Uma Adorável Mulher. escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 24
Capítulo 24 - Farsa.


Notas iniciais do capítulo

Só uma palavra: TRETA.

Boa Leitura!



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   Ponto de vista: Lindsay Gilbert.

Um fato interessante sobre a advocacia na New York atual era que o escritório Gilbert se destacava por sinônimo de sucesso, se um advogado conseguia um emprego lá sendo aprovado por Liam, o mesmo automaticamente se tornava respeitado em seu meio. Os métodos de resolução sempre foram duvidosos, entretanto mais do que eficazes, meu pai costuma dizer que vencedores sempre querem vencer de novo, ou seja se você ganhou uma vez hipoteticamente trapaceando terá vontade de fazê-lo de novo. Eu sou uma Gilbert, e isso vai além de ser filha do Liam, eu sou uma Gilbert porque sei todos os truques que aquele escritório usa para sair ganhador em um caso, eu sou uma Gilbert porque sou adepta a eles, e é disso que sinto falto e penso logo que sentada em uma das cadeiras de espera do JL Advocacy, aguardo pela entrevista que consegui agendar dois dias atrás.

                     Aquela experiência é estranha para mim, não lutei para conseguir uma vaga no escritório Gilbert, ela estava simplesmente esperando por mim e tudo o que fiz foi agarrá-la com firmeza. Me encontrava nervosa se for para ser sincera, sei que tenho uma fama no meio dos advogados e também tenho conhecimento que ela não é uma das melhores. A versão de mim que eles devem querer, nunca vai ser a que eu sou na realidade. Eles querem alguém justo. Eu sou alguém que ganha, o resto sempre foi detalhe.

             Mas, cá me encontro eu, decidida a mudar, a dar uma chance para uma versão melhor de mim, acho que por um lado eu só queria provar que o Kentin estava errado, a respeito de mim. Que eu poderia ser alguém que vence e não precisa jogar para isso.

                Olho em volta com aflição, o ambiente estava movimentado e havia muito barulho, também que pudera a maioria das pessoas deveria estar voltando de seus recessos agora, digo isso pois só se passou uma semana desde o reveillon. Finalmente dou um sorriso, ao lembrar da data, afinal Castiel e eu a passamos juntos em uma casa de campo em Southampton. Apesar do lugar me trazer outras lembranças que fazia tempo que eu não tinha, foi legal passar esse tempo com ele. Castiel me faz bem. Consigo admitir isso agora.

                  Logo me lembrando de pessoas que me fazem bem, recordo-me de Logan e suas palavras do natal. O mesmo disse que iria pensar na minha proposta e que logo mais teria uma resposta para ele. Por mais que eu sempre tenha desejado que meu irmão se tornasse como eu no fundo, uma parte de mim insistia em querer que ele seguisse um caminho totalmente contrário. É contraditório como me tornei aos poucos a pessoa que olha por dois lados uma situação como essa.

                    Em meio as minhas reflexões meu celular apitou, avisando que havia uma nova mensagem a abri com curiosidade ao ver que se tratava de Castiel.

                     Estou na delegacia do Brooklyn. Preciso de você.

               Arregalei os olhos ao ler aquilo, completamente indignada ao notar que o Blancherd ainda não havia superado a fase das algazarras. No mesmo instante que me coloquei a responder a mensagem dele com fúria, a secretária do escritório que eu estava, falou que seu chefe estava pronto para me receber.

               Encarei a tela do celular, depois a porta que me levaria a sala do tal chefe. Eu tinha que fazer uma escolha e não foi muito surpreendente o fato de que a que fiz foi simplesmente me levantar, e ir em direção ao elevador, fugindo de qualquer possibilidade de emprego na JL Advocacy. E enquanto o elevador descia, tentei convencer a mim mesma que escapei daquilo tão rapidamente por meu instinto ser sempre salvar o Castiel, mas, eu sabia a verdade; Meu instinto era sempre correr em direção ao escritório Gilbert.

[...]

       Senti o cheiro de Donuts e café fresco logo que adentrei a delegacia de um dos bairros mais cheios de NY. Não havia pedido mais detalhes a Castiel por mensagem, pois queria despejar toda a raiva e frustração que sentia pessoalmente, no entanto ignorei esses tais sentimentos quando o avistei no corredor da recepção com Lysandre e os garotos da banda.

         Espera, se o Blancherd não está atrás das grades como eu imaginava que estaria, o mesmo não era culpado dessa vez. Soltei um suspiro aliviado, caminhando até eles.

              Castiel foi o primeiro a me notar, quase sorriu para mim ao me ver, mas, se limitou a não fazer uma careta.

—Eu sinto muito por atrapalhar sua entrevista, sei que era importante para você. — me disse calmamente, quase o corrigi dizendo que não era tão importante assim, mas, apenas me limitei a assentir, fitando agora Dylan que mostrava um desespero suspeito. Ergui uma sobrancelha e Castiel notou minha pergunta explicita. — Eu te chamei aqui porque aconteceu uma coisa, com a namorada do Dylan, a Lety. Ela precisa urgentemente de um advogado. — a falta de informações dadas a mim deixa obvio que é grave.

—Sobre que tipo de crime estamos falando? — fui direta ao questionar, por ver que Dylan não estava em condições de explicar, Castiel continuou.

—Ela está sendo acusada de tentativa de assassinato. — quero dizer que fiquei chocada com isso, mas, quando se é advogado coisas ruins são comuns até demais. Olhei para Castiel seriamente.

—Onde está ela?  — questiono olhando em volta, buscando por alguma adolescente chorando.

—Lá dentro, a levaram para uma sala qualquer, depois que a mesma veio se entregar. —  Lysandre é quem conta. Suspiro.

—Eu vou entrar lá, vou tentar entender melhor a situação, e ver como podemos prosseguir. Tente se manter firme, Dylan, verei o que posso fazer. — lhe digo apertando seu ombro como apoio.

              Os protocolos seguidos foram o de sempre, eles me deixaram entrar logo que anunciei que seria a advogada da garota, por já ser maior de idade, a mesma não precisava oficialmente da presença dos pais aqui, então me responsabilizei por ela, sabendo que nada seria decidido até ela prestar depoimento. Pedi alguns minutos com a mesma e quando entrei na sala de vidros, com uma mesinha no centro, dei de cara com uma garota de cabelos azuis pintados com uma péssima tinta soluçando de modo quase penoso. Me sentei de frente para ela, e a vi me olhando com atenção.

         Havia medo em seu olhar sim, mas, eu conhecia demais as emoções para saber que havia algum sentimento escondido ali, que poderia ser revelado se eu fizesse pressão.

—Sou Lindsay Gilbert, a advogada que Dylan chamou, escute-me Lety, farei o melhor para que tudo saia bem em seu depoimento e para te tirar daqui, mas, antes de qualquer coisa, quero entender como veio parar aqui. Eu quero saber exatamente o que você fez. Preciso da verdade, para então te defender. — lhe explico de maneira calma.

                Ela engole a seco e então suspira.

—Na noite passada, Dylan e eu brigamos, eu disse a ele que não suportava mais ser deixada de lado pela banda, ele disse outras coisas impulsivas de volta e eu decidi que precisava extravasar a raiva que sentia dele por estarmos tendo a mesma briga pela milésima vez, então, uma amiga minha me chamou para ir a uma festa em uma boate ilegal aqui no Brooklyn, eu só queria me acalmar, me divertir, sei lá, então fui.  — Lety ofega um pouco. A fito com máxima atenção. —Foi minha pior decisão, as coisas eram loucas lá, muito sexo, muita bebida e drogas, todos estavam tão foras de si, e eu só queria que...A dor de brigar com Dylan passasse, então acabei tomando umas doses de vodka também, não a ponto de ficar bêbada, mas,...Eu senti muita ânsia de vômito e tontura, então eu decidi ir até o lado de fora do lugar para respirar um pouco...Foi ai que eu encontrei a amiga com a qual eu havia ido, mas, ela não estava sozinha, ela estava com um cara...Enfim, um cara que eu já vi algumas vezes aqui no bairro fazendo coisas erradas, achei que eles estavam ficando por todos os movimentos que faziam, então eu notei que ela estava chapada e ele estava tentando...Eu não consigo nem dizer, de repente ela começou a gritar como se tomasse conhecimento desse assédio, eu não sabia o que fazer, eu deveria ter simplesmente pedido ajuda...Eu...Só, achei que precisava salvá-la. — ali ela começou a chorar, soluçando baixo. — Havia algumas barras de ferro ali, acho que de alguma construção...Eu só queria salvá-la...Então, eu lancei uma daquelas barras contra a cabeça dele...Ele caiu ensaguentado e minha amiga me olhou com horror...Eu não queria matá-lo, só imobilizá-lo, eu não...Me disseram que ele não morreu, mas, está em coma em um hospital e suas chances são minímas...Eu....Eu não sei o que... — a mesma não conseguiu mais parar de chorar.

             Suspirei avaliando aquilo tudo.

—Sua situação só estará realmente complicada, caso ele morra, se isso não acontecer tudo é muito hipotético ainda...Você irá prestar depoimento, a policia procurará por testemunhas, querendo comprovar a autenticidade das suas palavras, haverá um exame de corpo de delito em sua amiga...Enfim, um processo burocrático extenso. Direi o que você vai fazer nesse depoimento; Só irá falar a verdade, nada mais que ela, tinha muita gente lá, qualquer um pode te deletar se você mentir, não há câmeras para manipular a situação a seu favor, tão pouco podemos convencer o cara a te poupar da denúncia. — falo cada palavra de forma firme.

—Eu posso...Ficar presa para sempre? — estava mais do que aflita.

—É um crime. Você irá pagar por ele sim, mas, não eternamente. Preciso ir preencher alguns papeis agora, respire fundo e se prepare, daqui há alguns minutos seu depoimento começa, estarei presente, mas, não poderei interferir em nada. — lhe contei friamente, antes de me levantar.

             Logo que cheguei ao corredor de novo, Castiel veio até mim preocupado.

—É pior do que parece? — indagou em tom baixo. Olhei para ele inquieta.

—Eu ainda não posso medir as consequências, iremos entrar para o depoimento agora e dependendo de como ela vai se sair, vejo que métodos usar. — lhe aviso disso, um pouco aérea.

—Por que está fazendo essa cara reflexiva? — ele indaga puxando meu rosto em sua direção. Mordo os lábios.

—Dylan é como você, não é? — questiono de modo sério. Castiel me olha sem entender.

      Quero dizer que Dylan é como ele, porque o mesmo estava envolvido com alguém intenso demais para lidar, é como Castiel com a garota que eu sei que acabou com ele. O mesmo deu mais do que podia, e depois se ferrou.

—O que está querendo dizer? — questiona no mesmo tom, mas, eu ignoro.

—Ele está mergulhado de modo perigoso no relacionamento com aquela garota, e dependendo do que acontecer hoje, o mesmo pode se machucar.— lhe esclareço, antes de lhe dar um selinho de despedida.

[...]

             O delegado Harvey olhava para a garota sentada de frente para ele com certa pena. Parecia um homem bom, e o fato de que uma adolescente poderia ter passado por uma situação traumática o sensibilizava E enquanto o escrivão se via pronto para transcrever o depoimento, fitei Lety de modo sério. Não demorou muito para Harvey pedir que ela começasse a tecer sobre a situação.

—Na noite passada, Dylan que é meu namorado, e eu brigamos, eu disse a ele que não suportava mais ser deixada de lado pela banda em que ele toca, ele disse outras coisas impulsivas de volta e eu decidi que precisava extravasar a raiva que sentia dele por estarmos tendo a mesma briga pela milésima vez, então, uma amiga minha me chamou para ir a uma festa em uma boate ilegal aqui no Brooklyn, eu só queria me acalmar, me divertir, sei lá, então fui.  — Lety ofega de modo lento, então eu arqueio uma sobrancelha, me aproximando um pouco mais dela. —Foi minha pior decisão, as coisas eram loucas lá, muito sexo, muita bebida e drogas, todos estavam tão foras de si, e eu só queria que...A dor de brigar com Dylan passasse, então acabei tomando umas doses de vodka também, não a ponto de ficar bêbada, mas,...Eu senti muita ânsia de vômito e tontura, então eu decidi ir até o lado de fora do lugar para respirar um pouco...Foi ai que eu encontrei a amiga com a qual eu havia ido, mas, ela não estava sozinha, ela estava com um cara...Enfim, um cara que eu já vi algumas vezes aqui no bairro fazendo coisas erradas, achei que eles estavam ficando por todos os movimentos que faziam, então eu notei que ela estava chapada e ele estava tentando...Eu não consigo nem dizer, de repente ela começou a gritar como se tomasse conhecimento desse assédio, eu não sabia o que fazer, eu deveria ter simplesmente pedido ajuda...Eu...Só, achei que precisava salvá-la. — ali ela também começou a chorar, soluçando baixo. Não acreditei no que estava ouvindo.— Havia algumas barras de ferro ali, acho que de alguma construção...Eu só queria salvá-la...Então, eu lancei uma daquelas barras contra a cabeça dele...Ele caiu ensaguentado e minha amiga me olhou com horror...Eu não queria matá-lo, só imobilizá-lo, eu não...Me disseram que ele não morreu, mas, está em coma em um hospital e suas chances são minímas...Eu....Eu não sei o que... — continuava em prantos.  Olhei incrédula para ela. Eram as mesmas palavras que me disse. As mesmas pausas entre o choro, as respirações exageradas nos mesmos trechos e a mesma expressão de menina inocente.

                 Harvey deu o depoimento como encerrado e a devolveu de volta para a sala que estava antes, dizendo que agora precisava ouvir outras pessoas. Sai dali furiosa, me controlando para não quebrar os vidros daquela sala. Castiel estava me esperando de novo, e não demorou a estranhar minha expressão.

—O que aconteceu? — questiona de forma previsível.

—Eu não posso defender essa garota. — resumo toda coisa em uma única frase.

—O que? — Castiel se exalta e eu solto um grunhido.

—Não foi legítima defesa, Castiel, não é como ela está dizendo, cada palavra que sai da boca dela é um teatro, ela quis matar ele, e se não quis, está encobrindo alguém quem queria. Ela não é inocente, não vou defende-la para que ela por loucura resolva praticar seus desejos assassinos com o Dylan. — exponho meus argumentos de forma firme.

            Castiel me olha de modo hesitante.

—Eu não vou duvidar do que você diz, porque sei que é uma ótima advogada, mas, se não defender ela, mesmo podendo fazer isso, Dylan vai te odiar. Ele é completamente apaixonado por ela. — pela segunda vez no dia não acredito no que ouço.

—Eu estou dizendo que a garota naquela sala tentou matar um cara porque quis, e você me diz para livrar a cara dela só porque um adolescente cheio de hormônios acha que não conseguirá viver sem ela? Onde está o cara que me acusa de má índole agora? Mesmo que não pareça, eu tenho princípios e não vou manchá-los por uma mentirosa que não consegue nem admitir a verdade para o cara que diz amar. — deixo isso claro para Castiel.

—Lynn, dessa vez não se trata do certo ou errado, é sobre o Dylan, se ela ficar presa aqui ele vai se auto destruir, só você pode impedir isso. Não quero que ultrapasse limite nenhum, só quero que abra uma exceção em seus limites dessa vez e a salve. — quando Castiel pede isso, ergo meus olhos nas direção dos dele e suspiro.

—Você quer que eu faça qualquer coisa para salvá-la? — preciso ter certeza disso.

—Qualquer coisa. Por Dylan. — quando ele confirma, assinto.

           Quando me viro, indo pedir mais uma vez que Harvey libere Lety para outra conversa, coloco minha melhor expressão de manipuladora.

                  Sendo quem sou, o convenço rapidamente.

               Entro de novo na sala, e Lety me olha preocupada.

—Já tem novidades? — indaga alarmada.

               Passo meus dedos sob a mesa de ferro de maneira minuciosa e estalo a língua no céu da minha boca.

—Sabia que eles  não escutam o que dizemos aqui agora, mesmo podendo? É, um tipo de moral ética...Nunca tive muito disso, sempre fui além de qualquer moral para conseguir o que queria...Acho que você tem um pouco disso, não é? — começo, tentando a provocar antes de iniciar meu discurso. Lety me olha confusa. — O que o cara fez para você para que você quisesse o matar? — questiono quase sussurrando. Ela arregala os olhos.

—Ele...Estava...Eu já te contei... — diz aquilo tremendo.

—Oh, não quer repetir o drama decorado? Obrigada. Poupamos tempo com isso. — agradeço falsamento. — Então, Lety, agora me poupe do lance da garota vítima e me diga de uma vez por todas o que te moveu a tentar matar o cara? O que ele era seu afinal? Ex? Amante? Amigo? — tento lhe apertar ainda mais emocionalmente.

—Não sei onde quer chegar. — tenta se manter firme.

 

—O que ele fez para você? — praticamente grito isso, em fúria pelo comportamento dele. Ela ofega.

—Eu...Não... — não se dá ao trabalho de tentar me contar.

—Estou tentando tornar as coisas fáceis para você, mas, você não colabora Lety. Como quer que eu te tire daqui, se nem ao menos sei o que te fez de verdade estar aqui? — indago fingindo decepção.

                   Um silêncio se inicia e eu decido que não serei a primeira a rompê-lo.

—Amante. — diz por fim e eu tenho vontade de socá-la. — Briguei com o Dylan, fui para aquela festa estúpida e encontrei Paul se agarrando com minha tal amiga, fiquei com tanto ódio por ser traída pelo o cara que sempre amei que lancei aquela barra contra ele, foi fácil criar a história depois. Quero ser atriz um dia, tenho talento. — quando admite isso estou longe de estar chocada.

          Desde que coloquei os olhos nela soube que a mesma era uma vadia jogadora.

—Só haviam vocês três no beco, sua amiga estava chapada mesmo, a um ponto de que se você disser a ela que ele estava tentando atacá-la mesmo, ela vai acreditar, sem saber provavelmente do caso de vocês e irá depor ao seu favor. Você deve ter algum podre do tal Paul em mãos e se ele acordar não irá te deletar, porque tem medo de que você revele. — o plano dela era previsível, porém brilhante.

—Bem que Dylan me disse, você é rápida. — ela fala em tom quase debochado. — Quando percebeu que eu estava mentindo? — indaga.

—No depoimento, você repetiu as mesmas coisas. Dica; Se quer ser uma boa atriz, capriche no improviso, falas prontas tem falhas. — debocho de volta.

—Então, o que você disse sobre eu só estar ferrada se ele morrer, aquilo era verdade? — a cretina nem se preocupa em se defender sobre trair Dylan, ela só se preocupa com si mesma e isso me enoja.

—Sim. — digo simplesmente, olhando para ela com calma agora.

—Mesmo sabendo que eu menti vai me tirar daqui? — continua seus questionamentos.

—Você vai sim sair. — lhe comunico com paciência.

—Não entendo...Achei que... — agora a mesma mente que montou um plano cruel está confusa.

—Eu disse que você sairia, então você sairá...Mas, isso não significa que eu não tenha condições para te tirar. — lhe conto isso. — Eu dou um jeito de você sair, caso termine seu relacionamento com Dylan hoje mesmo e suma da vida dele para sempre. — digo meus termos e ela arregala os olhos.

—Como é? — parece incrédula.

—Não sei o que te mantem nessa relação se não o ama, mas, dane-se isso acaba hoje. Porque você só tem duas opções, querida, ou aceita, ou aceita. — digo de forma direta.

—Você é insana.  — acusou. — Dylan me ama demais e caso eu lhe diga o que você me propôs, o mesmo te odiará. O fato de eu ter um amante não quer dizer que eu não o amo, só que o que tínhamos não estava sendo suficiente para mim...Não vou abrir mão dele porque você quer, faço ele arrumar outro advogado rápido. — oh, ela ainda queria bancar a garota apaixonada.

—Você entende o conceito do “aceita ou aceita”?. — indago. —  Não tem como você negar, porque se o fizer, eu mesma dou um jeito daquele cara no hospital não ter a  oportunidade de te encobertar. — explico do modo mais frio que posso e ela arregala os olhos.

—Você quer afastá-lo de mim, a garota por quem ele é completamente apaixonado? Isso vai quebrá-lo. — e ainda continua tentando soar preocupada.

—Sim, vai doer tanto, ele vai achar que não conseguirá seguir em frente, odiará as pessoas felizes ao seu redor, fará caos e brigará com quem se importa com ele...Então, um dia, ele seguirá em frente, amará alguém mais do que amou você, e você será somente uma lembrança trágica da vida dele. — faço o resumo. — Dylan é uma versão mais nova de Castiel Blancherd. Castiel Blancherd tinha um coração partido, eu o consertei, o que me impede de fazer isso com outra pessoa? — a questiono de modo cínico.

—Você não está me dando escolhas. — finalmente nota o obvio.

—Volta e meia a vida não te dá escolhas. Conforme-se. — continuo na posição manipuladora, logo me levanto sabendo que ela não irá arriscar um não.

—E você, o que faz quando a vida não te dá escolhas? — questionou em um murmúrio, parecendo assustada de verdade dessa vez.

—Eu sou Lindsay Gilbert. Quando não tenho escolhas, eu as crio. — é a última frase que digo antes de sair daquela sala.

[...]

       Sempre tive muito orgulho, isso me fez perder coisas, e ganhar outras, mas, quando eu entrava em algo relacionado a Liam, eu nunca vencia, sempre tinha que abrir mão desse defeito tão nítido. E dessa vez não era diferente, Castiel pediu que eu fizesse qualquer coisa para tirar a tal Lety da cadeia, eu faria, só esperava que ele aceitasse meus métodos depois que eu conseguisse. Afinal, não era algo bonito de se fazer.

                 Florence liberou a minha entrada sem muita dificuldade e quando invadi a sala do meu pai notei que a mudança que apresentei no natal foi por água a baixo. Liam me fitou com diversão, esperando pelo que eu tinha a falar.

—Quando você me ensinou a ser uma boa advogada, você disse que a primeira regra era nunca se envolver emocionalmente. — inicio com isso e faço uma careta. — Eu me envolvi emocionalmente em um caso, e agora estou em uma sinuca de bico para resolvê-lo. Sei que a pessoa que eu tenho que defender é culpada e não quero tirá-la do lugar que merece estar pois por mais que não pareça ainda tenho alguma dignidade em relação ao meu trabalho, mas, se eu não tirar, alguém com que me importo sairá machucado. — explico a situação de modo resumido. — Eu preciso de você e é horrível admitir isso, porque eu sei que desde o momento que abandonei esse escritório você espera pelo instante que eu viria até aqui e admitiria, porque uma parte deprimente do seu ser adora o fato de eu ainda conseguir me humilhar para pedir sua ajuda. — o comunico disso. — Então, fique feliz em saber que eu realmente vou me humilhar se preciso, para você resolver meu problema. Não vou tirá-la de lá, mas, quero um dos seus brilhantes advogados para fazer isso por mim. — faço meu pedido.

—Você não a tiraria tão fácil assim. O que ela tem que te dar para que você a liberte? — ele não se dá ao trabalho de debochar do meu desespero.

—Algo que eu quero muito. — respondo e ele suspira.

—Não vou te ceder um dos meus advogados. — parece sua resposta final, e ela não me surpreende, ser rancoroso pode ser um dos novos defeitos dele. — Eu tiro a garota de lá. — com aquela eu arregalo os olhos. Fazia muito tempo que meu pai não se candidatava para defender um caso. — Não fique tão chocada, Lindsay. É claro que eu faria isso por você. — diz, enquanto se levanta e ajeita seu terno elegante.

—Sim, para depois jogar na minha cara que fez isso por mim. — suponho.

—Eu faria porque você é minha filha e por mais que não pareça não há uma só coisa no mundo que eu não faria se você me pedisse. — depois de me dizer tais palavras ele me abandona na sala dele.

[...]

          O clima naquela sala de espera não era o dos melhores, Castiel estava sentado ao meu lado e acariciava meus cabelos, enquanto eu observava meu irmão encostado em uma das paredes perto dos avisos, não sustentava a melhor das expressões, já que por ventura havia tido um encontro com nosso pai quando ele chegou comigo. Haviam trocado um simples cumprimento, que serviu para que a tensão aumentasse. Kevin tentava acalmar Dylan que andava pelos quatro cantos da delegacia nervoso. Logo mais seu nervosismo seria substituído por dor, quando a garota acabasse com ele, e era isso que me fazia ficar calada e hesitante.

                     Meu pai saiu da sala, e não estava sozinho, caminhava ao lado de Lety, Dylan correu até ela aliviado, a abraçando e a beijando. Castiel sorriu para mim, mas, eu não consegui retribuir.

—O que acha que ele fez para ela sair? — Clinton me questiona curioso. Suspiro. A resposta não é boa.

—Você não quer saber, vai por mim. O importante é que ele fez ela ser solta. Algo que eu nunca conseguiria. — sim, eu conseguiria, só não faria.

            Castiel se levantou e me deixou, indo em direção a Dylan. Sob o olhar de Lysandre, meu pai chegou perto de mim e fitou Dylan olhar para Lety com fascinação.

—Doerá muito quando ela se afastar dele. — era esperto o suficiente para descobrir meu acordo.

     —Já fizeram isso comigo uma vez. Dói, mas passa. Só estou em busca do melhor para ele, lembra dessa sensação, Liam? — questiono arqueando uma sobrancelha.

—Sim, senti essa sensação antes de transformar uma menina mimada em uma mulher de sucesso. — dou um meio sorriso para ele e logo me inclino na direção do mesmo para beijá-lo a bochecha. — Gosto de quando não é um babaca completo, pai. — o mesmo quase sorriu para mim.


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Notas finais do capítulo

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