Go Rogue! escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 15
Capítulo 15 – Até o fim, por todo o caminho


Notas iniciais do capítulo

Capítulo que surgiu de um dos comentários de Emma, que lembrou que K-2 pensava que Jyn daria um tiro em Cassian a qualquer momento depois daquela cena do blaster. xD Obrigada pela ideia. =D Espero que gostem. ♥



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Capítulo 15 – Até o fim, por todo o caminho

Cassian andava pela nave, preparando tudo para a decolagem em alguns minutos.

— Por que ela tem um blaster e eu não? – K-2 perguntou em tom indignado.

Cassian parou o que fazia por um segundo para se virar na direção de Jyn.

— O que?! – Perguntou confuso e em alerta.

Jyn estava sentada atrás deles com um blaster A180 nas mãos.

— Eu sei como usá-lo – ela lhe disse.

— É disso que eu tenho medo – falou andando devagar na direção dela – Me dê isso – pediu com calma estendendo a mão.

K-2SO se virou com expectativa na cadeira giratória para olhar para os dois.

— Vamos pra Jedha – ela rebateu – É uma zona de guerra – falou firmemente.

— Onde o conseguiu? – Cassian questionou recolhendo a mão de volta.

— Eu encontrei – ela falou simplesmente.

— Acho essa reposta vaga e pouco convincente – K-2 falou da cabine do piloto.

Os três ficaram em silêncio durante algum tempo.

— A confiança vem dos dois lados – Jyn disse enquanto ainda se encaravam.

O capitão olhou no fundo de seus olhos claros, procurando qualquer mínimo sinal de traição ou ameaça, mas não encontrou. Fitou o chão enquanto refletia. Podia até se arrepender mais tarde, mas ela parecia sincera. Naqueles olhos ele só viu força e o mesmo tom de desafio de sempre. A encarou uma última vez em assentimento, e foi se sentar ao lado de K-2.

— Vai deixá-la ficar com ele?! – O droid perguntou de fato indignado – Gostaria de saber a probabilidade dela usá-lo contra você? – Insistiu quando Cassian o ignorou e continuou a arrumar o cinto de segurança – É alta – disse olhando para o painel de controle da nave.

— Só vamos continuar – Cassian respondeu colocando os fones nos ouvidos.

— É muito alta – falou por fim, mesmo sabendo que Cassian já estava decidido.

******

Estavam em cerca de metade do caminho até Jedha, a nave ficaria em piloto automático por algum tempo. Cassian dormia ainda sentado na cadeira do piloto, dormir era algo de que ele tinha se privado bastante nos últimos dias, tudo para resgatar uma criminosa que nem conheciam, e em quem K-2 estava certo de que não podiam confiar, e que nem queria ser resgatada, somente solta, para fugir de novo em seguida, o que o droid conseguira evitar.

Andando pela nave, K-2 viu Jyn sentada no mesmo lugar de antes, observando Cassian dormir, e o droid pensou ter visto um sorriso amigável passar rapidamente por seus lábios, mas ela ficou séria de novo tão rápido que K-2 não podia ter certeza. Instantaneamente verificou a localização do blaster, estava preso em um coldre em sua perna direta.

— Não estava esperando ele dormir pra matá-lo se é isso que está pensando.

— Não vamos matar você também se é o que está pensando, desde que não faça nada para provocar isso – o droid lhe disse.

— E quem seria meu cão de guarda em Jedha? Você?

— Não podemos deixá-la morrer até a missão se completar, a menos que estritamente necessário.

— Resposta vaga e nada convincente – ela rebateu.

O droid ficou em silêncio.

— Desde que encontrei esse blaster você tomou mil notas das possibilidades de eu matar seu capitão, mas até agora só eu recebi ameaças diretas e indiretas sem ter dito mais nenhuma palavra desde que partimos.

— É meu dever proteger o capitão de todas as formas, mesmo se você não estiver bem com isso.

— Todo mundo aqui tem o direito de se proteger. Estou completamente sozinha há anos, sempre cuidei de mim mesma sem esperar pela ajuda de ninguém, e não pretendo mudar isso agora. Você precisa confiar nas pessoas muitas vezes, mas isso não quer dizer que tenha que contar com elas quando as coisas ficam ruins, porque sempre há a probabilidade de não haver ninguém lá pra você ou de você abrir os olhos de repente e descobrir que está sozinho ou que foi deixado pra trás.

— Eu não entendo sentimentos humanos – K-2 falou e saiu para outro lugar.

Cassian havia girado a cadeira para a frente outra vez ao despertar e ouvir a conversa do droid com a rebelde, mas não dera sinais de estar acordado. As últimas palavras dela lhe deram a pista de alguma traição no passado, de alguém que ela confiava muito. E ela falara de solidão... Sozinha, completamente sozinha... O capitão inspirou fundo, sentindo um aperto no peito ao pensar em sua própria vida. Sozinho, completamente sozinho... Ele confiava em Mon Mothma e em seus amigos da Aliança, e agora tinha K-2, mas ainda assim... Confiar nas pessoas não queria dizer que elas estariam ali pra você quando as coisas fossem mal. Talvez Jyn Erso tivesse um coração... Talvez fosse alguém mais além de uma criminosa perigosa que serviria de instrumento para os planos da Aliança. Ele estava sobrevivendo e lutando sem parar desde os seis anos de idade. Ele estava sobrevivendo e lutando sem parar desde os seis anos de idade. Havia dito isso cruelmente a ela como se a dor dela não importasse. Desde quando Jyn estaria lutando?

******

K-2 estava pilotando a nave, chegariam em Jedha em poucas horas. Cassian repassou os planos da missão em sua mente e andou pela nave procurando por Jyn. Havia lhe mostrado um dos quartos para que ela pudesse dormir se desejasse. A rebelde havia se recolhido há cerca de uma hora, e K-2 ficara insistentemente vistoriando a porta do dormitório e observando Jyn, ainda que ela tivesse por vontade própria deixado a porta entreaberta. E ele não esquecera de relembrar Cassian várias vezes da possibilidade dela matá-los e roubar a nave antes que percebessem.

Chegou até a porta do dormitório, vendo Jyn dormir serenamente na cama de baixo de um dos beliches. Ela tirara apenas as botas, o blaster continuava preso no coldre, talvez uma tentativa de evitar que K-2 o roubasse dela facilmente caso ele decidisse fazê-lo. Ou simplesmente o medo alimentado por anos. Cassian podia se lembrar das horas horrorosas que passara após ver seus pais serem mortos e sua casa pegar fogo. Ele se escondera entre as árvores e rochas, e decidiu se armar com um galho pontiagudo que encontrou no chão, e mesmo quando acabou adormecendo pelo cansaço, não o largou. Então ele despertou sendo resgatado por Mon Mothma horas depois.

O rosto adormecido parecia sereno e relaxado como se há anos ela não dormisse. Cassian analisou suas expressões. Em primeiro lugar ele não podia negar que ela era bonita. Podia ser arredia, desconfiada, sarcástica, completamente imprevisível, agressiva, e até perigosa como todos julgavam, mas bonita mesmo assim. Ainda não confiaria nela, durante os anos sozinho e em meio à guerra contra o Império ele aprendera a não confiar em absolutamente ninguém tão rápido. Mas aquele rosto calmo não parecia pertencer a uma pessoa má. Jyn Erso podia não pertencer a nenhum dos dois lados, podia abominar o Império, não se aliar à Aliança, preferir viver sozinha e sob as próprias regras, mas a julgar pelo que Cassian podia ver até agora não parecia a pessoa que K-2 jurava que lhe daria um tiro na primeira oportunidade em que pudesse fazer isso e fugir em seguida.

Se pegou pensando novamente no quanto fora duro com ela desde que a haviam resgatado e no estrago que a solidão de tantos anos devia ter feito nela. Ele tivera Mon Mothma, fizera amigos, encontrara um lar e algo pelo que lutar, e agora tinha K-2. E Jyn? Quem esteve lá para ela? Onde tinha vivido por todo esse tempo? O que fizera para o Império capturá-la e prendê-la num campo de prisioneiros com trabalho forçado? Talvez tivessem tempo de conversar sobre isso depois que a missão acabasse, se ela não fugisse, e se os dois sobrevivessem. Ele recuou instintivamente quando Jyn se mexeu em seu sono e inspirou fundo. Pensou se estaria sofrendo um pesadelo, mas seu rosto continuou calmo. Devia ser um reflexo de dias de exaustão, uma situação que ele conhecia bem. Ela se mexeu outra vez e os olhos verdes se abriram. Piscou algumas vezes e sentou-se na cama, passando as mãos pelo rosto antes de despertar totalmente. Ela olhou em volta e virou-se para colocar os pés no chão. Ia calçar suas botas, mas notou Cassian do lado de fora.

— Chegamos?

— Ainda não.

— Veio me vigiar com medo de eu te matar também? Você pode abrir a porta, prometo que não vou te morder, nem atirar em você.

Cassian assim o fez.

— Estava passando... E me parece que você não dorme há dias, talvez meses.

— Como você.

Ficaram em silêncio enquanto Jyn calçava suas botas.

— Me desculpe se ficou mal com o que eu disse antes.

— Você disse muita coisa.

— Há quanto tempo está vivendo assim? Fugindo e correndo? Não mora em algum lugar?         

Jyn finalmente entendeu a que ele estava se referindo.

— Eu nasci nessa luta. E a minha casa pegou fogo quando eu tinha oito anos, foi a última que eu tive.

Jyn ficou em silêncio, refletindo se valeria a pena contar a ele uma parte de sua história e se havia motivos para isso. Não havia, mas decidiu continuar, porque também não havia motivos para não contar.

— Não lembro de muita coisa, mas quando eu era muito pequena me lembro de ter visto o medo nos olhos da minha mãe, e pouco tempo depois meu pai nos levou pra morar em Lah’mu. Eu não entendi porque estávamos fugindo, mas três anos depois os imperiais nos acharam, mataram minha mãe e tudo que eu pude fazer foi correr enquanto nossa casa pegava fogo e os stormtroopers me procuravam. Eu tinha oito anos. Nunca mais eu vi meu pai.

— Não pode ter sobrevivido sozinha desde esse dia.

— Não. Alguém me ajudou. A confiança vem dos dois lados, mas anos depois eu descobri que não era assim com ele.

Cassian ficou em silêncio e praticamente tudo que ele sabia e pensava sobre ela começou a mudar naquele instante. Ela vivera o mesmo horror que ele, e depois ficara sozinha, por anos, sem uma única pessoa ou droid ao seu lado, sem nenhum apoio ou conforto, e sem casa ou qualquer tipo de abrigo para quando chovesse, ou quando precisasse descansar, ou caso ela se ferisse. Cassian tinha muitas cicatrizes feitas em batalha, e tinha certeza que ela também. Ele sempre tivera a Aliança ao seu lado para socorrê-lo nas vezes que quase morreu, e agora se perguntava como Jyn ainda estava viva. Acreditava que o encontro com Saw Guerrera poderia responder muitas dessas perguntas. Jyn ficara contrariada e brava ao ouvir falar nele, e Cassian começava a suspeitar que ele fora o causador da mágoa que Jyn deixava transparecer de vez em quando.

— Eu sinto muito.

— Não sinta. Ainda estou viva. E quando essa missão acabar vamos cada um pra um lado de novo.

— Se tudo correr bem, a Aliança vai ajudar você. Não quebramos nossas promessas.

— Aquele general não parecia disposto a me ajudar.

— Ele sozinho não é a Aliança. E assim como eu e você, todos ali passaram por traumas. Draven tem motivos pra ser agressivo e excessivamente desconfiado. Mas se não fosse a Aliança eu estaria morto. Eu não vou discutir onde estava a Aliança quando o Império encontrou você e sua família, Jyn. Mas se Mon Mothma prometeu ajuda, a Aliança vai te ajudar.

— Não muda muito as coisas. Ainda não terei um lugar pra onde voltar ou alguém me esperando, mas ficarei feliz se conseguirmos acabar com isso.

******

— Estou surpreso que esteja preocupada com a minha segurança – O droid perguntou desconfiadíssimo.

— Eu não tô. Só tô preocupada que errem você e acertem em mim.

— Se eu ou você morrermos em Jedha, não fique surpreso. Depois não diga que eu não avisei – K-2 falou para Cassian, sem pouco se importar que Jyn estivesse ouvindo.

******

K-2 e Bodhi se entreolharam enquanto comandavam a nave e ouviam Jyn e Cassian brigarem em outro lugar. A rebelde não estava aceitando bem a ideia de que Cassian planejara matar seu pai, ainda que ele tivesse escolhido não fazê-lo, mesmo antes de perceber que Jyn estava lá também.

— Isso é frequente? – Bodhi perguntou baixinho.

— Não, normalmente ela está brigando comigo.

— Então ela é mesmo arredia?

— Não, mas fala tudo que realmente pensa, como eu.

Bodhi olhou para o droid, confirmando suas suspeitas de que Jyn era pacífica se não provocada. Ouviram uma porta bater e trocaram outro olhar.

— Eu aprendi a não me meter – K-2 falou – E isso reduz muito as chances dela atirar em nós a qualquer momento.

— Ela faria isso?

— Cassian acha que não, mas estou sempre alerta. Cuide da nave, não posso arriscar ter meu capitão morto agora – o droid falou se levantando e seguindo para mais perto de onde a porta havia batido.

No refeitório da nave Cassian observava Jyn sentava e quieta em uma das cadeiras. Os dois ainda estavam encharcados da chuva. Aquele silêncio perturbador durou por mais alguns segundos e apesar de Jyn estar com a cabeça baixa, ele pode vê-la chorar, silenciosamente. Não mais por raiva, mas por seu pai. Tudo fora tirado dela, e quando depois de mais de dez anos ela finalmente encontrava uma luz, esta havia sido apagada quase que instantaneamente. Ela chorou por vários minutos, sem se importar que Cassian a estivesse observando ou que os dois estivessem começando a tremer por causa do frio.

O capitão sentou ao seu lado, um tanto receoso de que ela ficasse zangada com isso, mas ela só continuou chorando. Pôs uma mão no ombro da rebelde, na tentativa mais suave de consolo. Jyn não queria chorar, ainda mais na frente de alguém que conhecia há tão pouco tempo, mas por algum motivo sentia que não precisava temer que Cassian visse suas lágrimas, e ele realmente não havia puxado o gatilho, mesmo quando podia ter matado até ela mesma junto sem grandes problemas com isso, mas não o fez, e ainda havia conseguido atrasar o ataque dos rebeldes para salvar a vida dela. Os dois estavam ficando cada segundo mais gelados, mas a mão dele sobre seu ombro parecia quente e acolhedora. Nenhuma palavra era trocada, nenhum outro movimento era feito, mas isso era tudo que Jyn precisava agora, o que ela precisara tantas vezes em todos aqueles anos sozinha, alguém que somente a escutasse, ainda que o único som agora fosse o de suas lágrimas, alguém que somente estivesse ali ao seu lado compartilhando de sua dor, sem nenhuma necessidade de palavras ou gestos.

— Eu sinto muito, Jyn – ele falou baixinho depois de muito tempo quando ela conseguiu se acalmar e ficar em silêncio.

O tom da voz de Cassian denunciava o peso da culpa que sentia, mesmo que não tivesse atirado.

— Não foi culpa sua – Jyn respondeu num sussurro.

— Nem sua.

Mais silêncio.

— Jyn... Precisamos nos trocar, é melhor não arriscarmos nenhum resfriado. Eu vou sair primeiro e dar alguma ocupação a K-2 e Bodhi pra mantê-los fora do caminho daqui até o dormitório. Descanse pelo resto da noite, não tem que responder mais nenhuma pergunta hoje.

— Você também precisa se cuidar.

— Vou fazer isso.

Cassian saiu do local, fechando a porta e dando de cara com K-2 no fim do corredor.

— Bodhi não está precisando de ajuda? Ele já se trocou? Não podemos nos dar ao luxo de adoecer.

— Ele já está bem, está pilotando.

— Vá ajudá-lo.

— Vai deixá-la sozinha lá pra que além de um blaster ela possa se armar com uma faca?

— K-2, por favor! – Cochichou para o droid – Ela acabou de perder o pai. Ela pensou que nunca mais o veria, e quando o encontrou o perdeu no instante seguinte. Ela precisa ter um tempo com ela mesma agora.

— E se ela ficar zangada com você de novo? Quer saber das probabilidades dela estar montando um verdadeiro arsenal nesse momento?

— Não. Só vá ajudar Bodhi.

— Tudo bem – K-2 respondeu após alguns segundos em silêncio e se retirou.

******

Jyn deixou a sala de reuniões sem realmente ter a mínima ideia do que fazer ou para onde ir. Ela não tinha uma casa, nem qualquer pessoa a esperando em algum lugar da galáxia, seu pai estava morto, ela não tinha uma nave, nem um droid, e não sabia pilotar. A Aliança não concordava com suas ideias, que apesar de ousadas e suicidas, claramente eram a única chance restante. Ela não podia ir à Scarif sozinha. Nada parecia lhe restar além de esperar a chance de uma carona para algum lugar ou a oportunidade de viajar clandestinamente em alguma nave para um planeta qualquer quando viu Cassian aparecer diante dela.

— Se você vai realmente fazer isso, eu quero ajudar – ele disse com convicção, olhando no fundo de seus olhos.

Jyn o olhou esperançosamente, tentando acreditar no que ele dissera e encarando os olhos castanhos com a mesma força. Ele parecia sincero. Logo Chirrut, Baze, Bodhi e outros rebeldes surgiram em volta seguindo para a nave, eles ajudariam também. Jyn sentiu o coração se apertar. Não era por ela, era por um bem maior, mas ela era a faísca que tinha acendido aquela chama e ver que a seguiriam e acreditariam nela, ainda que por intermédio de Cassian, a emocionou.

— Não tô acostumada a ter pessoas por perto quando as coisas vão mal – ela disse ao capitão enquanto andavam em volta um do outro, sem conseguirem desprender seus olhares.

— É minha primeira vez também – ele sorriu.

Jyn sorriu de volta. Foi estranho, foi bom, foi maravilhoso. Há quanto tempo não se sentia daquele jeito? Viva, acolhida e valorizada. E pela primeira vez em anos depois de ser abandonada por Saw conseguia sentir afeição por alguém novamente.

K-2SO apareceu quando todos entravam na nave, sem nunca tirar os olhos da rebelde.

— Ainda preocupado com isso? – Cassian perguntou quando Jyn não estava por perto.

— Uma grande aglomeração de pessoas é uma grande oportunidade de atirar não só em você, mas até em mim. Não viu como ela atirou sem piedade naquele droid imperial do mesmo modelo que eu em Jedha? E ela nem sabia onde eu estava, sem falar da expressão desconfiada de quando me viu e perguntei se ela sabia que não era eu. Disse que sim, mas não achei convincente.

— K-2, ela não vai atirar em mim, nem em você, nem em ninguém. O que acabamos de ver lá dentro me parece suficiente pra provar que podemos confiar nela.

******

— Toma. Pode precisar dele – Jyn estendeu o blaster na direção de K-2 – Você não queria?

O droid aceitou a arma e observou Jyn e Cassian correrem para o outro lado antes da porta fechar. K-2 não raciocinava ou ficava confuso da mesma forma que os humanos, mas antes de se concentrar de fato no painel de controle daquele lugar imenso refletiu sobre todas as probabilidades que fizera sobre Jyn, as quais nunca haviam se concretizado. E agora Cassian parecia gostar dela muito mais do que uma simples aliada merecia. O droid não tinha motivos para falar em voz alta, mas se seu capitão respeitava a rebelde, agora sargento, ele também o faria.

******

— Eles já sabem que foi reativado? – Mon Mothma perguntou baixo a K-2 no corredor do centro médico.

— Não. Os médicos e droids me disseram que Jyn acordou ontem. Cassian ainda não. Tiraram todas as máquinas que estavam conectadas nele hoje já que se estabilizou. Descobri onde estão, passei por eles há uma hora.

                A situação de Cassian fora considerada gravíssima quando por um milagre uma nave rebelde abandonada e danificada pousou em Yavin 4. Haviam fugido no último segundo e colocado a nave em piloto automático. Jyn conseguira contato com a base para pousar a nave em segurança, pois Cassian estava totalmente desacordado, além da febre alta, dos ferimentos e dos ossos quebrados. Jyn não estava muito melhor, mas bem menos ferida, e desmaiou meia hora depois de serem socorridos às pressas, repetindo incansavelmente para não os separarem. Após alguma discussão e uma intervenção de Mon Mothma os médicos haviam acatado o pedido. Cassian ficara três dias inteiros num tanque de bacta, Jyn apenas um, e agora fazia cinco dias que haviam voltado.

                - Cassian deve ter acordado enquanto estive fora – o droid falou olhando pela porta entreaberta.

                Mon Mothma olhou para dentro do quarto e não pode evitar um sorriso. Havia duas camas no quarto, mas Jyn ocupava a mesma cama que Cassian. Dormiam serenamente, abraçados, deitados de lado na direção um do outro. Uma das mãos de Cassian repousava sobre os cabelos claros da rebelde, Jyn o envolvia com um braço, e a outra mão estava entrelaçada com a de Cassian entre os dois. Ambos tinham expressões tranquilas em seus rostos, e quase sorriam, como se nada no mundo os preocupasse.

                - Vamos deixá-los. Há outros pacientes que podemos visitar e ajudar enquanto não acordam – a mulher falou ainda sorridente, fechando a porta do quarto e seguindo para outro lugar com o droid.


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Notas finais do capítulo

O cap 16 está em curso, ele fugirá um pouco de todas as possibilidades mostradas até agora, e ligará diretamente Rogue One com O despertar da força.



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