Uma Adorável Mulher. escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 27
Capítulo 27 - A Verdade Sobre Nós.


Notas iniciais do capítulo

Ei gente, apareci com o primeiro capítulo de 2018 (ano que espero que minha parceria com vocês só se renove) e ele será narrado pelo Castiel, é mais curto do que o normal, justamente por ser narrado por ele, mas, tentarei voltar o mais rápido possível com um capítulo narrado por a nossa marrentinha.

Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/719791/chapter/27

 Ponto de vista: Castiel Blancherd.

Me lembro da primeira vez que me apaixonei por alguém; Foi assustador. Isso porque quando olhei para ela e ela me olhou de volta com um meio sorriso, descobri que faria qualquer coisa para fazê-la feliz. Isso de você colocar todas suas esperanças em uma única pessoa é uma droga, porque quando acaba, realmente acaba...Acaba com você, Acaba com seu futuro, Acaba com a sua estabilidade e Acaba com tudo a sua volta.

           Desde a época da adolescência adotei esse jeito meio rebelde, admito que pateticamente só agia assim no começo por ser estiloso; Pintei meu cabelo algumas vezes, comecei a tocar guitarra e a frequentar shows de rock. Eu a conheci em um desses, Armin estava comigo, após muita insistência da minha parte para que ele me acompanhasse. Ele odiava aquele tipo de lugar.

O convenci a usarmos nossas identidades falsas pela primeira vez comprando bebida no bar do local, e assim seguimos em direção a esse. Ela estava com suas amigas, trajava um vestido preto apertado que marcava suas generosas curvas e seus cabelos castanhos quase ruivos estavam presos em um rabo de cavalo firme, bebia um generoso copo de whisky e por coincidência se virou para mim. Seu olhar me atingiu de modo automático, arfei pateticamente, e quando ela sorriu, pronto, era aquilo. Eu estava entregue.

    O engraçado é que em situações como essa você nem supõe o estrago que um simples encontro pode fazer em sua vida. Ela fez eu me encontrar, fez eu me perder, me ensinou uma cambada de coisas, só não a principal; Como superá-la.

Debrah Williams foi meu começo.

Debrah Williams foi minha metade.

Debrah Williams foi meu final.

[...]

Lindsay sorriu para mim, enquanto assistíamos Lysandre tocar seu violão no estúdio da gravadora. O mesmo estava ensaiando, pois logo mais gravaria a última faixa de seu CD. Eu sorri de volta. Foi um tipo de sorriso aliviado. Me aliviava saber que eu tinha ela, pois ao mesmo tempo que a mesma tinha virado meu ponto de estresse, ela também era meu ponto de respirada. Éramos estranhos, juntos podíamos formar furacões, mas, também juntos podíamos achar toda calmaria do mundo.

O que superamos para chegar até aqui era louco. Mas, era tão nós. Digo, não tinha como ser fácil se tratando da gente, somos dois seres quebrados, fingindo que acreditam em segundas chances e assim estamos tentando. Um pelo outro. Brigamos por tudo, às vezes nos machucamos, mas, de alguma forma é como ela diz; Sempre seguimos o caminho de volta para o outro.

Ela estava mudada. E céus, eu me sentia tão bem comigo mesmo por saber que de algum jeito fazia parte daquilo, eu era feliz sabendo que a dei alguma felicidade. Porque, Lindsay Gilbert merece toda que conseguir.

—Tenho que ir, tenho um caso para resolver hoje. — Lynn anunciou se levantando. O sorriso ainda estava lá. Lysandre a acompanhou no sorriso, ao que parecia ambos haviam tido uma conversa mais cedo, quando ela chegou na gravadora. Os dois estavam estranhos um com o outro após um encontro de família, mas, conseguiram se resolver.

—Quer jantar lá na cobertura hoje? — ofereço me levantando também, afim de dá-la um bom beijo de despedida, Lynn mordeu os lábios denunciando que o que viria a seguir seria um não.

—Desculpa. Eu vou jantar com os advogados chatos do escritório hoje...Não quero perder a oportunidade de debochar do Parker. — me comunica, enroscando suas mãos de modo automático no meu pescoço e me olhando com sua melhor expressão de “não me culpe”.

—Eu fui trocado pelo Parker, é isso? — zombo fazendo uma careta e a mesma me presenteia com um selinho.

—É o que parece. — fala quando nos separamos. Céus! Eu acho que amo essa mulher.

—Vou ser recompensado depois? — não penso muito antes de falar aquilo na frente de Lysandre, na verdade desde que conheci Lindsay tenho agido mais no impulso do que nunca.

—Com certeza. — murmura divertida. E quando ela diz isso, finalmente a puxo para o beijo que tanto esperava e que é retribuído com sucesso.

Após um pigarro falso de Lysandre nos afastamos rindo e ela me dá mais um selinho e vai embora. Novamente, enquanto Lindsay sai por aquela porta não suspeito que aquele era um dos momentos que novamente decidiria minha vida. Eu devia ter a puxado para os meus braços, pedido para fugirmos daquela cidade e achar um novo caminho juntos. Eu devia só ter dito o que achava que sentia.

Porque depois daquele momento, eu deixei até de achar.

Eu hesitei.

O caminho que traçaria a seguir, era completamente longe dela.

[...]

Conversava com Tommy sobre uma nova composição que ele havia me trazido hoje, estávamos no corredor principal da gravadora, e o mesmo praticamente roia as unhas ao meu lado, tentando me convencer a acrescentar sua música no CD deles. O material até era bom, mas, de alguma forma já tínhamos mais do que o suficiente, usando de alguma sutileza que aprendi com Lindsay o informei isso, e em questão de segundos esse se despediu de mim e tentando disfarçar sua frustração falou que iria contar aos meninos.

De toda forma, não descartei a música totalmente, apenas adiei seu processo de divulgação.

Após um suspiro de exaustão, me aproximei da mesa de Iris, que lia alguns papéis que a agência de publicidade enviou. Lindsay foi somente brilhante ao fazer com que a mesma virasse também minha secretária, aquela ruiva era para lá de competente.

—Pode ligar para o Jade’s, pedir o prato do dia e  endereçar para o escritório Gilbert? Não quero que a Lindsay deixe de se alimentar. — peço quando me lembro da minha preocupação diária e Iris sorri para mim como se dissesse que apreciava meu gesto.

Reviro os olhos.

—Sim, posso fazer isso...Ah e a propósito, já te informo que Noah marcou uma reunião com você faz alguns minutos, e disse viria acompanhado, que traria uma possível nova cliente para a gravadora. — faz seu trabalho ao me contar e eu franzo as sobrancelhas.

—Eu tenho dois CD’s para ajudar a finalizar e meu pai ainda me enche com mais coisas...Droga. — é o que digo para mim mesmo. — Ele ao menos disse o nome da tal cliente? — questiono sério e ela nega com a cabeça.

—Só disse que estaria aqui ás quatorze horas em ponto. — me diz parecendo tão leiga sobre o assunto quanto eu.

—Tudo bem, vou até o estúdio, preciso vistoriar a última gravação do Lysandre. — aviso para que ela saiba onde me achar se precisar de mim.

Lysandre tem uma voz impressionante e para notar isso não se precisa de um grande entendimento de música. O mesmo tem um timbre rouco e calmo, que junto com sua aparência para lá de autêntica fará com que ele estoure logo após o lançamento. Eu sei que ele não quer a fama, mas, essa será obviamente uma consequência do que ele está plantando agora.

É impressionante também, como mesmo sendo irmão da Lynn eles não se parecem em nada; tudo os difere, suas características físicas e de personalidade. Digo, enquanto Lysandre é o cara que desvia de confrontos com facilidade, Lynn os conquista em questão de segundos, enquanto ele se preocupa com o agora, Lynn se preocupa com o futuro. Os Gilbert realmente são uma família peculiar.

Acompanho sua última gravação com animação, e quando a mesma é finalizada vejo a expressão de felicidade no rosto dele. Sinto que Lynn ficará orgulhosa e isso me alegra mais do que qualquer outra coisa.

Saindo dali vou até minha sala onde me dou ao trabalho de ler alguns contratos que Lynn redigiu na última semana, eles são minuciosos, o que mostra todo talento dela ao advogar. Em seguida lanço um sorriso para um objeto sob minha mesa, o resgatando logo depois.

É uma foto.

Não uma foto qualquer.

Uma foto minha e de Lynn.

Não olhamos para a câmera, foi uma foto totalmente natural, onde conversávamos um com o outro perto da árvore de natal e Armin tirou. Gostei tanto da imagem que acabei a guardando no meu escritório, depois de ouvir de Lynn que isso seria brega.

Ouço uma batida na porta e peço que entre, já sabendo se tratar do meu pai.

Era ele.

Mas, não estava sozinho.

Largo a foto sob a mesa de forma que a abaixo que o que está exposto nela não seja mostrado, e com o coração acelerado encaro a real imagem dela. Debrah Williams está a minha frente, depois de tanto tempo ausente, seus olhos ainda contém o mesmo brilho por qual eu me apaixonei, seu sorriso de lado ainda permanece destacado no rosto perfeito e ela ainda sabe o efeito que causa sobre mim. Engulo a seco, sem saber o que fazer a seguir, sem saber o que falar, como agir. Não é fácil. Simplesmente não é fácil olhar para a mulher por quem você completamente apaixonado e saber o que fazer.

Noah ao meu lado parece saber cada coisa que eu sinto, mas, não se mostra muito sensibilizado com isso. É obvio que ele não está sensibilizado com droga nenhuma, se não para começo de conversa ele nem a teria trazido aqui.

Debrah é a primeira a reagir.

—Eu senti a sua falta. — qualquer coisa, qualquer coisa menos aquela frase. Sinto meu corpo reagir a voz dela de modo instantâneo e aperto as bordas da minha mesa para me controlar.

Meus olhos marejam de emoção sem a minha permissão. A presença dela me lembra da saudade.

—Eu...Eu deveria saber o que você veio fazer aqui? — não direciono aquela pergunta a ela na verdade, o questionamento vai para meu pai que abre um sorriso contido.

Um estúpido sorriso contido.

—Debrah e eu estamos em contato há algum tempo, conversando sobre a possibilidade dela voltar a ser um contrato da gravadora, e hoje ela veio diretamente da Espanha para oficializar isso. — me conta de um jeito animado. É claro, Debrah vinha junto com muitos lucros.

Dane-se o que senti, o que sinto, ou o que sentirei.

—Achei que eu era o presidente dessa gravadora...Que eu decidia quem entrava aqui ou não. — alfineto de modo direto para Noah e Debrah faz uma careta.

A melhor forma que encontrei para lidar com aquilo, foi usando a raiva em vez de outra coisa.

—Eu sinto muito se não estiver entendendo...Mas, você não me quer aqui? É isso, Cassy? — eu conhecia aquela voz dramática e não gostava quando ela entrava em ação. Não gostava porque sempre que eu ouvia ela, eu cedia.

—Não é isso, Debrah...É que a sua carreira merece um foco, que a Blancherd não consegue ter agora...Estamos completamente dedicados a outros trabalhos. — tento explicar as razões erradas e ela parece se segurar para não revirar os olhos. É claro que ela sabe que estou mentindo.

—Não há muito o que se falar, Castiel, já acertamos tudo, só falta agora nossa brilhante advogada redigir o contrato. — Noah fala em um tom firme e eu suspiro. Era por essa maldita razão que eu passei tanto tempo brigado com ele; Noah não sabe quando parar.

—Acho que essa é a hora do brinde então. — Debrah não se preocupa muito em ligar para o que acho daquilo também. Ela simplesmente coloca sua personalidade divertida em evidência.

 Continuo a fitando sem saber como agir e ela parece gostar disso.

É claro que ela gosta. Como não gostaria de saber que um homem já feito ainda se sente um garoto perdido perto dela? Como ela não gostaria de saber que a dor que eu causei nele, de certa forma ainda me obrigava a amá-la? Porque, essa é a maldita verdade. Eu a amo. Eu ainda a amo. Só são necessários dois segundos com a razão para eu ter quase estragado minha vida por todo esse tempo para saber. Eu amo Debrah Williams.

[...]

Estou emocionalmente exausto quando chego na minha cobertura naquela noite, o breve momento com Debrah me faz questionar tudo que consegui construir sem ela, e isso não é justo. Não é justo comigo que meu coração ainda continue girando em torno do que tivemos, não é justo porque eu não quero isso. Eu não quero querer a Debrah. Eu não quero precisar da Debrah. Eu quero saber viver sem ela e fazer da mesma uma simples lembrança da juventude a qual superei.

Vou até a adega e pego uma garrafa de whisky, retiro a tampa e tomo o conteúdo dela através do gargalo. Ainda não consigo acreditar que ela voltou, ainda não consigo acreditar que vou voltar a conviver com ela, ainda não consigo acreditar que a mesma consegue agir como se nada tivesse acontecido, que ela ainda conseguia sorrir na minha presença após tudo.

Tenho vontade de jogar aquela garrafa contra uma das paredes do lugar, mas, por alguma razão estranha consigo me controlar. Meu celular em cima da mesa de centro da sala começa a tocar. O nome “mãe” se acende na tela repetidas vezes. Sei que ela quer conversar sobre o que aconteceu, sei que Noah já contou o que aprontou e ela quer me ajudar. Mas, ignoro isso.

A campainha começa a tocar, vou até lá de modo automático e abro logo.

Do outro lado, está Lynn balançando um pacote de comida mexicana e sorrindo. Seus olhos verdes se refletem nos meus aflitos e ela desmancha o sorriso.

—Deixei de jantar com o pessoal porque achei que você queria minha companhia, mas, você não parece muito animado. — ela nota agora com uma expressão séria. Meu peito lateja com o que estou prestes a fazer. Mas, é o melhor para ela. O melhor para mim. O melhor para nós.

 

 

 

— Eu amo você, Lynn. — ela me olha estática. Mas,ela tem que saber. Eu só preciso que ela saiba, para que caso eu destrua isso, ela saiba que eu a amei de um jeito que não posso nem descrever.

Lynn reage colando seus lábios nos meus com calma, como se para se lembrar de cada parte daquele momento.

—Por favor, se lembre disso. — é o que posso pedir.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma Adorável Mulher." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.