Uma Adorável Mulher. escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 4
Capítulo 4 - Extremamente Certo.


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo!
Boa Leitura!



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      Ponto de vista: Lynn Gilbert.

               Kentin foi embora da minha casa, bem cedo, no dia seguinte. Sendo o cara responsável, que eu conhecia como ninguém, ele se recusava a chegar no trabalho, atrasado, e como ele não havia trazido ternos para cá, ele tinha que passar em seu apartamento para se trocar.

            Eu também me encontrava brigada com sono; Ás sete horas da manhã, eu já tinha feito minha corrida matinal, tomado café da manhã e me arrumado para o que parecia ser um dia longo, regado de idiotices, de um cara tremendamente babaca.

         Xinguei ele mentalmente, mais algumas vezes, enquanto esperava o táxi que me levaria a sua maldita gravadora, chegar. Se eu tivesse com meu carro intacto, eu poderia resolver toda a vida bagunçada dele, mais rápido. Só que antes mesmo de descobrir, que eu ajudaria ele, a consertar sua existência fracassada, ele já tinha ferrado com basicamente tudo.

               Perdi vinte minutos esperando meu táxi chegar; Tempo que eu poderia ter gasto, lendo e avaliando uns três processos, se estivesse no escritório. Tudo bem, que ler processos, ao invés de argumentar sobre eles, não era a coisa que eu mais adorava no mundo. Mas, era melhor fazer isso do que esperar.

        Paciência nunca foi meu forte mesmo.

          Quando adentrei ao veículo, que me levaria até meu destino, aproveitei para checar meus Email, pelo celular. Estava esperando um em especifico; Tratava-se de uma imobiliária, em que Ken e eu olhamos algumas casas, para comprar, após o casamento. O que meu noivo não sabia, é que eu desejava em segredo, que a casa pela qual ele se apaixonou, fosse comprada antes de chegarmos a oferecer um valor.

                  Não é que eu não tenha gostado dela, é que, ainda não consegui dizer a Kentin, que eu não quero morar em uma casa. Dizer que  um espaço como esse não me trás boas lembranças. Céus, eu não tenho a idealização, de almoços no domingo, um jardim bonito e um cachorro para as crianças. Eu morei em uma dessas casas na infância e tudo que tive foi um lar quebrado. Não quero a magnitude de nada disso, nada que implique a exigência de um futuro comum. O fato é que estou com medo, de magoá-lo, ao dizer que só quero simplicidade, e que um apartamento no centro, maior do que os convencionais, está mais do que bom para mim.

                Então, de repente não era mais no aparelho em minhas mãos, que eu prestava atenção, era na minha vida. Logo, pensamentos de como eu a deixei chegar a esse ponto, dominaram minha mente; Tinha 23 anos, uma péssima relação com minha família, não era valorizada no meu trabalho, e estava com medo de magoar meu noivo, ao dizer sobre como me sinto.

              Tinha como ficar pior?

              Na verdade, até tinha. Nesse exato momento, eu estava a caminho do período mais turbulento da minha vida, no qual, tinha que transformar Castiel Blancherd em um ser humano decente, e no qual, eu tentaria descobrir, como cheguei aqui.

                   Desci do carro, e dei um tradicional suspiro de determinação. Afinal, eu era uma Gilbert, eu faria isso dar certo, de qualquer forma.

             Gostei do que vi, ao adentrar a gravadora. A estrutura dela, era moderna e muito dinâmica, dando a impressão que era muito mais fácil trabalhar ali, do que no escritório com a decoração clichê, do meu pai.

              Chegando a recepção, recebi um crachá de identificação,  e a garota que trabalhava lá, disse que para resolver assuntos relacionados ao Castiel, eu tinha que falar com uma tal de Iris. Agradeci pela informação, e segui, em direção ao elevador.

                Por ser de vidro, de lá de cima, eu tinha uma visão linda de tudo a minha volta. Sorri sincera, pela primeira vez naquele dia. Aquela visão um tanto deslumbrante, havia me relaxado.

                A cabine se abriu, e com meu par de Louboutin de veludo, saí de lá em passos firmes. Fui treinando a expressão de indiferença, para usar com Castiel, a medida que caminhava em direção, a mesa da secretária.

       A mulher ruiva, conversava com um cara que reconheci rapidamente; Ele estava com Castiel no dia do acidente, e foi por sua causa, que não denunciei, o “adulto delinquente”. Fingi uma tosse, para chamar a atenção dos dois, e ambos se viraram.

              A ruiva, com olhos azuis, me avaliou com curiosidade, enquanto o cara não parecia nem um pouco surpreso com minha presença. Suponho então, que o idiota maior, já deve tê-lo informado, que a garota do acidente, seria sua nova advogada pessoal.

—Bom dia. — cumprimentei, e ele sorriu.

—Bom dia. — disse de volta, e a garota apenas acenou a cabeça, sorrindo também.

—Acho que não nos apresentamos, naquele incidente. Sou Lynn Gilbert. — falei estendendo minha mão, em sinal de educação, e ele simpático como era, aceitou rapidamente.

—Armin Lahote...E essa é Iris, minha secretária. — apresenta-a, quando soltamos nossas mãos.

—É um prazer conhecê-la. — sou cortês, como Liam Gilbert me ensinou. — Eu vim pelo Castiel, combinei com ele, de estar aqui hoje, para checar seus compromissos e essas coisas. — comuniquei a eles, e a garota deu uma risadinha, me deixando confusa.

            Olhei para Armin, como se pedisse, para ele explicar.

—É muita positividade da sua parte, acreditar que Castiel estaria aqui, ás sete e quarenta da manhã. Pelo que eu conheço dele, após ter me ligado ontem, para contar que você trabalharia para ele, o mesmo deve ter ido para um bar, encher a cara, e no fim levou uma garota para sua casa. — Armin me conta a rotina do amigo, com exaustão.

—Correção; Não vou trabalhar para ele, vou trabalhar com ele.  — me dou ao trabalho, de destacar isso, e logo após suspiro.

             Castiel Blancherd era mesmo um idiota; Ele tinha 25 anos cacete, alguém poderia ensina-lo o sentido da palavra responsabilidade? Ele deveria estar aqui, no horário em que todas as pessoas do mundo chegam para trabalhar, tentando não afundar o patrimônio de sua família.

        Ninguém em sã decência, se encontraria ainda bêbado todas as manhãs, após repetir um sistema de embriaguez instantâneo, noite após noite.

            É Lynn, e eu acho que ninguém em sã merecimento, teria um pai, que a forçaria a tomar de conta de um babaca assim.

—Pode me passar o endereço dele? — pergunto a Iris, com seriedade e mesmo confusa, ela concorda.

—O que vai fazer? — Armin questiona curioso.

—O que vou fazer? — repito a pergunta, rindo sem humor. — Vou na casa desse idiota, que você deve considerar, seu melhor amigo, o tirarei da cama, não me importando se tem alguma vagabunda com ele, e o trarei até aqui, para que ele faça algo que o torne um pouco digno, que é, adivinhe; Trabalhar. — disse tão firme, que podia até soar como uma juíza.

—Isso não vai dar certo. — ele decreta, me olhando com um sorriso.

—O que? Eu arrasta-lo até aqui? Não duvide das minhas capacidades de persuasão. — digo com ironia.

—Isso, vocês dois. Vocês  se parecem demais, para conseguirem manter uma parceria. — Armin diz como se fosse obvio.

—Desculpe, mas, eu sou tudo, menos uma idiota irresponsável. Eu trabalho dia após dia, e quando a noite chega, não vou atrás de uma garrafa de  Bourbon, e uma piranha para me sentir melhor comigo mesmo. — anuncio séria.

—Você pesquisou sobre ele? Digo, porque o Bourbon denunciou. — comenta, tentando segurar a risada.

—Na verdade, pesquisei, processo, após processo. Sou uma advogada bem eficiente...E o Bourbon não denunciou nada, porque isso só foi uma suposição minha; Já que esse é o Whisky dos cretinos. — falo dando de ombros, e antes que ele faça mais algum comentário, me viro para Iris.

—Quais são os compromissos do Castiel, hoje?               — algo me diz, que ela sabe.

—Bom, o único compromisso realmente importante, é essa audiência que ele tem ás dez da manhã. — ela me comunica, dando a mim, a notificação por escrito.

             Leio rapidamente, avaliando a informação que está contida ali, com maestria.

—Quem era o antigo advogado dele? — indago por curiosidade.

—Justin Parker. — tenho vontade de gargalhar com deboche, quando ouço isso.

—Deixe-me adivinhar; Castiel perdeu muitos processos. — digo com ironia.

—Está certa. — É Armin quem diz isso.

—Parker é do escritório Gilbert. Não me orgulho em dizer, que ele é um dos piores advogados que já vi. — falo, fazendo uma careta, ao lembrar que aquele indivíduo, teve a sorte de conseguir o caso do senhor Hileys, um dos melhores clientes que o escritório poderia ter conseguido, e não era capaz de arcar com isso.

—Acha que consegue ganhar esse caso? — Armin indaga arqueando uma sobrancelha.

               Olho mais uma vez para o papel, que Iris me entregou.

—Bom, Castiel arranjou uma briga, na boate Armor, com um idiota bêbado, e esse cara foi até uma delegacia, o denunciar por agressão. Seu melhor amigo, não é réu primário, isso já complica um pouco as coisas, e  o exame de corpo de delito do cara, acusou lesões graves. — exponho os detalhes, e só então noto, uma coisa, que não tinha visto. — O cara em que Castiel bateu é Arnold Clint. — penso em voz alta.

—O que tem isso? — Armin quer saber.

—O que tem, é que esse fato,  fará com que Castiel ganhe o processo. — pisco para ele, e capturo o endereço que Iris escreveu para mim, enquanto eu explicava a acusação para Armin. — Preciso ir agora, tenho que tirar um idiota da cama, e fazer, ele ganhar uma causa. — debocho e após isso, vou em direção ao elevador.

[...]

Flore, preciso que faça um favor para mim. — nem a cumprimento quando ela atende a ligação.

O que quer que eu faça? — sua generosidade, sempre foi algo que eu adoro nela.

                  Mordi os lábios, a medida que esperava o farmacêutico vir com as aspirinas que eu pedi.

Lembra quando eu ajudei um dos advogados do escritório, a resolver aquele caso, do dono da boate Armor, quando a mulher dele pedia um valor exagerado na pensão, e ele me disse que ficaria me devendo uma? — aquele foi um dos meus casos mais importantes. Flore era minha amiga o bastante para lembrar.

Sim. O cara ficou encantado, com a sua desenvoltura ao descobrir tão rápido uma maneira, de baixar a bola da ex mulher dele. — ela diz e dá uma risada.

Você vai meio que cobrar o que ele me deve. Preciso que o peça, as imagens da câmera da boate dele, na noite de nove de agosto, e envie elas para o meu Email. — a instruo, enquanto jogo alguns dólares sob o balcão, e pego minha sacola.

Pode deixar. — aceitar fazer isso, sem protelar.

         Assim, com o café que comprei após sair da gravadora, e com a sacola de aspirinas em mãos, vou em busca de mais um Táxi, que me leve a onde eu preciso ir.

[...]

      O que está no vídeo, servirá muito bem como a defesa do idiota do Castiel, mas, eu ainda preciso de um elemento, para dar o xeque- mate naquele caso; Uma testemunha. Avaliei a garota que estava na imagem e precisei de mais um minuto de sabedoria, para recorrer de novo, a única pessoa que poderia me ajudar com isso.

Então futura brilhante jornalista, preciso que faça um outro favor para mim. Quero que você descubra quem é a garota, que está com o idiota Blancherd nessas imagens. — digo, assim que Flore atende.

Até parece que não me conhece, minha curiosidade é grande o bastante, para eu ter pesquisado antes mesmo de você pedir. O nome da garota é Jéssica Simpson, ela costuma frequentar essa boate com frequência, segundo seu facebook. E eu posso ter meio que o endereço dela. — Eu não estava brincando, Flore seria uma ótima jornalista em breve.

Me passe o endereço por mensagem. — peço, pois eu já estava dentro de um táxi, chegar lá, não seria problema para mim.

[...]

Uma hora depois.

Upper East Side.

          É incrível, como um papo furado sobre seu namorado estar te traindo e você precisar pegar ele no flagra, faz com que um porteiro, deixe você andar livremente por um prédio, sem ser  anunciada. Digamos, que as minhas quase lágrimas falsas, fizeram o porteiro do prédio de Castiel, amolecer a um ponto que ele até me deu a chave extra do apartamento dele.

           Tudo pelo trabalho, Lynn. — Era meu mantra. Já que no fim, eu sabia que como  advogada, era terrivelmente errado,  mentir assim.

                 Já tinha o caso de Castiel totalmente resolvido, e agora só o que faltava, era tirar ele desse antro, que ele deve considerar seu lar, e o levar até um tribunal para que tudo isso se torne oficial.

   Enfiei a chave na fechadura da porta e girei a maçaneta, para entrar dentro da sua cobertura que deveria valer milhões. Já da entrada, pude perceber o quão impessoal o lugar era; Cores neutras, poucos móveis, e nada de fotos, ou coisas que remetessem compromisso.

                   Mas, minha atenção não ficou focada naqueles detalhes, por muito tempo, já que eu notei alguém na cozinha, que a puxou totalmente. Uma ruiva de cabelos curtos, que balançava seus quadris, ao som de uma música chata, enquanto preparava o que parecia ser, ovos mexidos. A mesma vestia uma camisa masculina, que se encaixava perfeitamente ao tamanho do peitoral de Castiel.

              Não que eu tenha reparado no peitoral dele.

             Ela se virou cantarolando, e arregalou os olhos, ao me encontrar do outro lado do balcão.

—Quem é você? — perguntou alarmada, desligando o fogo rapidamente.

—Vai por mim, você não quer saber. — falei com deboche, colocando o café sob o balcão, junto com as aspirinas.

—Vou perguntar de novo; Quem é você? — Que bonitinho, ela soava exigente.

—Acho que a pergunta que deveria estar sendo feito aqui, é: Por que você faz isso, consigo mesma? — indaguei cruzando os braços.

—Isso o que? — ela quase grita.

—Isso de transar com um cara que não tem um futuro, acreditando que com você será diferente, quando na verdade você sabe, que não será. Porque se você fosse especial, teria aparecido na vida dele, antes das outras, antes dele se tornar esse idiota. Fica ai, tentando iludir a si mesma, com a ideia, de que a conversa fiada dele, de que terão um dia seguinte maravilhoso, após ele ter te usado para transar, é mesmo real. Envergonha o nosso gênero, jogando seu respeito por si mesma no lixo, confiando em um babaca, que tem a fama realmente destacada de quebrar os corações de idiotas como você. Devia ir a uma biblioteca, e procurar por um cara de conteúdo, não a uma boate, e deixar um cretino se enfiar nas suas saias.  — sou extremamente sincera e aproveito para beliscar uma torta de morango, que está ali.

—Você deve ser uma ex namorada frustrada, que não superou o término, e que ainda o persegue. Deve querer me manter longe dele, porque sabe que ele está tentando superar o fato de que namorou uma louca. — ela está iludida a esse ponto.

—Tanto faz. Dispensar as garotas que ele usa, com certeza não deve ser uma das minhas funções como advogada dele. — falo, sorrindo com desdém.

                   Vejo que ela está prestes a retrucar, mas, se cala, quando uma figura imponente surge na sala — vestindo uma calça de moletom, e uma blusa cinza, que lhe dá um ar despojado, e que o deixa sexy—  surge na sala . Droga!.

—Lindsay, o que faz aqui? — questiona me avaliando de cima a baixo, ignorando sua vítima.

—Que bom que perguntou...Lembra-se que eu recebi a missão de te ajudar a resolver sua complicada vida? Então, eu estava tentando fazer isso, com todo empenho, mas, você não apareceu na droga do seu trabalho, para facilitar o processo, então eu tive que mentir para o seu porteiro fofo, para conseguir essa chave, que com certeza não devolverei a você. — falo dramatizando,  erguendo a chave no ar, e ele bufa de raiva.

—Acho que deve ter alguma lei, que me protege de você invadir minha casa assim. — comenta irritado.

—Eu tinha a chave. Não foi invasão. — debochei.

—Desculpe me intrometer nisso, mas, Castiel, essa mulher, estava me ofendendo antes de você chegar. Pode fazer algo a respeito? — a ruiva aguada, questiona irônica.

—O que essa adorável mulher, te disse? — não parece preocupado em saber realmente.

—A verdade. Que você não ligará para ela, depois de hoje e que ela é uma idiota por acreditar que terá um replay. — falo por ela, e belisco aquela torta mais uma vez. Porque estava muita boa.

—Bom, nesse caso...Sinto, muito, garota que eu não lembro o nome. Mas, ela disse a verdade, realmente. — Castiel diz, sem se preocupar com os sentimentos dela, e eu nem me surpreendo com isso.

—Como?...Eu...Eu vou embora e você, Castiel, vai me pagar por isso. — ela grita indignada, e chorando ao mesmo tempo, e assim corre até o quarto, voltando em questão de segundos com suas roupas em mãos, e saindo sem dar-se o direito de olhar para nós.

                Suspiro por conta da cena, fora do meu cotidiano, e Castiel sorri com deboche para mim.

—Sabe, sempre achei a parte de dispensa-las chata, e você fez isso para mim, facilmente. No fim, ter você por perto não será de todo mal. — debocha, se juntando a mim, nas beslicadas da torta.

        Será que havia sido a garota rejeitada, quem a fez? .

—Te garanto que não irá manter esse pensamento por muito tempo. Agora, te aconselho a ir colocar um terno decente, para irmos ao tribunal, já que você tem uma audiência lá, hoje. — sinalizo com a mão, em direção ao cômodo que ele saiu, minutos antes.

—É só mais uma droga de audiência que irei perder, pagarei um valor para quem me acusou, farei um trabalho comunitário e tudo bem. — ele diz com desdém.

—Bom, acontece que dessa vez, você não vai perder. — anuncio, ao mesmo tempo, que ele geme de dor. Deve ser a ressaca. — Comprei café, e aspirinas, isso fará o desconforto passar...E sim, eu penso em tudo. — falo, entregando minhas compras a ele, que me olha com diversão.

—Controladora. — acusa.

—Precavida. — corrijo.

[...]

— Como tem tanta certeza que vai ganhar o caso? — já vestido em um terno azul marinho, que o deixava malditamente elegante. Dentro do elevador de seu prédio, ele me fez aquela pergunta.

—Fácil. O cara que você brigou é Arnold Clint, o meu escritório, já o processou uma vez, por ele ter assediado, uma garota em seu trabalho. Dei um jeito de conseguir as imagens da noite da briga, e localizei a garota que estava te acompanhando; Uma tal Jéssica. Sua defesa partirá do princípio, que você agrediu ele, após o mesmo assedia-la. — explico calmamente e ele me olha surpreso; Não sei se minha eficiência por completa, ou pela última parte do meu plano de defesa.

—Vamos mentir no tribunal? — ele arqueia as sobrancelhas.

—Não necessariamente. Naquela noite, ele a assediou de verdade, mas, você estava tão preocupado consigo mesmo, que nem notou isso. Há imagens nas câmeras, que comprovam o assédio, já que ele a tocava, enquanto ela tentava desviar, por sorte ela conseguiu fugir dele, mas, estava assustada demais para ir até uma delegacia acusa-lo. Então, basicamente, a usaremos, alegando que você bateu nele, para defender a honra dela. — dessa vez, ele me olha assustado.

—Mas, para isso, ela precisa depor, confirmando a história. — Castiel não é burro.

—E ela vai. Só foram necessários dez minutos de conversa, para eu convencê-la, a estar no tribunal daqui a pouco. — falo dando de ombros. Então, as portas do elevador se abrem, no térreo.

—O que disse para convencê-la? — está desconfiado.

—Bom, ela é fútil, e ficou frustrada por não ter transado com você no dia da briga, após toda confusão...Eu só disse a ela, que se ela fosse depor ao seu favor, você a pagaria um jantar romântico. — digo as palavras com desdém.

—Não vou fazer isso. — ele se nega.

—Você que sabe, fica a mercê da sua honra...No seu caso, eu pagaria uma boa lagosta para ela. — debocho.

—Vem cá, essa forma de resolver o caso não é ilegal? — sinto uma pitada de acusação, e tenho vontade de chamá-lo de hipócrita, já que ele era o rei em fazer coisas ilegais e não ligar para isso, e agora quer me julgar, mas, me controlo.

—Vou livrar sua barra, e possivelmente colocar um assediador na cadeia. Não vejo como isso pode ser ilegal, me parece uma troca justa. — digo, com indiferença.

[...]

           Saímos do tribunal as onze horas, com um caso previsivelmente ganho, e agora dividíamos um táxi (o milésimo que eu pegava hoje), que nos levaria até a gravadora. Estávamos calados, e isso de certa forma, me deixava calma. Pois Castiel em silêncio, significava um pouco de paz.

  —Você não parece animada, em ter ganhado. — é ele, que obviamente quebra o silêncio.

—Sou uma advogada, não comemoro vitórias, como um jogador de futebol, quando faz um gol decisivo. Estou feliz e satisfeita por dentro, é o que importa. — digo dando de ombros, e ele revira os olhos.

—Ok. — soa com tanto deboche.

           Bom, já que ele tirou a calma, posso saciar minha curiosidade.

—Você não lembrou do nome da garota com quem transou ontem. — comento algo que notei, me virando para ele.

—Não foco muito em nomes. — fala com desdém.

—Mas, você lembrou o meu. — destaco meu ponto.

—Eu não transei com você, isso faz com que eu tenha chances maiores de lembrar...Mas,  caso esteja incomodada com o fato de eu ter lembrado, podemos transar e eu supero isso. — oferece como o idiota que é.

—Não precisa. É bom que lembre meu nome, é ele que você vai usar, quando no fim das contas soltar aquele belo e previsível “obrigado por ter resolvido a minha vida”. — debocho.

—Certo, Lindsay, se iluda achando que isso vai acontecer. — retruca, e então noto algo de novo. Ele me chamou de Lindsay. Ele vem me chamando de Lindsay desde que foi apresentado a mim, e pela primeira vez, não me incomodei em ser chamada assim. Porque no fim, não senti o peso de ouvi-lo como em todas as outras circunstâncias. Só sei, que soou extremamente certo.


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Notas finais do capítulo

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