D2, na chuva. Sonhos nítidos, com indivíduos e lugares que eles reconheciam, mas Rey nunca havia visto.

******

— Estou com medo, Cass.

Jyn estava sentada num banco e olhava pela janela Rey correr e rir em volta de K-2 na grama, como se jamais qualquer sonho ruim tivesse nublado seu sono naquela manhã. 

— Eu estaria mentindo se dissesse que não sinto também. Mas precisamos tentar entender o que foi isso. Sabemos que alguém pode nos ajudar. Mas vamos pensar um pouco e tentar tirar a cabecinha dela dessas coisas por enquanto. 

A rebelde assentiu e continuou olhando pela janela. Cassian a abraçou por trás e Jyn se permitiu enterrar-se em seu abraço. O capitão beijou seus cabelos e depois procurou seus lábios. Trocaram um beijo e um sorriso, voltando a ficar abraçados como antes, mas dessa vez Jyn repousou suas mãos sobre as de Cassian, entrelaçando seus dedos. Do lado de fora Rey sorriu para os dois, e involuntariamente sorriram de volta.

******

— Por que tamanha insistência? Cassian inseriu dados em minha programação, sei como segurar uma criança, apesar da função de babá não se enquadrar nem um pouco em meu sistema.

— Não custa testar – Cassian respondeu sentando-se ao lado do droid.

Jyn estava deitada, K-2 e Cassian sentados ao lado dela. O droid segurava um embrulho de cobertores com a recém-nascida de apenas algumas horas. A pequena se mexia um pouco e apesar das reclamações costumeiras, K-2 parecia interessado em observá-la, o que fez Cassian sorrir.

— Ela parece muito com você – ele falou olhando para Jyn.

— Eu também acho – ela sorriu – Mas tem algo de Cassian no rostinho dela também.

— Realmente.

O quarto caiu em silêncio de repente, quebrado por K-2.

— Continuam preocupados só porque um cristal kyber brilhou?

— Você sabe que não é um cristal qualquer – Cassian lhe disse – Isso confirma que Rey é sensível à Força. E levando em conta que as ameaças ao bem estar do universo continuam mesmo depois do que aconteceu em Scarif, o futuro de Rey nos preocupa.

— De fato – Jyn falou – Mas... Por hoje, Cass, vamos tentar seguir K-2 e não nos importar muito com isso. Nossa Estrelinha chegou finalmente, hoje devemos celebrar a vida dela. E assim como nós, ela sempre terá esperança. Seja o que ela tiver que enfrentar, vamos nos certificar de que ela sempre se lembre, rebeliões são construídas com esperança.

— Você está certa – o capitão sorriu.

Rey emitiu um murmúrio de choro e K-2 tentou acalmar a bebê a balançando de leve, deixando o casal imensamente feliz diante da cena. Quando Rey dormiu, Cassian a tirou dos braços do droid, que se retirou para realizar alguns afazeres cotidianos de seu trabalho com Jyn e Cassian na base rebelde que comandavam. Deitou a pequena junto com Jyn e deitou ao lado das duas.

— Eu te amo – a rebelde disse baixinho.

— Também te amo.

Selaram seus lábios num beijo doce que durou por alguns segundos e voltaram sua atenção para a criança entre eles.

— Amamos você, querida. Que a Força esteja com você – Jyn falou para a pequena.

— A Força estará com você, Rey, sempre.


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Notas finais do capítulo

A quem interessar, esse é o link de uma das teorias nas quais me baseei pra escrever esse cap:

https://moviepilot.com/posts/3860636



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