Uma Adorável Mulher. escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 13
Capítulo 13 - Conselhos De Dois Lados Contrários.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, esse capítulo é mais curto que os anteriores, mas, é feito com muito carinho também!
Boa Leitura!



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     Ponto de vista: Lynn Gilbert.

O jardim estava iluminado em um tom azul, o tapete esverdeado, que tinha como companhia somente algumas tulipas,  e algumas árvores muito bem podadas que se destacavam por todo o condomínio caro. Aquela sempre fora a casa mais bonita de todas. Feliz? Isso já é outra história.

        Acho que hoje, pode ser oficialmente considerado meu dia de visitas as pessoas. Após tudo que aconteceu ao longo do dia, contando também com o fato de que não fazia nem uma hora que Erin Cornélio, havia sido preso, por meio da equipe de Liam, depois de Peggy brilhantemente soltar as informações que o incriminavam na mídia, tudo que eu devia querer, era o aconchego do meu apartamento. Só que não, a única vontade que tinha no momento, era estar ali.

               Ali, onde me transformei no que sou, ali onde quem devia se importar comigo me deixou, ali onde Liam Gilbert, me ensinou a ser forte. Aquela casa majestosa, coberta por pedras que lembravam castelos antigos, nem de longe era um lar para mim, só que nela, residia um homem que podia me colocar de volta nos eixos, mesmo que fosse de forma bruta; Meu pai.

           A portaria já havia avisado sobre minha chegada, por isso logo que parei o carro de frente para minha antiga casa, um das dezenas de empregados que ali trabalhavam, já estava a minha espera. O cumprimentei educadamente, mesmo não fazendo ideia de que quer que fosse ele, o caso é que Liam os troca toda semana, alegando incompetência por parte deles. O criado não identificado, me guiou até a biblioteca da residência, como se eu não conhecesse perfeitamente o caminho até lá. Na verdade, eu conhecia cada pequeno canto dali, seus esconderijos e segredos.

           Sem mais delongas, girei a maçaneta da porta pesada, e adentrei ao cômodo de meia luz. Liam se encontrava de frente para a lareira, enquanto apreciava um copo de whisky, parecia pensativo e distraído, mas, eu o conhecia o bastante, para saber, que já havia notado minha presença, e que seus empregados, já haviam lhe informado que eu estava chegando.

—Deve estar se sentido vitorioso sobre o fato do Erin ter sido preso...Soube que você estava o acusando. — comentei com desdém, colocando minha bolsa em cima do sofá de couro.

            Liam se virou para mim, e seus olhos azuis tão diferentes dos meus, cintilaram em deboche. De repente, tomou toda a bebida do recipiente em suas mãos, e suspirou.

—Não se faça de sonsa, Lindsay. Eu sei muito bem que foi você que conseguiu a informação  e a deu Peggy, logo  a instruiu a divulgá-la. Conheço seus métodos como a palma da minha mão, e sua capacidade de me desafiar vem se tornando um defeito bastante destacável. —diz com firmeza, e eu dou um sorriso de lado.

—Bem, eu não ia pedir os créditos, mas, já que você reconhece minha genialidade, o que fazer, se não, agradecer o tanto de elogios que você me direcionou? — ironizei e Liam revirou os olhos. Nós dois falávamos a mesma língua.

—Se veio para eu agradecer, pode dar meia volta querida, você nem deveria ter se intrometido para começo de conversa, só não demito Florence, por saber que você é persuasiva de um jeito irritante quando quer algo. — fala com seu orgulho demasiado, tão parecido com o meu.

—Não pai, não vim aqui para implorar pelo seu agradecimento, vim porque, eu precisava conversar com você. — admito sincera, e ele franze as sobrancelhas, assim aponta para o sofá, em um pedido silencioso para que eu me sente, faço isso, e em seguida ele se senta no outro sofá, de frente para mim.

—O que você fez? — era terrível, a forma como ele sabia me ler.

—Cometi um erro, e agora não sei bem como consertá-lo, sem me prejudicar. — Liam era meu mestre, o mesmo me ensinou basicamente tudo que sei. E o mesmo é expert em controlar emoções, tinha que me ajudar a controlar as minhas. —Eu traí o Kentin. — meu pai suspirou mais uma vez, e em seguida fez algo parecido com uma careta.

—Traiu até que ponto? Está envolvida com o homem com qual fez isso? — quer detalhes, para poder ferrar comigo, antes de dizer algo realmente útil.

—Não. Foi só um momento...E agora, estou disposta a deixar isso para trás, custe o que custar...O caso é que...Até o ponto em que fiz isso, estava jogando, e vencendo, mas, quando cedi...Eu perdi todos os pontos que já tinha ganhado. — eu não diria logicamente, que o cara que beijei foi o Castiel, Liam adoraria me chamar de anti- profissional.

—Sabe, querida, nunca imaginei você, sempre exaltando os benefícios da justiça e confiança, simplesmente perdendo o controle, e fazendo algo desse tipo. — é, ele realmente me ferraria, antes de começar a dizer algo bom.

—Bem, sou sua filha, e você não é basicamente um exemplo e fidelidade e honestidade, não é mesmo? — ironizo com acidez, e ele revira os olhos.

—Eu tenho um conselho para você como jogador; Não se renda ainda, o jogo só está perdido, quando você consegue tirar tudo do seu oponente. E pelo que vejo, seu juízo ainda está inteiro, por ter vindo falar comigo, então ainda está jogando. — o que ele estava querendo dizer, era que eu tinha que continuar me utilizando de meios errados para dobrar o Castiel. Eu tinha que tirar tudo dele, antes que ele tirasse de mim. Chega de trégua, porque, eu não consigo lidar com algo desse tipo, quando já estou emocionalmente envolvida.

—Seria muito esperançoso da minha parte, esperar que você me aconselhasse como um pai faria, certo? — debocho, quando noto que o mesmo nem se dá ao trabalho de tentar ser um.

—Quer um conselho de pai, Lindsay? Não perca o Kentin, faça de tudo para que ele permaneça ao seu lado. — diz calmamente, e eu franzo as sobrancelhas, sabendo que vinha mais por ai. — Kentin é controlável, querida, ele é tudo que você não é. Pessoas como eu e você, não podem se envolver com outros semelhantes a nós, precisamos de alguém que podemos moldar facilmente, de acordo com nossos interesses, Kentin é isso para você; Um investimento futuro.  — dito isso, ele simplesmente se levantou,e tirou algo da primeira gaveta de sua mesa.

            O mesmo veio até mim, e me entregou uma caixa de veludo pequena, que eu abri hesitante. Fiquei confusa quando vi que se tratava de uma chave, mas, ele logo tratou de explicar.

—É a chave da casa que o Kentin queria, é meu presente de casamento para vocês, ia entregá-lo mais para frente, mas, vejo agora que esse é o momento mais oportuno. Você mentirá para ele, dirá que lutou por essa casa, para os dois, porque quer muito que esse casamento aconteça, dirá que estava frágil quando o traiu, porque sim, você tem que admitir que o traiu, porque se não, isso pode se voltar contra você depois, então de forma convincente, irá fazê-lo perdoa-la. — engoli a seco com as instruções do meu pai, me questionando o quão cruel uma pessoa podia ser para falar tudo aquilo friamente, e foi ai que me lembrei que no fim, eu não sou diferente daquilo e pela primeira vez, aquela constatação me assustou.

[...]

        Ponto de vista: Castiel Blancherd.

        Estava deitado no sofá, enquanto o dia amanhecia com pressa lá fora. Ontem eu não havia me dado ao trabalho de ir a uma boate procurar uma garota para transar ou então encher a cara. Logo depois que sai em disparada da gravadora, refleti sobre o que faria após a revelação que tive sobre Lynn, e por fim decidi que a calmaria do meu apartamento, me faria pensar mais claramente sobre o fato de eu ter me incomodado tanto em saber que ela é noiva.

                   Acabou que, eu permaneci deitado naquele sofá por toda noite e madrugada, pensando, pensando e pensando, e no fim não chegando a nenhuma conclusão que fizesse sentido. Não, não fazia dentre todas as bocas que já beijei, a da Lynn ser a mais viciante, não, não fazia sentido de todas as pessoas no mundo a quem eu já disse coisas terríveis, ela ser a única sobre a qual eu me sentia um babaca por ter falado.

                Em algum momento, me questionei, se em meio aquela personalidade arrogante e indiferente, a mesma tenha se afetado com o que falei, e eu tinha tanto medo da resposta, quanto tinha de tentar descobri-la pessoalmente, enfrentando Lynn daqui a pouco na gravadora.

              Acho que eu só espero, que quando a ver hoje, a mesma esteja tão inalcançável quanto é sempre, que não aparente ligar para mim, que não demonstre estar machucada por todas as coisas que gritei para ela.

           Droga! Eu estou virando um idiota! Ela é uma baita vadia comigo, e com seu próprio noivo, ainda quer sair de vítima, e mesmo assim, cá estou eu, me preocupando com ela. Em que momento cheguei ao ponto de me importar, com uma mulher que aparentemente não se importa com nada além de orgulhar seu pai?

               Liguei a TV, apenas para distrair meus pensamentos, mas, só o que passavam em todos os canais locais, era uma noticia sobre a prisão de um tal de Erin Cornélio.  Foi quando, eu vi que o responsável por isso que revirei os olhos; Liam Gilbert.

            Isso mesmo! Gilbert! Essa família me persegue é oficial.

          Peguei meu celular em cima da mesa de centro e bufei de frustração, quando notei que daqui a pouco já teria que ir para a gravadora, antes de obrigar Lindsay a vir me forçar a ir para lá, e então encontrá-la antes do previsto.

            De repente, a campainha do apartamento começou a tocar, com as sobrancelhas franzidas, e ainda sem camisa, caminhei hesitante até lá, decidido a abrir, e caso trata-se de alguém indesejado colocar essa pessoa para fora sem sutileza.

             Era Armin. Indesejado, porém suportável.

                O mesmo adentrou a cobertura sem cerimônia, enquanto eu voltava para meu mais novo companheiro, mais conhecido como o sofá.

—Com ressaca? — indagou repreensivo, surgindo da cozinha com um copo de água na mão. Pensei um pouco sobre como podia responder aquilo, e quando a resposta saiu, não foi a que eu esperava dizer.

—Sim. Com ressaca de Lindsay Gilbert. — depois de mesmo sem querer, voltar a pensar nela e citá-la, peguei uma almofada e apertei contra meu rosto, abafando um grito de fúria.

—Como assim? Achei que vocês tinham se acertado. — comenta se sentando na mesa de centro de frente para mim, logo depois que joguei a almofada para longe, e suspirei.

—É. Eu também. Mas, aparentemente um trato para Lynn, não vem ligado a confiança. — debocho, logo que me lembro da traição dela.

             Posso sentir o olhar do meu melhor amigo sob mim, me observando atentamente.

—Você está bem, Castiel? — Armin indaga sério, deixando o copo de lado.

—Eu pareço bem? — questiono fazendo uma careta.

—Sim. Você parece. Isso é que estranho...Não estou falando de agora, estou falando de desde que teve esse meio acerto com a Lynn. Castiel! O cara que eu vi dirigindo a gravadora nos últimos dias? Aquele era o cara que era meu melhor amigo, e que fazia qualquer coisa pela música. O que vai todos os dias trabalhar, animado com uma nova ideia? Esse é o Castiel que era admirável. E tudo isso tem a ver com a Lynn, tudo isso realmente é por causa dela, não sei o que ela fez para recuperar essas suas partes boas, mas, ela  fez...E sim, ela é uma pessoa difícil, mandona e com complicações ao tentar fazer aproximações pessoais, e seja lá o erro que ela cometeu dessa vez com você, não foque só  nessa parte, leve em conta que do jeito dela, a mesma tem te feito muito bem. — olhei para Armin incrédulo após todas aquelas palavras, e foi ali que notei que realmente precisava falar com alguém sobre tudo que aconteceu.

—Eu me sinto atraído por ela...fisicamente falando. — revelo, e ele me olha com uma cara  de desdém , que questiona “Sério”? — Isso só se intensificou quando ela me agarrou dentro do meu carro noite passada. — com essa parte, Armin arregala os olhos. —Ah, mas, só melhora, logo depois, ela me disse que é noiva. — conto o motivo da minha raiva.

—Uou...Isso é bastante coisa para processar...Mas...Tem certeza que seu interesse por ela é só sexo? — me levantei aturdido com essa pergunta.

—É claro...Meu interesse sempre e unicamente é esse...O que? Acha que eu tenho sentimentos por ela? Que me importo com ela? Por favor, você me conhece, é claro que não...E aliás, o que você veio fazer na minha casa, essa hora da manhã? — resolvo mudar de assunto, porque aquele já deu para mim.

—Certo, vou fingir que acredito na falta de outros interesses seus por ela...Eu vim para te convidar para tomarmos café juntos, no caminho para a a gravadora. — avisa, rindo de algo que não compreendi.

—Tudo bem. — concordo, e sem delongas, passo por ele, e vou em direção ao banheiro, para tomar uma bela ducha, não querendo mais conversas daquele tipo no momento.

[...]

                    Acabamos tomando café em uma lanchonete casual no centro, logo depois fomos para o trabalho. Eu gostava do fato de Armin não ficar me pressionando para me dizer como me sinto a cada cinco minutos. É por isso que ele é meu melhor amigo, ele respeita meu espaço. Tem sido assim desde sempre. Nos criamos juntos, tanto por nossos pais serem sócios, quanto por termos sido vizinhos. Eramos um trio entanto, Alexy, seu irmão gêmeo, ele e eu. Passamos por coisas absurdas juntos, sempre apoiando um ao outro . Um exemplo disso, foi quando Alexy assumiu sua sua homossexualidade, e se tornou alvo de ofensas de algumas pessoas medíocres, Armin e eu o defendemos com unhas e dentes, no meu caso, literalmente, já que até soquei alguns caras que zombaram dele.

              Eu sou sim, um cara super machão, como o próprio Alexy afirma que sou, mas, nunca, julgaria um ser humano semelhante a mim como inferior, só por ele ser diferente. O cara que cresceu junto a mim, não deixou de ser uma pessoa boa, só porque notou que gostava de homens. Sim, é um fato que agora não nos víamos com a frequência de antes, mas, isso não tem a haver com o fato dele ser gay, mas, sim com o de que, seu negócio de roupas estava fazendo sucesso e o mesmo não parava quieto para termos tempo de nos encontrar.

                       Quando cheguei a gravadora, fui recebido por Iris como sempre, não demorei muito conversando com ela, logo já estava dentro da minha sala, tentando focar em outras coisas, que não fosse a mulher que estava alguns metros de mim e que me confundia completamente.

                    Só que aparentemente, o destino não queria me manter longe dela, pois alguns minutos depois, alguém bateu na porta, eu deixei entrar sem hesitação, mas, me arrependi quando vi que se tratava dela. A mesma parecia estranha, digo, os cachos moldados que sempre enfeitavam seu rosto, pareciam meio desorganizados hoje, e sua face estava branca como a neve, sem contar com as olheiras escuras e fundas.

—Preciso que assine o novo contrato de Marketing dos meninos que eu formulei. — me avisou com a voz mais fraca do que de costume e logo colocando a pasta parda sob a mesa.

—Então, é assim que vai agir agora? Como se nada tivesse acontecido? — indaguei com deboche, não entendendo seu comportamento, para variar.

—O que espera que eu faça? Ande com uma fita vermelha no meu peito, sinalizando que sou uma vadia traidora? — retruca, parecendo estranhamente cansada.

—Será que nem nessa situação consegue falar com alguém sem ser sarcástica? Me diz uma coisa, seu noivo já sabe que é o mais novo chifrudo de New York? — questiono curioso.

—Não que seja da sua conta, mas, não, ele ainda não sabe, porque teve que fazer uma viagem de trabalho curta, e eu não estava afim de lhe contar pelo celular. Pode assinar a droga do contrato logo? — ignorei a última parte de propósito.

—E a pior parte, é que você não parece nem ao menos arrependida. — noto com desdém.

—Na verdade, meu único arrependimento foi ter cometido essa traição beijando você, quando há tantas outras opções disponíveis menos idiotas. — comenta ácida, a medida que sinaliza para o contrato, esperando que eu assine.

—Você não vai mesmo pedir desculpas, certo? — chego a essa conclusão e ela revira os olhos.

—Eu já te contei a história sobre não ter pedido desculpas, nem para o meu irmão, não é mesmo? Por que pediria a você? — parecia impaciente e a ponto de explodir.

—Você é inacreditável. — acuso sem nem saber mais o que falar.

—Certo, você não vai mesm... — quando ia acabar a frase algo aconteceu, ela cambaleou em cima dos seus saltos, parecendo tonta, logo seus olhos ficaram se foco algum. A encarei assustado, enquanto Lynn segurava beirada da mesa para se sustentar, e logo que pensei em ir até lá, para servir de apoio para ela, a mesma simplesmente caiu no chão, desmaiando bem na minha frente.

                Quando a ficha caiu, corri até ela, e sem nenhuma dificuldade, peguei a desacordada Lynn em meus braços, vendo sua imagem frágil, e sentindo seu coração quase não batendo de tão lento que estava.  Não demorou muito, para que eu começasse a gritar, desesperado por ajuda.


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Notas finais do capítulo

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