Uma Adorável Mulher. escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 2
Capítulo 2 - Destino Brincalhão.


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo!
Confiram o trailer da fanfic: https://www.youtube.com/watch?v=siJKvTk66vw
Boa Leitura!



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Ponto de vista: Lynn Gilbert.

        Assim que entrei no meu apartamento, soltei o ar, que nem sabia que estava prendendo. O dia começou e tinha tudo para acabar terrível. Parecia que o universo resolveu tirar uma com a minha cara, e testar meus limites até um ponto, em que eu só gritaria e quebraria coisas. Se bem, que, eu era controlada demais para isso.

   Chutei o par de saltos para longe e larguei minha bolsa sob o estofado bege, eu era organizada e tudo mais, só que depois dos acontecimentos de hoje, estava bem dane-se para a droga da organização.

      No caminho até o banheiro do meu quarto, me ocupei em abrir os botões da minha blusa social cinza. Foi ali, que agradeci mentalmente, quando Kentin negou meu convite de morarmos juntos, após a faculdade. Se ele tivesse aceitado, agora, eu teria que aguentar ele me enchendo o saco aqui, afinal, teria liberdade para entrar quando quisesse. E tudo que eu menos precisava no momento, era Kentin me encher depois de ter sido quase morta por um babaca...Okay, posso estar exagerando, sobre ter sido quase morta, mas, que ele era um babaca, ele era.

        Encarei meu reflexo no espelho, e levei meus dedos até o corte no supercílio, gemendo baixinho, pelo incomodo que o ato causou. Minha aparência estava péssima; Pele pálida, por conta da intensidade dos acontecimentos, rabo de cavalo desfeito e totalmente bagunçado e um machucado idiota na cara.

              Dei um jeito de me livrar do restante das roupas, e entrei no box de vidro, passando os próximos 15 minutos debaixo da água quente do chuveiro.

            Assim que sai de lá, vesti uma roupa confortável; Um moletom da Columbia, onde me formei e um shorts jeans, e segui para a sala, onde havia muito trabalho a fazer, tudo vindo do escritório

         Meu celular vibrou e eu o peguei da mesinha de centro, revirando os olhos quando vi que era mais uma mensagem da minha mãe, perguntando por que eu desliguei a ligação do nada, a ignorei com maestria, e passei para as outras mensagens não lidas, bufando com as 5 do Kentin, e me mexendo desconfortável, quando encontrei a do Lysandre.

                 Ignorando a vozinha no meu cérebro que dizia para não fazer isso, e focando no respeito que tinha por aquele platinado, dei aquela mensagem, a honra de ser visualizada.

Já fazem dois meses que não nos falamos, estou preocupado Ly. Me ligue.

          Joguei o Iphone moderno para um canto qualquer e me concentrei nos motivos que me faziam não ligar para ele. Pareciam tão fúteis, e realmente eram.

           Tudo que Lys queria, era que eu me aproximasse. Que eu fosse a irmã que ele precisava. Mas, eu nem de longe era, sua sorte era que ele tinha Leigh, que podia ao menos, compensar minha falta. Nosso super responsável irmão mais velho.

         Esse era mais um dos motivos para eu me dar bem, com o sexo masculino; Tinha dois irmãos mais velhos, que tinham muita testosterona para dar e vender. Eles não eram muito mencionados em minha vida, isso é verdade, mas, eles estavam lá.

       Não tinha lembranças marcantes com eles, durante minha infância, é claro que eles me amavam, eu era a irmãzinha deles. Mas, eu nunca me senti conectada com eles, da forma que um era com o outro. Eu sempre fui sozinha, no meu canto, tentando dar o melhor de mim.

      Lembro do dia em que nosso laço pareceu ter sido rompido totalmente; Quando meus pais anunciaram que iam se divorciar.

  Meu pai, era bem mais velho que minha mãe, quando a conheceu, já tinha uma carreira estabelecida como advogado, enquanto ela cursava gastronomia na faculdade. Os dois se viram pela primeira vez, no restaurante que ela trabalhava meio período, flertaram e anos se passaram depois disso, resultando primeiramente em Leigh.

            Minha mãe me disse uma vez, que meu pai surtou de felicidade por seu primeiro filho ser homem, dizia que ele herdaria seu escritório, e que seria um advogado maravilhoso. Como ele estava enganado, anos depois Leigh começou a mostrar seu gosto peculiar por roupas e seus modelos. O desgosto de Liam foi evidente, quando acusou o filho de ser uma decepção, e chegou a cogitar a possibilidade dele ser gay anos depois, como se isso fosse fazer seu filho não ser bom o suficiente.

               Quando Leigh nasceu, meu pai convenceu mamãe a dar um tempo na faculdade para cuidar dele, acontece que ela nunca voltou para lá, se tornou uma perfeita dona de casa, que vive em pró da família.

          Dois anos após isso, Lysandre nasceu, mais uma tentativa frustrada do meu pai, de ter o filho com as qualidades que ele tanto desejara. Lysandre também odiava confrontos e nem sequer cogitava ser um advogado um dia; Seu foco sempre foi a música.

            Isso pouco a pouco, foi amargurando Liam, seus planos para o futuro estavam indo por água a baixo; Aqueles, de um dos seus filhos assumir seu escritório.

          Como em uma escadinha, nasci três anos depois. A que deveria ser a princesinha para casa, mas, que odiava contos da Disney. Desde que me entendo por gente, tive ele como ídolo, antes mesmo de saber o que aquilo significava, eu quis ser uma advogada como ele e abri mão de várias coisas, ao longo do caminho para conseguir isso. Mas, eu nunca fui motivo do seu orgulho. Havia nascido com um pequeno defeito, que ele considerava enorme; Eu era mulher.

        Meu pai era machista,  eu seria uma idiota se não percebesse. Era por isso que ele não confiava no meu trabalho e a prova de minha teoria se confirmava com o fato de eu ser a única advogada do escritório. As outras mulheres só ocupavam cargos minoritários, como secretárias, recepcionistas ou algo assim. Os advogados, e representantes do escritório Gilbert, eram todos  homens, me tendo como exceção.

          Eu tinha 14 anos, quando aconteceu. Minha mãe anunciou a separação. Eu a culpei por aquilo imaturamente, por estar desistindo dele, mesmo que no fundo soubesse que era o certo a se fazer. Minha mãe não era feliz, sendo controlada por ele, e tendo uma vida acomodada, minha mãe queria viver. Não sobreviver a Liam Gilbert. Por um raio de um motivo que nunca entendi, ela decidiu que nos levaria para o Texas, e foi ai, que tomei a decisão que definiria toda minha vida; Quis ficar com ele, escolhi não desistir do meu pai, escolhi dedicar cada dia a parti dali, para convence-lo que eu era capaz de orgulha-lo. Queria dá-lo a felicidade que ele sempre quis, para que ele notasse que eu o amava.

            Meus irmãos me odiaram naquele momento, eu senti. O olhar que Lysandre me enviou quando tomei a decisão, dizia muitas coisas; Ele gritava que ficar ali, faria com que eu me tornasse uma cópia feminina de Liam.

        Mas, estava ali, eles nunca notaram, eu já era uma cópia dele. Eu o admirava, e queria conserta-lo, de um jeito que minha mãe nunca pôde. Só que em meio a esse processo, quem saiu quebrada fui eu.

             Minha mãe tentou me convencer a ir com ela, mas, eu fui irredutível, ficaria em Nova York, e seria a família dele. Eles foram dias depois, e meu pai não mostrou nem ao menos alegria, com o fato de que eu fiquei. Não liguei, seu forte nunca foi demonstrar sentimentos.

            Suportei a falta de carinho e engoli a seco, em cada momento que me arrependi da minha decisão. Sem que percebesse, ele me fez forte. Liam fez com que eu fosse prática, decidida, e firme. Eu cresci e amadureci sozinha, porque de qualquer forma, não me dei ao trabalho de tentar ficar perto da minha mãe.

             Um ano depois de sua ida, quando ela anunciou seu casamento com o outro, foi ali que decidi que não queria estar perto dela; Eu havia escolhido ficar, mas, ela havia escolhido me deixar apesar disso. Ela poderia ter lutado mais, poderia ter lutado por mim pelo menos.  Era egoísmo, eu sei.

         Meus irmãos nunca lidaram bem com a minha decisão, e por si só nunca lidaram bem comigo. Foram poucas as vezes, que vi meu pai, conversando com eles. Acho que só em dois natais, que os dois resolveram passar comigo, porque eu não me senti atraída em visitar o Texas. Nunca fui para lá, e os raros casos, em que queria me ver, mamãe vinha até Nova York, e se hospedava em um hotel.

          Ela parecia feliz, com seus dois filhos a apoiando, e não ligava para o fato de eu ter praticamente desistido de ter uma relação com ela. Sempre foi assim, acho que no fim, ela nem me queria. Eu vim no momento, em que seu casamento, entrava na pior fase.

            Quando viramos adultos Leigh e Lysandre tentaram melhorar nossa relação, me ligam de vez em quando, e tentar manter contato. Não sei bem qual a razão disso, mas, sei que não estou disposta a brincar de casinha, depois de tanto tempo.

                    Tinha outros interesses, outras coisas para me importar, dane-se o fato de que meus irmãos, perceberam que me abandonaram. Eu não precisava deles. Tinha quem eu precisava, aqui comigo; Kentin, Florence e meu pai e tenho certeza que por aguentar esse último, eu tinha uma passagem para o céu, garantida.

                       A última vez que falei com Lysandre, foi há dois meses atrás, quando ele me contou que estava em Londres, e que conseguiu um contrato em uma gravadora bacana, mas, que logo voltaria para o EUA.

          Leigh pelo que eu sabia, também havia saído do Texas, e morava na Califórnia, após montar uma loja de roupas por lá.

        E mamãe, bom, ela me enchia o saco, ligando em momentos impróprios, como hoje.

             Notei que passei boas horas do meu dia remoendo o passado, quando a noite chegou a NY. A escuridão no apartamento, não me assustou, dava a ele um ar solitário. Só que eu estava acostumada. É. Eu realmente sabia lidar com a solidão.

[...]

Ponto de vista: Castiel Blancherd.

GRAVADORA BLANCHERD.

Algumas horas antes.

        Dei graças aos céus, quando o elevador parou no andar, em que a sala de reuniões se encontrava. Não aguentava mais, ouvir as reclamações de Armim por eu ter batido no carro daquela vadia resmungona, e ainda ter sido um grosso com ela. Se avaliarmos a situação, a culpa é toda dele, por ter me tirado de casa, quando eu não pretendia sair de lá.

               Mas, como prezo por meu juízo, preferi não acusa-lo em voz alta. Não queria ouvir sua voz chata, zumbir pela milésima vez, que eu era um babaca imaturo, e que precisava sair das fraldas. Armim, era irritante quando queria...E até quando não queria.

                 Fiz uma careta, apontando discretamente para Armim, quando avistei Iris, a secretária dele. A mesma balançou a cabeça negativamente, rindo, e eu retribui. Gostava da ruiva, por isso nunca havia ido para cama com ela. Era uma boa secretária, e por mais que Armim não acredite, me importo com ele. Por isso não transei com ela, e a demiti em seguida...Pensando assim, não soa tão altruísta quanto achei.

         Ele empurra as enormes portas de vidro da sala de reuniões, e eu entro, o seguindo. Sou recepcionado com o olhar nada agradável, vindo do cara que diz ser meu pai, e em resposta a isso, reviro os olhos em sua direção, me jogando em minha cadeira de costume, sem a menor preocupação.

—Eu tentei acreditar, que te dar a responsabilidade de ser presidente dessa empresa, faria com que você mudasse, e entendesse que precisa crescer. Mas, é inútil, você continua fazendo coisas idiotas e decepcionando a todos. — seu discurso é típico e não me surpreende.

—Sério? — ironizo, estalando a língua.

              Adorava irritar aquele velho.

—Eu cansei do seu comportamento, Castiel. Te dei o poder, de comandar a gravadora, pois queria aproveitar minha aposentadoria com a sua mãe, porque achei que conseguiria  fazer isso, mas, está claro, que não conseguirá isso. Não sozinho. — afirma, e essas palavras chamam minha atenção.

—O que está tentando dizer? — quero saber, pois parece sério. —Vai me tirar a presidência?  —indago, sem me preocupar muito, para mim tanto faz, comandar aquela droga.

—Eu disse que não conseguiria comanda-la sozinho. Por isso, darei um jeito de que você tenha uma pessoa, que controle esse comportamento infantil hoje, e que dê um jeito em suas confusões. — esclarece e eu suspiro.

—E se eu não quiser? — o desafio.

—Irá perder o apartamento, os automóveis e as viagens caras. — claro que ele usa seu maldito dinheiro contra mim. Era um babaca realmente.

—Como se eu me importasse. — digo, dando de ombros.

—Você se importa. — afirma convicto.

—Como se você soubesse. — falo com descaso.

  Armim, que se encontrava calado, me olhava, de uma forma que dizia para eu parar.

—É claro que sei, sou seu pai. — diz ofendido. Me fazendo rir com escárnio.

—Você não é. É só um otário, que assumiu as responsabilidades de um babaca qualquer. — afirmo, sem me preocupar com as consequências.

—Você sabe que não é assim, Castiel. Eu me importo com você, como se fosse sangue do meu sangue, acha que se eu não te amassa, confiaria a você, minha gravadora? — questiona sério.

              Ótimo, ele estava afim de uma conversa emocional, e eu estava sem saco para isso.

—Tanto faz, agora que acabou o sermão, posso dar o fora daqui? Estou com uma dor de cabeça forte, e tive um acidente agora a pouco. — falo e ele arregala os olhos.

—Você está bem? — parece preocupado, mas, não me deixo levar por isso.

—Sim. Só cansado emocionalmente. — digo para disfarçar. Na verdade, só estou com ressaca mesmo.

—É melhor ir para casa, então. — fala, ainda com preocupação. Me levanto, sentindo o olhar acusador de Armim sob mim, e dou um sorrisinho, em sua direção.

                Caminho até a porta, sem me dar ao trabalho de me despedir do meu “Pai”, então lembro de algo, que em faz dar a volta.

—Não conte a minha mãe sobre o acidente. — peço. Por mais que não tenha a melhor relação com ela, não quero que a mesma tenha um infarto. Ela surtaria pela milésima vez em sua vida, se soubesse que seu único filho, se meteu em problemas de novo.

—Tudo bem. — concorda, com um pequeno sorriso. Acho que feliz, por eu, aparentemente, me importar e me preocupar com ela.

       Dou as costas, finalmente,e  sigo para o sossego do meu lar. Enfim, para a minha cobertura. O percurso é tão rápido, que parece que só pisquei e já estou lá.

              Dou um jeito de me livrar daquela gravata inútil, junto com o paletó, e me sirvo com uma dose de Bourbon. A ideia das massagistas suecas, ainda é atraente, mas, antes que eu perceba, estou pensando em outra coisa, que nem de longe é, as gostosas com mãos de fada.

           Meus pensamentos vão até a mulher atrevida de hoje mais cedo. Não estava pronto para raciocinar na hora, mas, agora, lembrando da aparência dela, noto quão bonita ela era; Magra, de um jeito sensual, alta e com uma pele em uma tonalidade bela. Seus olhos eram verdes, mas, com certeza o mais lindo em seu rosto, eram os lábios carnudos, tão convidativos. Sua face, dava-se muito bem, com seus cabelos castanhas medianos. Ela era linda, e louca. Completamente.

               Gargalho por pensar no surto dela, e engulo o resto da bebida.

          Qual era a droga do meu problema? Estava pensando em uma pirada, que conheci em um acidente, ao invés de ligar para  as massagistas suecas. Está decidido, ligarei para elas, elas me farão uma massagem, e depois posso transar com uma deles. Esse é um ótimo plano.

[...]

Manhã seguinte.

Ponto de vista: Lynn Gilbert.

             Sempre fui magra, e minha tendência corporal, era manter-me assim. Mas, isso não me fazia descuidar da saúde, ou deixar de praticar esportes. Uma vez ouvi, que para a mente estar sã, o corpo também precisa estar, ou era ao contrário, enfim, algo assim.

                   Lá estava eu, correndo furiosamente pelo Central Park, uma hora antes do meu horário de trabalho se iniciar. A música que ressoava em meus fones, era animada, se contradizendo totalmente com meu humor. Costumava fazer isso, correr todas as manhã, para lutar e lidar com todos os sentimentos conflitantes que existem dentro de mim.

Afinal quem eu queria enganar? Não estava ali pela saúde, só queria extravasar.

               Revirei os olhos, quando um babaca qualquer passou por mim, quase babando, ao ver minha bunda, marcada pela calça legging e em resposta a sua grosseria, lhe envio o dedo do meio, fazendo ele, arregalar os olhos.

             Quando chego ao meu apartamento, tomo um banho, e arrumo meus cabelos com o BabyLiss, para que eles fiquem perfeitamente ondulados. Opto por usar um vestido tubinho preto, e o cubro com um blaser branco, finalizando com um salto agulha, também preto.

            Assim que capturo meu celular, para checar minhas mensagens, agradeço mentalmente por Kentin não ser insistente, e não ter mandado mais mensagens desde as que ignorei, e ainda, continuo hesitante sobre responder a mensagem do meu irmão, ou não.

         Vou decidir isso depois.

        Busco as pastas, que comprovam que finalizei todo meu trabalho da semana ontem a noite, e saio de casa.

               Deixo meu carro em uma oficina, para que ele seja concertado, e pego um táxi. Para usar o serviço do seguro, precisaria ter prestado queixa, e isso não aconteceu. De qualquer forma, ia demorar muito mais, para te-lo de volta.

         No caminho até o escritório, checo meu rosto no espelho do pó compacto, e noto que fiz um bom trabalho, ao esconder o machucado com base e corretivo. Nem dava para notar.

                  Ao chegar no trabalho, sou recepcionada por Flore, que adentra ao prédio, no mesmo momento que eu. Ela me entrega o café que compra para mim todas as manhãs, junto com o seu, e questiona porque vim de táxi. Invento um desculpa, dizendo que mandei meu carro para o conserto, porque a marcha não está funcionando direito, e aquilo não faz o menor sentido.

        Não queria a preocupação dela, não precisava disso naquele momento.

—Kentin parecia atordoado ontem. Aconteceu algo com vocês? Ele se recusou, a me dizer. — ela diz, quando o elevador começa a andar, rumo ao nosso destino de trabalho.

             Esse era o problema de Florence; Ela adorava o Kentin, e na maioria de nossas brigas ficava do lado dele. Ela era a droga da minha melhor amiga, tinha que me apoiar. Por isso, preferia não falar sobre nós, com ela.

—Está tudo bem. — minto pela segunda vez no dia, e ela não parece acreditar. Mas, para minha sorte, antes que ela me questione sobre mais coisas, o elevador se abre, e eu dou um jeito de fugir para minha sala.

            Quando abro a porta, tenho a mesma visão que tive ontem, ao fazer isso. Esse é um dos lados negativos de trabalhar com seu noivo, se você briga com ele, e quer evita-lo, não pode fazer isso por muito tempo, porque apesar do quão respeitoso ele é, uma hora se encontrarão ou ele forçará isso, adentrando sua sala.

—Por que faz isso? — é a primeira coisa que pergunta, enquanto coloco o copo de isopor sobre a mesa.

—Isso o que? — questiono arqueando uma sobrancelha.

—Quando está com raiva, sempre se afasta, ao invés de reagir a isso. — ele conta, e eu suspiro.

—E qual é o problema disso? — indago.

—Você está sempre com raiva. — murmura, e aquilo de alguma forma me atinge. — Eu sinto muito por ter dito que apoiava o Liam, sinto muito por você ter pensado por dois segundos, que eu não te apoio. Porque eu te apoio, eu te amo, e sempre estarei aqui se precisar de mim, é por isso que te pedi para casar comigo. Quero que seja minha parceira, e quero que quando se sentir com medo, frustração ou raiva, venha até mim, e daremos um jeito disso melhorar. — diz e parece sincero. Me sinto uma vadia por te-lo ignorado pelas últimas horas, e me aproximo dele.

—Desculpe por ser tão...Teimosa...E difícil de lidar...Eu fico feliz que ainda não tenha desistido de mim. — falo, espalmando minhas mãos por seu peitoral coberto pelo paletó. Ele me puxa para mais perto, e beija minha testa com carinho.

—Eu nunca vou desistir. — garante, mas, algo me alerta, que ele não irá cumprir isso.

      Para ignorar esse sentimento, o puxo pelo colarinho, e o beijo. Ele retribui de forma contida. Kentin gostava de manter a seriedade no trabalho, perdi as contas de quantas vezes, o propus de transarmos em cima da mesa dessa sala, e ele simplesmente me olhou aterrorizado. Não sabia como isso podia assusta-lo. É excitante.

—Tenho que trabalhar. — ele sussurra, quando nos separamos, e eu assinto.

[...]

      Uma hora depois, e quando já estou adiantando os casos da semana que vem, ouço uma batida suave ressoar em minha porta. Digo um “entre” automaticamente, e logo a cabeça de Florence surge pela brecha da porta.

—Desculpe incomodar, mas, seu pai, está pedindo que você vá a sala dele, urgentemente. — diz me olhando com certo receio. Ela sabia bem, que cada vez que entrava ali, era briga na certa.

—Por que não ligou para minha sala, para avisar? — questiono sem entender.

—Eu liguei, mas, você não atendeu. — diz dando de ombros. E só então noto, o que estava fazendo.

—Eu estava distraída com o trabalho, não ouvi. — lhe lanço um meio sorriso, e saio da sala com ela.

                                 Entro sem bater, como de costume. Eu era muito educada, mas, não pretendida usar meus modos, com um homem, que não me deixa trabalhar da forma que quero. Ele nem se surpreende, só revira os olhos.

—Precisava de mim? — questiono com falsa simpatia.

—Na verdade, sim. — diz me surpreendendo. Meu pai querendo minha ajuda? Isso era novo. —Você vive reclamando que eu não te reconheço como uma advogada de verdade. Por isso, decidi que te darei uma responsabilidade maior. — quase não acredito no que ouço, tanto que dou um passo para trás.

—Isso é sério? — eu quero sorrir, céus, como eu quero. Mas, ainda não acredito.

—Sim. — confirma.

—Então, eu ficarei com o caso do senhor Hileys? — questiono esperançosa.

—Não. — é claro que não. — Ficará com o caso dos Blancherd. — diz, me fazendo franzir as sobrancelhas.

—Blancherd? Não ouvi falar desse caso. — digo sem entender.

—Trata-se de um especial. Noah Blancherd é um amigo meu. —Meu pai tem amigos? Surpreendente. — O filho dele é um idiota , que se mete em mais problemas judiciais do que se pode contar. Ele precisa de alguém, que controle suas ações, e quem melhor do que minha filha controladora para ajuda-lo nisso? — questiona divertido e eu sinto um soco no estômago.

—Deixa eu ver se entendi...Você quer que eu seja a babá de um problemático? — é muito absurdo para que possa digerir de cara.

—Ele não é um problemático, só um idiota, tem 25 anos, e ainda há jeito de muda-lo. É Castiel Blancherd, você deve o conhecer, os tabloides adoram ele. — explica, fazendo com que meus olhos marejem de humilhação.

—Não, eu não o conheço, não leio revistas de fofocas. Nunca li, estava ocupada demais, tentando ser uma advogada promissora, para no fim ser humilhada por meu próprio pai, com uma missão ridícula como essa. — falo ofendida.

—Está ofendida por que acredito que consegue fazer isso?  É irônico. — diz sério.

—Você é inacreditável. — aquilo soa como uma negativa para ele, e logo, Liam nota, que precisa de mais para me convencer.

—Se em três meses, consegui conserta-lo, darei a você todos os casos que quiser. — aquilo soa como um desafio e um teste. Ele quer ver até onde sou capaz de ir, para conseguir o que quero.

          Olho para ele, e faço uma avaliação daquela situação.

             Antes que eu perceba, engulo a minha dignidade.

—Tudo bem. Posso fazer isso. — digo, e suspiro.

—Ótimo, ele está prestes a... — Liam nem ao menos acaba a frase, e ouvimos uma batida na porta, e como aconteceu minutos antes, trata-se de Flore, Liam libera sua entrada. Mas, ela não está sozinha.

               Quando ela entra totalmente, outra pessoa surge da porta. Arregalo os olhos, quando o encontro, e me remexo desconfortável, por estar cara a cara, com o homem que me atropelou ontem.

—Esse é Castiel Blancherd. — Liam comunica. — Essa é Lindsay, minha filha e sua futura advogada pessoal. — me apresenta.

           Castiel olha para meu estado, revira os olhos, suspira e faz o seguinte;

—Só pode ser brincadeira. — ele diz em o que parece ser, seu melhor tom de escárnio. Com um sorrisinho ridículo nos lábios atraentes.


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Notas finais do capítulo

Boa Leitura!



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