Uma Adorável Mulher. escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 14
Capítulo 14 - Sobre Se Importar.


Notas iniciais do capítulo

Ei gente, voltei com um capítulo cheio de emoção, e mais deixas para os segredos da fanfic! Espero que gostem de verdade!
Boa Leitura!



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Ponto de visto: Lynn Gilbert.

            Usei um esforço sobre- humano, para conseguir abrir os olhos, e quando o fiz, não consegui deixa-los assim por muito tempo, pois logo uma luz branca muito forte me atingiu e me deixou zonza por alguns segundos. Tentei mais uma vez, e dessa tive êxito, pois forcei meus olhos a se acostumarem com a claridade. Confusa, me sentindo fraca e indefesa, olhei em volta, tentando reconhecer o lugar em que eu me encontrava, e franzi as sobrancelhas, quando os tons neutros das paredes, e os aparelhos estranhos conectados ao meu corpo, denunciaram que eu estava em um hospital.

           Me esforcei para lembrar como cheguei até aqui, só que isso só fez com que, uma dor dilacerante atingisse minha cabeça. Gemi de dor pelo desconforto, e remexi na cama, procurando uma posição que aliviasse aquela sensação tão incomoda. Apesar da tontura e da ânsia que me dominavam, no momento, tive o vislumbre de algo me fortificando naquele instante. Soro. Reconheci. Podia sentir o mesmo se espalhando por minhas veias de forma lenta, mas, ainda sim eficaz.

             Olhei para baixo, e fiz uma careta ao notar que usava uma daquelas roupas ridículas de hospital, e continuei procurando em minha mente, lembranças que explicassem a razão de eu estar nesse local. Demoraram alguns minutos, para eu conseguir fazer uma recapitulação decente. Recordo-me de ontem a noite, quando fui atrás do meu pai para pedir conselhos, e o mesmo me enojou, com o que me disse para fazer. Recordo-me também que assim que cheguei ao meu apartamento, me encontrava assustada, pois aquela havia sido a primeira vez, que eu tive uma noção real do quão insensíveis, eu e ele poderíamos ser.

             Liguei para Kentin, ainda sem saber o que diria, como diria, ou se diria, mas, ele nem me deixou decidir dentre isso, pois me cortou logo no inicio da conversa, falando que estava prestes a pegar um voo, já que precisava viajar para reunir algumas provas, para seu novo caso.

              Quando acordei, me senti indisposta, menos decidida que o normal, só que liguei isso ao fato do dia anterior ter sido agitado de um jeito ruim, então fui para a gravadora, mesmo não me sentindo a Lynn de sempre. Tive mais uma discussão com Castiel, só que essa soou muito mais desgastante do que as demais, logo, só o que eu tinha na minha mente era uma escuridão preocupante.

                Castiel! Era isso. Eu tinha desmaiado e Castiel me trouxe até aqui. Mesmo irado com minhas últimas atitudes, ele se deu ao trabalho de me trazer até um hospital, para que cuidassem de mim.

             É claro sua idiota, como o Blancherd fez questão de destacar ontem, mesmo sendo um babaca, ele é melhor do que você, ele se importa. — repreendi a mim mesma, e estava pronta para continuar aquilo, só que um novo detalhe acrescentado aquela situação, me impediu de prosseguir.

              A porta  do quarto foi aberta, e por ela, um Castiel contido e hesitante passou, olhei para ele, um tanto desarmada, e engoli a seco, a medida que notei que o Blancherd se aproximava da cama. A surpresa inicial de saber que ele me trouxe até aqui, não superava a de notar que ele permaneceu por mim.

—Você acordou. — comentou o obvio, parecendo meio inseguro sobre o que dizer, ou fazer. Meu coração se acelerou ao ouvir sua voz, o mesmo que parecia tão lento hoje mais cedo. É isso que Castiel causa em mim, ele intensifica tudo.

—Bem, era o esperado, dado o fato de que eu não estou morta. — tentei zombar, mas, tive dificuldade em falar, logo que, tudo saiu em um tom embargado e monótomo.

—Mas, vai estar...Vai se continuar se comportando como se fosse um robô, que só trabalha...O médico disse que seu sistema imunológico está agindo bem abaixo das expectativas, porque você não come, não dorme e não para um segundo sequer, além de que seu corpo está deixando de metabolizar glicose de forma adequada...Ele disse um monte de baboseiras, que só se resumem em que você está ferrando com si própria. Hoje, você estava tão fraca e desidratada, que sua pressão literalmente caiu, te fazendo desmaiar...Tem noção de que poderia ser pior? Você poderia ter tido uma convulsão, ou uma parada cardíaca. — Castiel parecia revoltado, acusatório, e estranhamente preocupado, enquanto me contava aquilo tudo, aturdido com as constatações e com o que poderia ter acontecido se fosse mais grave do que já soava ser.

            Eu não sabia lidar com isso, com alguém parecendo se importar, era novo para mim, e completamente assustador. Tudo bem que Logan, de vez em quando me fazia sentir um pouco disso, ao me presentear com um de seus abraços carinhosos, mas, agora, eu sentia como se...Bem, parecia que para Castiel, a possibilidade de algo grave acontecer comigo, o deixava aterrorizado.

—Que foi? Não vai falar? Logo você não quer retrucar? Ah, talvez seja porque você sabe que eu estou certo em ficar irritado com o fato de você não ligar para você mesma...Quer saber? A parti de hoje, eu mesmo vou enfiar as três refeições do dia goela a baixo em você, e te dar um calmante para que pare por cinco segundos. — ameaçou, incrédulo com meu silêncio.

—Eu...Só...Estou me perguntando, porque você parece tão assustado. — revelo de forma lenta, e ele me olha fixamente, antes de suspirar.

—Talvez seja porque eu estou...Quando você desmaiou na minha frente, e eu te peguei no colo, tudo no que eu pensei foi em como me sentiria culpado se algo grave acontecesse a você, depois de ter dito todas aquelas coisas...Eu estou assustado, porque eu me importo, e é uma droga...Porque, eu não queria me importar...Não com você. — quando ele admite isso, meus olhos se arregalam, e eu fico ofegante.

              Tentei de todas as formas, digerir aquilo de uma forma que eu não enlouquecesse no processo, e acho que consegui. O silêncio foi o primeiro a dar as caras, logo a fuga do que escutei foi a escolhida para sair daquela situação

—Quando, eu acordei aqui, e notei que estava em um hospital...Depois da confusão inicial, eu tive medo. — lhe comunico, mudando de assunto, pois ainda não sabia bem, como reagir as suas últimas palavras. Assim, ele franze as sobrancelhas e espera que eu continue. — Tive medo de que em algum momento, um médico, entrasse por essa porta, e dissesse que eu estava grávida. — mostrei toda a fragilidade que havia em mim, ao relatar o quão temerosa eu era sobre aquilo.

              Castiel olhou para mim, me avaliando.

—Claro, porque uma criança, atrapalharia seu trabalho e todo aquele papo de legado. — soava meio amargo ao falar aquilo, pois isso de uma forma ou de outra, tinha a ver com Kentin. O noivo, que eu nunca disse a ele que tinha.

—Olhe para mim, Castiel. Eu sou uma confusão...Eu sou manipuladora...Egoísta...Mentirosa...Eu sou quebrada...Eu não posso ser uma mãe, não posso ser o novo Liam na vida de alguém...Não posso corromper uma criança, com todo mal, que qualquer um que chega perto de mim recebe. — meus olhos lacrimejaram, quando falei aquilo, Castiel parecia surpreso.

    Ficou calado por um tempo, somente observando a decoração na da interessante daquele quarto, acho que estava  também digerindo os últimos acontecimentos.

—Tem razão, quando diz que toda pessoa que chega perto de você recebe o mal. — foi sincero ao admitir, e aquilo me atingiu de uma forma que eu não podia imaginar que atingiria. —Mas, isso não impede as pessoas de se aproximarem...Você tem algo, Lynn, algo com que faz com que todos não te deixem, mesmo quando você merece...Lysandre é um exemplo disso, você o trata mal, o acusa, e ainda sim, ele não perde as esperanças de que você o deixe passar por essas barreiras que criou para se proteger...Ninguém desiste de você, Lynn. — olhei para ele de forma séria, logo que escutei  isso.

—Ele sabe?...Que eu estou aqui? — indago de forma calma.

—Não. Ele não estava na gravadora quando você desmaiou, e bem, eu não sabia se você queria que eu o avisasse, respeitei seu direito de escolha. — explica me fitando.

—Fez o certo...Não iria querer...Preocupar ele...Nem mais ninguém. — comento sem ter muita certeza disso.

—Eu devia ir. — me comunica, após um tempo, parecendo inquieto comigo, de um jeito que nunca ficou antes.

—Você quem sabe...Eu surpreendentemente não quero te expulsar agora. — Castiel solta uma risada leve, parecia aliviado com o fato de eu agir como eu mesma.

—Eu realmente acho que devo ir...Mas, se você quiser posso vir quando o médico te der alta, para te levar para casa. — oferece de pronto, e eu dou um meio sorriso.

—Não se preocupe, vou ligar para Florence, e depois que ela surtar um pouco, ao saber que eu estou aqui, peço para que ela venha me buscar. — seria mais confortável para mim não ter que dividir de novo um carro com ele.

—Tudo bem...Então, tchau. — se despede, e logo está de costas para mim.

               Mordo os lábios.

—Castiel! — chamo firmemente.

—O que? — indaga já virado em minha direção.

—Eu só... — não consegui dizer, mas, tinha certeza que ele sabia do que se tratava.

—Eu sei. De nada. — fala com um meio sorriso, que aquece partes fria de mim.

           Me acomodei melhor em meios aos travesseiros, e também sorri, por ele me entender.

[...]

    Estava há algumas horas naquela cama, e o tédio já me dominava por completo, a enfermeira responsável por mim, já havia passado aqui duas vezes desde que acordei; a primeira para checar o soro, e a segunda para me trazer um almoço com gosto de água que fui obrigada a comer. Eu odiava hospitais, e estava reunindo todo meu controle, para não sair correndo daqui, porque no fim, eu sabia que era terrivelmente culpada por minha atual situação. A mulher baixinha e irritantemente simpática, me informou que haveria uma troca de médicos, por conta do fim do turno do que me atendeu, e que o que o substituiria, seria provavelmente o responsável por me dar alta, após vários sermões previsíveis.

           Liguei a TV do quarto, esperando me distrair com alguma coisa, mas, tudo que passava era uma porcaria. Resmungando, e a ponto de pedir para que a tal enfermeira me dopasse, até eu receber minha alta, tive uma segunda surpresa no dia, quando o novo médico, apareceu.

        Revirei os olhos, e desliguei a TV, a medida que olhava para o cara a minha frente com insatisfação.

—Que coincidência horrível. — exponho toda minha alegria ao vê-lo.

—Sabia que eu não me surpreendi, ao ler seu prontuário, Lynn? Acho que já tinha previsto, que em algum momento você tentaria se matar pelo trabalho. —o engomadinho debocha, ignorando minhas palavras.

—Claro, Nathaniel...Deve ser por isso, que você terminou comigo. — dramatizo, olhando para ele com desdém.

—Na verdade, eu terminei porque o sexo era ruim. — se aproveita da intimidade que tem comigo, para debochar, e a possibilidade de pedir pelo calmante volta com força.

—Seja profissional, Dilaurentis. — peço em zombaria, e ele chega mais perto, checando meu soro, como se a enfermeira, não tivesse feito aquilo há muito tempo. A paranoia do Nathaniel sempre me irritou.

—Quem te trouxe? Aposto que Liam não foi. — parecia curioso, enquanto fazia algumas anotações na sua prancheta.

—Bem, você conhece ele, o mesmo provavelmente me deixaria no chão desmaiada, e depois passaria algum erro meu na minha cara, quando eu acordasse. — faço a previsão, e ele sorri de lado. —Foi um cliente meu. — faço um resumo.

—Sério? Suspeitei que fosse seu noivo, a enfermeira disse que quem te trouxe estava surtando, por causa do seu desmaio. — um sentimento de satisfação me afeta, quando tenho mais uma comprovação de que Castiel se preocupa comigo, e eu mesma não tenho ideia da razão de estar feliz sobre isso.

—Digamos, que é um cliente que...Está ficando próximo. — tento explicar, e Nath ri.

—Próximo? De você? A mulher que desperdiça qualquer tentativa de aproximação de pessoas que se importam? — questiona parecendo incrédulo.

—É diferente. Dessa vez é. — esclareço por alto.

—E esse cara percebeu que você está pouco se ferrando para o fato de ter passado mal hoje? — questiona, usando do pouco de conhecimento que tinha sobre minha personalidade.

—Talvez eu não esteja. As pessoas mudam. — comento, olhando para ele cínica.

—Logan ainda está naquele internato, escondido do mundo e você continua a fingir que não se importa com ele...As pessoas mudam, Lynn...Mas, você não é uma dessas. — concluí de forma séria, e eu reviro os olhos.

—O que eu tenho que fazer para você me deixar dar o fora daqui? Já é um saco ter de estar em um hospital, compartilhar essa experiência ao lado do meu ex namorado, que me chutou após ter me dito abertamente que eu era uma vadia egoísta, torna tudo pior. — questiono irritada.

—Vou ter dar alta a noite, mas, obviamente vou te receitar algumas vitaminas, e alguns suplementos para você se fortalecer. Seria essencial, se você fizesse alguns exames de rotina, e vou te dar o cartão de uma nutricionista amiga minha, que pode te passar uma dieta saudável, ainda que o aconselhável fosse, que você só comesse, seja lá o que for. — sua crítica disfarçada não passa despercebida por mim.

—Nutricionista amiga sua? Por favor, não me diz que é a Melody. Ela me odeia. É capaz de me receitar um veneno. — debocho, e ele revira os olhos.

—Bem, não posso fazer nada se todos meus amigos te odiavam, Lynn. — comenta sorrindo nostálgico.

—Seu pai me adorava.  — relembro.

—O que denuncia que você deve ter algum problema de caráter. — afirma e é minha vez de rir.

—Foi bom ver você, Nath. — comunico, e ele assente.

—Foi bom ver você também, Lynn...Só que isso seria bem mais interessante se não tivéssemos que nos ver em um hospital, no qual você está sendo cuidada agora. Um café seria o suficiente para mim. — anuncia, e eu suspiro. — Ah, a diretora do internato me ligou, ela quer minha permissão para que o Logan possa viajar para o Canadá com os amigos...Eu ia te mandar uma mensagem, questionando se você concorda com isso, mas, já que estamos aqui agora... — comenta enfiando suas mãos no bolso do jaleco.

—Por mim tudo bem, posso mandar o cheque altíssimo para ela depois. — debocho, me sentindo um pouco mais forte do que hoje mais cedo. Acho que o soro estava fazendo um belo efeito.

—Deixa que eu faço isso. Eu estava mesmo querendo presentar o Logan. — eu poderia ser eu mesma, e rebater com orgulho que pagaria, mas, aquilo não era sobre mim, era só sobre ele e Logan. Eu não me intrometeria na relação dos dois.

—Tudo bem. — concordo calmamente. — Pode pegar minha bolsa, por favor? Preciso ligar para uma amiga minha, afinal alguém tem que me levar para casa, quando você me der minha esperada alta. — peço e ele assente.

[...]

         Depois do discurso de mais ou menos duas horas de Florence sobre eu ser uma irresponsável comigo mesma — a qual eu recebi com várias reviradas de olhos, e algumas bufadas. — A mesma se acalmou, e me deu tempo para tentar organizar minha mente sobre algumas coisas. E por coisas, eu digo Castiel.

            Logo que fiquei sozinha de novo, tenho voltado a pensar nele, e em suas atitudes ao longo dessa semana. Eu sentia que precisava fazer algo, e de alguma forma, sabia que Florence seria uma peça essencial nisso.

—O que foi? Você ficou como uma estátua do nada. — ela indaga, quando nota meu comportamento. Acho que anteriormente, falava sobre como eu devia ligar para Kentin e contar o que aconteceu, mas, não tenho certeza.

—Okay...É...Eu fiz uma coisa, e preciso que não surte, quando eu contar o que é. — inicio, e a mesma arregala os olhos, por causa do meu tom sútil. — Eu beijei o Castiel. — lhe informo, porque, se eu iria me utilizar de sua ajuda para o que eu queria fazer, precisava saber os detalhes de porque eu faria.

—Você...O QUÊ? — gritou de uma forma que não era aconselhável em um hospital, parecendo estar sem ar, a medida que balançava as mãos de forma dramática. — Você traiu o Kentin? — parecia incrédula.

—Basicamente...Sim. — digo mordendo os lábios. — Mas, eu estou totalmente arrependida disso, e convencida a...Implorar para que ele não me deixe depois de saber disso? — arqueei uma sobrancelha, pois a última parte soou mais como uma pergunta do que uma afirmação.

—Por que fez isso? Quero dizer, você tem sentimentos por ele? — questiona  algo que eu não esperava responder. Foi mais fácil contar aquilo para o Logan por dois motivos; Ele não é também melhor amigo do Kentin, como a Florence é e porque, ele não era uma criatura curiosa como a Flore, que acha até o pior do seus segredos, somente com um deslize.

—Não...Ao menos, não além de interesses...Profissionais. — tento soar firme diante dela, e em seguida suspiro.  —Você não me odeia por trair o Kentin? — desvio sua atenção.

—Sinceramente? Acho que isso pode ser bom, tipo um ponto decisivo no relacionamento de vocês, se conseguirem superar esse erro seu, significa que estive errada por todo tempo que disse que vocês não iam dar certo...Mas, se não conseguirem,  terão um fim definitivo. E nesse momento, só quero que vocês, meus melhores amigos, sejam felizes, juntos ou não. — é compreensiva ao dizer tudo aquilo.

—Então, hipoteticamente, se eu te pedisse ajuda para consertar uma burrada que eu fiz...Mesmo sabendo que eu faria isso pelo Castiel, você me ajudaria? — questiono calma, e ela sorri.

—Sim. Eu ajudaria. — lhe lanço um sorriso também.

—Lynn, adivinha o que eu contrabandeei para você da lanchonete? Uma fatia de torta de morango. — Nathaniel anuncia distraidamente, enquanto invade o meu quarto, se utilizando da autoridade de médico que tem, para fazer isso. Logo, ele ergue os olhos, e percebe que eu não estou sozinha. — Okay, você nunca ouviu isso. — Nath aponta para minha melhor amiga, mas, parece que tudo só sai no automático, digo porque, o que passo a presenciar ali, é uma troca de olhares nada discreta. Os dois pareciam fascinados um com outro, tanto que nem aparentavam estar respirando, enquanto se fitavam.

—Eu tenho...A ligeira impressão que já te conheço de algum lugar, estranho invasor. — minha melhor amiga sai do transe, e diz aquelas palavras um tanto sem graça.

—O estranho invasor, é o médico da paciente, Nathaniel...E sim, desconhecida que presenciou uma atitude muito errada minha, eu também tenho a impressão de te conhecer. — comenta com as sobrancelhas franzidas.

—Ah...Florence Elliott. — diz estendendo a mão na direção da dele, logo, ele aperta, e permanece a olhando. — E pode ficar tranquilo, seu segredo está bem guardado comigo. — zomba, e eu vejo Nathaniel com uma expressão leve, que nunca o vi antes.

              Eles se soltam, mas, de toda forma, ainda continuavam a se encarar de rabo de olho. Por ora, resolvi deixa-los em paz, e não debochar da situação patética e clichê que eu acabara de participar, ou ao menos assistir.

[...]

Ponto de vista: Castiel Blancherd.

                   Fito o líquido âmbar, que preenche copo de vidro caro, a medida que a música eletrônica, ressoa pelo ambiente, na boate que me encontro. O barulho faria com que eu me distraísse, sobre o que verdadeiramente minha mente queria pensar. Lynn. Sempre ela. Desde que a Conheci. Estava usando todo meu auto controle para não pegar meu celular, e ligar para a mesma e perguntar como ela estava, se ainda se encontrava no hospital ou...Se precisava de mim. Mas, não, eu não cederia aos caprichos dela, depois do que a Gilbert fez.

              Tudo bem que fiquei louco hoje mais cedo, quando ela desmaiou, e que por alguns segundos o desespero me atingiu, ao achar que algo grave podia ter acontecido com ela. Foi ai que tive a terrível constatação de que eu realmente me importo com ela, apesar de seus defeitos, de suas ações e da sua falta de interesse em se esforçar para não mentir mais para mim.

               Nossa conversa no hospital, foi sim interessante, mas, não me deixaria levar pela falsa fragilidade dela de novo. Não dessa vez. Não iria acreditar em uma pessoa, que é incapaz de reconhecer seus próprios erros. Eu sou um canalha, mas, admito isso isso até com certo orgulho, mas, Lynn é hipócrita com todo esse comportamento moralista cheio de falhas.

—Sozinho? — uma voz sensual, indagou aquilo, do meu lado, tocando minha mão levemente de um jeito insinuativo.

                  Me virei, e encontrei uma garota que não deveriam ter nem dezenove anos ainda; Loira, olhos castanhos, corpo pequeno, porém curvilíneo, e um sorriso de quem era capaz de tudo. Ela se inclinava em minha direção, para que seu decote exibisse ainda mais seus seios cheios, demonstrando suas intenções comigo. Então, o que pensei, foi: Por que não?

—Acho que não mais. — deslizei meu copo em sua direção, e a mesma aceitou sorrindo de lado e tomando tudo em um gole só. Lynn sairia da minha cabeça hoje, de qualquer forma.

                  Mãos tocavam ali, bocas beijavam lá, e desesperados e sedentos, tentávamos andar, enquanto nos agarrávamos, no estacionamento subterrâneo do meu prédio. O caminho no elevador, só nos deixou ainda mais excitados. Não era nem um décimo do que senti com Lynn no meu carro, mas, por hora, eu estava conseguindo pensar em outra coisa...Espera...Eu acabo de pensar nela, droga!

              Rasguei a alça da blusa da garota, que eu não me preocupei em descobrir o nome, e a beijei com voracidade, tentando em meio aquele contato, perder o rumo que de alguma forma sempre me levava a Gilbert.

          Finalmente chegamos ao corredor da minha cobertura, e quando eu anunciei isso a ela, a mesma sorriu, descabelada, ofegante e com o batom borrado, eu me limitei, a separá-la de mim, para conseguir usar a chave que abriria a porta.

            Franzi as sobrancelhas, pois assim que consegui entrar, encontrei uma escuridão suspeita na minha casa. Podia sentir, a garota me seguindo, um tanto assustada, a medida que eu ia em direção ao interruptor, e acendia todas as luzes da cobertura.

        Hesitante me aproximei do objeto que se encontrava em cima do sofá. A guitarra Gibson SG, chegava a brilhar de tão bonita que parecia, engoli a seco, e toquei aquele instrumento um tanto nervoso e incrédulo.

—Tomara que goste, tive que batalhar muito para conseguir essa guitarra em uma hora, junto com a Florence. Por sorte, estava acontecendo um leilão na cidade e eu consegui arrematá-la. — me virei calmamente, quando reconheci a voz de Lynn atrás de mim. Fiquei cara a cara com ela, observando seu rosto pálido, seu cabelo preso e a roupa simples que usava, enquanto me dizia aquelas coisas. Ela já havia recebido alta? — Mudar a cor dessas paredes, ou o sofá da sala...Isso não vai mudar nada em você, essa guitarra vai, porque música, é o que você ama fazer...E sei lá, dizem que o amor é o que faz quem somos...Seja lá o que foi, que te fez parar de tocar...É isso que está te impedindo de ser feliz...De tentar de novo, você não deveria deixar isso te vencer. — me aconselhou de uma maneira séria.

—Por que está fazendo isso? Por que está aqui? — dou um passo para frente, encarando ela irritado, emocionado e confuso. Ignorando completamente a presença da garota que eu trouxe, assim como Lynn fazia.

Porque eu sinto muito. — sinto o impacto daquela frase, tanto que ofego. — Porque, eu preciso que me desculpe pelo que eu fiz a você, por ter traído a sua confiança, e...Por ser cruel...Manipuladora...Egoísta...É só que, eu não sei ser diferente disso, é o que sou...E até te conhecer, estava acostumada a ver as pessoas pouco se ferrando para meus defeitos, porque até então, nunca ninguém se preocupou, em tentar me mudar...E você quer fazer isso, tanto quanto eu quero que você mude, e isso é insano. — ainda estava digerindo o fato de que ela tinha me pedido desculpas.

—Achei que não conseguisse se desculpar...Nem pelo seu irmão fez isso? Por que por mim? — questiono sem entender aquilo.

—Porque eu me importo com você...E se importar é uma droga. — repete a minha frase de hoje mais cedo. E foi ai, que eu notei porque não conseguia tirar Lynn da minha cabeça; Era porque, não é lá que ela estava.


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Notas finais do capítulo

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