Uma Adorável Mulher. escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 33
Capítulo 33 - Passados Descobertos.


Notas iniciais do capítulo

Vocês vão me amar muito depois desse capítulo porque ele tem SEIS mil palavras, é meu recorde nessa fanfic hahaha.
Já aviso que tem momento bonitinho, que faz jus ao título, que tem treta, e que principalmente eu acho que mereço muitos comentários depois dele hahaha

Capítulo inspirado na música Monsters da Ruelle.

Boa Leitura!



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 Ponto de vista: Castiel Blancherd.

Era só mais um fim de expediente na gravadora, os meninos da banda juntos como sempre enchiam o ambiente com gargalhadas enquanto Armin os contava alguma história, meu melhor amigo havia dado a si mesmo um tempo para relaxar hoje e decidiu fazer isso relembrando sua adolescência totalmente nerd com os meninos. Me limitava a observar toda essa interação em silêncio, não tinha como fazer alguém rir hoje, depois do que tenho passado na última semana, longe de Lindsay. Desde nosso término a mesma não aparecia aqui, resolvia tudo com Iris por email ou telefone. Ninguém estava estranhando isso, achavam que seu afastamento se dava ao excesso de trabalho na tal cavalaria. Nem mesmo Lysandre parecia saber do que aconteceu.

Mas, eu sabia, eu sentia.

A saudade quase me sufocou nesses dias, tentava fazer a mim mesmo acreditar que com o tempo as coisas ficariam mais fáceis, mas, não ficam, cada dia aquilo dói mais, sem que eu espere me pego vendo algo que me lembre dela. Desde a adega da minha cobertura agora intacta, ao elevador do meu trabalho.

Estávamos um no outro. Desde o primeiro olhar, o primeiro toque e o primeiro beijo, passamos a nos pertencer, foi como se tivéssemos sido feitos para cada coisa daquela. Toda força que compartilhávamos para ficarmos juntos era a mais real prova do quão real era o que sentíamos. Não brigamos, só arranjamos formas maiores e intensa de descobrir a que ponto nos amamos.

Ela não disse, mas, eu sei. Lindsay me ama, e eu começo a odiar esse fato, porque se ela não me amasse talvez ela não teria me pedido para mandá-la ir.

 Saio das minhas reflexões quando Debrah aparece no estúdio com um sorriso exausto. Também pudera, depois de todo esse tempo tentando manter seu contrato em segredo, hoje todas as suas fãs descobriram que ela tem vindo todos os dias aqui e a surpreenderam na entrada da gravadora. Debrah foi muito atenciosa com elas, passou a tarde lá; tirando selfies e dando autógrafos. Ela parecia feliz com aquele carinho, fez tudo aquilo com paciência. Por um momento me orgulhei por ela, a garota que eu amei e tinha um sonho conseguiu realizá-lo.

Os meninos notaram a presença dela e pararam de rir no mesmo instante, assim como Armin. Os primeiros eram receosos em relação a ela, era como se Lynn fosse mãe deles, e fossemos divorciados e Debrah a madrasta que não pode ser aceita. Pensar nessa teoria é meu deprimente agora, dado o fato de que o que tivemos se assemelha a um divórcio.

Não é um término definitivo, foi o que Lynn disse.

Términos são sempre definitivos, não importa se voltarmos um dia, nunca irá ser da mesma forma.

— Eu amo minhas fãs...Mas, às vezes ela sugam toda minha energia. — ela comenta se aproximando de mim e rindo levemente. Está livre da maquiagem hoje. Não tendo porquê. Ela fiica mais bonita assim.  — Vocês vão adorar a sensação. — quando diz isso se vira na direção dos meninos, é como se garantisse que eles iam conseguir. Eles cedem. Todos sorriem quase tocados, menos Dylan.

Sempre rebelde.

E Debrah, sempre esperta tentando conquistar os outros pelo ego.

—Sabe, quando Castiel tocava comigo e éramos uma banda ridiculamente sem sucesso, não houve um só momento que pensamos em desistir, tínhamos essa coisa de comemorar cada pequena conquista e fazíamos isso indo até uma lanchonete anos 50 no Brooklyn onde eles tocavam músicas acústicas super antigas e as garçonetes dançavam em patins. Era nossa tradição. — Debrah conta aquela história a eles com uma emoção que me comove, não sabia que ela ainda pensava sobre esses momentos.  — Que tal se voltarmos com essa tradição? Vocês vão ficar superfamosos daqui a pouco depois do lançamento do CD, tipo, foi um grande golpe de Marketing o Castiel decidir que o mundo só saberia sobre vocês nessa grande festa. Não querem pela última vez comemorarem algo em uma lanchonete boba antes de serem reconhecidos por todos? — faz o convite com muita animação.

—Por que está dramatizando a proposta como se fossemos crianças do primário? — Dylan questiona com um tom sério. Ele é o mais fiel a Lynn.

Debrah faz uma careta.

—Só estou mostrando o quão grande isso é. Eu conheço os dois lados da situação, e se tem uma coisa que eu sei é que você por alguns segundos em meio a tudo vai querer um pouquinho de anonimato. Então, aproveitem a oportunidade, estou ofereceu o meu lugar para vocês. — não se afeta com a profunda resistência de Dylan, ao contrário isso parecia apenas a convencer a insistir mais.

—O nosso lugar. — a corrigindo finalmente me pronunciando, dizendo o que ela mesmo falou quando contou a história. Debrah assente rindo, e Armin faz uma sinalização como se fosse vomitar. Reviro os olhos. — Eu não sei vocês, mas, aceitaria um fast food de bom grado agora. — concordo porque isso é melhor do que voltar para aquela cobertura vazia cedo demais.

Não estou tentando seguir em frente, só não quero permanecer estagnado no mesmo lugar.

—Dispenso. — Armin nega se levantando, isso faz Debrah revirar os olhos.

—Eu sei que me odeia, mas, você pode me odiar em qualquer lugar, não seria melhor que esse lugar servisse os melhores lanches de todos os tempos? — tentou o convencer tal como fazia comigo quando namorávamos.

—Você tem um ponto. — concorda e então suspira. — E eu só vou porque estou faminto, que fique declarado que ainda não te suporto. — avisa com sua maturidade.

      Os meninos também admitiram que era um bom convite e aceitaram ir, com um tanto de esforço convenceram Dylan e assim nos dividimos em carros e seguimos até o lugar famoso.

Fizemos nossos pedidos com animação e nostalgia, Debrah ao meu lado  — que havia dado um jeito de driblar seus fãs na saída — se sujava infantilmente com maionese, seus olhos azuis brilhavam em diversão, enquanto Tommy competia com Simon para ver que comia mais hot dogs.

Olhei para ela por mais tempo do que eu queria. Admitindo a mim mesmo que sentia falta daquela gargalhada. Aquela era a real. A que me fez me apaixonar por ela. Naquele momento me lembrei porque comecei a amá-la; Debrah sempre foi ambiciosa, mas, acima disso a mesma também sempre se permitia divertir-se com besteiras, essas lanchonetes beira de estrada desde o começo eram nossas favoritas. Era uma cantora famosa agora, mas, ainda tinha a essência da garota que ia a shows clandestinos comigo. Debrah era diferente de Lynn, isso era obvio. Enquanto ela podia ter essa personalidade de menina mulher e rir comendo um fast-food, Lynn não tinha nada de menina, era uma mulher sexy e decidida que não negava suas raízes do Upper East Side e adorava restaurantes caros. Enquanto Debrah adorava um bom rock, Lynn se deliciava com ópera.

A conclusão disso tudo é que Debrah era perfeita para mim.

Isso mesmo; Era.

Antes de eu conhecer a Lynn e notar que estereótipos são ridículos. Você não se apaixona por uma pessoa igual a você, você se apaixona por alguém que te completa. Lynn me completa, mas, às vezes eu tenho a impressão que eu não a completo.

Acho que é por isso que estamos nessa situação. Acho que essa foi a real razão do fim. Se eu a completasse, ela daria um jeito de enfrentarmos o que quer que fosse juntos. Ou talvez minhas teorias só se baseassem no fato de que não a entendo.

Quando percebo que já olhei de mais para a Debrah, me levantei aturdido avisando a eles que iria até a Juxebox do local para escolher uma nova música.

Só percebi que estava sendo seguido quando alguém pigarreou atrás de mim. Me virei e dei de cara com Armin. Suspirei.

—Por que estamos aqui? — questiona arqueando uma sobrancelha.

—Por que a Debrah convidou? — debocho, mas, ele não move uma linha de sua expressão.

— O que aconteceu entre você e a Lynn? Porque se estivessem bem, você com certeza não aceitaria isso. — ele era esperto e meu melhor amigo não demoraria a notar as coisas.

—Nós terminamos. Há uma semana. — conto para ele porque sabia que o mesmo ia insistir, ele faz uma careta e suspira.

—Por causa da Debrah? — tenta adivinhar, parece a razão mais obvia.

—Não. Porque Lindsay Gilbert é louca. Completamente louca. — é, talvez essa fosse a real razão do fim. — Lindsay Gilbert decidiu que devíamos terminar porque ela me ama. Quem termina com alguém por que ama? — indago incrédulo.

—Ela disse que te ama? — como sabe que é sobre Lynn que estamos falando ele duvida.

—Ela disse que eu era o ponto fraco dela, isso quer dizer “eu te amo” na linguagem louca dela. — esclareço e meu melhor amigo olha para mim com certa pena. Odeio isso.

—Como está com essa situação? — tem preocupação em seu tom.

—Bem, não precisa teorizar só porque eu e ela terminamos, não vou cometer um monte de erros como fiz quando terminei com a Debrah, estou controlado, porque se não se lembra Lindsay além de ser minha ex namorada é também minha advogada, não vou a forçar a consertar minhas confusões mais. — falo de um jeito sério. Ser babaca sempre foi proposital afinal.

—Acha que não tem como vocês voltarem? — pergunta sensato.

—Lynn disse que não era um fim definitivo. — relembro.

—E você acredita nisso?

—Acredito que quando você ama alguém; você fica. Independente do que aconteça; Você fica. — falei aquilo antes de voltar minha atenção para a Juxbox e a música Always de Bon Jovi ressoar no ambiente.

Me virei para a Debrah e ela me encarava sorrindo de modo feliz. Essa era música predileta dela.

E desculpem o trocadilho, mas, ela vivia repetindo que sempre seria.

E alguns “sempres” diferente da maioria não acabam.

Ignorando Armin a mesma saiu da mesa a qual ocupava com a banda que eu iria lançar e veio até mim me oferecendo sua mão. A aceitei. Porque aquilo era uma volta a parte boa do passado. Enlacei minhas mãos em sua cintura, e ela em meu pescoço, e logo começamos as nos mover em um ritmo devagar. Eu não estava resistindo, admito. E tudo isso era ridículo porque éramos os únicos a dançarem naquele lugar.

E eu sei, eu disse que não queria ser somente o cara que amou Debrah Williams e se quebrou.

Mas, naquela noite, me pareceu o suficiente.

[...]

         Ponto de vista: Lynn Gilbert.

Nunca fui do tipo de garota que chorava por decepções amorosas e isso não mudou, eu podia simplesmente me afogar em dor por ter terminado com o Castiel e  não conseguir lidar com isso. Mas, eu consigo, porque não menti, eu me vejo sendo feliz com ele. Agora vejo, e se para ter isso, eu precisava abrir mão de tê-lo momentaneamente eu o faria.

                     Doía? Dói na verdade. Abrir mão de algo que te faz bem é terrivelmente assustador, correr o risco de não conseguir de volta é apavorante. Mas, eu iria sair dessa sem machucá-lo, então eu precisava ser fria sobre isso.

          Quando brigamos há uma semana na gravadora e ele me abandonou naquele corredor eu soube que a solução para não magoá-lo era fazer o mesmo então vou arcar com essa decisão.

         Florence em sua mesa cantarolava uma música pop qualquer, enquanto organizava os convites que daria a todo o pessoal do escritório. De forma automática peguei um, como se ainda não tivesse o visto. O papel dourado com letras elegantes era uma conquista entanto. Sorri quase emocionada.

—Ele conseguiu. — afirmei, nunca duvidei que ele conseguiria. — Liam Gilbert vai receber um troféu como melhor advogado da década. A associação vai o homenagear no conservatório de Manhattan. Tem noção do quanto ele esperou por isso? Todo advogado o quer, não sei como ele demorou tanto tempo para conseguir. — tinha orgulho do meu pai por isso. Nossa casa era cheia desses troféus por causa dos nossos antepassados e agora era a vez dele.

—Seu pai é mesmo um grande advogado, e um ótimo chefe, devo acrescentar. — concorda sorrindo. Ela estava tão feliz atualmente, grávida e com Nathaniel. Tanto que eu nem me dava ao direito de contá-la sobre meus problemas. Soava egoísta. Florence era importante para mim por isso eu lhe poupava de todo drama. A ignorância é a melhor proteção nesse caso. Como no de meu namorado. — Pena que Nathaniel não vai poder ser meu acompanhante, ele tem um compromisso inadiável. — choramingou, acho que por causa dos hormônios de grávida.

—É mesmo uma pe... — ia continuar, mas parei quando li o convite mais uma vez e notei algo importante. A data. Eu não havia reparado na data. Era no mesmo dia da formatura de Logan. Por isso Nathaniel não poderia ir.

                       Então, agora eu tinha dois escolhas; Meu pai ou Logan.

         E eu não precisei de muito para decidir.

—O que foi? — percebe que há algo.

—Nada. Nada importante. — forço um sorriso largando o convite sob a mesa.

—Ahnn...Eu queria te perguntar algo; Por que está tão colada no seu ex noivo atualmente? — Florence e sua curiosidade de jornalista.

—Estamos trabalhando em um caso fora do escritório, você sabe, somos bons parceiros. Nada preocupante.— finjo mais rápido do que o esperado.

—Por que eu não acredito nem um pouco nisso? — indaga arqueando uma sobrancelha.

—Porque você é esperta. — debocho, antes de pegar os papéis que me fizeram vir até sua mesa para começo de conversa e seguir em direção a minha sala.

[...]

Durante uma semana de investigação tudo que conseguimos foi reafirmar o fato de que Jean é muito inteligente. Inteligente demais para conseguir fugir de mim. Em meu apartamento, com nossos laptos na bancada da cozinha, junto com Kentin, em uma noite fria, eu tentava achar conexões entre o pai de Castiel e algum criminoso já conhecido. Dake ainda não havia me dado noticias sobre o que pedi para ele fazer, mas, eu não me preocupava muito com isso no momento.

—Chegou um email da Peggy. — Kentin avisa e eu corro para o lado dele, para lermos ao mesmo tempo. O conteúdo dele tratava-se de um mapa que enumerava alguns dos lugares que Jean possivelmente esteve ao longo dos anos, isso porque em cada parte destacada no mapa havia uma data marcada, e o local mais recente era nada mais que o Cairo, onde a FBI acreditou que o primeiro lote de armas seria vendido. Peggy com certeza conseguia aquelas informações com gente da pesada.

—Às vezes eu tenho medo dela. — Kentin comenta olhando aquilo incrédulo.

           Suspiro, passando a mão por meu rosto, exausta.

—Essa informação não muda nada, o Cairo é enorme, ele pode nem estar lá mais a essa altura, precisamos de algo mais profundo; a localização de algum laboratório, ele obviamente não usa os da Corton, precisamos achar ao menos um dos lugares em que as armas são criadas. — comunico quase aflita.

—Sim, isso parece...Difícil. — se vê no dever de me avisar. Eu sei que é difícil, mas, tem muito mais em jogo aqui, muito mais que só vencer isso.  — Lynn, eu sei que está afetada pelo seu término, mas... — não deixo ele continuar e me arrependo do momento que o contei achando que isso facilitaria nossa dinâmica.

—Eu estou afetada porque ele é um psicótico solto pronto para matar milhares de pessoas, pronto para me matar. Nós precisamos conseguir algo. — concluo convicta disso.

           Ele ia dizer algo, mas, de novo foi interrompido, dessa vez não por mim, mas, sim por seu celular que apitou avisando que uma mensagem tinha chegado. Ele leu rapidamente e suspirou.

—É meu contato no FBI, ele disse que não podia mais me ceder informações, mas, me forneceu uma lista de todas as pessoas que estão na equipe do Faraize, para quem sabe se conhecermos algum deles podermos pedir para que nos ajude. — agora mais essa.

—Pode falar quem são? — indaguei tentando ter calma.

—Sim. — logo Kentin começou a falar seus nomes, conhecia alguns deles o suficiente para saber que não me cederiam uma palavras, velhos fieis e com honra, novatos que nem prestavam atenção no que estava acontecendo e que mais atrapalhariam do que qualquer coisa — ...E Steve McGregor. — fiquei estática quando ouvi aquele nome e quase ri daquela insanidade. Steve estava em um caso com meu pai? Levando o fato de que meu pai só parecia normalmente mau humorado nos últimos dias suponho que ainda não tenham trabalhado juntos e ele não saiba desse fato. —Você o conhece? — é digamos que talvez, que sim, que muito, que intensamente.

—Sim...Já esbarrei com ele algumas vezes. — finjo descaso.

—Acha que ele nos ajudaria? — questiona curioso.

        O que eu acho de verdade não seria dito em voz alta.

 —Acho que você deve enviar um convite para a premiação do Liam para ele, em meu nome e ai podemos descobrir. — o instruo cuidadosa.

—Como sabe que ele virá? — desconfia.

—Eu só sei. — Steve sempre vem, esse era o ponto sobre ele, quando era sobre mim, Steve sempre iria.

           Voltamos as nossas pesquisas, e continuou não dando em muito coisa, então quando peguei Kentin avisou que iria ao banheiro, abri a barra de pesquisa do meu computador e alimentei um hábito que havia conseguido na última semana. Coloquei o nome de Castiel lá só para me certificar de que ele realmente não havia se metido em nenhuma confusão como Íris semprem dizia. Então eu vi; O primeiro site de fofoca exaltava o título “Famous in Love” ligando o nome de Castiel e Debrah na matéria.

            A abri e logo vi que era recente, seu conteúdo apresentava uma foto de Castiel e Debrah dançando em uma lanchonete e falava como os dois já foram namorados um dia — não sei como descobriram. — e que talvez tivessem provando um replay. Disse que Debrah até conseguira ficar um tempo lá sem ser reconhecida pelos fãs, mas, quando foi Castiel agira como um príncipe ao escoltá-la em direção ao seu próprio carro e sair dali com ela.

                    Fechei a aba respirando fundo.

Foi ingenuidade da minha parte achar que ele não se aproximaria da Debrah se acabássemos. Falei que éramos definitivos, mas, não sei se há algo mais definitivo que o primeiro amor.

[...]

             O jardim estava preenchido por tendas brancas e centenas de cadeiras da mesma cor com um desenho elegante. Uma banda próximo ao palco principal onde os formandos seriam apresentados tocava uma música jovial qualquer, enquanto os mais velhos conversavam entre si sobre o futuro épico de seus filhos. Todos vestindo trajes formais e ostentando muita convicção.

                Com o braço enlaçado ao de Nathaniel que trajava um smooking que o deixava lindo caminhávamos pela extensão do lugar. Mesmo cheia de problemas, eu só conseguia sorrir por aquela conquista de meu irmão. Era o seu momento.

  Todos olhavam para nós, Nathaniel me culpou, disse que aquele não era um vestido adequado para essa cerimônia, eu me limitei a revirar os olhos. Tudo bem que o vestido vermelho leve frente única sustentava um decote que quase mostrava meios seios completamente e possuía uma enorme fenda não era lá muito discreto, mas, nenhum daqueles homens casados era obrigado a me olhar, sou uma mulher livre que pode usar o que quiser. A conclusão é que estou mais linda do que nunca, aproveitei para ter um dia de beleza e passei em um salão, onde um profissional  cacheou meu cabelo como gosto e fez uma coroa de trança e uma maquiagem incrível. O conjunto se tornava ainda mais sexy por eu estar usando brincos de rubi que mais se assemelhavam a pequenos corações e sandálias douradas maravilhosas.

— Como seus pais e Ambre estão sobre seu filho com Florence? — puxo conversa pois faz tempo que não temos um momento só para nós. Me desvencilho dele e fico a sua frente, Nathaniel suspira.

—No começo os dois fizeram um escândalo sobre isso ser um golpe.Você os conhece. Ambre nem se importou muito, mas, sei que vai amar esse bebê. — conta em uma careta e eu assinto. — Mas, quando descobriram que ia ser um menino se animaram e começaram os planos de que como ele assumiria a empresa da família, você sabe que meu pai nunca aceitou eu ter escolhido a medicina. — comenta parecendo exausto de todo drama familiar.

—Os riquinhos de Manhattan e seus legados. — debocho e ele ri.

—Eu tinha esquecido como você me entendia, era por isso que nosso namoro não era um caos completo, nunca estivemos apaixonados um pelo outro, mas, sempre fomos amigos. — comenta, recordando o que de fato nos trouxe até aqui; Nossa amizade. Dois adolescentes que decidiram tomar conta de uma criança.

—Você se arrepende? Sobre nós? — não entendo a razão, mas, desesperadamente quis saber daquilo. Nathaniel me olha firme.

— Quando eu descobri sobre você e o Steve eu te odiei, Lynn. É horrível admitir, mas, eu te odiei. — é minha vez de fazer uma careta. — Não por te amar, é só que você era a garota com a família problemática como a minha, alguém que eu achei que faria o certo por mim e logo você me traiu e o pior: Você nem amava ele, tudo era um capricho, só para mostrar algo ao Liam. — ainda sinto rancor em suas palavras.

—Eu achei que amava. — admito algo que nunca disse nem para minha própria sombra e Nathaniel arregala os olhos. — Mesmo com você, eu me sentia tão sozinha, incompreendida, e então eu conheci o Steve; Ele era da cavalaria, lembra? Meu pai o adorava, ele o treinou como me treinou, parecia ser o filho que sempre quis ter, e eu ali, ao lado dele, sem nunca ser notada por meu próprio pai, mesmo namorando você eu tive a ideia de seduzir o Steve, um homem casado e com vinte e cinco anos, só para mostrar a Liam que eu podia ter tudo que conseguiria e que nem mesmo o pupilo dele era páreo para mim...Eu não achei que alguns flertes dariam naquilo...Não achei que eu me sentiria tão consumida pela atração que perderia minha virgindade com ele aos dezesseis anos e que ele me amaria com tanta intensidade de volta, rapidinhas no escritório dele se tornaram viagens a SouthHampton nos fins de semana, um jogo se tornou uma história. Steve acreditava em mim, como advogada e como pessoa, ele me apoiou mais do que você quando entrei na Columbia, ele era meu caso, assim como eu era o dele, mas, ele me via mais do que como uma amante. — balancei a cabeça para engolir as lágrimas. — Então tudo o aconteceu e isso ficou no passado. Eu não vou revivê-lo. — acabei o espetáculo pois me mostrei sentimental, essa situação com Castiel estava me deixando assim.

—Eu estou com medo de ser um pai tão ruim quanto Francis. — me diz aquilo como se depois do que eu falei merecesse uma confissão também.

—Você não vai. — afirmo rindo quase sem humor. — E sabe como eu sei disso? Você foi um pai incrível para o Logan, mesmo quando ainda nem era esse homem bem sucedido que é hoje. Você vai ser um pai maravilhoso e um marido mais ainda para Florence, porque qual é isso já deve estar predestinado. Porque nós seremos felizes, depois de tudo o que passamos merecemos ser felizes. — falei como se isso fosse obvio e ele gargalhou com os olhos marejados de emoção.

             Para minha surpresa Nathaniel me puxou para um abraço.

—Como noiva você foi um desastre, como amiga é um tanto egoísta, mas, como irmã...Lynn, você amou o Logan mais do que ele será amado por qualquer outra pessoa no mundo, eu sei que está sofrendo por ele ir embora, mas, é só um até logo. — ele sente que preciso ouvir isso e eu realmente preciso.

—Obrigada. — agradeço emocionada também quando nos separamos.

                  Encontramos Logan logo depois disso que também nos abraçou feliz, e então naquele fim de tarde a cerimônia de formatura dele aconteceu sob nossos aplausos e orgulho. Meu irmão não surpreendeu ninguém ao ser o orador da turma e suas palavras sobre esperança e integridade comoveram a todos. Naquele momento simplesmente não importava se alguma daquelas pessoas podia me reconhecer e se perguntar o que eu estava fazendo, só o que importava era que meu irmão cresceu e era a primeira pessoa que só viu minhas partes boas.

                Quando ele desceu do palco e veio até nós para que o parabenizássemos foi surpreendido com seu presente. Tinha discutido muito sobre aquilo com Nathaniel, mas, acabei o convencendo a aceitar isso, então com animação anunciei a Logan que ele iria para a premiação de Liam com a gente a seguir. Dane-se os riscos. Meu irmão merecia isso. Liam não merecia o título de pai da década, mas, ele merecia o prêmio em questão que havia conseguido, e eu queria por um mísero segundo que meu irmão admirasse algo nele. Havia tomado essa decisão no exato dia que percebi que os dois eventos iam ser no mesmo dia.

            Logan concordou de modo maduro, e fomos com a promessa de que isso podia significar algo maior para todos nós.

[...]

             Entrei sozinha no conservatório, Logan entraria com Nathaniel depois de mim, dispensei alguns jornalistas de Manhattan que queriam minhas palavras emocionadas sobre esse momento e só por educação pousei para algumas fotos. Logo fui até o maior auditório do lugar, preenchido por pessoas da alta sociedade e repórteres credenciados e alcancei o lugar reservado para mim na primeira fila.

                   Do meio do salão meu pai encontrou meu olhar e sorriu para mim como se estivesse aliviado, sorri de volta, feliz por sentir que ele realmente queria minha presença ali. Mas, então o sorriso se desmanchou quando vi uma cena que me fez soltar um “porra”.

          Um pouco mais atrás do meu pai minha família completa estava presente; Lysandre, Leigh e Aurora.

        Como Florence não me contou que eles receberiam os convites?

            É obvio que receberiam, afinal a família toda tinha que ser chamada para a premiação segundo as regras dessa porcaria, e Aurora por educação seria convidada e por ser cheia de despeito não perderia a oportunidade de vir e provocar meu pai, e pior há poucos centrimetos dela notei também seu atual marido.

Droga!

Onde eu havia metido Logan?

E por que minha mãe estava com aquela pose de madame se agora ela é só uma moradora do Texas? Nada contra o Texas, muitas coisas contra minha mãe agora fazer parte dele.

  O sorriso ainda estava desmanchado.

Imagine como minha expressão ficou quando avistei Castiel e sua família do outro lado do salão? Deveria ser feliz, afinal fazem dias que não o vejo, mas, não, o que senti foi raiva, a mais latente dela, ao fitar ele completamente sexy naquele smooking com Debrah como sua acompanhante.

Quem não foi convidado para essa premiação?

Castiel notou minha presença e a tempestade de seus olhos azuis me fitaram e suas sobrancelhas se franziram em uma careta. Ah por favor não me diga que ele surpreso com a minha presença aqui. Primeiro o showzinho na lanchonete agora isso. Então, ele simplesmente desviou o olhar e me deixou a ver navios.

            Suspirei e tratei de conseguir um copo de champanhe para encher a cara, e fiz questão de não sair dali para cumprimentar ninguém.

Ainda em meu lugar vi o apresentador do evento se posicionar no palco e iniciar todo um discurso sobre os maiores feitos do meu pai, alegando o quão merecedor ele era daquele prêmio. Então toda a atenção se focou em Liam quando ele subiu ao palco e começou a ouvir os elogios cara a cara.

             Nathaniel ainda não havia aparecido com Logan, mas, liguei isso ao fato de que ele disse que tentaria encontrar Florence logo, pois finalmente havia decidido contar a ela a história do meu irmão, com minha permissão é obvio.

Senti dedos gelados se entrelaçarem aos meus e um arrepio percorreu minha espinha quando isso aconteceu, ergui meus olhos na altura dos da pessoa que fez isso e encontrei os de Steve, escuros como a noite, no entanto sempre acalentadores, ele sorriu contidamente.

—Quando eu recebi o convite sabia exatamente o que você queria. Qualquer um saberia que você descobriria sobre a investigação e a ameaça da Corton a você, e é obvio que quer informações de mim. — Steve foi a primeira criação do meu pai afinal.

        E que bom que esse por sua vez estava com sua atenção focada em seu ego, ao invés de no homem ao meu lado.

—Espertinho. — debocho.

—Não precisa pedir minha ajuda sobre isso, não precisa cogitar que eles vão tocar um dedo em você. Eu garanto que ninguém vai te machucar. — o tom sussurrado que ele diz isso me trás lembranças.

—Eu não quero garantias de ninguém, sou perfeitamente capaz de me salvar disso sozinha. — lhe comunico entre dentes baixo para não chamar a atenção das pessoas.

—Eu sei. O que não quer dizer que eu vá deixar que isso aconteça. — retruca sério.

—Por quê? Da última vez que entrei em contato com você, que te liguei, eu não apareci no seu encontro. — me lembro do dia que achei que Castiel tinha feito uma festinha em sua cobertura e eu corri até ele, mas, no fim não cheguei a ir. Cometi o erro de despertar algo que não ia mais acontecer. — Por quê se há anos eu estraguei sua vidinha perfeita, seu casamento perfeito para no fim te afirmar que só você amava na nossa relação, que eu era só uma garotinha provocadora? —  indaguei irritada.

—Porque ambos sabemos que você nunca foi só uma garotinha provocadora. — a mão que se entrelaçava a minha agora subia para meu braço.

—Eu não te amava. — nem sei se isso é mentira. Steve arfou. — Vá embora agora, se não vai me ajudar com o que eu quero não preciso da sua presença. — ele assente afetado e logo me solta, indo realmente embora dali.

           Solto um suspiro aliviado por ninguém ter visto essa cena e me concentro no palco novamente.

Meu pai se posicionou de frente ao microfone com o troféu em mãos e iniciou seu agradecimento.

— Ser advogado é o legado da família Gilbert, por gerações meus antecessores receberam esse prêmio e obviamente se sentiram tão honrados como me sinto agora. Meu trabalho sempre ocupou grande parte da minha vida; resolvendo casos, indo a tribunais, mas, mais do que isso, preparando jovens talentosos para o real mundo da advocacia e os recrutando para o que eu chamo de cavalaria. Eu criei os melhores advogados de Manhattan, sejamos sincero quanto a isso. — todos riem do excesso de modéstia do meu pai.  —  Tem uma frase que eu costumava dizer a minha filha quando a treinei para ser uma boa advogada; Pessoas movem o mundo. — diz tal coisa com certa emoção, e eu me lembro de repeti-la para Castiel um dia, e pela cara que ele faz, o mesmo também lembra disso.  — Só que eu nunca disse a verdade sobre ela; Pessoas movem o mundo, só que pessoas também são movidas por algo; Amor. O sentimento mais experimentado da humanidade, capaz de fazer alguém cometer os piores erros e também os melhores acertos. — o fito surpresa com aquela declaração. — É por isso que o que faço dá certo para mim, é muito mais que um legado é amor, eu amo ser advogado, ser fruto de inspiração para as pessoas e de poder prender de vez em quando quem merece e defender quem precisa. Esse prêmio é consequência de um amor que dura anos. — dito isso ele ergue a estatueta dourada para cima e todos aplaudem. Eu principalmente.

—Sendo assim...O senhor afirma que o escritório é o amor da sua vida? — um jornalista qualquer e muito atrevido indaga quando as palmas acabam e meu pai o fita com certo deboche.

—Não...Ele nem de longe é. — responde sério.

—Então, pode nos dizer quem é? — insiste e meu pai suspira sorrindo.

—O amor da minha vida é uma garota de vinte e pouco anos; Curiosa, apaixonada pelo que faz e uma pessoa incapaz de desistir. Nunca achei que fosse ter alguém assim na minha vida, alguém que me irritasse tanto, ao passo que só me dá orgulho. O amor da minha vida chama-se Lindsay Gilbert, desde o momento de seu nascimento até minha morte. — é sucinto e por um segundo todo salão se cala.

               Não tive tempo para chorar por isso, porque em seguida aconteceu. Logan chegou ao lugar, por uma das entradas laterais, acompanhado de Nathaniel e Florence e por alguma ironia do destino minha mãe olhou na direção dele, e viu o óbvio. Viu o garoto que era igual ao papai quando jovem e soube quem ele era, e talvez isso justifique o que ela fez logo depois disso. Ela ficou chocada, logo depois furiosa, então cometeu um erro.

—Se querem saber é mentira. — saiu da multidão e gritou isso. A atenção se voltou para ela. — O homem íntegro que Liam mostrou-se nesse discurso é mentira. — berrou isso enquanto Lysandre corria até ela para tentar controlá-la em vão. — Fui casada por anos com ele, experimentei de todas as suas versões e sei que a que prevalece é a indiferente e a traidora...Ele pode até ser um bom advogado, mas, como homem...Estão vendo esse garoto aqui. — aponta na direção de Logan e de olhos arregalados meu coração dá um salto, enquanto Liam o olha estático. Meu irmão se limita a ficar sem graça. — Ele é o grande culpado da minha separação, foi quando descobri sobre ele, o filho bastardo que me separei do Liam. E o Liam nunca o suportou, nem sei o que ele está fazendo aqui, sempre foi uma vergonha para essa porcaria de legado, não sei como o querido Gilbert de vocês não deu um fim nele. — ela ultrapassou qualquer porra de limite humilhando Logan assim.

             Logan olhou para mim tentando engolir suas lágrimas e eu senti em cada parte do meu corpo o que aquelas palavras causaram nele e quis chorar também. Então a segunda coisa surpreendente da noite aconteceu, meu irmão suspirou e adotou uma expressão fria que nunca o vi ter na vida, e em passos firmes esbarrou em Aurora e subiu no palco, não demorou a tirar o microfone da mão de Liam, sob o estado ainda estagnado dele.

—O que vocês ouviram aqui foram só lamúrias de uma mulher amargurada, meu pai é o melhor homem que conheço, e não, ele não tem vergonha de mim, se passei todo esse tempo excluso foi porque preferi isso, minha invisibilidade me fez ter tempo e privacidade para receber a melhor educação de Manhattan que logo me levará a ser uma advogado tão brilhante quando ele e minha irmã são. Eu sou um Gilbert e eu me orgulho disso. — disse aquilo do jeito mais manipulador que podia e o sorriso que se formou em meu rosto foi quase igual ao de Liam; Incrédulo, porém cheio de orgulho. Meu irmão acabara de salvar a reputação do nosso pai jogando sujo. Ele era realmente um Gilbert.

            Logo ele me chamou para o palco e eu subi com meu sorriso mais sádico, aceitando o microfone.

—Meu irmão tem razão, temos orgulho desse legado e do nosso pai. E quanto a minha mãe, sabem como é, ela não é uma Gilbert mais, é difícil superar isso. — provoco. — Todos nós sabíamos sobre Logan e o amamos demais. — complemento e o olhar de todos recaiem sobre os dois Gilbert que restam e não se pronunciaram; Lysandre e Leigh.

                Esses por sua vez estão tão surpresos quanto qualquer um, Lys é o primeiro a reagir, olha para a mamãe com repreensão, antes de fechar a expressão e subir ao palco, se posicionando ao lado de Logan, a quem ele conheceu no natal  e apertando seu ombro me olhando sério.

—Sim, todos sabíamos sobre Logan. — mente para todos ali com a facilidade de um Gilbert.

                 Olho para Leigh em expecativa e se despede da noiva com o olhar antes de vir até nós sob o olhar incrédulo de Aurora. Com as mãos no bolso da calça de seu bonito smooking ele declara;

—Logan também é nosso mais orgulho. — afirma e eu dou um sorriso convencido.

—E para quem achou que essa família perderia a dignidade essa noite só por causa de um escandâlozinho a toa, tenho um aviso queridos...

—Nós somos os Gilbert... — surpreendente é Lysandre quem continua.

—E nós sempre ganhamos. — Logan finaliza ainda com aquela expressão.

                   Alguns já nos chamaram de monstros pelo que éramos capazes de fazer pelo legado, só que ali finalmente entendi; O legado não importa, o que fazemos, os limites que ultrapassamos é para protegermos uns aos outros.

 


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Notas finais do capítulo

Look da Lynn: https://www.polyvore.com/look_lynn/set?id=232126485
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