O céu estava nublado,repleto de nuvens carregadas que aos poucos deixavam as primeiras gotas de chuva cair sobre a cidade de Paris... Marinette observava a chuva dando um suspiro,os primeiros dias dias de aula não poderiam começar “melhor”, provavelmente ela voltaria ensopada para casa se um certo garoto não cruzasse o seu caminho.

—Oi.-Ele acenou timidamente para a garota,que por sua vez virou a cara,o loiro deu um suspiro abaixando o olhar e abrindo seu guarda-chuva-...Eu queria que você soubesse que eu só estava tentando tirar o chiclete da sua cadeira,eu juro pra você…

—Ham?-A azulada se virou encarando o garoto.

—Eu nunca estive numa escola,nunca tive amigos...Isso tudo é meio novo pra mim..-Derrepente ele se vira na direção da garota,com um sorriso tímido lhe estendendo o guarda-chuva...A partir daí seus olhares se cruzaram,e seus sentimentos por mais que não soubessem...Haviam mudado pra sempre,desde então nunca mais foram os mesmos.

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—Eu não quero lembrar disso…-Marinette balbuciou ao passar em frente ao seu antigo colégio.

—Não quer lembrar do quê?-Lila perguntou curiosa.

—Ham?De nada não…-A mesma disfarçou a vergonha com um sorriso amarelo e continuou caminhando ao lado de sua nova amiga.

Já fazia dois dias que Marinette e Lila se encontraram no hospital e a partir daquele momento começaram a conversar mais.Lila tinha se mostrado uma pessoa doce e meiga,embora tudo aquilo estivesse acontecendo com o seu “noivo”,Marinette ficara impressionada ao vê-la tão calma com aquela situação e também havia se surpreendido com a amiga que ganhou.

Ela Jamais imaginou que iria se aproximar tão rápido de Lila,mas havia um único motivo: As duas amavam Adrien, porém somente uma delas era correspondida.

—Você parece triste...Aconteceu alguma coisa?-Lila tirou Marinette de seu devaneio mais uma vez.

—Triste? Você acha?

—É o que parece... Você está tão quieta.

—Acho que a escola me traz péssimas lembranças…-Marinette respondeu cabisbaixa.

—Hum entendo,mas não posso dizer o mesmo... Não fiquei nem dois dias nesse colégio hahahaha-Lila dera um sorriso descontraido,mas fora rapidamente cortada pela amiga.

—Como consegue ficar tão tranquila depois de tudo o que aconteceu com o Adrien?

—Bom...Eu amo o meu marido e só quero o bem dele,se eu entrasse em desespero não estaria boa o suficiente para ajuda-lo na recuperação...Eu sempre gostei de transmitir uma sensação de segurança pra ele.

—Ah claro... Você tem razão, não iria ajudá-lo se estivesse desesperada.

—Exato…-Lila parou de andar derrepente,abaixando a cabeça.

—O que foi?-Marinette se aproximou da mulher tentando entender o que estava acontecendo.

—As vezes acho que não sou boa o suficiente pra ele...As vezes sinto que ele não me ama…

—Se ele não te amasse, não estaria casando com você certo?

—Não é isso,hoje qualquer um pode se casar... Até mesmo sem se amar.

—Porque está dizendo isso?Adrien não é do tipo que se casaria com um mulher sem ama-la.

—Você fala com tanta certeza que chega a me assustar,fala como se o conhecesse de verdade…como se soubesse o que ele sente.

—E-eu não tenho certeza de nada,mas pelo que eu sei...Acho que ele jamais faria isso.

—Será Marinette? Será que ele não iria ser capaz de machucar os sentimentos de alguém?

—Não!Ele jamais faria isso...Ele..Jamais... Faria…

—...Assim como ele machucou os seus…-Lila ficou séria e encarou Marinette com um olhar triste.-É esse o homem que você acha que conhece?Ele é realmente o seu amigo?Como pode ter tanta certeza?

—Eu não sei...Eu só sinto que devo confiar nele.

—Era o que eu sentia até descobrir que ele não era como eu imaginei que seria.

—C-como assim?-Marinette ficou um tanto assustada ao ouvir aquilo,por mais que confiasse em Adrien...As palavras de Lila eram tão envolventes que pareciam ser verdadeiras.

—Esquece... Não é nada demais, só um aviso.

—Mas…

— Onde há castelos de mentira e princesas de faz-de-conta... jamais terá um príncipe encantado, Marinette.-Lila deu um sorriso um tanto suspeito para a mestiça.-Nos vemos amanhã?

—Ehr...Sim

—Ótimo... Até!-Lila se despediu com um aceno e foi embora,deixando Marinette um tanto confusa com aquela “despedida” estranha.

—Que esquisito…-Tikki colocou a cabeça para fora da bolsa,sem tirar os olhos de Lila-Eu não sei porque,mas eu não consigo confiar nela.

—Porque não?

—Eu não sei... Só não confio.

—Você só não está acostumada Tikki,faz tempo que não faço novas amizades.

—Você não achou estranho tudo o que ela acabou de dizer?!-A kwami estava surpresa com a ingenuidade de Marinette,tudo que Lila havia falado não se relacionava tanto ao Adrien,mas tinha uma grande conexão com os sentimentos da própria Marinette...O que deixava mais claro que Lila sabia muito mais do que devia.

—Mais ou menos...Mas deixa pra lá,ainda não conheço a Lila direito e tenho certeza que mais tarde vou saber o que significa.

—Mais tarde? Não recomendo que espere até mais tarde…-Tikki encarou sua dona com preocupação.

—O que tá acontecendo com você ein?Nunca vi você desse jeito!

—Eu que pergunto...O que está acontecendo com você Marinette? Você sempre teve um pé atrás com essa mulher e agora quer ser amiga dela?Eu fico feliz que você arranje novas amizades,mas eu sinceramente não gosto dela... Só de estar perto dela sinto uma energia muito pesada pairando sobre você e…

—Tikki!Para com isso tá bom?Eu sei que está preocupada comigo mas eu vou ficar bem...Uma amiga nova não faz mal pra ninguém.-Marinette respondeu sem dar muita atenção para a Kwami,mas Tikki não ficou nada feliz com aquela resposta...Mesmo assim tentaria alertar sua dona até o fim.

Já a mestiça ignorou os avisos(mesmo sabendo que Tikki poderia estar certa em relação a algumas coisas sobre Lila...Ainda queria dar uma chance a uma nova amizade,por mais improvável e estranho que aquela aproximação fosse).

==Enquanto isso-Casa de Alya-Naquela mesma manhã======

A jornalista se encontrava em seu escritório,preparando mais uma de suas e reportagens...Ela sempre trabalhava além da conta quando estava muito estressada ou nervosa,e aquela semana em si já tinha começado da pior forma.

A dois dias atrás,Adrien havia sido internado por ter sido esfaqueado por uma pessoa ainda desconhecida,o mesmo não havia falado ou descrito os detalhes do ocorrido ou do suspeito (Deixando Alya com uma pulga atrás da orelha).Ela dificilmente desconfiava dos seus amigos,mas quando foi visitar o amigo teve algumas surpresas que logo despertaram algumas suspeitas.

Flashback (on)==========

Alya poderia sentir seu sangue ferver depois de ter presenciado aquela mulher dando em cima do seu marido,mesmo assim após ter contado até dez e respirado fundo...A mesma optou por seguir os dois pelos corredores do hospital.

Durante o trajeto Alya observava atentamente cada passo ou movimento de Lila e Nino,por enquanto sem perceber nada suspeito... Somente uma mulher que chorava copiosamente pronunciando palavras inauldiveis.

Alya já estava se acalmando aos poucos e deixando o ciúmes de lado, porém assim que se aproximou de ambos os dois(e também do quarto de Adrien)Se deparou com Marinette saindo do quarto do paciente e sendo “abordada” por Lila com um abraço caloroso e um “ Que bom que você está aqui…”.

Nesse momento Alya quase teve uma síncope,antes o seu marido e agora sua melhor amiga...Alya nunca foi ciumenta,mas naquele instante ela se sentiu extremamente incomodada vendo aquela cena.-Era só o que me faltava...Pelo menos a Marinette não vai com a cara dela e…O QUÊ?!!-A mesma não acreditou quando viu a amiga retribuindo o abraço e consolando aquela “pobre” mulher em prantos.-Isso só pode ser um pesadelo!O que deu na Marinette?!

—Porque você tá tão incomodada mozão?-Nino se aproximou da mulher na tentativa de deixá-la menos brava(o que não adiantou muito).

—NÃO VEM COM ESSA DE “ MOZÃO” PRA CIMA DE MIM!! VOCÊ JÁ SABE QUE VAI DORMIR NO SOFÁ HOJE NÉ?-Alya rangeu os dentes e cruzou o braço,virando a cara para o seu “mozão”.

—Poxa meu amor... Não faz isso comigo,eu só fui um cavaleiro…

—TU FOI UM SEM-VERGONHA ISSO SIM!!-A mesma empurrou Nino pra longe.

—Pra quê essa violência?-Nino já estava acostumado com as crises de Alya,mas ao invés de ficar amedrontado ele se divertia a beça.

—Violência?!Tu vai ver só o que é violência quando eu enfiar a mão na sua cara!!Agora fala aí...Porque que ela já tá se apossando da minha amiga?!

—Coitada da mulher amorzinho,ela está emocionante abalada... Tá precisando de um abraço.

—Abalada uma OVA!Ela não parecia nada abalada quando tava se esfregando em você na minha frente...E se ela quisesse um abraço que fosse atrás de um poste!

—Hahahahahahaha só você pra me fazer rir nessas horas.-Nino gargalhava com o que a mulher dizia,quanto mais ácido o seu humor...Melhor ficava.

—Quer saber?!Vou visitar o Adrien de uma vez pra não acabar com a sua raça aqui na frente do hospital!-Alya saiu pisando forte até o quarto do paciente, porém antes de entrar no local fez questão de se “despedir”assim que percebeu que Nino não parava de rir.-Você é um idiota!

—Eu também te amo!

—Ah vai catar coquinho!!-A mesma entrou no quarto impaciente e se deparou com uma cena um tanto inusitada e estranha.

Adrien estava debruçado na janela que dava para o corredor do hospital e logo atrás dele haviam inúmeros gatos o observando em silêncio.

No entanto não eram um ou dois,eram mais de 20 gatos pelas contas que Alya fez antes de infartar e o mais estranho de tudo aquilo é que nem um deles fazia barulho ou miavam,apenas permaneciam lá parados.

—Meu Deus!

—Ah oi Alya,desculpa não te cumprimentar...Eu estava um pouco distraído.-Adrien se levantou da onde estava para cumprimentar a amiga,mas percebeu que ela estava imóvel-O que foi? Você está bem?

—A-adrien…-Alya apontou para trás,ainda em estado de choque.

—Olha se está tentando me assustar não vai conseguir….AAAAHHHHHH!!!!-Adrien deu um berro de espanto ao ver aquela multidão de gatos lhe encarando,por um lado aquela cena era muito fofinha mas ao mesmo tempo era bem perturbadora.

—Como você conseguiu levar tantos gatos pra cá?!

—Como eu vou saber Alya?!!Eles não estavam aqui antes!-Adrien tentava se afastar dos felinos,mas foi impossível...Todos os gatinhos perseguiam-no para qualquer lugar que ele fosse.

—Adrien...Eu sei que tem muitos hospitais que usam gatos pra cura de doenças,mas seu estado é tão grave assim?

—Não!!Eu fui esfaqueado... Não tô doente!-O loiro subiu em cima da cama,tentando escapar do mar de gatos que se aglomeravam a sua volta.

—VOCÊ FOI O QUÊ?!!

—Deixa pra lá Alya!Eu preciso que você me ajude a tirar esses bichos daqui!

—Adrien quem fez isso com você?!

—Ehr...Eu-eu fui assaltado, não reconheci a pessoa.Sera que você pode me ajudar agora?-Adrien tentava espantar os animais,mas os gatos insistiam em ficar.

—Sinto muito mas eles só vão sair daqui se você sair também.-Alya até tinha tentado tirar alguns gatinhos de perto do amigo,mas nenhum dos bichanos se prontificou a sair de lá.

—Será?-Adrien desceu aos poucos da maca e quando colocou os pés no chão todos os gatos abriram espaço para que ele passasse,como súditos que abriam caminho para a majestade.-Isso está ficando muito estranho…-O loiro tentava ao máximo não pisar em nenhuma daquelas seres peludinhos e fofinhos que o encarava sem dar um miado se quer.Pareciam estar esperando alguma coisa ou uma ordem.

—Porque você não fala com eles?

—Falar com gatos?O que eu vou falar?

—Pede pra eles irem embora... Simples assim.

—Olha Alya não é porque o seu pai trabalhou no zoológico e tem uma conexão com os animais que você pode me confundir com o Mogli tá bom?Eles não vão me entender.

—Para de reclamar e tenta de uma vez…

—Ah tá bom…-O loiro bufou e encarou os gatos de volta-É o seguinte gatinhos...Eu não tenho ideia de como vocês entraram aqui,mas por favor vocês estão atrapalhando o titio...Seria muito bom se vocês voltassem pra casa e me deixassem descansar um pouco, não acham?

Alya já estava preparando uma boa piada para zoar o colega, até ver que todos os gatos começaram a se esfregar nos pés de Adrien e depois começaram a ir embora pela janela...Um por um, até não restar mais nenhum gato.

Adrien por sua vez estava de queixo caído,ele mal conseguia acreditar no que fez.

—Vo-você viu isso?!

—Aham…

—Obrigado Alya!!!Consegui tirar eles daqui!!!-Adrien comemorava como uma criança.

—Você tem ideia do que acabou de acontecer aqui? Você controlou todos eles!!Como você fez isso?!

Quando Adrien iria responder,um barulho vindo da gaveta do criado-mudo chamou sua atenção.

—Al-alya você vai ter que me desculpar,mas eu preciso descansar um pouco sabe?-Adrien estava agindo estranho enquanto suava frio.

—Ma-mas a gente mal conversou!-Alya começou a ouvir o barulho também.-O que você tá escondendo de mim ein?!

—Eu esconder alguma coisa de você?Jamais!Eu só preciso descansar, não tô me sentindo muito bem…-Adrien abriu rapidamente a porta conduzindo a amiga pra fora do quarto.-Me desculpe mesmo…

—Mas eu…

—Desculpa desculpa desculpa….a gente se vê!-Adrien fechou a porta  na velocidade da luz, deixando Alya do lado de fora sem entender absolutamente nada do que tinha acontecido.

Mas ela não desistiu e se debruçou sobre a porta tentando escutar alguma coisa e conseguiu ouvir o amigo falando com alguém,mas o som estava muito baixo então foi praticamente impossível escutar alguma coisa com clareza.

No entanto depois desse ocorrido,a jornalista começou a suspeitar que alguma coisa muito estranha estava acontecendo com Adrien e foi a partir daí que começou sua investigação.

Flashback (off)==============

—Isso foi tão bizarro…-Alya lembrava de tudo aquilo com um certo estranhamento-Tem alguma coisa acontecendo com ele, não é de hoje que ele está estranho desse jeito...E essa história de assalto não me convenceu nem um pouco, não sei porquê…

—Falando sozinha?-Derrepente Nino adentrou no escritório,assustando a mulher.

—Só estou pensando um pouco...Quando eu fui visitar o Adrien,ele me disse que foi esfaqueado num suposto assalto...Mas eu não consigo acreditar nisso.

—Você está sempre desconfiada né?-Nino resmungou cruzando os braços.

—Não é desconfiada...Parece que a minha intuição está me dizendo pra pesquisar mais a fundo essa história.

—Que história Alya?! Você só pode ter enlouquecido...Vai desconfiar até do Adrien, já basta aquela vez que você pirou achando que ele era o Chat noir e agora vai inventar o que?Que ele foi lá e se esfaqueou?Tem vezes que eu não consigo te entender…-O mesmo bufou e saiu do escritório,deixando Alya sozinha novamente.

—...Eu acho que eu preciso descansar mesmo,talvez ele tenha razão…-A jornalista se espreguiçou na cadeira e assim que iria sair do cômodo,escutou um miado vindo de sua janela.

Assim que se virou pra trás,se deparou com um gato preto de olhos verdes lhe encarando.Foi inexplicável o que Alya sentiu naquele instante,era como se todas as vezes que Adrien agiu estranho ou passou por uma situação um tanto inusitada, rondaram a sua cabeça...Os pontos pareciam estar se interligando formando uma teia de informações que se espalharam rapidamente em sua mente,por fim o resultado fora uma simples pergunta:e se Adrien Agreste realmente fosse o Chat Noir?