Uma Adorável Mulher. escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 3
Capítulo 3 - Segundo Olhar.


Notas iniciais do capítulo

Hey, voltei com o primeiro capítulo de 2017, e já agradeço as pessoas que estão acompanhando a fanfic, está sendo ótimo escreve-la, e espero que continuem gostando!
Boa Leitura!



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Upper East Side

Ponto de vista: Castiel Blancherd.

Algumas tempo antes.

 Okay, tenho que admitir a realidade; Aquelas massagistas suecas eram realmente boas, principalmente, a mais nova delas, que me mostrou que era boa em todos os sentidos que a palavra poderia ter. Aquele inglês, misturado com um sotaque estranho, era completamente sexy.

     Já vestido em minha calça moletom, me levantei da cama, não querendo ter o desprazer de que quando a loirinha acordasse, se deparasse comigo ali, e tivesse esperanças de que eu estava a fitando romanticamente. Longe de mim, para falar a verdade, nem prestei muita atenção em seu rosto. Seu corpo era meu real interesse.

    No caminho até a cozinha, parei um momento para observar o arranha-céu presente em minha cobertura, que me dava uma bela vista de Nova York. Eu amo essa cidade; A movimentação, a correria e as pessoas. Mas, mentiria se dissesse que um dia não pensei em sair daqui e ir para um lugar longe de tudo isso.

       Quando eu estava com ela, acreditei que ela também queria isso. Mas, a verdade é que, seu sonho sempre se baseou em mais caos, holofotes e atenções.  Nunca quis a paz de verdade.

      Suspirei, assim que notei, que eu estava ridículo pensando nesse tipo de coisa. Não precisava mudar nada em minha vida, tudo estava perfeito.

           Ao atravessar a sala, senti um pequeno remorso, quase nulo, em relação a gravadora, e apenas por respeito a esse sentimento idiota, apertei um botão na secretária eletrônica, e ouvi a primeira e única mensagem que estava lá.

—Castiel, é a Iris, seu pai pediu para te avisar, que marcou uma reunião com a pessoa que irá te auxiliar, no escritório Gilbert’s. Você deve estar lá, as quatorze horas. — revirei os olhos para as palavras da ruiva, e por se tratar dela, resolvi retornar a ligação, com meu celular.

—Achei que você fosse secretária do Armim, não minha, então por está me enchendo o saco com meus compromissos? — é a primeira coisa que falo, quando ela atende, não me dando ao trabalho de cumprimenta-la.

Você está certo, sou secretária dele, mas, agora também tenho que te ajudar com os seus compromissos, já que você não tem uma secretária, pois fez questão de transar com todas que arranjei e ferrou com tudo. — É isso, que dá deixar alguém ter intimidade com você.

         Chegando a cozinha, liguei a cafeteria, afim de tomar um café para despertar mais rápido, e assim pelo relógio exposto, na parede do cômodo, notei que já eram treze horas . Droga! Extrapolei os limites de novo.

Pode me mandar o endereço dessa droga de lugar, por mensagem? — cedo, sabendo que Iris, não tinha culpa do meu pai ser um idiota.

     Quer saber, se ele quer que eu aceite um estúpido qualquer, para me ajudar nas partes chatas, então que seja. Pelo menos terei alguém em que depositarei todas as minha frustrações, até ele desistir desistir de mim, e meu pai  notar que isso foi um erro.

      Podia até ser divertido.

Tudo bem. — confirma, antes de desligar a ligação. É impossível não notar que ela pronunciou as palavras com certo deboche, Iris sabia que eu odiaria essa reunião.

     Com uma xícara de café em minhas mãos, sigo para o meu quarto, onde encontro a loira massagista — que não lembro o nome, e nem faço questão. — acordada. Ela sorri para mim, sensualmente, com o lençol branco cobrindo seu corpo nu, como se dissesse que está pronta para uma segunda rodada. Bom, se eu tivesse tempo, até faríamos isso.

       Em resposta ao seu convite, ergo a minha xícara teatralmente,e  dou um sorrisinho, antes de bebericar o liquido dentro do recipiente.

—Tenho muito trabalho a fazer, você deveria ir embora. — falo, quando engulo o café quente.

—O que? ...Você disse ontem a noite que...Passaríamos o dia juntos. — ela fala olhando para mim assustada, como se no fundo não soubesse que eu a dispensaria.  Todas elas sabem, só fingem que não.

—Eu não lembro de ter dito nada, na verdade só lembro de ter gemido algo, que com certeza não era seu nome, porque não faço a miníma ideia de qual seja. — sou sincero, e a loira me encara incrédula.

—É Megan. — grita, e se levanta, tropeçando nos próprios pés, em busca de suas roupas espalhadas pelo chão. Ela parecia furiosa e aquele sotaque estava começando a ficar assustador.

—Informação interessante...Que não servirá para nada futuramente. — esclareço, pois acho necessário. Ela me olha sem acreditar, enquanto veste sua blusa, a última peça que faltava e passa por mim como o foguete. —Tem alguma outra massagista sueca para me indicar? Não acho que seja aconselhável ligar para seu SPA, depois do que fizemos, não seria uma situação confortável. — questiono sério, e em resposta, ela me lança o dedo do meio, antes de sumir pelo corredor.

—Ótimo, cansei das suecas mesmo. — digo dando de ombros.

                        Tomo uma ducha rápida, antes de vestir um terno qualquer e me dirigir até a garagem. Tenho vontade de dizer muitos palavrões, ao lembrar que meu carro está amassado, e preciso arranjar alguém para colocar ele no conserto para mim, mas, ai, me lembro que devido a isso, posso usar minha moto de novo, e me alegro.

            O caminho até o endereço que Iris me enviou, é relativamente curto. Dirijo, aproveitando a sensação de estar livre, acelerando a cada curva, e me lembrando de como é bom me sentir assim.

         Adentro ao prédio espelhado, e cheio de pessoas que aparentam ser as pessoas mais chatas do planeta, e vou até o último andar, onde minha reunião estava marcada. Que meu velho reconhecesse, que só de vir até esse lugar, eu já estava fazendo muito esforço.

                Tive que dividir o elevador, com dois caras de ternos, que falavam sobre leis, de uma maneira entediante, e misturado com a música irritante que tocava, aquilo quase me fez encostar na parede metálica, e dormir ali mesmo.  O elevador da gravadora, eram bem mais atrativos, levando em conta que por serem de vidro, davam uma visão espetacular de toda estrutura do prédio.

         Assim que a cabine se abriu, segui para o corredor principal, onde me deparei com uma loira espetacular de costas para mim. O vestido justo que usava, marcava suas curvas generosas, e seus cabelos loiros balançavam no rabo de cavalo, a medida que ela movia a cabeça, cantarolando uma música, enquanto grampeava algumas folhas.

—Com licença. — falo, sorrindo com malicia, e assustada, ela se vira para mim. É, a garota era realmente bonita. Seus olhos verdes, contrastavam muito bem com sua pele clara.

—Sim? — ela questiona, me olhando de cima a baixo, e engolindo a seco. Todas fazem isso.

—Tenho uma reunião marcada com Landon...Logan...Liam! Liam Gilbert. Me chamo Castiel Blancherd, deve estar anotado ai. —digo olhando para ela, de modo que ela notasse que eu achei atraente.

      Ela nem precisou checar para saber do que se tratava. Parecia eficiente. Preciso de uma secretária assim. Menos gostosa, talvez.

—Sim, mas, a reunião foi marcada para as quatorze horas, e são apenas treze e quarenta e cinco. Além do mais, o senhor Liam, está em um reunião igualmente importante. — ela esclarece, organizando os papeis que antes grampeava, sob sua mesa.

—Escute, você é bonita e tudo mais, mas, não serei um cavalheiro com você por isso. Então é o seguinte, todos os dias na minha vida, as pessoas reclamam por eu chegar atrasado em um lugar, e na primeira vez que chego adiantado, não será você que me impedirá de passar uma droga de boa impressão, que realmente não me importo. Assim, você fará o seguinte; Abrirá aquela porta, antes que eu mesmo faça isso. — dito a encarando com toda firmeza que posso.

—Não é porque você tem a fama, de armar confusões, e  isso ser destacado em todas as capas de revistas por sua fama, que irei fazer o que você quer. — diz erguendo o queixo.

—Okay, estou indo. — aviso, e vendo que não tinha muito o que fazer sobre isso, ela passa a minha frente, e com um suspiro irritado, e com uma cara de quem estava prestes a pedir desculpas ao chefe, ela entra na sala e eu a sigo.

                A decoração da sala, se encaixa totalmente a idade aparente, do velho sentado por trás da mesa de mogno. Mas, não foram os móveis centenários que chamaram a minha atenção ali. O que chamou a minha atenção, foi a mulher parada de frente para mim, com os olhos arregalados. Era ela. A garota escandalosa do acidente de ontem.

—Esse é Castiel Blancherd. — o cara me apresenta a ela, sem dar a miníma para minha invasão. — Essa é Lindsay, minha filha e sua futura advogada pessoal. — fala, e eu gargalho ironicamente por dentro.

      Reviro os olhos para aquela situação patética, suspiro e digo;

—Só pode ser brincadeira.  — tudo bem que pronuncio aquelas palavras com escárnio, mas, no fundo, a ideia até que me diverte.

[...]

Ponto de vista: Lynn.

        Com tantas pessoas no mundo, logo aquele cara tinha que ser a minha chance de conseguir  tudo que sempre quis. Destino, qual é o seu maldito problema comigo? Eu já tenho Liam Gilbert como pai, será que você considera isso uma bagagem de vida leve? Quer que eu lide agora, com o maior idiota que já conheci na minha vida. — levando em conta, o fato de que só trocamos insultos por minutos. — O cara era um babaca completo. Não tinha como eu consertar aquilo. Só se eu o matasse, e fizesse-o renascer...Bom, a primeira ideia não é de todo mal, só que iria ser contra lei, eu iria presa, e perderia meu diploma...Espera, eu não quero matar ninguém. Isso é absurdo.

          Melhor, esse cara é absurdo. Essa situação era absurda. Ser Lynn Gilbert era absurdo.

              Vamos lá Lynn, você sabe o que fazer. Você é uma Gilbert. Você só tem que ter postura, engolir a seco e erguer o olhar com firmeza.

—É um prazer lhe conhecer. Senhor Blancherd. — ele sabe debochar. Eu também sei. Ergo minha mão em sua direção, e ele nota que eu não quero que nosso primeiro encontro seja mencionado. E que ele não se arrisque a divulga-lo. Eu posso ser má, quando quero.

—Senhorita Gilbert. — aperta minha mão, com um sorriso maior do que antes. — Senhor Gilbert. — cumprimenta meu pai, que está o avaliando para saber o quão terrível ele é. Acho que torce para que ele acabe comigo, antes que eu sequer o faça ter uma boa atitude, coisa que não acho difícil.

—Então, o que farei exatamente pelo Castiel? — Não me preocupo em soar intima. Questiono isso, quando ele está próximo de mim, e tento mostrar o quão feliz estou com essa situação.

—Um boquete seria uma ótimo pedido. — o idiota faz aquela piada suja, em tom baixo, e eu o olho incrédula. Fico um tanto aliviada, por meu pai não ter escutado, por Florence ter ido até ele, para tentar explicar porque Castiel invadiu a sala.

—Contrate uma prostituta para isso, não uma advogada. — sou elegante ao retrucar.

—Sabe, acho que conheço sua filha de algum lugar. — ele anuncia para meu pai, em alto e bom som, e eu bufo.

—Com certeza do inferno. — devolvo automaticamente, e meu pai me olha com censura, sem entender meu comportamento.

—Oh, não, me lembraria se tivesse visto o demônio ao vivo. — zomba, e eu me seguro para não lhe dar uma bofetada.

—Então, o que eu farei exatamente pelo Castiel? — repito a pergunta, querendo encerrar nossa discussão, antes que eu agrida ele.

         Meu pai nos olha de forma estranha, antes de me responder.

—Como sabemos, Castiel se meteu em algumas confusões. — diz sério, e o babaca arqueia uma sobrancelha com desdém. — Você irá basicamente, livrar ele de todos os processos, e dar um jeito de que ele não arranje mais desses. Além, de que, você será responsável, por avaliar cada contrato da gravadora, que ele comanda, já que ultimamente, ele tem os assinado de maneira errada. — meu pai explica de forma embelezada, dando a entender que eu terei que enfrentar muita coisa a mais que isso.

—Basicamente, serei uma babá. — digo palavras, que já saíram dos meus lábios, e Castiel revira os olhos.

—Não ache que estou feliz com isso, estou odiando a situação mais que você. — ele diz irritado.

—Não estou odiando nada. Sou profissional, e isso é meu trabalho, e se ele me diz que preciso basicamente  te transformar em um bom moço de negócios, é isso que farei. — anuncio convicta, e ele gargalha ironicamente.

—Acho que você precisará de sorte. —  Me avisa.

—Nunca precisei de sorte. — continuo profissional.

— Bom, acho que a reunião se encerra por aqui. — Liam diz. Está claro que ele se encontra de saco cheio daquilo, só era cortês demais para admitir na frente do idiota Blancherd.

              Castiel se despede de maneira irônica, e assim sai pela mesma porta, que Florence saiu dois minutos antes. Continuo na sala do meu pai, me perguntando onde me meti, e suspiro.

—Por que fez isso comigo? — questionei me virando para ele.

—Isso o que? — pergunta, me olhando entediado. Ele queria que eu tivesse ido com Castiel, e isso é obvio.

—“Isso o que?” Você só me colocou para fazer algo, que ninguém nesse maldito escritório, se daria trabalho de fazer. Você viu o cara, ele é um idiota. — quase grito.

—E você não foi nada gentil com ele. — menciona.

—Ser gentil para aquele cara, significa ir para cama com ele, e isso papai, eu não farei. Porque ainda me resta um pouco de respeito por mim mesma. — é o que digo, antes de lhe dar as costas, e sai daquele ambiente horrível.

                Reviro os olhos com todo deboche que posso, quando noto que Castiel ainda estava no escritório. Ele se encontrava de frente para a mesa de Flore, e a canta descaradamente, enquanto ela discute por ele, ter a coagido a invadir a sala de seu chefe. Vou até ele, e chego a tempo de ouvi-lo questionar;

—Tem namorado? — pergunta isso com aquele sorriso maroto, molhador de calcinhas. Não que eu tenha focado muito nele, eu só o vi. Simplesmente isso.

—Estou me segurando para não bater em você, desde que entrou na minha sala, não me dê mais um motivo para faze-lo, paquerando minha melhor amiga. — digo, cruzando os braços,e ele revira os olhos.

        Flore por sua vez, parece confusa, com meu comportamento agressivo. Digamos, que eu não me daria ao trabalho de explica-lo.

—Alguém já te disse que você é irritante? Porque sim, você é. — expõe sua opinião.

 

—Sempre ouço isso. — destaco. — Então, peça para sua secretária, que ligue para o escritório, e me passe seus horários. — instruo, ignorando sua infantilidade.

—Não tenho secretária. — diz com desdém. É claro que não tem, por que ele simplificaria minha vida?

         Suspiro.

—Okay, darei um jeito de resolver a sua vida, e salvar o futuro da minha, indo até a sua maldita gravadora amanhã. — aviso, e ele dá de ombros, realmente não ligando para mim.

—Estou indo nessa, já que não consegui nada aqui. — diz olhando sugestivamente para Flore. — Vou dar um jeito de relaxar em outro lugar. Foi um desprazer lhe ver, Lindsay. — fala com deboche, antes de me lançar um sorrisinho de lado, e ir até o elevador.

        Florence está me encarando, enquanto observo as portas da cabine se fecharem, eu posso sentir.

—Está daquele jeito de novo. Aquela expressão que perdeu algo de si, que sempre tem, quando sai da sala do seu pai. — menciona, repetindo algo que falou algum tempo antes.

—Perdi minha dignidade dessa vez. — digo engolindo a seco.

—Há algo que eu possa fazer, para que se sinta melhor?. —questiona preocupada, e eu me viro para ela.

—Na verdade há. Como você é uma ótima futura jornalista, preciso que procure para mim, e me envie por Email, cada maldita confusão que Castiel Blancherd se meteu, desde que se tornou responsável por suas próprias ações. Eu quero cada furo, e cada motivo que possa ter feito ele se tornar esse idiota. — peço, e mesmo sem entender, ela aceita meu pedido. — E se meu pai perguntar, diga que precisei resolver um assunto urgente, agora a tarde e tirei folga. — Sei que já é o segundo dia que me dou folga, mas, não  estou dando a miníma para isso. Eu já tinha meu trabalho de hoje feito.

               Já com minhas coisas em mãos, e a procura de um táxi na rua, faço uma coisa que no fundo, eu não acreditava que iria fazer; Ligo para Lysandre.

Não estava contando que você me retornasse. — ele admite quando atende, e eu suspiro, olhando para os lados, antes de atravessar.

Nem eu estava contando com isso. — sou sincera. — Já está de volta a Nova York? — questiono, me arrependendo em seguida.

Sim. — é breve.

        Mordo os lábios, sabendo que o que farei agora é idiota.

Pode me encontrar no Jade’s daqui há quinze minutos? — indago, sem saber o que eu quero que ele responda de verdade.

Estarei lá. — soa como uma garantia. E eu acredito. Mantenho-me acreditando, até depois de desligar.

[...]

               Lysandre Gilbert é um homem de palavra. Comprovo isso, quando o avisto sentado em uma das mesas do fundo, do meu restaurante predileto. Assim, que ele me nota na entrada, abre um daqueles sorrisos discretos, que são tão característicos dele. Desde criança ele sorria assim.

         Vou até lá, e no caminho cumprimento alguns funcionários, que eu já conhecia, por frequentar muito aqui.

    Me sento de frente para meu irmão, que continua sorrindo.

—Nunca vou me acostumar com o fato, de que você não é mais a garotinha que morava comigo. Agora é uma mulher prestes a se casar, e uma advogada formada. — ele diz nostálgico.

—A última vez que fui uma garotinha, foi quando você, mamãe e Leigh foram embora, desde lá tenho me saído bem, em amadurecer antes do tempo. — pontuo, e bebo um pouco da água, que o garçom já tinha trazido para a mesa.

—Por que marcou aqui? Nos Jade’s? É o restaurante onde nossos pais se conheceram. — ele diz, querendo mudar de assunto, para que não briguemos.

       É! Havia um motivo, para eu gostar tanto daquele lugar.

—Acho que há uma mensagem subliminar nessas paredes. — conto minha louca teoria.

—Que é? — não parecia curioso de verdade, mas, era educado o suficiente para fingir.

—São as pessoas em que mais colocamos esperanças, que é mais provável que abandonemos. Foi assim, com nossos pais. Mamãe acreditou em Lim, nosso pai, mas, depois desistiu, o amor que dizia sentir por ele, não foi suficiente para faze-la ficar...Eu sei que é uma mensagem cruel, mas, é uma realidade, um fato. E eu acredito em fatos, mas, do que acredito em qualquer coisa. — afirmo, olhando para seus olhos tão diferente dos demais, de forma breve.

          Eu sabia que ele não discutiria comigo, sobre a relação dos nossos pais. Lysandre não faria isso.

—Você não está bem. — ele nota após me fitar por um tempo.

—Papai me forçou a fazer algo, que eu não queria. — admito, o motivo de sentir que precisava ver outra pessoa da família.

—Essa é a história da sua vida, Ly. — diz a verdade.

—Por favor, só por hoje, não vamos falar das minhas escolhas. Só vamos ter um almoço tedioso, em que você me conta das suas aventuras em Londres, a quais eu irei ignorar com maestria. — peço, e com outro sorriso discreto, ele concorda.

[...]

           A noite chega a Nova York e assim a movimentação da cidade aumenta, logo, corri para minha casa, onde teria paz. Com a intenção de ficar presa no meu casulo, e trabalhar por toda a noite, até conhecer Castiel Blancherd mais do que a própria mãe dele.

             Assim que sai do restaurante, liguei para meu pai, e avisei que era bem provável que eu não aparecesse no escritório amanhã, por estar resolvendo a vida do idiota Blancherd, e como o esperado, ele nem ligou. Deve ter considerado até bom.

       Para minha nada surpresa, Kentin havia ligado pouco depois disso, para me avisar que viria até meu apartamento hoje, e faria um jantarzinho para nós dois. Ele era um noivo espetacular, admito.

      Quando Kentin chegou, abri a porta para ele, e o cumprimentei com um beijo rápido, e corri de volta para a cozinha, me acomodando em um dos bancos do balcão, onde meu MacBook estava depositado, e continuei a ler, todas as informações que Flore havia me enviado sobre Castiel.

   Vi pelo canto do olho, que Kentin tirava algumas verduras, da sacola de supermercado que havia trazido, e sorri por seu carinho por mim. Era sempre assim, ele fazia algo carinhoso por mim, e eu entendia porque mantinha ele em minha vida. Ken era minha estabilidade, minha segurança e minha garantia de paz no fim do dia.

—Vou fazer aquele risoto que você adora, e tomaremos um bom vinho branco. — ele me conta, ao notar que eu sorria para ele.

—Eu te amo. — digo rindo, e antes de voltar a trabalhar, aviso. — Comprei aqueles cookies de chocolate que você adora, naquela padaria francesa. Eles estão no microondas. — em reposta a isso, ele beija uma das minhas mãos. — Espero que você saiba, que às vezes, se alimenta como uma criança do primário. — zombo.

—Percebeu como parece que já estamos casados, às vezes? — questiona, pegando alguns utensílios, em um dos armários da cozinha, e os colocando sob a pia.

—Isso significa, que sairemos super bem, quando formos casados de verdade. — falo, esperando que realmente significasse isso. Logo, volto a ler, meu material de trabalho.

       Prendo meus cabelos em um coque, para me sentir mais confortável, e destaco os processos mais graves que Castiel já teve. O cara já bateu em um paparazzi, por o fotografar jantando. Era ridículo, além de ser insano.

          Haviam fotos, e registros de todas as confusões, e em todas ele não havia dado nenhum indício, de bom senso. Era um babaca completo.

—O que está fazendo? — Kentin questiona, enquanto corta alguns tomates.

—Tentando entender a mente de um idiota, para resolver um caso. — minto em partes, não querendo dar detalhes, de como perdi minha dignidade profissional hoje mais cedo.

—Quer ajuda? — indaga solicito.

—Não duvide das minhas capacidades como advogada, por favor. — peço risonha.

—Não estou fazendo isso. Sei o quão capaz você é. — gostava disso no Kentin. O fato de sempre me elogiar, só tinha ele e Flore para reverenciarem meu evidente talento de persuasão, e capacitação como advogada.

          O silêncio logo volta a habitar ali, e eu retornei para o que estava fazendo, afim de extrair o máximo de informações que pudesse, até  Kentin chamar minha atenção de novo.

—Posso te fazer uma pergunta? — ele questiona, e mesmo hesitante, encaro seus verdes, parecidos com os meus, e concordo. — Você quer ter filhos, depois que nos casarmos? Digo, não no inicio...Mas...Você pretende ter filhos? — arregalo os olhos com aquela questão,  engulo a seco.

—O que? — pergunto automaticamente.

—Bom, nunca conversarmos sobre isso...E, eu admiro o fato de que você não se fechou para relacionamentos,  depois do divórcio dos seus pais, mas, você não mencionou nenhuma vez, se queria ter filhos. — explica, limpando suas mãos em uma flanela, e me olhando com expectativa.

—Não sei se quero...Quer dizer, sempre há a possibilidade de um divórcio, não quero que mais uma criança no mundo, tenha que lidar com a separação dos pais. — explico, querendo acabar com o assunto por ali, mas, sabendo que não aconteceria.

—Vai casar comigo, já pensando em um divórcio? — ele tenta brincar, só que eu sei que no fundo, está preocupado.

—Não é isso...Mas, como eu disse, é uma possibilidade. Sempre avalio elas. —  esclareço, me remexendo desconfortável.

—Pode parar de falar como uma advogada, por dois segundos? — questiona me olhando fixamente.

—Não. Porque é isso que eu sou. — falo e ele suspira. —Eu...Só disse que não sei se quero filhos...Mas, eu sei de algo importante...Se eu os tiver, será com você, porque sei, que seria um pai incrível. — digo, para aliviar a situação. Kentin não insiste no assunto, ele faz algo tipico dele, e releva minhas palavras, aproveitando o momento para me presentear com um beijo singelo.

      O jantar se passa de maneira mais agradável, com assunto mais leves, e acabo contando que passei um tempo com meu irmão hoje a tarde, e ele aprova minha atitude. No geral, sempre achávamos assuntos que adorávamos para conversar.

        Kentin foi tomar banho, para se preparar para dormir - ele tinha algumas roupas aqui, faz um tempo - e eu aproveitei para lavar a louça, já que ele tinha feito o jantar.

        Fui para cama, levando o MacBook, e já com sua camiseta cinza, e com sua calça de flanela, Kentin deitou-se ao meu lado, e começou a fazer carinho em minhas pernas.

    Naquela noite, só dormiríamos realmente. Apesar de eu querer muito aliviar, meu estresse com sexo, eu tinha que trabalhar, e Kentin entendia isso, afinal ele também era um advogado que levava casos para casa.

      Ele ligou a TV do quarto, e colocou em um filme chato, enquanto eu continuava a trabalhar.

 Após um tempo, suspirei frustrada, e Kentin notou.

—O que foi? — questionou, pegando o controle remoto e desligando a TV.

—Lembra aquilo que me disse uma vez, sobre conhecer seus clientes emocionalmente e suas motivações, antes de começar um caso, para entender como poderia ajuda-lo? — indaguei mordendo os lábios.

—Sim. Eu te disse, que eles sempre tem um ponto fraco, uma espécie de chave para que vejamos da onde parte seu comportamento e suas ações. — Kentin repete o que me disse uma vez.

—Estou pesquisando há horas, sobre esse meu cliente. Ele é um idiota bagunceiro, e está cheio de matérias que confirmam seu comportamento. Mas, não tem nada que denuncie sua verdadeira motivação. Não há um ponto fraco, e eu sinto que só conseguirei ajuda-lo completamente, quando conhecer esse ponto. O que farei, se ele não é aparentemente a pessoa mais aberta para me contar? — questiono irritada.

—Mostre seu ponto fraco a ele. — diz como se fosse nada.

—Isso é absurdo. — afirmo.

—Não é. Pessoas não confiam em advogados, porque sabem que somos manipuladores, faça esse cara perceber que você é humana, antes de ser advogada. Ambos sabemos, que só conseguirá entende-lo e faze-lo confiar em você, quando confiar nele. — Kentin fala, com aquele jeito politicamente correto.

—Sabe que não farei isso. — pontuo.

—Então, esse cara continuará a ser uma incógnita para você. — ele avisa.

          Uma Incógnita. No fim, isso sempre seria o  que Castiel Blancherd era para mim, e mesmo fingindo que não, algo em mim, alertava que eu queria descobrir cada segredo obscuro, que aquele homem de inebriantes olhos azuis tinha.


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Notas finais do capítulo

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