Vivo escrita por Chiisana Hana
Capítulo V
— Tem certeza? – perguntou a enfermeira que veio atender ao chamado de Shunrei. Depois de apertar a mão da esposa, Shiryu não tinha feito mais nenhum movimento e já não havia cosmo ao redor dele.
— Absoluta – Shunrei respondeu. – Ele apertou a minha mão há poucos instantes.
Diante da convicção de Shunrei, a mulher acabou por chamar o médico responsável, que levou Shiryu para fazer exames. O doutor advertiu-a que o processo podia ser demorado, então ela resolveu voltar para a casa de Saori com Shoryu. Retornou ao hospital depois de algumas horas e procurou notícias com o médico.
— O eletroencefalograma demonstrou grande atividade cerebral – ele explicou. – Parece que ele está tentando sair do coma.
— Eu sabia! – ela exclamou alegremente e beijou Shoryu. – Está vendo, filho? Logo papai estará de volta!
— Entendo sua alegria, mas gostaria de avisar que ainda pode demorar.
— Que ele leve o tempo que precisar...
Quando ela voltou ao quarto de Shiryu, segurou novamente a mão dele e fez uma prece, agradecendo pelo pequeno progresso. Apesar do que o médico lhe disse, ela sabia que ia ser logo. Shiryu estava lutando para voltar e ele não era homem de desistir de uma batalha.
Alguém bateu à porta e ela mandou entrar.
— Olá, Shunrei. Vim conhecer seu meninão.
Era Shun. Vinha apoiando-se em uma bengala, mas parecia bem apesar disso.
— Shun! Já faz tanto tempo que não te vejo.
— Pois é. Eu e Hyoga acabamos de ter alta. Iremos lá para a casa da Saori, mas antes quis passar aqui pra ver vocês e conhecer o Shoryu. Bem que o Hyoga falou que vocês tinham um bebê adorável. Imagino a força que Shiryu precisou ter para deixar vocês e ir lutar.
— Ele se sentiu muito mal quando o Hyoga apareceu lá e ele se negou a acompanhá-lo. Mas eu sabia que ele acabaria indo. Não se foge do destino. Ele é o que é, é um cavaleiro de Athena.
— É o nosso destino... – murmurou Shun. – Nós não temos nada a perder, mas o caso do Shiryu é diferente, ele tem vocês. E mesmo assim acabou partindo sem saber se voltava.
— Ele sempre volta, não é? Eu sofro, é claro. Tenho medo, ainda mais agora que temos um filho, mas é como você disse, é o destino. Cada um tem uma missão neste mundo e precisa cumpri-la.
— Quero que saiba que pode contar comigo para o que for.
— E comigo também – disse Hyoga, que acabava de entrar no quarto.
“Estou ouvindo o Shun?”, perguntou-se Shiryu. Ouvia claramente agora, não apenas fragmentos de conversa. O esforço anterior tinha valido a pena. A névoa se dissipara. O líquido deixara de ser viscoso. Agora ele se sentia flutuando no mar, com as ondas levando-o de um lado pro outro. Era bom, mas esse balanço estava o deixando enjoado... Mas enjoo não era uma coisa boa? Estava sentindo algo, afinal. Era um sinal de que estava voltando.
“E o Hyoga... Os dois estão vivos”, constatou com alegria, e torceu para que Seiya e Ikki também estivessem.
“Ele ainda não acordou?”, Shiryu ouviu Hyoga perguntar, e Shunrei contou empolgada que ele tinha segurado sua mão horas atrás.
“Era a mão dela!”, ele surpreendeu-se ao saber. “Era ela tentando me puxar!”
— Ele vai acordar – Hyoga falou para Shunrei. – De nós cinco, ele é o único que tem duas fortes razões para voltar. Deixa eu ver o filho de vocês direito. Aquela visita foi meio tensa... Confesso que tomei um susto quando cheguei em Rozan e vi você com um bebê.
— Pareceu rápido demais, não é? – ela riu.
— Sim! Depois ele me contou a história de Shoryu e eu entendi. Vocês foram bastante corajosos ao assumir essa responsabilidade.
— Não podíamos fazer de outra forma – Shunrei disse. – Quando eu encontrei Shoryu, soube que ele tinha de ser nosso. É aquela coisa do destino outra vez.
— Ele não podia ter encontrado pais melhores – Shun falou.
— Ah, obrigada. Vocês deviam ir nos visitar em Rozan quando voltarmos! Adoraríamos receber vocês, dessa vez sem tensão, não é, Hyoga?
— É uma ótima ideia – concordou Hyoga. – Acho que precisaremos mesmo de um tempo longe de batalhas e hospitais. Ter uns dias de vida tranquila como a de vocês ia ser muito bom.
— Não está mais tão tranquila desde que esse mocinho chegou!
Shiryu ouvia tudo, queria participar da conversa, queria falar do filho, dizer que também adoraria recebê-los em casa. Ainda não conseguia fazer isso, mas não se sentia ansioso nem triste. Agora sabia que era como Shunrei tinha dito: só uma questão de tempo.
Continua...
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