Uma Adorável Mulher. escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 30
Capítulo 30 - Uma Garota Normal.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo fofo e narrado pelo Castiel!
Boa Leitura!



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 Ponto de vista : Castiel Blancherd.

O copo de Whisky está em minhas mãos, enquanto fito com uma fascinação repetida a incrível visão que tenho de Manhattan através do arranha céus de minha cobertura. Lindsay tem razão; O silêncio é ruim. Porque nele seus pensamentos podem ser ouvidos e quando esses não são uma boa companhia é terrível livrar-se deles. Depois de contá-la tudo que me fez ser a pessoa horrível que sou ontem a noite, passei o dia hoje sem sua presença, tentando respirar sobre tudo isso que estava acontecendo. Era muito. Mas, de alguma forma eu sabia que daria um jeito de resolver. Lindsay me ajudaria nisso.

Tomo um gole da bebida, o amargo de sempre me atinge e mesmo acostumado com aquilo faço uma careta.

É só mais um noite da minha complicada vida.

Me viro quando ouço a porta ser aberta atrás de mim, com uma pitada de esperança de que fosse Lindsay, mas, para meu desgosto o que encontro é Armin que me olha com deboche enquanto adentra a minha casa com uma grade de cervejas belgas.

— Por que está invadindo minha cobertura? — indago no meu melhor humor e ele simplesmente ignora, jogando-se no sofá como o folgado que é.

—Só estou exercendo meu papel de melhor amigo te irritando. — me explica como se aquilo servisse de algo. Armin às vezes é irritante. — Vim aqui para saber como está sobre a Debrah ter voltado. — admite quando vê minha cara de quem não acreditou na primeira desculpa.

Armin é sempre irritante.

—Estou bem. — resumo a situação tomando mais um gole de whisky.

—Esse é o momento que eu finjo que acredito? — questiona arqueando uma sobrancelha enquanto abre uma lata de cerveja.

 — O que quer saber exatamente? — tento entendê-lo.

—Se está pensando ridiculamente em estragar o seu seguro e estável relacionamento com Lindsay Gilbert para tentar algo de novo com a vadia da Debrah? — okay, sempre soube que Armin não gostava da Debrah e ele não se preocupava em fingir que a suportava.

—Armin, eu já disse; Não precisa odiá-la, só terminamos porque eu quis isso. — ainda me dou ao trabalho de defendê-la.

—Terminaram porque ambos queriam. Se ela te amasse tanto quanto você acha ela não teria desistido fácil. Lindsay não desistiria. — está claro que a Gilbert tem uma torcida aqui. — Por favor, não mude de assunto, diz logo se ainda tem sentimentos por aquela pessoa que inconvenientemente voltou. — ainda era o Armin, ele me irritaria até eu ser sincero.

Me sentei no outro sofá e o encarei.

—Foi como se o que senti por ela, as coisas boas e más voltassem com tudo quando encontrei seus olhos. Mesmo ela estando na minha frente a saudade se triplicou, a saudade do que tínhamos e do que poderíamos ter. Eu me lembrei de como era tocá-la, senti-la, amá-la. Me lembrei que por um tempo só vivi dessas coisas. — declaro toda verdade e Armin me olha quase estático, precisando de alguns segundos para entender.

—Você é tão idiota. — ele diz incrédulo e eu arqueio uma sobrancelha. — Você é a porra de um completo idiota. — repete isso com mais firmeza. — Tudo que você tem que lembrar é que acabou, você e ela, acabou. — tenta me convencer disso.

—E se não tiver acabado? — questiono em um tom sério.

—Eu tenho que repetir a parte do idiota de novo? — indaga como a pessoa incrível que é. — Castiel, quando que terminaram aquele relacionamento tóxico e ridículo eu te vi se transformando em um cara babaca, que faz coisas estúpidas para chamar atenção, como se ser um cretino fizesse com que as pessoas parassem de ser importar com você, como se você não quisesse ser digno da importância delas, essa droga durou tempo, eu achei que você não ia voltar a ser você, mas, cá está o Castiel que é meu melhor amigo de verdade, em uma versão melhorada. Quer perder isso? Quer perder quem você é agora? Por ela? — eu sabia que ele estava certo, mas, meu corpo por hora não tinha certeza daquilo.

—Eu amo a Lynn. — esse é meu argumento mais válido.

—Eu sinto o “mas” que vem por ai. — Armin avisa.

—Mas, isso não quer dizer quem uma parte de mim não ame a Debrah também. — lhe conto e Armin ri incrédulo.

—Só ignore essa parte. Ela é estúpida. — me instrui e quando eu suspiro ele se irrita. — Essa parte de te faz machucar pessoas que amam você; como a Valérie, o Noah, eu e agora possivelmente fará isso com Lynn também. Então só ignore. — me cede bons argumentos.

Ficamos em silêncios por algum tempo, apreciando nossas bebidas. Agradeço mentalmente pela presença dele. Armin é realmente meu melhor amigo, o mesmo sempre arruma tempo para ser o cara que me diz o certo a fazer.

—Eu contei para Lynn sobre minha história com Debrah. — revelo e ele me olha com dúvida no olhar.

—Como ela reagiu? — é a grande questão.

—Eu achava que bem, até ela sair do meu apartamento hoje de manhã e não me dar noticias até agora. Normalmente a essa hora ela já teria me ligado, brigaríamos um pouco sobre alguma besteira e ela ofereceria algo para fazermos depois disso. — lhe comunico do modo mais calmo.

—É muita coisa para lidar. Ela deve precisar de tempo. — é sensato.

Voltamos ao silêncio, ele era confortável nesse momento, cada um com suas próprias reflexões.

—E você? Quando vai ajeitar essa vida amorosa? Ou melhor, quando deixará de ser o nerd que só ama joguinhos?  — indago pois para mim Armin soa como o mesmo garoto da adolescência, ele ri contra sua garrafa.

—Desculpe, não tive a sorte de esbarrar no amor da minha vida como alguns por ai. — zomba e eu gargalho.

—Sorte? Às vezes a Lynn me deixa louco. — declaro, toda aquela loucura dela me consome, e tudo é tão complicado.

—E ás vezes...? — ele sabe que tem uma continuação.

—Ela dá sentido as coisas. — admito revirando os olhos por estar tendo aquela conversa.

—Só não encontrei a pessoa certa. — revela de modo sério em relação a minha pergunta. — E sinceramente, não vou procurá-la, ela se quiser que apareça para ter acesso a esse corpo maravilhoso aqui. — mais uma gargalhada vinda de mim, Armin ri também e eu me sinto bem.

Era realmente bom ser seu melhor amigo.

[...]

Os garotos riam de algo esparramados pelo estúdio, no meu canto eu os observava em silêncio, permanecia assim desde que cheguei aqui hoje pela manhã, tenho escolhido ele por estar preocupado com o fato da Lynn ter sumido, até pensei em ligar para ela, mas, não queria forçar contato. Armin está certo, qualquer um precisaria de tempo nessas circunstâncias. Eu cederia esse tempo.

                Soltei um suspiro quando avistei Debrah entrando no estúdio sorrateiramente e se aproximando de mim. Hoje era seu primeiro dia de gravação e a mesma havia chegado antes mesmo de mim, isso acompanhada de sua empresária, que por fim apareceu. Não nos falamos diretamente, mas, trocamos olhares e eu sabia que no fim isso daria em alguma conversa.

—Eles são bons? — questiona se referindo aos meninos, é obvio que quer puxar assunto. Seu tom é calmo, o que não é característico dela.

—Sim. Eles nasceram para isso. — é o que posso dizer. Debrah sorri.

—Lembro de quando éramos assim...O começo do sonho. — divaga com os olhos azuis brilhando em recordações. Quase corrigi que foi o começo do sonho dela.

—Como foi a reunião com Ronny Fall? Gostou dos planos de publicidade dele para sua imagem? — questiono pois me lembro que ontem a noite ela tinha aquele compromisso, Iris havia marcado.

Debrah faz uma careta para minha pergunta.

—Vai ser assim entre nós? Só vamos falar sobre assuntos profissionais? — indaga como se isso a chateasse.

—Debrah, você fechou o contrato com a gravadora, não comigo. Nosso contato tem que ser somente relacionado a ela e me interessa de verdade que você se dê bem com o Rony, foi complicado conseguir me associar a ele...Se Lynn não tivesse me ajudado, eu não sei como poderia. — quero erguer limites entre nós, eu preciso disso para não cometer um erro, preciso disso para manter minha sanidade intacta.

Ela ignora tudo a nossa volta e ri com escárnio.

—Lynn. — repete com deboche. — A advogada metida? Está mesmo envolvido com ela? — pergunta mesmo parecendo já saber a resposta.

—Sim.  — só digo isso.

—Ela não é para você, pessoas como ela não são para pessoas como nós, qual é, ela deve ser do tipo que não se arrisca, tem horários perfeitinhos e qual é, ela tem cara de quem nunca ouviu um bom rock. — aqueles são seus argumentos.

—Não quero uma pessoa para escutar rock comigo, quero que alguém que escute meus problemas, que me entenda e todas essas porcarias que um relacionamento de verdade envolvem. — exponho meu ponto e ela suspira. — Debrah, essa discussão é desnecessária e completamente inapropriada, eu vou para minha sala agora, só passei para checar os meninos e eu te aconselho a adiantar seu trabalho. — sou sério quanto aquilo e sem olhar para trás vou em direção ao corredor.

O som dos saltos de sua bota altíssima atrás de mim avisam que estou sendo seguido, então na metade do caminho simplesmente me viro e encaro seus olhos azuis, que nesse momento cintilam emoções diferentes.

—Você vai mesmo fingir que isso não está acontecendo? — ela quase grita e eu arfo.

—Isso o que? — quase sussurro.

—Nós. — resume. — Eu vi o jeito que você me olhou quando me reencontrou, era o mesmo olhar de antes de toda bagunça, era aquele desejo de estar comigo intenso, não perdemos isso Castiel, eu sei que não...E você sabe que se eu aceitei esse contrato foi por você. — suas palavras se remexem dentro de mim e eu suspiro.

—O olhar foi o mesmo. — admito. — Mas, eu não sou o mesmo. — declaro. — Quando nós terminamos eu me perdi, Debrah, fiz coisas horríveis, que agora me causam vergonha porque quando perdi o que você me causava não soube mais como fazer algo certo, cometi erros de verdade, e agora, eu estou conseguindo consertá-los ou ao menos tentando fazer algo melhor por mim. Por quem merece que eu tente. Eu ainda te amo, se é isso que precisa ouvir, mas, o ponto é que pela primeira vez eu não quero amar. — revelo toda verdade e minha ex namorada me olha afetado.

—Por causa dela? — é obvio que e refere a Lynn.

—Por minha causa. Por muito tempo fui só o cara que amou Debrah Willians e se quebrou por isso. Quero olhar para trás e saber que fiz muito mais coisas do que só te amar. — continuo sendo sincero.

—E Lindsay Gilbert te faz ser mais que o homem que ama ela? — quase ri daquela pergunta.

—Ela faz eu ser o cara que perdoa as pessoas, que assume responsabilidades, que gosta de tomar conta dessa gravadora, que tenta ser melhor a cada dia. — é isso e muito mais e só agora percebo.

—Eu fico feliz por isso. Você merece. — suas palavras não soam tão sinceras quanto as minhas, mas, se tem algo que eu aprendi com a vida é que você pode forçar ninguém a ser sincero.  —Eu devia realmente ir trabalhar. — anuncia mordendo os lábios e eu assinto.

Debrah me lança um olhar magoado antes de se afastar.

Queria respirar de alivio por aquilo parecer um fim, mas, de alguma forma eu sabia que não era.

[...]

Estou revisando os últimos detalhes da festa de lançamento dos meninos que a organizadora me enviou, de um jeito louco decidimos que o evento ocorreria em uma boate exclusiva de Manhattan no estilo mais adolescente possível, eu deixava eles decidirem a maioria das coisas, mas, checava com segurança se suas ideias não eram absurdas. Quem diria, eu sendo responsável. Trabalhar até que tinha seus momentos bons. Lynn tem razão

Iris liga para minha sala, avisando que Noah está lá fora querendo falar comigo, deixo que ele entre já sentindo meu corpo se estressar pela discussão que está por vir. Havíamos feito as pazes sim, mas, desde que ele tomou a decisão de trazer Debrah para cá as coisas não estavam exatamente fáceis entre nós.

— Quer voltar a presidência? Tem vindo aqui quase todos os dias agora. — ironizo para ele que não se preocupa em se afetar, Noah se acomoda na cadeira a minha frente, enquanto eu o fito sem calma.

—Não quero que retornemos a época dos deboches, por favor. — pede de um jeito sério.

—Desculpe ainda não estou lidando bem com sua última decisão. — por incrível que pareça eu falei com paciência. — Mamãe deve ter brigado bastante com você por causa disso, me surpreende que ela ainda não tenha aparecido aqui depois de eu ter evitado suas ligações. — deixo claro meu ponto de vista.

—É, Valérie não adorou exatamente a volta da Debrah, mas, eu conversei com ela e a mesma está mais calma, suponho até que não voltará a te incomodar por hora em relação a esse assunto. — sempre tão cordial, me irrita que ele não consiga ir direto ao ponto nessa ocasião.

—O que veio fazer aqui pai? — questiono preocupado com a próxima coisa que ele irá fazer para me tirar do sério.

—Só quero saber como está. — seu tom paternal me faz rir com certo escárnio.

—Por que as pessoas adoram perguntar como as outras estão se não querem saber de verdade? — não compreendo isso. —Por que não perguntou como eu estava antes da Debrah ser mandada para cá? Surpreendentemente a resposta seria feliz, pela primeira vez minha vida estava seguindo um rumo bom, e eu estava confiante em permanecer nele, mas, você se intrometeu  e tomou decisões que não te diziam respeito. Se eu sou o presidente disso aqui eu que escolho quem quero contratar, certo? — questiono aquilo tudo exausto.

—Você no fundo sabe que não a enviei por causa da gravadora, mas, sim por sua causa. — meu pai diz algo que eu tentava não acreditar desde que cogitei. — Você amava essa garota mais do que qualquer outra coisa no mundo, e eu sempre acreditei que o sentimento continuava ai, só quis acendê-lo novamente. — sua revelação me deixa chocado.

—O que?  Você por acaso não viu como eu estava bem com a Lynn? Como não precisava da Debrah em minha vida? Achei que você e a Valérie aprovavam ela, e...Isso não faz o menor sentido. — não vejo razão para essa decisão estúpida.

—Você não pode ficar com a Lindsay. — seu tom convicto me faz ficar incrédulo. — Ela não é para você, Castiel. — não entendo, simplesmente não entendo como há um tempo eu tinha total apoio dele sobre esse relacionamento e agora o fato de eu estar com Lynn parece razão de pavor para ele.

—Ela não é para mim? Não seja ridículo. — peço me levantando irritado.

—Ela é uma Gilbert, Castiel, e o que eu sei sobre eles é o seguinte; Estar com qualquer um é uma sentença de morte e eu não vou deixar meu filho assinar uma. — nada daquilo fazia sentido e sabe qual é a pior parte? É que Noah não faria ter, porque ele é o cara dos segredos.

Os segredos que me afastaram dele continuavam ali. Eu podia ver em seus olhos que mais uma vez eu estava sendo enganado.

—Okay, também vou te dizer o que eu sei; Você não tem direito de querer que eu deixe a Lynn sem ter argumentos importantes sobre isso, não tem o direito de trazer a Debrah para minha vida para me convencer disso, e eu tenho um grande argumento para você; Eu sou um adulto, perfeitamente capaz de escolher o que fazer da minha vida, o que fazer, quem amar e com quem ficar...E Lynn não vai me dar a morte, desde que estou com ela não tem como me sentir mais vivo. — se meu pai queria uma decisão, se o mundo queria uma decisão; eu tinha uma.

Eu quero a Lynn.

Eu escolho a Lynn.

Eu amo a Lynn.

[...]

Quando chego ao meu prédio logo no estacionamento compartilho uma longa conversa com o meu porteiro, que me enche de conselhos sobre meu relacionamento, me diz como eu tenho uma namorada cheia de fibra e como não posso perdê-la, diz como ela sempre me desculpa e claro me diz como ela é bonita, concordo com tudo aquilo e me convenço ainda mais das coisas que falei ao meu pai hoje, ele saiu frustrado da gravadora, mas, eu continuava com a decisão.

Me despedi dele, pois estava fisicamente exausto e precisava de um banho, acabei dizendo que voltaria mais vezes e ele concordou.

Abri a porta da minha cobertura de modo automático e chegando lá as luzes estavam ligadas, encontrei Lynn esparramada pelo sofá assistindo o noticiário. Meu porteiro me disse muitas coisas menos que minha namorada se encontrava me esperando em casa. E eu tenho que admitir a visão era linda, me peguei pensando se não queria aquilo todos os dias, se não queria chegar em casa e encontrar aquela mulher teimosa me esperando.

Ela me lançou um sorriso exausto e eu praticamente corri até ela, precisávamos um do outro para ter paz.

Me joguei ao seu lado e de modo firme encarei seu rosto, a qual eu conhecia os traços perfeitamente.

—Você sumiu. — tenho certeza que aquilo soou meio desesperado, Lynn suspira e algo em sua expressão me revela que ela está preocupada. Ela me fita de um jeito estranho, como se também quisesse decorar cada traço do meu rosto.

—É...Estar na cavalaria tem sido mais complicado do que eu achava que seria. — parece verdade, mas, não sei, há um teor de dor em suas palavras, uma coisa que me faz levar minha mão direita a sua bochecha e acariciar aquela área com carinho para acalmá-la. Lynn fecha os olhos alguns segundos por causa dos segundos e quando os abre, suspira.

—Isso não tem nada a ver com a Debrah, tem? — ela sabe que o isso se refere a seu comportamento.

—Se você soubesse...Sua ex namorada maquiada é o menor dos meus problemas. — ela ri com deboche.

—Lynn, você está be... — a mesma nem se dá ao direito de ouvir meu questionamento.

—Sabe o que eu queria agora? De verdade? — questiona quase em um sussurro, ela ri de novo, só que para si mesmo e então revela. — Uma vida normal, eu nunca desejei isso, até ontem... — o dia de ontem parece assustá-la e assusta a mim também por não saber o que aconteceu. — Eu queria ser uma daquelas garotas com a família enorme sabe? Que tem almoços no domingo, muita gritaria e confusão, mas, união...Não queria ser uma advogada que se mete em problemas, sei lá, eu poderia ser uma professora, não é? Queria pode ir ao cinema com meu namorado, andar de mãos dadas com ele e minha única preocupação ser quando seria o dia que nossos turnos bateriam no trabalho para sairmos juntos. Eu queria algo estupidamente normal. — a olho com calma.

Eu amo a Lynn.

Desde que disse isso pela primeira vez não paro de repetir para ela e para mim mesmo. Mas, vai além disso, eu amo todas as versões dela, amo a advogada marrenta, amo a irmã cuidadosa para Logan, amo a amiga divertida para os meninos, amo até a manipuladora que ela é, mas, com certeza a versão que eu mais amo dela é aquela que ela está feliz e não é essa que encontro a minha frente.

—Vamos ao cinema então. — proponho sério e Lynn ri como se isso fosse um absurdo. — Vamos fazer algo estupidamente normal. — declaro e ela continua me olhando como se eu fosse pirado. —Vamos ser estupidamente normais juntos. — quero que ela sinta que pode contar comigo, que eu sou seu apoio como ela se transformou no meu. Lynn me abraça e eu inspiro seu cheiro, é doce e forte ao mesmo tempo. É ela.

Amo nossas peles se tocando, amo que ela possa ouvir meu coração bate por ela, amo como ela encolhe seu corpo para que ele se encaixe ao meu naquela posição, e é fácil, é como se eles fossem feitos um para o outro. Eles são.

Droga, eu fodidamente amava aquela mulher.

—Sabe, às vezes eu tenho essa sensação... — admite baixinho e eu espero que continue. — Eu sinto como se você e eu fossemos inseparáveis e imbatíveis juntos...Sinto que ninguém pode acabar com o que temos. — dou um sorriso contra essa fala. — Só eu mesma. — O sorriso se desmancha e eu faço com que ela se desvencilhe de mim e me encare.

—Olhe para essa cobertura. — peço e ela franze as sobrancelhas confusa. — Diga-me o que não gosta nela. — peço em referência ao fato de que um dia ela reclamou dela.

—Isso é ridículo. — Lynn ainda é a Lynn.

—Quando você imagina uma casa perfeita, como a vê? — reformulo ainda firme e ela ri com deboche, mas, quando vê que eu falo sério suspira e me diz.

—Não vejo uma casa perfeita, não desejo uma casa na verdade, ela me lembra de onde vivi com Liam e foi solitário, era grande demais para abrigar minha solidão...Quando Kentin e eu estávamos procurando um lugar para morar eu encontrei um loft, perto daqui, em frente ao Central Park...Ele tinha um estilo rústico, paredes com tijolos vermelhos, um ar bom...Não sei, consegui me imaginar perfeitamente chegando do trabalho e adentrando nele com um sorriso no rosto...Aquela seria a casa perfeita. — ela diz aquilo tudo com ar sonhador.

—Ótimo já até consigo imaginar. — lhe comunico.

—Imaginar o que? — indaga sem entender.

—Onde vou morar nos próximos anos, com você...Porque é isso, Lindsay Gilbert, não vou deixar em hipótese alguma que você destrua o que temos. — Lynn me olha emocionada e sua imagem vulnerável me faz prometer a mim mesmo que darei isso a ela.

—Onde você esteve esse tempo todo, Castiel Blancherd? — ela se diverte.

—Aprontando todas, transando muito com outras mulheres, enchendo a cara...Esperando por você. — Lynn se ajoelha no sofá a medida que digo isso.

—Tão romântico. — ri contra meu rosto, encostando meu nariz no seu.

—O que? Vamos fazer amor agora? Às vezes tenho a impressão que só namora comigo porque o sexo é bom. — também me dou ao trabalho de me divertir.

—E você odeia esse fato. — ironiza começando a beijar meu pescoço.

A paro, segurando suas mãos e me afastando dela e Lynn franze as sobrancelhas.

—O que foi? — fica mais confusa quando a pego pela cintura e a coloco de pé.

—Vamos ao cinema mesmo. — sou sério quanto a isso, e Lynn gargalha.

—Eu prefiro a opção sexo. — declara.

—Não vou morar com você um dia sem antes saber de que tipo de filme gosta. — continuo sério e Lynn gargalha mais ainda.

—Você é tão idiota. — dá um tapa em meu ombro, e eu a puxo pela cintura, finalmente lhe dando o beijo que a mesma merecia desde que chegou aqui. É intenso como sempre.

E bem, nós fomos o cinema. E tivemos um encontro estupidamente normal.

Foi horrível.

Porque nós não somos normais.

E quer saber? Se a Lynn fosse a garota que ela descreveu as coisas seriam mais simples sim, mas, eu não a amaria tanto quanto amo sendo exatamente quem é.


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Notas finais do capítulo

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