Uma Adorável Mulher. escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 20
Capítulo 20 - Você Tem Algo A Agradecer.


Notas iniciais do capítulo

Voltei super rápido, com um capítulo que eu chorei escrevendo, não sei se por estar emocional demais nesse momento, ou se por poder escrever uma Lynn tão humana nele.

Enfim, comentarei mais coisas nas notas finais!

Boa Leitura!



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Ponto de vista: Lynn Gilbert.

      A  casa era de uma modernidade inacreditável; As paredes de vidro se destacavam em meio a um dos condomínio mais luxuosos de Manhattan e enquanto eu estacionava o carro de frente a ela, após ter a licença para isso na portaria, me encontrava estranhamente nervosa. Okay, não é estranho, eu estava quase dentro da casa dos pais do Castiel, pronta para participar de um jantar familiar, sendo que eu e ele nem estávamos em uma boa fase.

               Reuni toda a corajem e desci do carro.

               Jantar familiar o escambal a quatro, aquilo estava mais para uma festa de casamento; Dezenas de carros rodeavam a rua, sendo os donos desses possíveis convidados, e logo na entrada da moradia dos Blancherd várias tochas estavam acesas direcionando o caminho até a porta, em uma decoração um tanto medieval.

          Com meu par de salto finíssimo caminhei até lá; Pronta para entrar, fui recebida por um funcionário elegante, que educadamente pegou meu casaco e o guardou. O interior da casa era tão moderno quanto o exterior; Móveis em cores neutras e aparelhos de última geração, junto com um piano de calda decoravam a sala principal, que agora estava preenchida por várias pessoas que conversavam entre si, formando pequenos grupos, enquanto garçons instruídos passavam entre eles servindo bebidas e canapés.

                  Aquele lugar era totalmente diferente da casa onde eu cresci; O lugar onde Liam decorou era repleto de coisas antigas e peças quase pré históricas. Era um contraste assustador e por alguns segundos, eu comparei isso a mim e Castiel. Eramos tão diferentes; Tínhamos criações diferentes, caráteres diferentes, conceitos diferente.

                      Só que no fim, não contrastávamos tanto assim; Não no que desejávamos secretamente. Não no que nossos corpos queriam quando estavam próximos um do outro. Naquele instante, pela primeira vez admiti para mim mesma, que uma parte de mim mesma queria ele. Uma parte de mim quer desesperadamente Castiel.

            Ofeguei quando cheguei a essa conclusão, e o fato de que quando me virei pronta para ir buscar uma bebida que me acalmasse, encontrei um par de olhos iguais os dele não me ajudou muito. Valérie me encarava com um sorriso acolhedor. Forcei um sorriso para disfarçar meu nervosismo.

—Eu trouxe o vinho. — foi a primeira coisa que consegui dizer, então ergui a garrafa do que consegui na adega da minha casa, que se encontrava em minha mãe desde minha saída do carro. — Eu não disse da última vez...Mas, muito obrigada pelo convite. — agradeço, e a mesma recebe a garrafa, e logo entrega a um garçom que passa por nós.

—Eu que agradeço por vir, querida. — a mesma fala em um tom maternal. —Foi muita gentileza da sua parte, abrir mão de aproveitar esse feriado com sua família, para passá-lo por nós. — só não dei uma risada cheia de escárnio, porque seria má educação da minha parte.

—Eu não passaria o feriado com eles...Eu...Nós... — não consigo terminar, não consigo mentir para a mulher na minha frente, não quando ela parecia ser tão sincera sobre tudo. Para minha sorte antes que ela tentasse insistir saber, Armin surgiu entre nós, com uma taça de champagne.

—Champagne? — me oferece a taça, antes de cumprimentar Valérie com um beijo na bochecha. — a mesma sustentava uma expressão de desconfiança pela minha última frase.

—Por favor. — aceito com quase desespero. Logo o líquido delicioso já está descendo por minha garganta. Só um pouco de álcool para me acalmar naquela situação. Não sei agir com mães.

—Certo, agora que Armin chegou e pode te fazer companhia, vou cumprimentar alguns amigos que acabaram de chegar. Depois conversaremos, querida. — a última parte soou como uma ordem.

                Quando ela saiu de nossas vistas, Armin me olhou com zombaria.

—Valérie é adorável sim, mas, é assustadora quando quer.  — então ele entendeu as mensagens nas entrelinhas. Suspiro.

—Ela é mãe do Castiel, afinal. — comento quase sorrindo. Aperto minha bolsa com força entre meus dedos, enquanto procuro por alguém dentro daquela sala enorme. Acho que não sou sútil, porque Armin novamente nota as coisas rápido demais.

—Ele está lá em cima...No seu quarto antigo...É estranho como sempre que vem aqui o mesmo fica nostálgico. — explica para mim, sabendo exatamente quem eu procuro. — Parecem séculos desde que eramos adolescentes. — Armin também se encontra nostálgico olhando para aquelas paredes.

—Como foi crescer com ele? — não tenho a miníma ideia do porque isso me interessas, mas, questiono com animação.

—Era louco; Alexy, meu irmão, que não está aqui hoje, Castiel e eu éramos praticamente colados. Tão diferentes, e ainda sim tão cúmplices. Um sempre esteve ali para ajudar o outro, mesmo nas situações mais complicadas. Como... — não deixo que ele termine essa frase, eu mesmo quero fazê-lo.

—Como irmãos. — era aquilo que eu devia ter tido. Com Leigh e com Lysandre, lembranças felizes, que me fariam uma pessoa melhor agora.

—Eu sinto muito. — minha expressão deve denunciar no que penso. Lhe envio um breve sorriso. A dele parece sem graça. Armin tinha conhecimento do crescimento privado de amizades que tive.

—Tudo bem. Eu até estou melhorando minha relação com minha família. — Com Lysandre pelo menos, o mesmo só não veio a esse jantar comigo hoje, pois decidiu passar o feriado com mamãe, levando em conta que passaria o natal comigo, então quis compensá-la.

                Armin sendo o cara descontraído que é, tira o clima ruim da situação e começa a comentar sobre suas novas invenções no trabalho, mudando de assunto rapidamente. Finjo estar interessada nisso, mas, a verdade é que enquanto ele fala tudo que eu faço é olhar na direção da escada que leva ao segundo andar, no caso a que me levaria até Castiel.

                Só volto a ele, quando seus pais que convenientemente são vizinhos dos de Castiel vem até nós e me cumprimentam. Os mesmos são simpáticos, assim como o único filho deles que conheço. Iniciamos logo outra conversa agradável.

                  Assim que um casal britânico veio falar com eles e Armin, pedi licença e me afastei um pouco, seguindo em direção a lareira artificial que agora estava ligada. Ainda não me sentia totalmente confortável em eventos em que o foco não era conquistar novos clientes para o escritório, por isso precisava de um tempo sozinha para me recompor.

—Você está linda. — sinto aquela voz que conheço muito bem, dizer isso atrás de mim, e um arrepio sobe por minha coluna. Engulo a seco e me viro, encarando Castiel que me olha com uma expressão séria.

           Ele tinha acabado de me elogiar. E estava sério quanto a isso. Okay, isso não é normal. Tudo bem que eu estava bem bonita, realmente, usava um vestido vermelho que combinava com minha pele, saltos nude e deixei meus cabelos lisos naturais para variar, mas, isso não quer dizer que eu esteja deslumbrante a ponto de Castiel me elogiar sem nenhum deboche.

             Ergo meu olhar na direção do dele, e sou sincera.

—Eu não entendo você. — Não, eu não o cumprimento ou agradeço pelo elogio, eu o questiono. Estamos tendo essa situação desde que eu fui uma idiota naquela conversa com decisiva com ela. Essa situação na qual, eu não o entendo.

            Castiel agora está confuso.

—O que você não entende sobre mim, Lindsay? — me desafia a responder, e eu suspiro. Aquele não era o momento de termos essa conversa, mas, eu precisava prosseguir.

—Eu não entendo quem você é, ou o que você quer, Castiel. — esclareço para começo de conversa. — Eu não entendo se você é o cara babaca a qual eu conheci após um quase acidente, o cara que debocha de mim, ironiza tudo, tenta me humilhar, é descomprometido com o universo...Ou se é o cara que disse que se importava comigo no hospital, o cara que se afastou de mim sem me acusar, quando falei que eu não era o que ele precisava, o cara que agora, está aqui diante de mim me olhando como se eu fosse boa suficiente. — desabafo, tentando não focar também no cara que fez uma festinha semana passada no seu apartamento, quando eu estava tentando falar sobre como me sentia.

—E de qual desses caras você gosta mais? — ele responde com uma pergunta, a medida que se aproxima pouco a pouco de mim. Me arrepio, e umedeço meus lábios. Castiel olha diretamente para lá.

—Eu não sei. — admito quase em um sussurro. — Mas, eu sei que sinto falta do Castiel que implicava comigo, do que me irritava de propósito...porque, quando você é esse Castiel, eu sinto que você está lá...Porque eu preciso desse Castiel para ser a Lynn que eu era antes. — continuo com as revelações.

                          Agora é ele que parece surpreso, tão que logo que ouve isso se afasta. Acho que ele está pronto para dizer algo, mas, não descubro o que é, porque logo que está prestes a fazer isso, sua mãe bate o garfo em uma taça, anunciando que o jantar está servido.

               Sigo com ele em silêncio até a mesa digna de um castelo, que está servida com um banquete. Me acomodo com um lugar que está servido o meu nome, e para minha surpresa, o lugar de Castiel é ao lado do meu.

           Estranha. Essa situação é completamente estranha para mim. Eu estou me sentindo desconfortável por causa de um homem. Patético.

        Logo que todos são servidos, as pessoas começam a comer, elogiando os manjares volta e meia, e recebendo sorrisos de Valérie em resposta. Não me concentro na comida, e Castiel também não, pois o mesmo passa quase o jantar todo me fitando de canto de olho, acho que os dois digerindo o que eu tinha acabado de admitir para ele.

               Em determinado momento, Noah Blancherd, o pai de Castiel se levantou e fez o mesmo que sua mulher fez mais cedo; Batendo o garfo em uma taça refinada para avisar que faria um discuso de ação de graças. Por conhecer Castiel, notei que ele ficou tenso.

—Eu sou tenho tantas coisas para agradecer; Tenho uma gravadora de sucesso, amigos admiráveis que estão comigo nesse momento, mas, acima de tudo, tenho que agradecer pela família maravilhosa que tenho. — Okay com aquela última parte, vi Castiel apertar sua taça com força. Franzi as sobrancelhas. — Eu tenho uma mulher incrível por quem sou completamente apaixonado. — Valérie sorriu com o amor para o homem. É! Ela realmente sorria demais.  — E eu tenho um filho que eu amo com todo meu coração; Um garoto talentoso que eu vi crescer e se tornar a cada dia mais uma inspiração para mim...É verdade que coisas aconteceram, que ele perdeu o caminho de casa, mas, ele está aqui agora, comemorando conosco. Sendo uma família conosco. —Oh péssimo momento para falar isso Noah. Castiel deve ter lutado contra tudo que tentava manter para vir até aqui, e ele com certeza não queria ser o alvo dos olhares que enviavam para ele agora.

                 Tentei impedi-lo de fazer o que quer que quisesse, ao agarrar sua mão por baixo da mesa, mas, o mesmo não se importou, ele se levantou  e se desvencilhou de mim com brutalidade. Noah arregalou os olhos e Valérie ofegou.

—Por que não diz a todos por eu perdi o caminho de casa, Noah? Por que não diz que foi por que eu descobri que você é um idiota que assumiu o filho de um babaca qualquer, e que esse filho no caso seria eu? Por que não diz também que foi por que eu descobri que você colocou meu pai verdadeiro na cadeia? Por quê? — grita com toda raiva que pode, e eu suspiro. Sobre a primeira parte, eu já desconfiava, Castiel deixou aquilo subentendido várias vezes em seus surtos, mas, essa última, isso realmente parecia mexer com ele.

—Castiel, por favor não faça isso. — Valérie implora para ele.

—Fazer o que? Mostrar para todos aqui que não somos a família perfeita que vocês querem fingir que são? Nem sei porque aceitei vir para isso, estava claro desde o princípio que isso só seria um show de hipocrisia. Porque é isso, Noah é ótimo em apontar os meus erros, mas, nem ao menos reconhece os dele. — Castiel diz isso de forma desesperada e eu sinto meu coração latejar por ele. Valérie já está em lágrimas, e elas só se intensificam quando Castiel revira os olhos, antes de dá-los as costas e sai porta a fora.

                Os murmúrios começam aos poucos, e Noah ainda que também esteja chateado tenta consolar a mulher. Ali noto que toda a comemoração que ela preparou foi por água a baixo. Armin também nota isso, e se colocando no papel de dono da casa, ele dá a entender educadamente que é hora de ir a todos.

           Eu não vou embora. Eu fico. Logo que me levanto, e tendo compreender as coisas que acabaram de acontecer, vou até Valérie, tentada a lhe dizer alguma palavra de consolo. Quando chego lá, no entanto, não sei o que falar. Noah balança a cabeça para mim e suspira antes de me deixar a sós com sua esposa.

—Eu quebrei meu filho com mentiras. — a mesma se ocupa, enquanto tenta enxugar suas lágrimas com um guardanapo.

—Olha, sendo experiente em pais que tornam os filhos péssimas pessoas  eu digo, não consigo ver um mundo em que alguém como você seria capaz de quebrar uma pessoa. — não é um consolo direto, mas, é verdade.

                Valérie me olha de um jeito que nunca ninguém me olhou antes. É carinhoso de um jeito inexplicável.

—Você não é uma péssima pessoa. — parece se ver no dever de dizer.

—Não é o que o mundo todo e seu filho acham. — dou uma risada sem humor.

—Eu vi o jeito que ele te olhou no jantar...Os olhos dele brilharam antes de toda a fúria da situação. Ele não te acha uma péssima pessoa, querida, do jeito que ele te olhou era como se ele te achasse a melhor pessoa do mundo. — meus olhos lacrimejam com aquela declaração. — Por dois segundos, com aquele olhar, eu encontrei o filho que eu tinha antes de tudo. Castiel é bom, ele só precisa de alguém que o compreenda. — mesmo seu filho sendo um babaca com suas últimas palavras, ela ainda consegue defendê-lo.

—Eu vou atrás dele. — aviso convicta após essas revelações.

—Eu sei. — ela realmente não parece surpresa.

            Dou um sorriso para ela, antes de ir até a porta. Eu faria Castiel consertar o que falou. Eu consertaria Castiel.

[...]

               Para minha surpresa e alivio Castiel não foi muito longe em sua fuga dramática. O mesmo se encontrava em uma praça perto da portaria do condomínio, sentado em um dos bancos de lá. Fui até onde o Blancherd estava, e ele bufou quando notou minha presença.

—Aquele Castiel que foi um idiota com sua mãe em uma coisa que era importante para ela, eu odeio ele. — inicio tentando não soa enfurecida. — Porque esse é você sendo um babaca de propósito tentando parecer inabalável. — esclareço sobre uma de suas perguntas dessa noite.

—Lindsay some daqui. — pede em um tom calmo e eu noto que seus olhos estavam marejados, assim como os meus.

—Você não pode fazer isso, você não pode deixar as pessoas que você amam irem embora, ou então desistirem de você. — digo quase desesperada, me mostrando frágil.

—SOME DAQUI LINDSAY. — grita se levantando. E me olha, como um garotinho assustado. Ele precisava de um caminho. Precisava da verdade. Eu daria isso a ele. Assim como fiz quando tivemos aquela conversa no terraço em uma noite fria.

—Eu mentir para você. — revelo do nada, quase me tremendo, e ele me olha incrédulo.

—E você acha que esse é o momento certo de me dizer isso? — indaga indignado.

—Eu sou uma advogada. Eu tenho um ponto. — deixo claro. Então, suspiro. — Okay, tivemos uma conversa um dia, sobre o Nathaniel, meu médico, e eu dei a entender que não o conhecia além do hospital. — acho que o Castiel já supõe o que eu quero dizer, pois me olha com mais fúria ainda. — Eu o conhecia. Ele foi meu namorado...Ele me pediu em casamento quando eu era só uma adolescente. — revelo de forma direta. O Blancherd não entende onde quero chegar . —Eu não era apaixonada por ele, mas, assim como o Kentin, Nathaniel me passava uma sensação de lar que eu precisava...Ele era bom comigo, e eu estraguei tudo...Apesar de tudo, ele esteve lá quando eu mais precisei dele. — Castiel não entende onde eu quero chegar.  — Ele me ajudou quando eu descobri a razão verdadeira do casamento dos meus pais ter acabado. Quando eu descobri que Liam havia traído minha mãe, e tinha tido um filho com outra, eu descobri quando essa amante morreu, e a irmã dela um dia veio atrás do meu pai em nossa casa, ela era pobre, ignorante e totalmente inepta para cuidar de uma criança, e até ela notou isso, pois foi até Liam para exigir que ele ficasse com a criança que ficou órgão. Eu tinha 16 anos na época, e eu quis desesperadamente odiar aquela criança por ela significar de alguma o fim da minha família, mas, quando eu o vi... —  essa altura já estou em lágrimas. — Eu me apaixonei por aquele garotinho de olhos curiosos...Eu o amei naquele exato momento, a conexão que nunca senti por Leigh ou Lysandre, eu senti por ele. Nathaniel estava lá quando eu tomei a decisão; A de não contar ao Liam que a criança tinha ficado órfã, eu não queria que o menino se transformasse em um de nós...Eu tive o plano de colocar ele em um internato isolado  da cidade para que ele crescesse lá, e tinha o dinheiro para mantê-lo. Nathaniel era maior de idade então se tornou o guardião legal dele, e mais para frente, dia após dia, quando conseguiu o coração dele, se tornou meio que o pai dele. Logan sempre foi incrível, apesar de toda dor pela qual estava passando, ele sorria, e ele me aceitou de cara, como ninguém nunca fez antes. Ano após ano eu o vi crescer, e se tornar uma das pessoas mais lindas que já vi, uma beleza por dentro. Ele é bom, honesto e se importa com o sentimento das outras pessoas. Quando ele podia entender a situação, eu cogitei mentir para ele, mas, eu decidi que Logan seria a única pessoa em minha vida que nunca receberia uma mentira vinda de mim, eu o contei sobre minha decisão de ocultá-lo de Liam após a morte de sua mãe, e ele entendeu, ele concordou, e disse que sabia que eu só fiz o melhor para ele. Me afastei de Nathaniel nesse meio tempo, mas, Logan não, ele o amava era a figura masculina mais próxima que tinha...Ou seja, também menti para você quando te disse que meu ponto fraco era o Liam...Meu ponto fraco é o Logan, porque me importo com ele mais do que com qualquer outra pessoa. — eu falava aquilo tudo com a voz embargada.

 —E até um dia desses, eu achava que estava me saindo bem cuidando de alguém, mas, ele me fez fez perceber que eu indiretamente só estava fazendo com ele o que Liam fez comigo, o prendendo naquele internato, e o privando de escolher agora o que realmente quer. Eu estraguei as coisas até com ele. — tentei inutilmente enxugar minhas lágrimas.

           Castiel parecia bastante surpreso, tanto pela história, quando pelas minhas lágrimas. Senti que ele quis arriscar um passo para me consolar, mas, se conteve.

—Qual é o seu ponto? — ele consegue perguntar, mesmo em meio aquilo.

—Logan não é meu irmão legítimo como Leigh e Lysandre, ainda sim, eu o amo de um jeito que nunca você conseguir amar nenhum dos dois. Porque eu percebi que sangue não faz uma família, apoio, carinho e lealdade. Isso faz. — lhe explico com todos os sentimentos que posso. — Meu ponto é que às vezes, nós mentimos para quem amamos, achamos que estamos protegendo essas pessoas de uma verdade terrível, quando na realidade só o fazemos porque a mentira é mais confortável. Isso vira uma bola de neve...Mas, Noah te ama, Castiel, sendo seu pai biológico ou não, ele cuidou de você, te fez descobrir quem você era. Você tem uma família feliz, apesar de tudo. Noah te ama de um jeito que Liam nunca vai me amar, e sua mãe o os olhares que ela me envia...Eu nunca recebi aquilo da minha mãe...Armin e Alexy, você tem lembranças felizes com ele, eu não tenho isso....Eles podem ter te escondido uma verdadeira decisiva, mas, isso, porque o amam...E você os ama também...Porque você é melhor que eu...Em várias coisas, Castiel...E eu sei que tem mais sobre o seu passado que eu não sei, mas, eu sei que você deve deixar isso ir, e focar no aqui e no agora...Talvez seja a hora de mudar. — lhe comunico e ele suspira. —Eu era essa mulher que achava que podia controlar tudo e todos, então eu mudei. — admito para todos os efeitos.

—O que aconteceu? — Castiel indaga de um jeito sério.

—Eu conheci você e tudo mudou. — O sorriso sem mostrar os dentes que dou um seguida é o mais sincero que já dei em minha vida. 

 Logo quando Castiel me olha surpreso, eu mordo os lábios.

—Qual é! Eu não consigo nem controlar a mim mesma mais. — revelo ainda sorrindo.

—O que você acha que eu devo fazer, Lynn? — fico feliz quando ele me questiona isso.

—Você sabe o que deve fazer. — sou sincera.

             Não demora muito para estarmos fazendo o caminho até a casa dele, lado a lado. O acompanho em silêncio. Quando chegamos lá, o lugar já estava quase deserto, exceto pelo casal Blancherd que agora se encontrava sentado no sofá enorme da sala. Ambos demonstraram surpresa quando viram que eu havia trazido seu filho. Indiquei com a cabeça para que Castiel fosse até eles.

                             Hesitante, ele seguiu em direção a Noah que já tinha se levantado; Valérie a essa altura havia voltado a chorar. Os dois se olham de maneira calma, antes de Castiel suspirar engolindo suas próprias lágrimas e puxar seu pai para um abraço, que é recebido com total espanto. Solto uma risada aliviada, enquanto observo a cena que se desenrola a seguir. A mãe dele abismada com tudo aquilo, logo também é puxada para o abraço. Não há palavras entre eles naquele momento, e no fim, elas não precisam ser ditas agora. Eles ainda vão trabalhar naquela relação, e eu espero ainda continuar aqui para ajudá-los.

             Quando se separam, enxugaram suas lágrimas em conjunto, e Valérie me agradeceu com o olhar.

—Okay...Isso não era mesmo o jantar que eu planejava, mas, foi até melhor...Sobraram muitas coisas, vamos até a cozinha e teremos um jantar de ação de graças de verdade. — é mandona quando diz isso, e todos rimos.  — Venha comigo, Lynn, você é uma convidada especial. — a mesma me puxa pelo ombro, e sinto que estamos seguidas pelos homens Blancherd até lá.

           Com maestria ela faz novos pratos repletos de comida, e nos acomodamos na mesa da cozinha que é minúscula, se comparada a mesa da sala de jantar. Estávamos ali, compartilhando um momento, e parecia bem melhor do que com as várias pessoas que se encontravam ali antes.

—Então, é um jantar de família, precisamos de histórias engraçadas para compartilhar. — é Noah que diz isso, e Castiel ao meu lado quase sorri.

—Deveria contar a eles do dia que quase destruiu toda minha adega. — me aconselha, e os dois se surpreende, eu própria só dou um sorriso.

—Você gosta dessa história. — noto e Castiel revira os olhos.

              Por fim contamos essa história, e muitas outras, e essa foi a primeira vez que eu comemorei a ação de graças de verdade. Agradecendo por muitas coisas terem acontecido para mim naquele ano, mas, em base tudo se resumia em agradecer por um certo dono de olhos azuis ter aparecido para mim.

          Fui surpreendida então, quando uma mão agarrou a minha por baixo da mesa. Olhei para Castiel e ele sorriu indiferente.

             A noite apesar de tudo, foi maravilhosa, e eu sabia que ela não acabaria ali.


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Notas finais do capítulo

É, o Logan é um pequeno Gilbert não oficial! Acho que algumas das minhas leitoras já haviam adivinhado isso, então parabéns para elas! Mas, tem mais no passado da Lynn? É claro que sim, onde o tal Steve se encaixa nisso tudo, juntem as pistas e formem suas teorias.

Sim, Castiel não é filho do Noah mesmo, acho que isso as pessoas também sabiam, e sim o pai dele verdadeiro foi preso pelo Noah. Por quê? Vocês saberão um dia kkkk, e sim também tem mais no passado dele.

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