O Aventureiro escrita por roberto145


Capítulo 4
IV - A Insustentável Leveza do Ser Pt. I


Notas iniciais do capítulo

Peço desculpas pela demora em postar. Acabei acumulando algumas tarrfas nessas últimas semanas e fiquei sem tempo para finalizar esse capítulo.

Sobre ele, será dividido em partes. Acredito que em três, mas não é nada definitivo. Espero que gostem de lê-lo.



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Após o evento de Drapion armado por seus colegas, Johann conseguia uma dupla vitória. Isso porque não apenas conseguia fortalecer sua equipe com uma valiosa contribuição, mas também por ver àqueles que colocaram-no em perigo serem devidamente responsabilizados. Contudo, o relato do tutor aos pais do garoto não o isentava, com uma caracterização das ações dele como instigadoras de hostilidade. A intenção era óbvia, queria ver o garoto longe de si mesmo existindo um contrato. Como consequência, o menino recebia uma dura bronca de seu pai, que o ameaçava a acabar com aquela palhaçada de ser treinador caso fosse incomodado mais uma vez.

Desse modo, os dias que se sucediam possuíam uma calmaria estranha. Apesar das tarefas extras e injustas fossem delegadas a Johann pelo seu instrutor, a reação do treinador a elas era apática, embora por dentro queimasse em raiva. Os demais alunos, mais calmos devido aos castigos recebidos, percebiam aquela apatia frente à injustiça. Era um gatilho para que voltassem a fazer o que mais lhes agradavam. Aos poucos, refaziam aquilo que consideravam como brincadeiras para avisá-lo de que não era bem vindo. Inicialmente, derrubavam livros que o menino segurava. Em seguida, passavam a bagunçar o seu quarto às vésperas da inspeção do pensionato onde ficavam os alunos do tutor. Ao perceberem a passividade, intensificavam a hostilidade.

Aquele quem coordenava a violência das brincadeiras eram um menino um ano mais velho. Possuía um certo volume corporal, de modo que suas roupas se tornavam justas. Seus olhos esbugalhados ressaltavam a intensidade com que falava. Esses dois fatores, externamente, podiam transmitir a falsa ideia de que fosse alguém precipitado, porém era extremamente ardiloso. Se não fosse por meia dúzia de colegas, seria o treinador mais forte dali, com certeza, dizia aos demais. E era verdade. Por isso, e devido a uma inveja de nunca se sentir contemplado, não gostava, e nunca gostaria, daqueles acima dele. Explicava-se, desse modo, porque tratava Johann de forma violenta e fazia os demais a tratarem-no de mesmo modo. Aos poucos, usando até aqueles mais talentosos, alçaria o topo independente do estratagema usado. Assim, injetava sua inveja nos outros também com insinuações acerca da capacidade, da riqueza e até da aparência de Johann. Com a derrota no caso Drapion, ficava óbvio para Phil que não poderia bater de frente. Como a metáfora usada frente ao seu espelho, usaria Toxic no psicológico de seu colega.

—Ora, é simples... – durante o almoço, ele esbanjava um sorriso malicioso que tornava sua boca ainda maior. – O plano é acabar aos poucos com sua paciência.

Da mesa onde Phill e mais uns sete garotos degustavam a péssima comida servida pelo pensionato, olhavam para a mesa em que Johann estava só. Este prestava mais atenção a uma matéria sobre os possíveis vencedores da Liga Pokémon daquele ano. Ansiava, de modo que seus olhos vociferavam, pelo nome e pela imagem de Brunhild. Porém, ela não era mencionada. Era quase uma apunhalada, mas sorria. Eles não sabem de nada!

A comida estava quase intocável em seu prato. Apesar de a fome ficar suspensa por alguns minutos, ela logo o lembrava de que estava presente. Durante o período em que levava o garfo do prato à boca, Johann sentia os olhares sobre si. O refeitório se enchia mais, com classes de alunos mais velhos ou de reforços sendo liberadas para o almoço. A forma como o local lotava se comparava a uma garrafa em que a mesa do garoto fosse o gargalo. Assim, era a última a ser a uma escolha. A primeira companheira era uma garota dois anos mais velha. O menino sabia bem de quem se tratava, mesmo que não desviasse o olhar para ela. Tratava-se não apenas da mais bela, mas também, e principalmente, uma das melhores treinadoras. Laíza era seu nome e provavelmente já estaria preparada para uma jornada. Ela olhava Johann com certo receio e arrogância, não havendo outro local para sentar. Sua única amiga também possuía o mesmo olhar, acompanhando-a. De longe, ao perceber a cena, Phil sorria.

O resto do dia não teria mais nada de relevante, assim como o resto da semana. Porém, a sexta seguinte teria algo de absurdamente estranho. Johann, assim como alguns colegas, estavam em uma das poucas aulas que não abordavam batalhas e teorias de combate. Aquela era uma exposição da história de Kalos e, por isso, poucos davam atenção a ela. O professor era um rapaz na casa dos vinte anos. Também deveria ser um aprendiz, porém em um estágio já bem avançado. O serviço de tutoria da cidade também era capaz de formar novos tutores, que seguiam para outras cidades. O jovem educador, bem nervoso, passava os eventos históricos da região com ênfase na guerra há 3000 anos. O seu nervosismo era causado pela apreensão da falta de experiência associada ao pouco interesse dos alunos. Isso deixaria a sua voz ainda mais trêmula caso não forçasse tanto a voz.

—E então, devido à necessidade de reafirmar sua autoridade, o primeiro rei de Kalos Meroveu, o Ambicioso – enraivecido por ser ignorado por boa parte da sala, o assistente procurava algum tema interessante para reverter esse quadro. – Por que entrar em guerra? Porque, onde é hoje Kagathos – um dos alunos ria sarcasticamente, cessando logo em seguida. Era Phill. Ao perceber o olhar do professor, revidava com frieza. Alguns de seus amigos, em carteiras próximas, possuíam também uma expressão irônica. – Como ia dizendo, a região conhecida como Kagathos à leste começou a se reunir também em torno de um líder. Meroveu, percebendo o fortalecimento do vizinho, convenceu os seus aliados a utilizarem da estratégia de atacar para se defender. Além disso, o rei também queria expandir o limites de sua reino até Terminus Cave. Até então, a nossa região tinha como fronteira uma linha diagonal de Snowbelle a Dendemille – aos poucos, os alunos começavam a se interessar pela aula. – Por fim, o outro motivo é que o líder emergente de Kagathos era primo de Meroveu. Incrivelmente, ele seria considerado nativo de Kalos, porém Anistar, sua cidade natal, e Couriway formavam um rico feudo com intensas trocas à região vizinha. Por isso, mesmo com as cordilheiras que chamamos de Terminus Cave, essas duas cidades foram capazes de liderar a região vizinha.

A aula continuava com os dados históricos sendo apresentados pelo jovem professor. Muitos daqueles que estavam dispersos na aula finalmente voltavam sua atenção ao que era ensinado. Esse não era o caso de Johann, que acompanhava a narrativa desde o início. Para ele, era como se pudesse voltar no tempo e encarnar em uma daquelas figuras famosas, igual quando lia as lendas da região. Contudo, um grupo ainda continuava a menosprezar o relato. Eram Phill e seus comparsas, que não riam mais, porém possuíam expressões maliciosas e se entreolhavam constantemente.

—O ataque foi destruidor. Era a vingança de Kalos pelo massacre de Snowbelle um ano antes. A cidade de Anistar, que se gabava de sua riqueza e beleza, literalmente virou um amontoado de corpos e pedregulhos. Com a sua fuga para a cidade de Enueg, a primeira de Kagathos após a Terminus Cave, a reação a partir de Couriway se tornou extremamente violenta. Por meio do grande rio Couri, a revanche atingiu Dendemille. Dessa forma, a batalha final estava muito próxima da capital Lumiose. A resistência das tropas reais de Kalos entretanto seguraram o avanço, enquanto Kagathos enviava um exército fortíssimo por terra. O início do desfecho seria onde hoje todos esperam ocorrer a Liga Pokémon. Lá, durante mais de um mês, estimou-se que quase dez mil homens combateram, o que é um número surreal para aquela época. Até hoje não se sabe quantos morreram. Porém, sabe-se que foi uma carnificina tão intensa que tingiu os rios de vermelho por semanas. O mais extraordinário viria quando até a Lua o sangue conseguira tingir. Não se sabe também de onde veio, mas o pokémon que pouco conhecemos como Yveltal surgiu de seu sono...

Quando o lendário fora mencionado, pelo menos para Johann, tudo se transformara em um nada. Não escutava a mais explicação de Kalos, estando em uma outra dimensão. Por mais que estivesse aterrorizado, ele não conseguia mover nem um dedo. Suas reações como suar frio ou ter o coração em disparada pela adrenalina também cessavam. Não existia naquele instante, exceto por um medo desconhecido e paralisante. Estava flutuando ao mesmo tempo que caía em queda livre. Até o momento em que dois feixes azuis pálidos passavam por ele. Uma nova sensação. Era como se todos seus nervos estivessem em uma excitação tão intensa que o prazer se tornava uma sinfonia de dor. A luz voltava, a aula voltava, a sala voltava. Tudo era uma questão de segundos.

—Sem forças, os dois rei emergentes foram depostos e executados por seus antigos aliados. Os novos soberanos souberam negociar a trégua entre as duas regiões, sendo a anistia entre as duas coroas outorgadas na cidade de Anistar. Esta, juntamente com Couriway, foram reconstruídas com a colaboração das duas regiões e ficaram como cidades autônomas por cinquenta anos até decidirem fazer parte do governo de Kalos.

Johann, ainda assustado com o que vira a pouco menos de cinco minutos, movia os olhos inquietos para os colegas. Sua respiração estava um pouco forçada, mas se refazia aos poucos. O professor continuava com sua aula, explicando sobre o pokémon lendário. Dizia que este, após temorizar Kalos por milênios, consumindo sua vida, tinha agora o seu paradeiro desconhecido pelos pesquisadores. Após o assunto da guerra entre regiões, o percurso histórico avançava, tornando, por vezes, monótono. Contudo, a agitação de Phill e seu grupo ainda permanecia e ia atingir o seu alvo já perto do fim da lição.

Um envelope de cor salmão aterrissava na carteira em que se encontrava o livro de Johann. O garoto logo tinha sua atenção voltada para ele, uma vez que um perfume agradável emanava da estranha carta. A segunda reação era óbvia. Desviava o olhar ao redor, porém, milagrosamente, todos seus colegas estavam focados nas explicações do professor. Segurando o fino papel, desgrudava o adesivo em forma de coração. Havia um bilhete de tonalidade azul claro e bem pequeno. Em letras bem desenhadas, estava escrito o seguinte:

“Não aguento mais ter que fingir em meu olhar. Venha me ver amanhã, no campo ao norte,
Laíza.”


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