Uma Adorável Mulher. escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 12
Capítulo 12 - Discurso Improvisado.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Esse capítulo está cheio de deixas para revelações futuras!
Boa Leitura!



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             Ponto de vista: Lynn Gilbert.

Meu reflexo no espelho, denunciava as horas de sono que não tive, por meio das olheiras em minha face. Suspirei, enquanto com maestria, e quase automaticamente, ondulava cachos em meu cabelo. Aquilo estava me acalmando no momento, dado o fato de que daqui a pouco iria dar de cara com Castiel, e não sabia como reagir após o que fiz ontem a noite.

                Já pronta, com meu visual clássico de sempre, segui para gravadora, repetindo meu mantra, sobre como eu era uma Gilbert e os Gilbert conseguem tudo que querem. Então, eu conseguiria ser indiferente ao que fiz.

                   Haviam tantos pensamentos conflitando dentro de mim, basicamente tudo tinha haver com o que eu faria, ou melhor, diria a Kentin. Como eu posso olhar para ele, e agir como se não tivesse o traído? E qual seria sua reação, se eu contasse que o traí?

               Esses “E se” são irritantes, de formas que não posso nem descrever. Era por isso que eu não cometia erros, para não perder tempo, me preocupando em como vou consertá-los. Liam sempre me disse que emoções se tornam fraquezas, a parti do momento que você não consegue controla-las. Ontem, eu passei longe disso, não havia nenhuma parte de mim, que quisesse esse controle. O que eu queria, era algo que eu não deveria querer.

                    Já na sala de reuniões, eu dava graças aos céus por ainda não ter visto Castiel. Por alguma bondade do destino, o mesmo ainda não tinha chegado, o que me dava tempo para tentar planejar um comportamento decente, quando o vê-lo. E a única maneira de me distrair, sobre sentimentos era trabalhando, assim como ontem, a única maneira de me distrair do trabalho, foi sentindo algo.

                    Por isso, assim que cheguei pedi para que Irís chamasse Armin até a sala de reuniões, e liguei para Florence, solicitando que ela viesse até a gravadora, já que eu sabia que nesse dia da semana, a mesma podia aparecer mais tarde ao escritório.  O fato é que assim que cheguei ao meu apartamento, atordoada pelo que tinha acabado de fazer, tentei me manter sã, bolando um plano para resolver o caso de Liam, e não foi surpresa nenhuma, achar um perfeito.

 —A Iris, me avisou que você queria falar comigo. — Armin surgiu na sala, e caminhou até mim hesitante, enquanto ajeitava seu terno. Por favor, que Castiel não tenha lhe dito, que eu praticamente o agarrei.

—Sim, na verdade, preciso te pedir um favor. — admito, me levantando e encarando ele com uma expressão séria.

—Certo, se eu puder fazê-lo, ficarei feliz em ajudá-la. — diz de pronto, sendo o cara legal que parece ser.

—Então, você controla todo o setor tecnológico da gravadora, e cria projetos de jogos bem complexos...O fato é que se faz isso, deve ser realmente bom com todos esses processos e protocolos... — tenho que prepará-lo antes do que vou pedir que ele faça.

—Está me enrolando, somente para perguntar se sou um hacker, certo? — indaga com uma risada sem humor.

—É...É um pouco mais que isso. — mordo os lábios. — O que preciso que você faça, é que invada o sistema de um banco para mim. — lhe comunico dessa vez sem rodeios, e ele arregala os olhos.

—Você está louca? Não quero ir preso. — se defende dando um passo para trás. Okay, vai ser difícil.

—Não, não vai, porque conhecendo um cara experiente com tecnologia, sei que você saberá usar um IP que não é o seu e que não poderia ser rastreado...E se por acaso for pego, você terá a melhor advogada de New York, para te defender, o que com certeza não será preciso.  — tento garantir.

—Por que precisa invadir o sistema de um banco? — finalmente faz a pergunta coerente.

—Houve um roubo, um enorme roubo à uma instituição que só quer ajudar as pessoas e tem esse suspeito, que está sendo acusado por todos...Meu pai acha que ele é culpado, e se Liam Gilbert acha que alguém é culpado, essa pessoa é...Tudo que precisamos, é achar esse dinheiro e ter uma prova do crime, para usar oficialmente na acusação. — tento explicar da melhor forma que posso.

—Então, se conseguir a informação, o que fará para usá-la sem dar na cara, que conseguimos ela cometendo um crime? — é claro que ele estava preocupado sobre como se afetaria se desse errado. O fato é que não ia dar errado.

—Eu só preciso que ache o dinheiro...Se o encontrar, sei como prosseguir sem deixar rastros e colocando esse ladrão diretamente na cadeia. — lhe digo com todo senso de justiça que tenho.

               Armin suspirou, me encarando, procurando em mim uma resposta, para uma pergunta que nem ele mesmo era capaz de fazer. Ele queria saber se eu era mesmo capaz. E a verdade é que eu sei que sou.

—Tudo bem, vamos nessa. — cede me fazendo sorrir pela primeira vez naquela manhã, logo se acomodando na mesa da sala, e puxando um do Notbooks que ficavam livres lá, caso precisássemos.

—Pela conta de quem devo procurar? — indaga começando com o que parecia ser sua diversão pessoal.

—Erin Cornélio. Banco Nacional 005. — lhe dou as instruções, a medida que ele começa a digitar algo freneticamente.

                 Se passam mais ou menos quinze minutos, desde que ele começara a tarefa que eu lhe dei, e até agora só o que recebi dele foi silêncio. O mesmo estava realmente concentrado, enquanto desvendava códigos e decifravas assinaturas. Eu por minha vez, dava voltas pela sala, esperando que ele conseguisse o que eu queria.

              Armin me pediu por mais informações sobre o caso, e enquanto ele fazia seu trabalho, eu lhe dava detalhes, pelo menos o que procurei essa manhã, e os que eu já sabia por meio da Florence, que me contou ontem.

—Lynn, eu sinto muito te informar, mas, esse cara é realmente inocente, sério! Tudo que ele tem contabilizado em sua conta em New York são um milhão de dólares. O que não é suspeito dado sua função nessa construtora...Pelo o que você me comunicou, sumiram quinhentos milhões. — me diz sério, e eu engulo a seco.

—A policia invadiu o histórico dele, também não havia registros e nem indícios da criação de uma conta fantasma. — complemento a informação frustrada. —Liam não errou, ele não erra...Okay, deve ter algo que não vimos, alguma coisa que passou despercebida... Se ele não deixou no banco de New York, onde deixaria? — reflito, tentando achar uma solução.

—Tente o banco nacional do Canadá. — Florence praticamente invade a sala com aquela sugestão. Olho para ela, como se perguntasse como ela sabia o que eu estava fazendo, e ela simplesmente faz uma expressão de descaso. —Qual é! Estava obvio que você iria se intrometer, e eu sou só um peão nesse jogo. — concluí rapidamente, me fitando com um sorriso de lado.

—Por que o Canadá? — tenho que saber, questiono enquanto sinalizo para que Armin procure.

—Você sempre menciona como pessoas tem seus crimes descobertos por meio das emoções. A filha do Erin foi criada em um internato de lá, ou seja, ele tem uma ligação emocional com o local. — Florence realmente seria uma jornalista brilhante.

—Adivinhem garotas...Erin tem uma conta no banco de lá,  dinheiro presente? Cinco milhões. — Armin anuncia, tendo feito sua pesquisa rapidamente.

—Passe as informações para o telão. — solicito, e ele o faz com talento. Deixando um mapa azul holográfico, se sobrepor sobre a parede branca. Lá eu podia avistar um mapa, com dois pontinhos vermelhos destacados. Um em New York, outro no Canadá.

—Procure no banco nacional de Nevada. — começo a juntar as pistas, Armin simplesmente assente. Foi lá que ele e o falecido haviam se conhecido, segundo uma entrevista de Erin para um jornal. Que emoção pode falar mais alto que a culpa?

—Dez milhões contabilizados, em nome do Cornélio. — após alguns minutos, ele me comunica isso.

—Ele espalhou os quinhentos milhões em contas separadas. Pequenas quantias que juntas darão o valor do roubo. O cara é esperto. — concluo com agilidade, e em grande parte, com ajuda de Florence, que iniciou a ideia.

—O que vai fazer a respeito de tudo isso? — minha amiga parece preocupada. Encaro ela com minha melhor expressão de determinação, e ela arregala os olhos. — Eu sei o que está pensando em fazer, e vai por mim, é melhor não. Ela não, Lynn. — a mesma protesta, se aproximando de mim, assustada.

—Liam chamou a cavalaria dele, eu vou chamar a minha. — lhe informo decidida.

—Quem é “ela”? — Armin questiona curioso, mas, eu resolvo ignora-lo por hora. Ela não era uma pessoa que podia ser explicada, só poderia ser conhecida.

—Ligue para Peggy, ela está no meu caso de novo. — finalmente digo, e Flore reviro os olhos.

—O que vai querer que ela faça? — parece temer a resposta.

—Peggy é a melhor jornalista futriqueira que nós conhecemos, ela vai descobrir todos os pontos emocionais do Erin, que estão ligados a bancos e de quebra, quando conseguir isso, vai ganhar toda informação que vem com ele. O que estou dizendo, é que Peggy é quem vai apresentar as provas, eu não preciso mover nem um dedo, para que esse babaca seja preso e indiciado. — lhes apresento meu novo plano e Armin sorri para mim abertamente.

—Okay, admito que agora tive uma leve vontade de ser advogado. — comenta um tanto impactado com tudo isso.

—Não é tão fácil quanto parece. — o aviso, retribuindo o sorriso e isso dura, até o momento, que mais uma pessoa adentra a sala de reuniões. Meus olhos encontram Castiel parado ali, me fitando sério, e eu engulo a seco, quando flashs do nosso momento em seu carro, voltam a minha mente. Ele parecia tão intrigado, confuso e preocupado, que isso me desarmou de certa forma, tanto que sem aguentar a pressão de encara-lo, desviei o olhar, e me virei para Florence.

—Leve Peggy ao Jade’s, por favor, logo vou até vocês, e finalizo tudo isso. — lhe peço, e mesmo estranhando me novo comportamento indiferente, ela assente, e se despede de mim com um leve abraço, logo saindo dali.

           Só restando Castiel, Armin e eu naquele ambiente. Eu constrangida de um jeito que nunca estive antes, Castiel repleto de dúvidas, e Armin que aparentemente estava alheio a tudo isso.

—Ei cara, Alexy me ligou dizendo que você estava em casa hoje, está fazendo milagres agora, é isso? — Armin brinca se aproximando dele, e apertando seu ombro em um gesto de camaradagem. Ao que parecia, ele não iria contar sobre a coisa ilegal que acabamos de fazer, e isso o fazia ter pontos comigo.

                De toda forma, a atenção de Castiel com certeza não estava em Armin, ela estava em mim, completamente em mim, observando cada movimento meu, e esperando uma ação mais brusca e uma reação exagerada.

—É, precisava pensar em umas coisas, e a calmaria de casa soou como uma ótima opção, vi Alexy quando estava indo embora. Vantagens dele ainda ser vizinho dos meus pais, e não sair da casa dos seus. — comunica, sem nem se dar ao trabalho de olhar para Armin.

—Então, preciso falar umas coisas com a Iris, vou deixar vocês a sós, para continuarem essa conversa. — aquela era minha deixa, para fugir de toda aquela situação. Minha deixa para fugir do que eu sentia.

               Só que uma vez, Florence me disse que não tem como fugir do sentimentos, porque obviamente eles estão em você, impregnados em sua pele, e colocados de forma incríveis, nos cantos vagos de sua mente, prontos para aparecerem em momentos que você não os quer. Comigo foi assim, ao menos naquela situação, só que não era só os sentimentos que me perseguiam, Castiel também, e pude comprovar isso, quando no meio daquele corredor, senti meu pulso sendo puxado com firmeza.

                       De costas, me xinguei mentalmente, ao conseguir reconhecer aquele toque. Era claro que eu reconhecia, ele me incomodava de uma forma que nenhuma outra coisa o fazia, me incomodava porque eu gostava, e porque, não era certo eu gostar.

                     Reunindo toda minha coragem, me virei e me deparei com a imagem de um Castiel desarmado que eu nunca vi antes. Esperei, que ele me soltasse, após eu focar minha atenção nele, mas, não foi isso que o mesmo fez. Ele simplesmente continuou a me segurar, como se eu não tivesse a porra de uma atração insana por ele, a qual o Blancherd já havia notado antes de toda a parte complicada e que foi muito bem demonstrada ontem, ou hoje, sei lá, madrugada, noite, sentir, pensar, tudo isso estava confuso para mim.

—É isso mesmo? Nos beijamos ontem, quer dizer, quase transamos no meu carro, em uma situação em que eu não forcei nada, ou incitei, e depois você foge como se eu tivesse cometido um erro terrível, e agora não consegue nem olhar para minha cara, porque de alguma forma parece irritada com o fato de eu ter retribuído o que você fez. — soa transtornado, e parece implorar para que eu lhe dê uma explicação.

        Como e poderia lhe explicar, se nem eu mesma entendo o que fiz?

—Talvez o problema seja realmente esse, você retribuiu, Castiel, quando tudo que eu precisava era que você recuasse. Tudo o que eu queria, era que naquele momento, o universo fizesse sentido, e você lembrasse que nem ao menos gosta de mim, queria que se irritasse comigo, sei lá, que me repelisse, mas, o que você fez foi me beijar de volta, com vontade...Mostrando uma atração muito errada por mim. — tentei fazer sentido, mas, sentir e agir com isso, nunca foi meu forte.

—Você entende que é louca, não é? Que mulher prefere ser  rejeitada por um cara que obviamente sente tesão por ela? É, Lynn, eu te beijei, porque eu sou um homem que não foge do fogo, um homem que segue os instintos, e se você não percebeu ainda, você é a porra de uma gostosa. — quando gritou aquela última parte, dei um passo para trás, e finalmente me soltei do aperto dele.

—Foi só um beijo, okay? Você beija todo mundo e... Aliás, por que parece tão revoltado com o fato de que eu quero esquecê-lo? — o desafiei a responder, pois estava tão em chamas quanto ele.

—Eu só queria entender, porque nos beijarmos, transarmos, enfim...Por que isso seria errado? — dou uma risada incrédula.

—Eu não sei, talvez por que você ameaçou claramente que se eu fizesse isso, você me humilharia e me trataria como se eu fosse uma vadia? — ironizo e ele revira os olhos.

—Você me conhece o suficiente agora, para saber que eu estava blefando, você conhece o cara que se sentiu mal por ter te machucado sem querer, conhece o cara que cantou com você em um Karaokê... Então, por que, você que parece uma mulher tão resolvida com tudo, com a vida, não é capaz de ter uma noite de sexo casual, quando verdadeiramente queria isso comigo, sendo que nós dois estamos solteiros? — fez a pergunta que eu temia que ele fizesse.

—Esse é o problema, Castiel. — ele me olhou confuso. — Eu não estou solteira, eu vou me casar, daqui a bem pouco tempo, se quer saber. — demorou um pouco, para ele ter uma reação, pois nos primeiros segundos, ficou apenas estático, enquanto eu tentava firmemente me manter em uma posição coerente.

—Você vai o quê? — Castiel berrou, a medida que eu engolia a seco.

— Casar, com vestido branco, flores e afins. — tento debochar, só que isso só desperta a ira dele.

—E mesmo assim, você me agarrou ontem...Você entende, que você traiu o seu noivo, e a mim, certo? Porque, eu malditamente acreditei que você não faria isso de novo, que não ferraria com a confiança que depositei em você, desde a vez que me manipulou, mas, ai está Lindsay Gilbert, sendo ela mesma novamente. — Castiel parecia prestes a explodir.

—Acha que eu não quero dar na minha cara, pelo que fiz ontem? — gritei de volta, chegando perto dele.

—Se você culpar a bebida, não sei o que posso fazer. — avisa com fúria. — Sabe, o que é engraçado? É que você fica sempre sustentando esse discurso de advogada estúpida, sobre como tem um senso de justiça e o escambal a quatro, quando na verdade é uma baite de uma vadia. Sério! Você manipula, joga, traí e acima de tudo, sempre procura uma maneira de jogar a culpa na outra pessoa, só para não admitir que o problema é você. Eu odeio pessoas com você, Lindsay, pessoas que jogam sujo para conseguir o que querem, e depois não se importam com os pedaços dos outros que deixam no caminho. Você até pode ser uma ótima profissional, mas, como pessoa? Você é um lixo, você não sabe se importar, amar ou alguma dessas baboseiras...Acorda, garota, o mundo não suporta pessoas que não ligam umas para outras...Seu próprio irmão está aqui, esperando uma oportunidade para fazer as coisas entre vocês darem certo, enquanto só o que você se preocupa em fazer é pisar nele e se mostrar superior...Eu sou um babaca sim, um idiota mesmo, mas, eu ao contrário de você ligo para as pessoas, sabe o Armin? Ele não é meu irmão de sangue, mas, eu levaria um tiro por ele, sabe o idiota que diz ser meu pai? Eu odeio o fato dele ter mentido para mim, a vida toda, mas, eu o amo demais, por todas as lembranças boas que tenho dele, então não importa, o quanto as mentiras me torturem, não consigo deixar o ódio se sobressair. Já você, tudo que tem ai dentro é ruim, corrosivo, nada de bom te restou, aposto que ninguém te restou também.  — Ele finalizou seu discurso com mágoa no olhar e sem dizer mais nada, me deu as costas e seguiu para o elevador.

              Eu estava ali, parada, como uma estátua, no exato momento que notei a realidade; Ele não disse todas essas coisas, pelo fato de eu ter fugido após agarra-lo, ou de tentar ignorá-lo agora pouco, Castiel falou isso tudo, porque, eu realmente traí ele, e Kentin. Castiel falou isso tudo, porque a pessoa que quebrou o seu coração, também o traiu dessa forma.

                E enquanto sentia algo estranho, sei lá, era como se algo pinicasse em meus olhos, deixei que uma parte do meu ser, se agarrasse a possibilidade, mesmo que remota,  de que quando disse todas aquelas coisas  para mim, ele na verdade queria ter dito para outra pessoa.

                  Só que quando, Lysandre passou no corredor, e me lançou um olhar ressentido, por eu ter sido um porre com ele ontem, eu soube. Aquilo tudo era realmente sobre mim.

[...]

        Ponto de vista: Castiel Blancherd.

        Havia um motivo para eu sempre dispensar as garotas com quem dormia, na manhã seguinte; Eu não queria envolvimento — Okay, isso parece obvio, mas, tenho uma explicação.  —  Ter mais um dia com elas, requeria mesmo sem querer, a conhecer alguma parte ou algum detalhe dela que fosse fazer eu querer me envolver.  Qualquer coisa, poderia despertar um interesse meu, sei lá, uma mania adorável, um comentário sobre trabalhar em uma instituição de caridade, uma história triste de família que causasse comoção. A luz do dia, quando elas queriam por mais, ficavam boas na arte de ilusão.

      E bem, a teoria de um dia, havia dado certo, até o momento, em que bati no carro de uma louca, enquanto ia em busca de mais uma discussão com meu pai.

                Não foi necessário um dia, só precisou de um segundo. O segundo em que meus olhos encontraram os olhos verdes, atrevidos e ao mesmo tempo assustados de Lindsay Gilbert.  Foi ali que eu me envolvi. Nem sei como dizer, qual sentimento se fez presente primeiro, acho que curiosidade. Queria saber até que ponto, sua determinação iria, e não demorou para eu descobrir que iria longe.

                Lindsay é a mulher mais complicada que já conheci, e olha que já conheci muitas. Não é complicada com o modo de agir com as pessoas, na maioria das vezes era sempre o mesmo comportamento: Hostilidade acima de qualquer coisa. Ela é complicada, consigo mesma, posso ver, o quanto ela tem coisas inacabadas dentro de si, que ferram com ela. A mulher está sempre buscando uma maneira de ser perfeita em tudo, como se precisasse desesperadamente de uma aprovação. O fato é que ela ainda não percebeu que perfeição não existe, e que suas tentativas de soar invencível em qualquer situação, só faziam com que ela criasse defeitos irreversíveis.

                     De primeira, ela se esquivou de qualquer aproximação em relação a mim, enquanto eu fazia o mesmo, sendo incapaz de tentar confiar em alguém, depois do quão ferrada estava minha confiança nas pessoas. Fiz de tudo para ser o canalha que todos me pintavam, a imagem que eu próprio criei, e ela causou o inferno na terra, devo dizer, para mostrar que estava pouco se danando para meu comportamento. Foi isso que me fez ceder, ela não ia desistir, aquele olhar feroz que ela tinha em seu rosto, me fez notar que ela nunca desistiria.

                    Dei espaço a ela para se aproximar, quando achei que ela também havia o feito, só que ai ela brincou comigo, e me mostrou que sua ambição evidente não tinha limites. Eu fiquei revoltado e indignado com isso, porque uma parte de mim, esperava que ela fosse diferente do resto hipócrita da humanidade. Pelos céus, Lynn é diferente de qualquer outra pessoa que já conheci no mundo.

                  Decidi me afastar dela, até que a mesma admitisse que errou, e de alguma forma me mostrasse que era realmente diferente. Céus! Eu realmente, sem entender porquê, queria que ela fosse. Sabia que ela tinha um poder sobre mim, é claro, eu era completamente atraído por ela, de forma...Carnal, por assim dizer. Mas, só entendi a intensidade desse poder, quando deixei ela me vencer de novo, só por mostrar — ou fingir — ter um pequeno rastro de sensibilidade comovente.

                  Quando ficamos abraçados no topo daquele prédio, pensei ter enxergado que Lynn era de verdade. Uma versão de mim mulher, como Armin algumas vezes disse. Porque, convenhamos, eu devo ser tão atraente quanto ela...Mas, o caso não era esse, Lynn só tinha um terrível medo, assim como eu, de ter uma parte emocional de si rompida novamente...Era isso que eu pensava até agora.

                  Seu esforço era única e exclusivamente dedicado a fazer seu pai ter orgulho dela. Mas, pelos céus, como é que ele não tinha orgulho dela? Ela é brilhante, inteligente, ardilosa, convincente e a pessoa mais decidida que já conheci.

                    Foi ai que me deixei ir para perto, depois da nossa trégua maluca, permiti que uma parte de mim, começasse a prestar atenção nela. Digo, Lynn não é só boa no que faz, ela realmente ama o que faz, mesmo que não admita, vejo um brilho nos seus olhos, cada vez que ela resolve uma situação que para qualquer outra pessoa, seria impossível de resolver.

              Tudo que ela clama é pelo controle, isso a acalma, e a faz ficar menos arisca, e foi por isso que depois de termos nos divertido tanto, após a noite de pizza na minha casa, ofereci no impulso que ela tivesse esse controle no meu apartamento ao redecora-lo, tanto quanto tinha nos meus pensamentos. Eu só quis dar um gesto a ela, que a fizesse perceber, que eu não seria a pessoa que quebraria o resto da sua confiança. Eu não gostaria de ser essa pessoa para ninguém. Eu gosto do meu apartamento do jeito que é, mas, se tudo mudou desde aquela teimosa chegou na minha vida, o que era a droga de  uma mudança de sofá perto disso?. Mas, ela não percebeu, ficou confusa com isso, de um modo adorável.

                   Lynn me atraía, isso já era um fato, meu corpo queria ela, de um jeito que nunca quis nenhuma das outras com quem já fiquei. Só que em algum ponto, se tornou muito mais que isso. Não em níveis sentimentais é claro...Mas...Estar com Lynn fazia aquela névoa que estava sempre sobre minha cabeça sumir...Em sua seriedade, eu descobria novos níveis da minha diversão. Era como eu já havia concluído uma vez; Enquanto eu a faço pular em um precipício, cada vez que a desafio, Lindsay me faz hesitar, uma calmaria que sempre precisei em minha vida, depois de tudo que já aconteceu.

              O modo como ela se entregou a situação no karaokê, o modo como riu, como se eu a tivesse feito feliz naquele instante, tudo isso despertou partes de mim que estavam adormecidas á muito tempo. Partes boa, para ser sincero. Achei que nunca mais fosse capaz de cantar de novo, nem que fosse de brincadeira, porque fazer isso me traria más memórias, mas, Lynn me convenceu, só usando aqueles olhos verdes de modo amigável. Sem que eu percebesse, já estava lá cantando com ela, e sendo completamente diferente, do cara duro que sempre fui com a mesma.

               A noite estava indo bem e enquanto a provocava no meu carro, eu esperei que ela retrucasse, que me xingasse, que me batesse. Qualquer coisa, menos que ela fosse me beijar, depositando tanto desespero nisso. Qual é! Tudo que fiz foi tentar suprir toda a vontade que tive de fazer aquilo por todo aquele tempo, a agarrei de volta, querendo sentir ela, querendo toca-la, inspirar seu cheiro, provar seu gosto, e talvez me perder nela. Talvez não, eu com certeza queria me perder nela.

                   Eu estava no comando, como estive todas as outras vezes, com outras garotas, mas, era diferente, porque se naquele momento, Lynn me pedisse ele, eu lhe daria com prazer. Eu daria qualquer coisa na verdade. Estava louco de desejo por ela.

                    Então ela se afastou, atordoada, confusa e desesperada por algo, tanto quanto eu estava por ela. E tudo que pude fazer quando ela se afastou, foi buscar por algum erro, que eu possa ter cometido, repassando cada detalhes daquela noite em busca dele, e fazendo isso até o dia amanhecesse e New York acordasse animada como sempre.

                    Estava tão maluco com isso tudo, que decidi que precisava me acalmar, antes de encontrá-la, e que lugar melhor para isso, do que minha casa de verdade, a qual, eu não visitava há séculos. Minha mãe praticamente surtou quando me viu ali, e me encheu de um carinho exagerado, por sorte meu pai não estava em casa.

                   Depois de com muito custo, conseguir me despedir dela, encontrei Alexy na casa ao lado, e tivemos uma pequena conversa sobre coisas aleatórias, para em seguida ir até a gravadora. Esperei qualquer coisa quando encontrei Lynn, que ela debochasse, que zombasse de mim e que mostrasse que a trégua continuaria, mesmo após o que ela aparentemente considerou nosso erro, ou então que quisesse que ele se repetisse. Mas, de novo me surpreendi, porque o que recebi dela, foi tudo que eu não queria; A confirmação que ela igual a todo mundo.

              Não me arrependo de nada que disse, depois de descobrir o que ela escondeu; Um detalhe importante, devo acrescentar. Como alguém nunca menciona que está noiva? Como alguém está noiva e não usa uma aliança? Ela apesar de tudo, aparentava ter lá seu lado tradicional, uma aliança me parece o certo. E por que raios Lysandre nunca deixou isso escapar em uma de nossas conversas? Talvez seja porque ele é o homem mais discreto do mundo, seu babaca.

                     Traído, sem esperança, e enojado, foi assim que me senti depois que deixei Lynn para trás.

—Você está bem, Castiel? — Iris indagou, quando o elevador se abriu no prédio, e a ruiva que segurava algumas caixas, encontrou minha expressão revoltada.

—Ficarei, assim que Lindsay Gilbert desaparecer dessa droga de gravadora. — decretei sincero.

[...]

   Ponto de vista: Lynn Gilbert.            

Um suspiro pôde ser ouvido claramente, quando estacionei em frente a instituição que mais parecia um castelo, ou talvez, Hogwarts, enfim, acho que Florence que é uma fã de Harry Potter, poderia decidir isso melhor do que eu. Depois de tudo que ouvi de Castiel, e depois da reunião exaustiva que tive com Peggy, eu precisava disso.  Precisava de paz e esclarecimento.

              Desci do carro, carregando minha bolsa cara de fora firme, a medida que encarava as crianças e adolescentes que corriam livremente pelo gramado perfeitamente verde e reluzente, que era iluminado pelo sol da tarde, em seu auge.

              A moça da recepção que já me conhecia, liberando minha entrada sem nenhuma dificuldades. No caminho ao lugar em que eu sempre acabo parando, quando venho para cá, o que acontece com certa frequência, dei de cara com a diretora Prince, a mulher que comandava todo aquele internato.

                 Tivemos uma conversa interessante, a medida que íamos em direção a biblioteca, e quando ela me deixou ali, se despediu gentilmente, deixando claro que estava a minha disposição, caso eu precisasse. É claro que estaria, coloco uma pequena fortuna todo mês nesse lugar.

             Meu pequeno momento de raiva á sua hipocrisia, se esvaiu, quando encontrei o garoto branquelo, com cabelos e olhos negros como a noite e com seus dezessete anos, recém completados, sentado em um dos bancos de couro, próximos as janelas enormes daquela sala. De repente, me vi sorrindo e uma calmaria acalentar meu coração lentamente.

             Como se ele sentisse minha presença, se virou em minha direção, e também sorriu ao me ver. Aquele sorriso que eu reconhecia perfeitamente, só que no rosto de outra pessoa. Me aproximei sem hesitar, e logo estava sentada ao seu lado.

—Não sabia que viria hoje. — mostra claramente sua surpresa, e eu suspiro.

—Eu sei...É só...Eu precisava ver você. — admiti. Acho que essa frase nunca saiu da minha boca, para qualquer outra pessoa que não fosse para ele.

—Bom, isso é reconfortante, dado o fato de que se eu pudesse veria você todo dia. — aquele garoto doce e amoroso, me disse aquilo com uma sinceridade comovente.

—É, eu sei! Então, a diretora Prince me disse que suas notas estão excelentes. — comento com orgulho dele.

—É. Minha maior nota é em Ciências Sociais. Acho que um dia vou ser um advogado tão brilhante quanto você, Lindy. — ouvir aquele apelido me confortou tanto.

—Pelos céus, escolha outra profissão. — ambos acabamos rindo, mas, ele notou que eu não estava bem.

—O que aconteceu? — por fim perguntou, soando preocupado.

—Eu beijei um cara. — faço o resumo mais direto que posso.

—Espero que esse cara seja seu noivo. — comenta divertido, e quando tem silêncio da minha parte, apenas suspira. — Por que fez isso? — está mesmo disposto a me ouvir.

—Porque, ele me fez feliz, Logan, de um jeito que nunca senti antes, com ninguém, entende? Eu só queria que aquela sensação de estar completa durasse, queria tocar aquela felicidade, por meio de um ato, e um beijo parecia a opção mais sábia...Bem, só parecia. — admito algo, que não admiti nem para mim mesma, porque Logan, tinha esse poder sobre mim.

               Por fim, resolvi lhe contar tudo que venho escondendo esse tempo, contei sobre Castiel e tudo que veio depois, até chegar no devido momento em que lhe falei sobre o discurso cruel que recebi dele hoje mais cedo, aquele que eu me recusava a acreditar que me afetou.

—Isso é porque, você se recusa a mostrar as pessoas o que faz de bom, não deixa ninguém te conhecer de verdade, a verdadeira Lynn, aquela que eu conheço, aquela que paga minhas despesas nesse internato absurdamente caro, que ameaçou bater em um enfermeiro, quando me levou ao hospital por causa de uma crise de asma minha, na qual ele não te deu informações sobre mim...Você não tem algo bom? Eu posso te listar, tudo de bom que já fez por mim e te mostrar o quão grato sou e o quanto amo a pessoa pessoa que você é por isso.  — me consolou e eu sorri de lado.

—Obrigada, você sempre sabe como me ajudar, só precisava ouvir algo desse tipo...Agora, eu preciso voltar ao trabalho. — falei me levantando, e sem hesitação, beijando seus cabelos de forma carinhosa.

—Lindy! — me chamou, quando eu já estava alcançando a porta, me virei para ele, e esperei que o mesmo falasse. — Você disse que havia falado a verdade para Castiel, no dia do abraço no prédio, mas, você mentiu para ele...Disse que Liam é seu ponto fraco, mas, é mentira...Porque, seu ponto fraco sou eu. — é claro que ele era esperto o suficiente para notar isso.

—Bom, o caso é que para todos os efeitos, você nem existe. A pessoa com me importo, mais do que qualquer outra coisa?  Essa pessoa não existe, eu só me preocupo com o futuro e sou indiferente a todo resto e por fim, prefiro que as pessoas sigam acreditando nisso.


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Notas finais do capítulo

Quem é Logan? fica ai o questionamento. Hahahaha, aceito chutes,hein!
Estão com mais raiva de quem? Lynn ou Castiel?
Comentem!



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