Page 23 escrita por JM


Capítulo 7
VII - Deception


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!
Feliz ano novo para todos vocês, que este seja um ano de muitas realizações, de muitas coisas boas, e também de ótimas histórias, que é do que a gente gosta não é mesmo?!
Bom, para começar bem o ano novo aqui está mais um capitulo, o primeiro capitulo de 2017. Espero que gostem!
obrigaaada a minha querida amiga Cath Locksley Mills pelo comentario no capitulo anterior. Não sei o que seria dessa história sem a sua ajuda e o seu apoio miga!

Booa leitura a todos!



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Se alguém lhe perguntasse por que estava ali, sentado em um galho de arvore observando um acampamento de ladrões pobres e moribundos, ele não saberia qual resposta dar. Ver onde a filha estava se metendo? Não, essa resposta definitivamente não combinava com ele. E mesmo que por ventura fosse a verdade, o que até ele mesmo achava bem improvável, quem acreditaria naquilo? O Senhor das Trevas preocupado com alguém que não era ele mesmo? Impossível.

Fosse por esse motivo improvável, fosse para tentar descobrir alguma fraqueza, algo que pudesse fazer Regina mudar de ideia e desistir daquele plano de fuga, o fato era que ele definitivamente ali a mais de 1h, observando os afazeres daqueles homens comuns, que desmontavam o acampamento.

Estava quase desistindo. Parecia não haver nada fora do comum ali, nada que pudesse ser usado como um bom argumento para que Regina ficasse onde estava e desistisse de fugir. Bom, ao menos nada até agora.

Enquanto seu corpo permaneceu imóvel, exatamente onde estava, seus olhos se focaram na cena inusitada que acontecia lá embaixo. Uma cena aparentemente inocente, que não tinha nada demais, apenas um amigo prestando auxilio para a amiga machucada, mas que, se fosse acompanhada das palavras certas poderia causar grandes estragos. Aquilo era definitivamente o que ele estava procurando.

Se Regina pensasse que aquele ladrãozinho não a amava tanto quanto dissera, se acreditasse que ele a estava traindo com aquela mulherzinha sem sal, com certeza iria desistir de viajar. Ia terminar tudo, jogar todos os planos e promessas para o auto e continuar exatamente onde estava, pronta para servir como peça de vingança contra a sua querida mamãe, e era isso que Rumplestilskin queria que acontecesse. Não era?

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Robin estava radiante, transbordando de felicidade. Finalmente o dia havia chegado. O dia em que ele e Regina iriam embora. O dia em que finalmente seriam livres. Livres para viver aquele amor, tão forte e puro que os unia, livres para serem eles mesmos, sem medo de se perderem um do outro.

No dia anterior eles haviam acertado os últimos detalhes de como a fuga se daria, e a morena marcara de se encontrar com ele na clareira de sempre, para que pudessem partir dali. Decidiram que seria melhor viajarem de noite, pois assim evitariam reconhecimentos desnecessários pelo caminho.

Quando já estava tudo resolvido entre eles, o loiro fora conversar com seus amigos. Contara de seus planos e lhes informou da escolha que tinham a fazer: ou partiam com ele e Regina, ou permaneciam onde estavam.

Surpreendentemente, a maioria não demorou a se manifestar no sentido de que partiriam junto com o casal. Aos poucos dissidentes, Robin desejou boa sorte e que seus caminhos pudessem se cruzar novamente. Por mais que lhe doesse deixar amigos para trás, não podia força-los a acompanha-lo, não tinha esse direito, e sabia muito bem que a maioria deles era contraria ao relacionamento dele com Regina. Sabia que eles acreditavam que ele era apenas um joguete, um brinquedo na mão dela, e por mais que nos dias anteriores ele tivesse tentado mudar aquela ideia sobre a morena, a verdade era que não obtivera tanto êxito quanto gostaria.

Agora ele estava ali, arrumando seus últimos pertences, ansioso para que a hora de partir chegasse de uma vez. Odiava despedidas e sabia que aquela não seria nada fácil, então queria que ela acontecesse de uma vez, para que depois pudesse seguir em frente, pudesse recomeçar.

Um estrondo foi ouvido, seguido de um grito assustado. Um grito de sua prima, Marian. Preocupado com o que podia estar acontecendo com ela, Robin largou o que estava fazendo e seguiu o som da voz dela, torcendo que pudesse ajuda-la.

Encontrou a mulher caída no chão, tachos e panelas caídos no chão aos seus pés. Ela parecia estar sofrendo de alguma dor. Seu rosto se contorcia em uma expressão agoniada e ela segurava um dos tornozelos como se algo estivesse errado com ele. Ajoelhando-se ao lado dela, o loiro perguntou o que tinha acontecido, tentando demonstrar calma e tranquilidade diante da aflição da moça. - Marian, está tudo bem? O que aconteceu? O que você está sentindo?

Por um momento ela não respondeu, parecendo estar se concentrando apenas em não gritar de novo. – Eu...cai, tropecei em alguma coisa e cai sobre o meu tornozelo. Ta doendo muito Robin, acho que quebrei. – gemeu, as primeiras lágrimas finalmente rolando por suas faces morenas.

— Calma, vai ficar tudo bem. Tira a mão, deixa eu dar uma olhada no que aconteceu com o seu tornozelo. – foi a resposta do loiro, que retirou delicadamente a mão de Marian do local lesionado e inspecionou o ferimento.

Ao por os olhos no tornozelo da moça, Robin não se surpreendeu que ela estivesse sentindo tanta dor. O local estava vermelho e muito inchado, parecendo aumentar de tamanho quanto mais ele olhava. Por mais que a situação não parecesse boa, ele tentou aparentar calma enquanto falava com Marian, final, alarma-la ainda mais não iria ajudar em nada.

— Consegue ficar de pé? – perguntou, mesmo sabendo que a resposta provavelmente seria não.

Marian não respondeu. A dor a estava enfraquecendo, ela sentia tudo girar a sua volta, não tinha certeza se ficar de pé seria uma boa ideia, mesmo que fosse com a ajuda de alguém. Notando o silencio de sua prima, Robin voltou a falar, enquanto se colocava de pé e a pegava nos braços. – É, acho que isso significa um não, não é mesmo? Não se preocupe, vamos passar um unguento ai e imobilizar seu pé. Logo o inchaço vai diminuir e seu pé vai voltar ao lugar. Eu não sei se você quebrou mesmo, acho que pode ter sido apenas uma torção forte. – falou, tentando ao máximo minimizar os acontecimentos para que ela não ficasse tão preocupada.

— Não sei Robin, tá doendo muito...- respondeu Marian, que sentiu os olhos arderem por conta das lágrimas.

— Calma, você vai ficar bem. Não seja tão dramática, foi só uma torção. – brincou o loiro, esperando que seu falso desdém fosse suficiente para que Marian se distraísse da dor, entrando na brincadeira.

Percebendo a tentativa do primo de tentar distrai-la de seu sofrimento, ela permitiu que um leve riso escapasse de sua garganta. Eles sempre haviam sido assim, desde muito pequenos. Ela a dramática que chorava com tudo, ele o menino forte e engraçado, que conseguia distrai-la das tristezas da vida.

Mesmo quando os pais de ambos faleceram e eles ficaram sozinhos no mundo, a relação deles não se alterara. Robin sempre estivera ali, presente e preocupado quando ela precisara. Sempre tentando fazer com que ela se distraísse enquanto ele carregava o peso de todos os seus problemas sozinho, enquanto ele cuidava de tudo para que eles ficassem bem.

— Você consegue tripudiar de mim mesmo quando estou machucada não é? Você é realmente um ótimo primo. – ralhou Marian, dividida entre a risada e a aflição.

— Eu sei, sou um primo excelente, você não poderia ter escolhido melhor, não é? – respondeu o loiro, também sorrindo enquanto depositava Marian cuidadosamente em um toco alto de arvore e se abaixava para olhar melhor o ferimento da moça.

— É, realmente não poderia. – falou a moça, feliz em saber que realmente havia alguém que se preocupava, que se importava com o que acontecia a ela. Robin era sua única família, tudo que havia lhe restado, e ela não iria perdê-lo para aquela princesinha de araque. Se Robin queria ir embora por causa daquela Regina, então ela iria junto. Quem sabe com o tempo e a convivência a antipatia inicial que sentira pela namorada do primo não fosse superada.

—-------

— Pai? O senhor tem um minuto? – Regina perguntou, batendo de leve na porta do escritório de seu pai e colocando a cabeça para dentro, a espera de uma resposta.

Aquele era o ultimo dia dela naquele lugar. Quando as sombras da noite tomassem conta do céu azul ela estaria partindo, fugindo daquela vida que não era sua, estaria prestes a recomeçar em outro lugar, com o homem que conquistara seu coração, que a fizera se abrir para o mundo novamente, mas antes que isso acontecesse, ela queria se despedir das pessoas importantes que iria deixar para trás.

Queria dizer adeus, dar um último abraço em duas pessoas, as únicas duas pessoas com quem se importava e que tinha plena convicção de que se importavam com ela também. Seu pai, Henry, e a menina Snow. Regina tinha plena consciência de que eles iriam sofrer com sua ausência, que iriam sentir sua fata, então queria fazer o máximo para que eles tivessem certeza do quanto ela os amava, do quanto eram importantes.

— Entre filha, eu sempre tenho um momento para a minha princesinha. – foi a resposta do senhor, que se levantou da poltrona na qual estivera sentado até ouvir a voz de sua filha e caminhando até a porta, abrindo-a por completo para permitir a passagem da morena.

Já dentro da sala, Regina se virou para encarar o pai, um aperto se formando em seu coração. Henry já estava começando a sofrer os efeitos da idade, e naquele momento, prestes a se despedir, ela temeu que talvez nunca mais fosse vê-lo ou ouvir sua voz. Um nó se formou em seu estomago, e ela lutou contra as lágrimas de saudade que pareciam querer se acumular no canto de seus olhos.

— Como você está filha? Parece um pouco triste....- começou a falar o mais velho, aproximando-se de Regina, que sem responder a pergunta que lhe fora feita, sem dizer uma única palavra que fosse, abraçou o pai com força, apoiando sua cabeça no ombro dele e desejando que aquele abraço pudesse dizer a ele todas as palavras que ela não conseguia dizer.

— Ei, calma criança. Calma, ta tudo bem, você vai ficar bem...- Henry voltou a falar, retribuindo o abraço da filha e fazendo de tudo para acalma-la. Regina não falara nada, mas ele podia sentir que havia alguma coisa errada.

Desde a morte do cavalariço Daniel, que depois Regina havia lhe contado ser o amor de sua vida, que sua pobre garotinha estava quase sempre assim, triste, chorando pelos cantos, sofrendo calada. Quando a via daquela forma, ele se perguntava que espécie de pai ele era, se perguntava o que estava fazendo enquanto sua filha sofria daquele jeito e ele não fazia nada.

Ele se culpava. Se tivesse tomado conta direito de sua filha, se não tivesse permitido que Cora influenciasse tanto na vida dela, talvez as coisas tivessem sido diferentes, talvez Regina não tivesse que passar por todo aquele sofrimento. De certa forma, ele se sentia responsável por tudo de ruim que acontecera na vida de sua amada princesinha.

O senhor foi retirado de seus devaneios pela voz da morena, que voltava a falar, ainda envolvida no abraço o pai. – Não se preocupe, eu estou bem. Só passei aqui para te dar um abraço e dizer que te amo muito, não se esqueça disso está bem?

Enquanto falava, Regina respirou fundo e controlou sua voz, tentando retirar dela qualquer traço que indicasse que ela estava prestes a desabar, buscando não demonstrar ao máximo que aquilo não era uma despedida, apenas um até breve.

— Eu também te amo muito querida. – foi à resposta de Henry, que podia sentir que havia algo mais por trás da fala da filha, alguma coisa que ele não conseguia distinguir, e que tinha certeza que ela não iria revelar.  – Está tudo bem mesmo? Aconteceu alguma coisa – tentou, na esperança de que a moça contasse alguma coisa, que se abrisse com ele.

Por um instante, Regina pensou em contar tudo a ele. Pensou em se abrir, dizer que estava de partida, que iria fugir. Mas desistiu disso no segundo seguinte. Não, era melhor que não falasse nada. Confiava muito no seu pai e sabia que ele não iria trai-la, mas por outro lado, deixar que ele soubesse era um risco. Um risco de que sua fuga fosse descoberta mais cedo que ela queria.

Obrigando-se a colocar o mais encantador sorriso nos lábios e uma expressão de tranquilidade em seu semblante, ocultando o turbilhão de emoções que a atingia naquele momento, a morena se desvencilhou do abraço e encarou o olhar amável e franco de seu pai. – Não aconteceu nada, só passei pra te dar um oi, estava com saudades. – falou, fazendo o máximo para que sua voz se mantivesse firme.

Antes que Henry pudesse dizer mais alguma coisa, ela saiu do escritório, parando por um momento no longo corredor do palácio. Nunca imaginara que se despedir pudesse ser tão difícil. Já tinha feito aquilo uma vez, quando planejara fugir com Daniel, mas a segunda despedida não foi nem um pouco mais fácil do que a anterior. Pelo contrario, parecia ter sido ainda mais complicada e dolorosa.

Um já fora, agora só faltava Snow. Desde que começara a se relacionar com Robin, desde que se abrira para novas possibilidades em sua vida, Regina havia mudado muito a forma como enxergava a menina. Não havia mais mágoa ou rancor com relação a aquela criança. Aos poucos, a morena percebera o quanto se tratava de uma menina especial que via o mudo a sua própria maneira, aos olhos de quem a maldade não existia. De uma forma ou de outra, ela entendera que Snow não tivera culpa nenhuma no que acontecera com Daniel, que ela fora manipulada, achando que estava ajudando quando na verdade não passava de mais um peão no jogo de Cora.

Quando essa compreensão finalmente se emaranhou na mente e no coração da morena, a relação dela com a menina se tornara mais próxima. Ela definitivamente se apegara a Snow, e sabia que o mesmo acontecera com a menina. Dizer adeus seria difícil. Ela sabia que a menina a via como uma figura materna, ou pelo menos como uma irmã mais velha, e não queria desaponta-la, mesmo sabendo que isso seria inevitável.

Enquanto sua cabeça girava sobre como ela odiava despedidas, o quanto era difícil ter que dizer adeus a alguém que amava, seus pés a levaram pelo corredor e depois a fizeram subir a escadaria. Quando deu por si, estava diante do quarto de Snow, parada na porta, indecisa sobre o que deveria fazer em seguida, o que iria dizer.

Bateu de leve na porta e ouviu a voz de Snow permitindo sua entrada. Ao abrir, deparou-se com a menina sentada no chão do quarto, um livro nas mãos. – Estou vendo que você insiste a preferir o chão frio a sua cama macia e quente. – comentou a morena, fechando a porta atrás de si e indo se sentar ao lado da menina.

— Você sabe, me ajuda na concentração. Se eu ler na cama, vou dormir. E ai não vou conseguir terminar nenhuma história. – respondeu a menina, com simplicidade e alegria na voz.

— E o que você está lendo dessa vez? – questionou Regina, mesmo já sabendo a resposta para aquela pergunta. Ela conhecia perfeitamente bem aquele livro. Era o livro favorito de Snow, havia pertencido à mãe dela, Eva.

— O mesmo de sempre, o livro da mamãe. – o sorriso dela estremeceu ligeiramente ao tocar no nome da mãe, e Regina percebeu, mais uma vez, como aquele era um assunto delicado para a criança.

— Você está bem querida? – perguntou a morena, notando que o silencio estava aos poucos se prolongando entre as duas.

— Estou sim, é que às vezes me sinto muito sozinha sabe? Sinto falta da minha mãe...as vezes penso que as coisas seriam bem diferentes se ela ainda estivesse aqui. Penso que eu poderia ser diferente, que poderia ser melhor. Quero que ela tenha orgulho de mim entende? – foi à resposta da criança, que pareceu um tantinho mais triste quando expos o que estava sentindo.

Regina entendia muito bem o que ela estava querendo dizer. Durante muito tempo ela também tinha sido assim. Queria a aprovação de Cora, desejava que sua mãe tivesse orgulho dela, mas depois de um tempo percebera que não importava o quanto se esforçasse, nunca seria boa o bastante, e acabara parando de se importar.

Mas Snow era diferente dela. Sua mãe estava morta, era um exemplo, uma lembrança, que a menina se esforçava para seguir a todo custo. Pensando na melhor forma de consolar a pequena, de conforta-la, a morena voltou a falar, na esperança de que suas palavras pudessem desanuviar, ao menos em parte, a tristeza que repentinamente se apossara de Snow.

— Olha querida, eu sei que você quer muito que sua mãe tenha orgulho de você, mas isso é uma coisa com a qual você não deveria se cobrar. Eu tenho certeza de que onde quer que ela esteja, olhando pra você lá das estrelas do céu, ela sente muito orgulho de você, da menina amorosa e sensível que você é. Quanto a sentir sozinha, querer que as coisas sejam diferentes...eu também queria. Também queria muito que as coisas fossem de outro jeito, mas infelizmente, nós nunca podemos ter tudo do jeito que queremos entende? Tudo acontece por um motivo, mesmo que a gente não entenda. Sei que você sente falta de sua mãe, que queria que ela estivesse aqui, mas como isso não é possível, eu vou fazer o que eu puder pra que você não se sinta sozinha está bem? Sempre estarei aqui quando você precisar de mim. – falou a morena, sentindo seu coração afundar por saber que aquela era uma promessa que ela não ia poder cumprir, ao menos não com a sua presença física.

Snow não respondeu de imediato. Ao invés disso, se levantou no chão e se jogou sobre Regina, abraçando-a com força, como se tivesse medo que ela desaparecesse diante de seus olhos. – Obrigada por estar aqui Regina, eu amo você. – falou Snow, a alegria retornando para sua voz.

Enquanto a menina parecia estar radiante de felicidade, a morena sentiu seu coração se apertar ainda mais. Sim, ela se apegara a Snow. Ela também amava aquela menininha de olhos brilhantes, e seria muito difícil se separar dela, mais do que ela tinha imaginado. Por fim, tentando controlar seu tom de voz e as lágrimas que teimavam em se acumular em seus olhos novamente, ela respondeu: - Eu também querida.

—--------

— Vai a algum lugar, queridinha? – a voz de Rumplestilskin chegou aos ouvidos de Regina e ela pulou para trás, assustada. Já fazia algum tempo que ela não o via, desde a vez em que o visitara pedindo para ser sua aprendiz, pouco depois da morte de Daniel.

— O que quer aqui, Senhor das Trevas? Estou meio sem tempo para conversar agora... – falou, tentando controlar seu tom de voz e dissimular a surpresa por encontra-lo justo naquele momento, quando estava prestes a sair para encontrar Robin como haviam combinado.

— Ah, mas isso é mesmo uma pena, porque é justamente o que vim fazer aqui, conversar com você. E acredito que seja de um assunto que é de seu total interesse. – Rumple voltou a falar, em seu tom debochado de sempre, o que só fez aumentar a tensão e o nervosismo de Regina. Se as coisas continuassem indo por aquele caminho ela iria se atrasar, ou pior, alguém poderia chegar em seu quarto e descobrir seu plano de fuga.

— Duvido muito. O que você teria para me dizer que seria tão urgente e interessante quanto está fazendo parecer? – falou Regina, um traço de irritação e desdém aparecendo em sua voz. Porque Rumplestilskin tinha que aparecer justo naquele momento, para atrapalhar seus planos?

— Você é sempre tão delicada com as palavras, não é querida? – Rumple começou a responder, escondendo de sua voz a leve onda de orgulho que sentiu pelo jeito como ela falava. Autoritária, firme e confiante, exatamente como ele. – Mas acho que você deveria reconsiderar o que diz, porque o que vim falar diz respeito a um certo ladrão de nome Robin, tenho certeza que você o conhece.

Ao ouvir o nome de Robin dito por Rumplestilskin, Regina sentiu seu coração gelar, o medo se inflando rapidamente. O que o Senhor das Trevas teria para falar sobre ele? Como ficara sabendo da existência do loiro? Mais importante que isso, como ele soubera do envolvimento dela com Robin?

As perguntas se multiplicavam na mente da morena, e por um momento ela permaneceu em silencio, atordoada com aquela situação. Um suor frio brotou em sua pele, e ela teve a sensação de que não ia gostar de nada do que aquele homem com pele de cobra tinha pra dizer.

— Robin? E o que você teria para me dizer sobre ele que eu já não saiba? – questionou por fim, finalmente fazendo as palavras saírem de sua boca, não conseguindo esconder o tom de surpresa em sua voz.

— Você confia tanto nele assim? Mesmo com tão pouco tempo de relacionamento, acha que ele não te esconde nada? Nenhum segredo? – provocou o Senhor das Trevas, querendo testar até onde iria a confiança da morena no homem que amava.

— Não que isso seja da sua conta, mas eu confio plenamente em Robin. Agora pare de enrolar, o que você tem para me dizer? – a resposta dela saiu em um tom cortante. Estava cada vez mais irritada com Rumple, tudo que queria era que ele sumisse de sua frente, que a deixasse ir em paz.

— Não é exatamente contar, tenho algo para lhe mostrar.  Por favor, olhe para o espelho. – com essas palavras, o Senhor das Trevas, ergueu a mão direita e fez uma imagem aparecer na superfície do objeto.

Robin surgiu no espelho, mas não estava sozinho. Nos braços do loiro, parecendo adorar aquele momento, estava Marian, rindo de algo que ele tinha dito. Um minuto todo se passou, durante o qual tudo que Regina conseguiu fazer foi encarar aquela imagem de seu amado carregando outra no colo, um sorriso doce em seus lábios enquanto conversava com ela.

Não, aquilo estava errado. Não era possível. Robin não faria uma traição suja dessas com ela. Não depois de todas as promessas que haviam feito um ao outro. Não depois de ela aceitar desistir de tudo, abandonar as pessoas que mais amava para ficar com ele.

Por mais que seu coração gritasse que deveria haver alguma explicação para aquela imagem, sua mente insistia em dizer que não havia nada para ser explicado, estava tudo muito claro. Robin a estava traindo e ela tinha que aceitar isso como um fato.

Uma lágrima solitária escorreu pela bochecha da morena, mas ela continuou exatamente onde estava, encarando o espelho mesmo depois que Rumple tinha apagado a imagem de Marian e Robin juntos.

Tudo que passava na cabeça dela eram perguntas. Perguntas que ela não conseguia encontrar a resposta, ou para as quais estava com medo de encontrar uma resolução. Será que aquilo acontecera realmente? Será que não era apenas um truque de Rumplestilskin para tentar desestabiliza-la, faze-la desistir? Mas se fosse este o caso, o que ele ganharia com isso? Regina conhecia o Senhor das Trevas o suficiente para saber que ele não fazia nada de graça, então...por que ele estava lhe mostrando aquilo? Qual era a sua vantagem?

— Por que você está me mostrando isso? – ela perguntou, suas palavras não saído mais altas do que um sussurro. Sentia sua cabeça girar, o corpo pesado e o coração se despedaçando pouco a pouco. Robin prometera que não iria decepciona-la. Teria tudo não passado de palavras bonitas?

— Simples queridinha, não quero que você se iluda com algo que não é real, algo que não pode ter. – foi à resposta de Rumple, sabendo que aquelas iriam ferir Regina mais do que qualquer imagem que ele pudesse mostrar.

 - E porque você se importa? – a morena voltou a questionar, sentindo as palavras dele queimarem seu coração como brasa. Então era isso? Algo que ela não poderia ter? Ela não podia ser feliz, ter um amor em ua vida? Era isso que ele acreditava...seria essa a terrível verdade que ela não conseguia aceitar?

— Eu não me importo queridinha.- começou a responder o mais velho, sabendo que suas palavras eram mentirosas. – Só que se você for embora vou perder a aprendiz, e infelizmente não tem mais ninguém por esse buraco de mundo que possa desempenhar essa função.

Ah, então era isso. Interesse para que ela se tornasse sua aprendiz. Fazia sentido, mas não parecia certo. Afinal, se ele a queria como aprendiz, porque não aceitou a proposta dela meses atrás, quando ela fora lhe pedir? Por que agora, quando ela estava tão feliz, acreditando que tinha encontrado seu lugar no mundo?

Antes que ela pudesse fazer mais perguntas, Rumplestilskin voltou a falar: - Acho que você tem coisas mais importantes para pensar do que o motivo de minha boa ação, não é mesmo? Será que o ladrão tem mesmo sentimentos por você? Ou será que tudo não passa de um joguinho com a princesinha ingênua? É melhor eu te deixar sozinha...opiniões demais costumam atrapalhar. – com essas palavras ele desapareceu em uma nuvem de fumaça negra, deixando-a sozinha em seu quarto imenso, sozinha com suas dúvidas, com suas lágrimas.


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Notas finais do capítulo

E então?
Gostaram do primeiro capitulo do ano?
O que serpa que vai acontecer agora hein?!
Aguardando ansiosamente por opiniões e ideias de vocês, quero muuito saber o que estão achando!
Beijooos