Uma Adorável Mulher. escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 34
Capítulo 34 - Parceria Improvável.


Notas iniciais do capítulo

A partir de agora REALMENTE preciso saber o que vocês acham porque é aqui que a ação começa e no próximo capítulo nós teremos muita emoção e uma decisão complicada que a Lynn tomará.
Só lembrem-se do que o Kentin pediu que a Lynn prometesse.

Boa Leitura!



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  Ponto de vista: Lindsay Gilbert.

 Por ser um evento feito exclusivamente em homenagem a Liam ele havia recebido um camarim logo que chegou e era nele que estávamos, e a lista limitadas de pessoas que se encontravam presentes eram Logan, ele e eu. Sentada no enorme sofá do lugar junto ao meu irmão compartilhávamos um silêncio nada confortável. Depois do que a Aurora causou e nosso espetáculo lá fora decidimos que precisávamos de tempo para nos resolver.

—Eu sempre soube. — Liam revela de costas para nós, servindo-se de um copo cheio de whisky, querendo se acalmar aparentemente. — Você acha mesmo que eu não saberia que a minha filha de 16 anos decidiu colocar uma criança em um internato? Uma criança que não por acaso compartilhava o mesmo DNA que ela? — parece zombar da minha inocência. — Eu sempre soube. — repete se virando e nos fitando de modo sério.

—Então...Preferiu que eu fizesse isso, ao invés de ser um homem de verdade e dar um apoio ao seu filho? — indago incrédula.

—Eu nunca amei a sua mãe, Logan. — revela isso olhando para meu irmão e suspirando. Logan se limita a não se afetar com isso. — Mas, eu gostava dela...Quando meu casamento com a Aurora virou um desastre e eu a conheci no meu escritório, como faxineira, eu me encantei pela beleza e simpatia dela, e o relacionamento que tínhamos fazia com que a minha vida se suavizasse. Quando ela engravidou de você, eu não te quis, admito...Mas, quando você nasceu e eu olhei para você soube que seria alguém grande mesmo sem mim. Por isso o nome com “L”. — parece divagar pensando na mãe do Logan.

—  Quando ela morreu você me deixou. Você nunca nem me visitou desde que nasci. — meu irmão acusa se levantando. — Como eu seria algo grande órfão? — questiona irritado.

— Se quer saber, quando ela morreu eu ia te amparar, mas, Lynn descobriu sobre você e ela tomou a iniciativa de te ajudar e então eu desisti, sabendo que ela faria isso melhor que eu, e deixei a vida seguir seu curso. — explica como se isso não fosse grave.

—Deixou “sua filha de 16 anos” assumir a responsabilidade de cuidar de uma criança? — Logan questiona exaltado.

—Sim. — meu pai confirma. — Lindsay já deve ter te contado como sou um péssimo pai. Era isso que você queria para você? Alguém como eu? Lindsay te deu todo suporte que precisou, o Dilaurentis fez o que eu nunca faria por você, se manter longe de mim foi o melhor. — é deprimente saber que meu pai se considera tão desprezível a ponto de achar não ser capaz de amar mais um filho.

— O melhor para quem? Eu amo a Lynn, amo o Nathaniel, mas, droga, eu sempre precisei de você. Você é meu pai, você deveria escolher me ajudar, cuidar de mim, exercer a droga do seu dever. — meu irmão argumenta com lágrimas descendo pela face. Não eram de tristeza ou frustração. Era raiva.

—Lindsay, uma ajuda aqui seria ótimo. — meu pai comenta com uma careta.

—Eu já te ajudei por muito tempo; O filho adolescente é seu. Não achei que esse momento chegaria, mas, cá está você, tendo que ser digno de uma conversa com ele. — lavo minhas mãos porque sei que esse é um acerto que só meu irmão merece ter.

—Obrigada Lynn. — Logan agradece com certo deboche e mesmo com toda tragédia da situação, eu me seguro para não rir do desespero de Liam.

—Logan, tem como se controlar? — meu pai questiona por ver fúria nos olhos dos meu irmão.

—Desculpe não fui criado por você, então seus pedidos por controle não funcionam comigo. — então o menino doce sabia ser amargo. Ele sabe alfinetar.

—O que você queria ou quer de mim? — o Gilbert mais velho grito.

—Amor. É o que os filhos sempre querem. — afirma isso como se fosse obvio. — Mas, está claro que como a mãe da Lynn disse eu só sou um bastardo para você. — a vontade de rir logo passa.

—Se você fosse só um bastardo não carregaria o L do meu legado. — Liam diz como se isso fosse esclarecido e agora é sua vez de se irritar. — A Lindsay ama você e com anos de convivência eu sei que minha filha ama poucas pessoas no mundo, então você deve valer a pena. — me ofenderia com aquilo se não fosse a mais pura verdade. — Então, se recomponha e lide com o fato de que você se livrou de um pai complexo e problemático. — Liam ordena e eu não aguento, mesmo com toda parte confusa começo a gargalhar.

 As duas pessoas que tanto se parecem viram-se para mim e me fitam com o mesmo olhar sério.

—Desculpe...Mas, é que você é ridículo lidando com um adolescente, desculpe pai. — comento achando toda aquela situação insana. — Eu realmente não achei que fosse presenciar você tentando educar o Logan um dia. — continuo a rir, porque de alguma forma aquele momento me faz feliz.

     Logan suspira e então admite.

—Eu odiei fazer aquele discurso. — fala se jogando ao meu lado, papai deixa abandona seu copo e assim se senta no sofá a nossa frente e nos fita intensamente.

—Foi um ótimo discurso. — elogia e em minutos consegue o que eu não tive em anos, mas, não o invejo.

—É, seria se eu não sentisse uma coisa chamada remorso e eu ainda forcei o Lysandre e o Leigh a entrarem nessa farsa. Eles não mereciam isso. — aquele era todo lado bom que eu admirava no meu irmão falando.

     Lhe mostrei um pequeno sorriso.

—Eles fizeram porque mesmo não te conhecendo direito viram que você é que não merecia passar por aquela humilhação. Os dois tem bons corações, assim como você. — lhe comunico isso com toda calma que posso. — N         ós somos uma família, uma família cheia de problemas, segredos e outras coisas ruins, mas, também somos ótimos em nos safar de situações complicadas e você é ótimo em fazer o certo, então não se sinta obrigado a perdoar o Liam quando o universo sabe que ele não pedirá perdão, apenas...Faça o que você quiser. — eu lido com aquele garoto desde sempre, sei exatamente do que ele precisa para se sentir entendido.

Ele assente. Eu sei que ele também não estava preparado para tudo isso quando aceitou meu convite. Talvez tenha sido um erro convidá-lo, ou talvez um acerto, Logan irá iniciar uma jornada incrível, e para que ela comece da forma mais perfeita possível ele tinha que resolver seu passado. Todos tem.

Liam também não se dá ao trabalho de se sentir ofendido por minhas palavras.

—Eu posso...Tentar não te odiar por você ser quem é. — Logan avisa, olhando para ele agora de modo calmo. — Se você me quiser na sua vida agora....Eu posso tentar estar pronto para entrar na sua...Sem mágoas, ou culpa...Não quero ser o cara que fez aquele discurso, não quero ter que fingir ser algo que não sou...Então, ficaria feliz se me aceitasse do jeito que eu sou, e tentasse também fazer o certo por mim pela primeira vez. — o mais novo de nós surpreende meu pai com aquelas palavras. E talvez, fosse só disso que ele precisava; De uma chance. Todos nós precisamos de uma.

—Se levante garoto. — é o que Liam diz e meu irmão franze as sobrancelhas.

—Por que? Para onde vamos? — está confuso, mas, ainda sim faz isso, e eu o acompanho.

—Para casa. — quando meu pai diz isso sinto um orgulho enorme por ele. — Chamaremos seus irmãos também, precisamos dar explicações a eles, e essa família precisa de um momento em paz. — nos instrui em fazer isso e eu dou um sorriso aliviado depois de tudo.

O mundo estava desabando lá fora, mas, pelo menos uma base em minha vida estava sendo reconstruída. Quando saímos pela porta da frente, sendo ovacionados por jornalistas que seriam controlados por Peggy logo mais me senti abraçada por Logan e em questão de pouco tempo todos os Gilbert estavam dentro do carro chique do meu pai em direção a uma noite familiar completa.

Ponto de vista: Castiel Blancherd.

Na manhã seguinte a premiação na qual o grande momento dos Gilbert aconteceu, me deparei com dois deles na minha gravadora, acompanhados de uma equipe de advogados com expressões frias. Na noite anterior pensei em ir até Lynn para consolá-la após o espetáculo da sua mãe, mas, não pareceu o certo, dado o fato de que eu fui acompanhado de Debrah. Quanto a isso, eu havia me reaproximado dela depois do meu término com Lynn e achei que seria divertido ter sua companhia naquele momento.

No corredor dando ordens para todos os engravatados o olhar de Lynn encontrou o meu e ela suspirou. Não entendo porque eles estão aqui. Não entendo também porque meu pai está aqui, e eu como presidente de toda essa droga não preciso participar da tal reunião que teriam. Digo, até Liam Gilbert, o homem que não saia daquele escritório se encontrava aqui hoje para controlar seu pessoal. Isso deve significar algo grande.

Lindsay aparentemente pede licença ao homem com quem fala agora, e vem até mim em passos firmes. É a primeira vez que conversaremos desde o término.

—Não precisa se preocupar. A cavalaria só está aqui hoje para uma nova auditoria, e como avaliaremos coisas antigas, precisamos do Noah que foi o presidente de anos atrás. — me comunica sem nem um “Oi, como você está?”. Lynn simplesmente sabe que estou desconfiado e quer me acalmar.

—Não sei se acredito nisso. — eu sinto todos os segredos no ar.

 Lindsay faz uma careta, e depois morde os lábios. Ela não está desconfortável. Está com raiva, e posso adivinhar a razão; Debrah e eu.

—Você não tem que acreditar. Só estamos fazendo nosso trabalho. — fala no tom mais indiferente que pode.

Ficamos nos fitando sem falar mais nada. Há tanta coisa dita ali. Tanta saudade, que poderíamos acabar com um beijo, ou melhor; com a verdade.

Lindsay então simplesmente desvia o olhar e o foca em um cara de cabelos cor de mel   que fazia uma ligação e tinha uma expressão preocupada.

Engoli a seco.

—Quem é? — ela viu que eu olhava também e suspirou.

—Kentin. Meu ex noivo. — a informação me incomodava. Não sabia que estavam próximos de novo, não a ponto dela procurar o olhar dele com tanta vontade. Será que isso acontecia desde nosso término?

—Deve ser estranho...Trabalhar com um ex noivo, vê-lo todos os dias. — comento, ao passo que vejo Liam conversar com meu pai no final do corredor, antes da tal reunião acontecer.

— Você trabalha com a sua ex namorada, diga-me quão estranho é. — Lynn pede com a frase na ponta da língua. Daria uma risada de seu comportamento arisco, se não fosse as circunstâncias.

—Lynn, eu sinto muito por ter levado a Debrah ontem, sei que se incomodou. — digo pois não quero que ela ignore o fato de que me ama e comece a me odiar.

A mesma respira fundo, como se para se controlar.

—Nós terminamos, então não é do meu interesse  quem você leva em eventos ou dança em lanchonetes, e eu nem vim aqui para falarmos sobre nós, só vim porque minha presença  foi requerida nessa reunião. — ela realmente não quer se comprometer e ainda cita a lanchonete. Droga, sabia que me ferraria por seguir meus instintos.

—Lynn. — aquele chamado não veio por minha parte, mas, sim do tal ex noivo, que se aproximou de nós com a ligação finalizada e agora sustentando uma expressão que atingia o máximo da seriedade.

              Lindsay rapidamente me ignorou e passou sua atenção a ele, como se soubesse que era muito importante. Bufei de raiva.

—A Corton agiu. — quando ele diz isso o rosto da Gilbert se empalidece e é minha vez de me preocupar.

—Como assim? — ela obviamente quer detalhes.

— Eles entraram em ação ontem na premiação, enviaram um cara pronto para te matar. — que porra é essa?

Ao meu lado vejo Lindsay tremer.

Como assim para matar ela? O que está acontecendo aqui?

—Não foi um atirador de elite do tipo que arma uma estratégia em prédios altos, era um cara qualquer com uma arma e um objetivo. — continua como se a situação fosse normal para eles, e como se a Lynn não tivesse na mira de alguém.

—Mas, ninguém tentou me atacar ontem.  — Lynn diz aturdida, como se tentasse recapitular cada acontecimento.

—O cara nem chegou perto de você, porque havia um agente do FBI na festa, e antes que ele cumprisse o que queria, na hora da sua saída, esse agente desconfiou dele, e conseguiu contatar outros para irem capturá-lo...Mas... — faz uma careta com essa última parte e eu ainda me sinto adormecido com tudo que acabei de ouvir.

—Mas, o que? — ela indaga entre dentes.

— Houve um confronto, entre o agente e o cara e...O agente se feriu gravemente, foi para o hospital...Mas... — conseguimos entender o que esse “mas” repetido quer dizer.

—O Liam parece não saber disso. — Lindsay diz aflita. Eles dois conversam como se eu nem estivesse aqui. Lynn parece tão confusa com isso tudo que nem se dá conta da minha presença.

—Ele com certeza sabe, a FBI não levou o cara para o centro de detenção ainda, o mesmo está no escritório, o Parker está tomando conta dele, junto com alguns guardas, foi ele que me ligou e me disse isso tudo. Aparentemente, contra protocolos o interrogatório será lá. — faz a explicação e Lynn suspira.

— Por isso o Liam inventou a auditoria para hoje, ele não me queria no escritório, e se me mandasse sozinha para aqui sabia que eu desconfiaria, já que não nos deu um bom motivo para vir...Achei que pudesse ter a ver com a Corton, mas, não...Ele não quer nada daqui. — Lynn como sempre é esperta.

—E tem mais... — o tal Kentin anuncia.

—O agente que morreu...Ele era do alto escalão. — até ai Lindsay não parecia ver nada de importante no fato, só que Kentin conta quem é o tal agente. — Era o tal Steve McGregor. Lynn, fomos nós que convidamos ele para festa e agora ele... — a culpa está evidente no olhar dele, e quando me viro para ver o que encontro no de Lynn, encontro o nada. Um vazio assustador.

Ela arfa e dá dois passos para trás, se encostando na parede do corredor e logo começa a respirar com dificuldades. Corro até ela, seguro seu rosto entre minhas mãos, querendo acalmá-la, mas, ela não consegue me olhar nos olhos, a mesma se limita a ficar desesperada e eu simplesmente não entendo sua falta de controle. Dado o fato de que ela é a pessoa com mais controle do mundo.

—Não. — sussurra parecendo sentir uma dor que não pode ser medida.  —Não, não, não, não... — começa a repetir, enquanto seus olhos verdes transbordam agonia, ela se esquiva de mim, parecendo ter medo desse contato, então se inclina apoiando as mãos nos joelhos, começando a soltar soluços sôfregos.

Eles chamam a atenção de todos, então em questão de segundos Liam surge perto de nós junto com Noah. Ele arregala os olhos para a situação da filha, então depois suspira como se a compreensão atinge seu ser e se limita a tocar as costas dela como se para consola-la sobre algo que nem Kentin e eu entendemos, mas, ai, outra reação surpreendente; Lynn se afasta dele furiosa.

—Não. — dessa vez grita e ele estranhamente se limita dar mais um suspiro. — Que porra...Não... — fala mais uma vez, então passa as mãos pelo rosto chorando. — Você não ia me contar? — ela indaga indignada em meio ao choro e eu só consigo me questionar com o que estamos lidando aqui.

—Lindsay... — ele tenta.

—Ele está morto. Ele está morto. — ela repete como se isso fosse difícil demais para ela. Mas, por que seria? Pelo que eu entendi o cara era só um agente qualquer. — O Steve está morto. — e aquele tom fez com que eu percebesse que não era um cara qualquer. — Eu nunca disse volta, entende?  — fala com dor. — Eu nunca disse de volta. — soluça mais e eu posso apostar que ninguém nunca a viu naquelas condições.  — Quando você fez aquilo, ele disse que me amava e eu nunca disse de volta. — acusa e Kentin parece tão chocado quanto eu.

—Lindsay, isso não muda nada. — Liam fala calmamente e em meio a tudo ela dá uma risada cheia de escárnio.

—É...Quando é um erro seu não muda nada nunca.  — parece notar isso. — Ele amava ser advogado, era provavelmente a coisa que ele mais amava no mundo, e então você tirou isso dele, só porque a vadia egoísta da sua filha resolveu transar com ele. — anuncia como se agora fosse necessário que todos as pessoas do lugar soubessem. — Você não conseguiu lidar com o fato de que o seu pupilo casado e sério transava comigo, em cada canto daquele escritório e resolveu mostrar ódio estragando a carreira dele...Você acusou ele de me assediar, e se não fosse a Peggy para diminuir o escândalo, ele nem ao menos manteria o emprego que conseguiu na FBI por causa do pai dele e agora você vem dizer que o que essa família fez na vida dele não muda nada? — Lynn estava tão perdida com tudo aquilo, que nem me preocupei em me focar em suas palavras, eu só queria que ela ficasse bem. — Ele me amava, e você me disse para deixá-lo se não não me consideraria mais sua filha, você tirou isso de mim também e depois eu tive que passar uma vida fingindo que não sabia o que era ser amada por alguém e agora...Ele está morto...Steve morreu porque me amava e as últimas palavras que ele ouviu de mim foram dizendo que eu não amava ele. — diz cada parte com dificuldade, e eu percebo que cada coisa que já gritei quando discutíamos sobre a Debrah a machucou, e ela não me disse. Ela simplesmente agiu como se eu não a tivesse magoado, apenas para que eu não me sentisse culpado. Ela tinha um passado doloroso também.

A mesma então repentinamente enxugou ao rosto, ergueu o queixo e me mostrou um olhar frio.

—É bom que não goste do seu pai biológico mesmo...Porque eu vou matar ele cruelmente e ele vai se arrepender do dia que achou que podia ir contra mim. — me diz cada palavra tomada pela fúria e eu arregalo os olhos, isso porque acompanhado daquelas palavras está um olhar determinado que aparentemente garante que ela seria capaz disso.

 Dito isso, ela esbarra em Lynn e sai daqui em passos rápidos em direção ao elevador.

Chega.

Chega de segredos.

Somente chega de segredos.

Olho para Noah e Liam.

— Três perguntas, as quais vocês serão obrigados a responder; Por que querem matar a Lynn? O que meu pai biológico tem a ver com isso? E o que porcaria é a Corton? — questiono tão firme que é possível identificar que conseguirei aquela informação de todo jeito.

[...]

Ponto de vista: Lindsay Gilbert.

A fúria consome cada parte do meu ser, ao passo que ainda chorando como consequência do que acaba de saber saio do elevador principal do escritório Gilbert. Kentin não mentiu; há uma escolta entanto lá em baixo, e Florence obviamente foi liberada de seus serviços hoje. Com a respiração descontrolada e me tremendo com todo desespero que toma conta de mim, me encosto nas paredes do lugar tento me controlar. Minha versão sofredora é somente patética.

Steve morreu e eu simplesmente não sei lidar com isso. Eu não sei se o amava, não sei ao certo o que sentia por ele, mas, era importante, era algo que fazia parte de mim, e por anos eu optei por agir como se não tivesse acontecido porque quando meu pai me obrigou a me afastar dele soou como se deixá-lo entrar me fizesse frágil.

E o que ele sentia por mim, não haviam suposições sobre isso, era amor, em sua forma mais intensa e real, um dia ele chegou a me dizer que acreditava que eu era o amor da vida dele. Nunca pude retribuir isso e agora...Ele morreu. Para me proteger. Ele fez exatamente o que faria; ele me protegeu.

Dói.

Uau. Como isso dói.

A Corton tirou algo grande de mim, sem nem ao menos se dar conta disso.

Suspirei, tentando me recompor e em seguida tracei meu caminho em direção a sala de reuniões do lugar. Se meu pai chegasse aqui, de qualquer forma seria depois de eu fazer o queria, ele devia achar que fugir porque precisava de tempo para lidar com isso, na verdade preciso de tempo para não ter que lidar com outra situação dessa.

Parker está na porta e franze as sobrancelhas ao ver meu estado; a maquiagem borrada e a pele vermelha realmente não me dão seriedade. Mordo os lábios chegando mais perto.

—Eu preciso de um favor. — admito com a voz rouca, não me preocupando com orgulho nenhum. O mesmo me fita chocado.

—Você? Precisando de um favor meu? — indaga incrédulo. Não sei porque meu pai o colocou nesse posto hoje, mas, sei que vou aproveitar isso.

— Na verdade de dois. E adianto...O segundo será insano. — não o poupo da gravidade disso, e ele olha em volta, vendo que nesse corredor só existem dois guardas e logo volta o olhar mim.

—Comece. — pede, disposto a ouvir, não a aceitar.

—Eu preciso que você me deixe interrogá-lo antes que a equipe do meu pai venha aqui com toda FBI...O que eu sei que está prestes a acontecer. — podia simplesmente ordenar que ele abrisse passagem para mim, mas, a segunda parte do plano exigia que ele confiasse em mim, não me temesse.

—Lindsay, isso é... — inicia, mas, eu o interrompo.

—Você sabe que se eu quero fazer isso é por uma razão importante, você sabe que eu não sou impertinente por brincadeira. — argumento do meu jeito e ele solta um xingamento.

— Certo, mas, você só tem dez minutos. Vou distrair os guardas, e se o Liam descobrir que eu te ajudei você me dá cobertura. — aceitou a primeira parte sem nem pedir pela segunda e eu assenti. Sabendo que Parker concordou com isso por de alguma forma me admirar.

Parker se afastou, indo em direção aos guardas, falou algo para eles de um jeito dramático e quando os dois seguiram em direção aos elevadores ele correu até mim.

—Eu disse que você viu uma movimentação estranha lá em baixo e que os outros estão ocupados, então eles vão checar, vá logo. — instrui me mostrando que não é tão idiota quanto parece e em questão de segundos abre a porta da sala para mim.

O cara do outro lado da mesa tem o rosto comum como qualquer criminoso de esquina; Aparentava trinta e poucos anos, barba amarelada mal feita, cabelos no mesmo tom loiro queimado e olhos castanhos escuros. Poderia ser um criminoso realmente comum se não trabalhasse para um psicopata.

Quando nota uma presença se vira em minha direção e o reconhecimento aparece. Se ele ia me matar é lógico que sabia quem eu era.

   Dei a volta no lugar e de modo perverso deslizei minhas unhas pela mesa com um olhar sádico.

Essa é a primeira vez que não pergunto por nomes...Não preciso saber o nome dele...Não agora.

—Fiquei sabendo que foi um garoto mal noite passada... — inicio em meu tom mais frio. —Você queria me matar? Desculpe te decepcionar, não é tão fácil quanto parece. — agora o tom de falsa lamentação. — Você devia ter um plano, não é? Um bem ridículo, que se estragou quando Steve McGregor te impediu de cumprir seu objetivo e você o matou. — narro de forma lenta. —  Sabe o que é interessante? Steve era importante para mim. — admito para o homem que até agora se mantinha indiferente a mim. — E quando eu descobri que ele morreu, me senti...Vulnerável. — a última palavra é a chave para minhas emoções. Ele começa a ficar nervoso, tanto que seus dedos se remexem através da algema. — Eu odeio me sentir vulnerável. — lhe comunico, chegando mais perto.

Um olhar furioso é o que lanço para ele, antes de presenteá-lo com um soco tão forte, que sangue espirra do seu nariz.

Ele tosse e me fita com os olhos arregalados. Obvio que não esperava essa reação.

—  Eu estou com tanta raiva querido, eu poderia te matar...Mas, eu sei que você é só um nada, comparado ao esquadrão patético que o Jean tem ao seu dispor, totalmente capaz de vir atrás de mim. — cito tal fato acariciando a mão que o socou. — Seu chefe é inteligente, admito, tenho tentando o localizar, mas, o mesmo é ótimo em fugir de mim. É meio entediante, para falar a verdade...Como posso jogar sem saber as regras? — questiono a ele, que ainda parece surpreso. — Então, eu refleti, que é melhor parar de procurá-lo, e simplesmente o chamá-lo até mim, pessoal...Eu cogitei um painel na Times Square, mas, é demais...Até para mim... Logo, eu cheguei a conclusão que o melhor jeito de mandá-lo um recado era através de um dos seus capachos...Você, é um não é? Acho que vai servir. — lhe explico.

—O que está querendo dizer? Vai me deixar sair? — questiona incrédulo, e quando lembro do que ele fez me enojo.

—Você não é nada perto do que eu quero conseguir. — lhe digo isso, ocultando a parte do “por enquanto”. — Você vai sair, e vai dizer o seguinte ao seu chefe; Lindsay Gilbert disse para parar de se esconder através de uma identidade inalcançável, é ridículo...Apareça, porque ela tem intenção de fazer algo por você”. — dito calmamente. — E caso se pergunte o que é esse algo; Eu vou fazê-lo queimar no inferno e vai doer. — lhe comunico e sob seu olhar assustado, Parker entra na sala e comunica que o tempo esgotou.

Saio da sala e quando explico a parte dois do meu plano, Parker me propõe uma entrada no manicômio, mas, por argumentos convincentes aceita minha ideia louca e com mais uma atividade dramática consegue capturar o código das algemas digitais, e decora as localizações das saídas secretas que o prédio fornece e eu conheço por ser uma Gilbert.

—Mais uma coisa. — aviso quando estamos na minha sala nas véspera de iniciar nossa loucura. Ele me fita assustado. — Eu preciso que me machuque para dar veracidade a situação. — agora ele arregala os olhos.

—Não. Eu não vo... — como sei que ele realmente não vai fazer e não temos tempo para mais convencimento opto pela saída mais rápida e de forma corajosa pego um estilete na minha mesa e sentindo a ardência obvia rasgo levemente meu supercílio. Parker me olha totalmente incrédulo e eu sinto que não é suficiente, então de modo mais bravo ainda soco minha bochecha e urro de dor.

Passado quinze minutos e o plano quase executado, a equipe de Liam junto com Kentin chegam ao escritório, escorada em Parker tento parecer o mais afetada possível, meu pai corre até mim, desesperado ao me ver machucada.

—O que aconteceu aqui? — a pergunta vai direto para Parker que treme ao meu lado. Me seguro para não revirar os olhos.

—Pai...Eu sinto muito... —murmuro me fingindo de vítima. — Eu fiquei tão irritada pelo que ele fez ao Steve, eu forcei o Parker a me deixar entrar para ver esse homem...Eu só queria respostas, mas, ele...Ele partiu para cima de mim, foi tão repentino, e eu estava tão abalada, que não conseguir reagir...Ele me deixou jogada lá e simplesmente saiu... — iniciei meu relato sob o olhar avaliador de Liam.

— Eu estava com os guardas no outro corredor, saímos imprudentemente por um momento e deixamos a Lynn com ele...Foram questão de segundos, quando ela começou a gritar por ajuda, nós corremos até a sala, vistoriamos todas as áreas, mas, é como se ele estivesse evaporado... Ele simplesmente sabia por onde sair... — Parker me convence com sua atuação, acho que ele devia ter seguido essa área.

 Liam suspira, quase desconfiando, mas, então lembra que Parker e eu nos odiamos e não teria motivo para ele me ajudar em uma farsa.

—A FBI vai assumir daqui, eles vão achar ele, ele vai pagar por matar o Steve. — meu pai me informa por mim.

—Eu sei que vai. — digo após uma tosse forçada.

Parker e eu nos fitamos e acenamos a cabeça discretamente, a guerra continuava e eu acabo de conseguir mais um aliado.

[...]

Duas horas após a “fuga” do cara, eu me encontro em minha sala colocando gelo em meus machucados para que ao menos os físicos doam menos, tento controlar o choro para que ele não volte, mas, é difícil dado o fato de que o fiz de errado nessa última vez foi por ele.

A porta é aberta de modo brusco e meu pai e Kentin entram por ela. Suspiro, torcendo para que ainda não tenha descoberto meu truque e os fito quase hesitante.

— Eu desconfiava, mas, quando você me mostrou hoje que já sabia da morte do Steve antes de eu contar, confirmei que você já foi informada sobre a Corton, que de algum jeito descobriu sobre o Jean-Louis e os interesses dele na sua morte...Juntei um mais um e cheguei a conclusão de que não fez isso sozinha e somente o seu ex noivo te acompanharia nessa loucura. — bem, ele é meu pai afinal, não sou inteligente por acaso.

Kentin nem se esforça para parecer arrependido e eu quase lhe lanço um sorriso por isso.

—E então o que? Vai brigar comigo? Hoje não é um bom dia.  — realmente não tento arranjar uma discussão agora.

—Há um traidor na minha equipe. No meu escritório. — admite surpreendentemente. — A Corton sempre parece um passo a nossa frente, e isso se deve ao fato de que alguém passa para ela o que iremos fazer bem antes de colocarmos em ação. — Kentin e eu nos entre olhamos e o mesmo suspirou. Aquilo é mais um problema. — Preciso que vocês dois descubram quem é. — diz e eu nem me dou ao trabalho de se sentir honrada.

São necessários cinco minutos de considerações para eu planejar a cartada final.

— Eu tenho um plano...Complicado. — resumo minha ideia e meu pai espera  que eu continue. Enquanto Kentin parece supor do que se trata. — Ele envolve um grupo especial de pessoas e muita coragem. — complemento. — Vamos para sua casa pai, lá teremos mais privacidade... — solicito. — Mas, já adianto; Kentin você irá conhecer o Cairo.  E Papai, você levará sua filha tragicamente abalada após a morte de um amor nunca revelado para ninguém até hoje... — Já que a Peggy vai fazer isso — para férias na Suíça.  — digo e meu pai simplesmente assente.

E isso foi o começo do nosso plano, eu só não sabia que daqui há exatos dois meses ele me faria ir direto para a mira da polícia.

[...]

 A madrugada já havia chegado a NY, e eu me encontrava em minha cozinha, chorando a ponto de soluçar sentada no chão, encostada no balcão do lugar. Me lembrava dos meus momentos com Steve e tudo doía. Eu nunca deveria ter me envolvido com ele, e o enroscado nessa história cheia de complicações.

 

Eu simplesmente havia decidido não participar de nenhum momento de sua despedida. Eu não merecia isso. A esposa que o amava e teve que abrir mão dele quando nos descobriu merecia.

Escutei um barulho chegando ao cômodo e ergui meu olhar, me deparando com Castiel, que se encostou na quina do mesmo móvel e me fitou, parecendo tão aflito quanto eu. Ele nem se preocupa em perguntar sobre meus machucados, acho que no fim não quer a mentira que inventarei sobre eles.

—Eu descobri a verdade. — me diz e isso faz com que eu queira chorar mais. — E tudo o que eu quis, independente do nosso término, ou do seu envolvimento com esse tal cara foi ir aqui te consolar...Mas, eu simplesmente não sei o que dizer para te fazer sentir melhor. — fala de modo sincero.

—Eu passei as últimas horas...Estando com tanta raiva...Do meu pai...Do Jean...Do cara que matou ele...Até do Steve por ser tão estúpido ao tentar me salvar...Mas, então eu percebi que não estou com raiva...Só me sinto culpada. — revelei após mais um soluço.

         Em passos calmos, Castiel vem até mim e se senta ao meu lado, se limitando a virar para mim e me ouvir.

— A verdade é que o Steve morreu só por me amar. — repito. — E estou começando a achar, que amar a qualquer um de nós, os Gilbert, é uma sentença de morte. — Castiel fica ávido com tais palavras como se já tivesse conhecimento delas. — É por isso que eu me afastei, não quero perder você desse jeito...Se perder o Steve é tão difícil, aguentar perder você seria... — Castiel não deixa que eu termine.

Ele encaixa sua mão na minha e me puxa em direção a ele para beijar minha testa, enquanto choro mais.

Ele não me dá garantias e de uma forma estranha eu agradeço isso.

Steve quis me dar isso e olha onde chegou.


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Notas finais do capítulo

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