Vivo escrita por Chiisana Hana


Capítulo 6
Capítulo VI




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Capítulo VI

Na Grécia há uma semana, Shunrei rapidamente criou uma rotina para facilitar o cotidiano com o filho. Passava algumas horas do dia no hospital, o restante na casa de Saori, cuidando de Shoryu e tentando mantê-lo confortável. Tinha a vantagem de não precisar cuidar dos afazeres domésticos e aproveitou-se disso para descansar o máximo que podia, já que não sabia quanto tempo ficaria longe de casa. Apesar de Shun ter se oferecido para ficar com Shoryu à tarde, ela preferia levar o bebê consigo para o hospital. Achava que ele era capaz e tinha boa vontade, mas teve alta há pouco tempo e ela não queria sobrecarregá-lo, além de não querer prendê-lo a uma responsabilidade que era dela.

Shunrei estava no hospital como todas as tardes e já ia despedir-se de Shiryu quando viu o cosmo dele brilhando intensamente. Então ela se aproximou e segurou a mão dele, que segurou a dela de volta. O cosmo elevou-se tanto que ela tinha certeza de que o dragão estava aparecendo nas costas dele.

“Não solte”, ele pensou. “Vamos, me puxe. Me ajude a sair.”

— Venha – ela disse e, como se ouvisse, segurou a outra mão dele. – Eu estou com você. Saia da prisão da sua mente e venha comigo.

Shiryu lutava para sair e, enquanto o fazia, sentia um calor envolvendo seu corpo. Era como se o fluido que o envolvia estivesse esquentando e evaporando. Pouco a pouco, ele sentindo o corpo mais leve, mais livre.

“Venha”, ele ouviu Shunrei chamar, e procurou concentrar-se. Sentia-se tão perto de sair... tão perto... Pensou em quando reverteu o fluxo da cachoeira pela primeira vez. Ele achava que era impossível, mas acabou conseguindo fazê-lo. Se podia fazer aquilo, se tinha subido aos céus e voltado, se tinha ido ao mundo dos mortos e retornado, ele podia sair daquele estranho coma. Ele sabia que podia. Então buscou forças em seu cosmo e sentiu o universo vibrando e se expandindo com ele. Quando o cosmo chegou ao ápice, ele abriu os olhos. Não viu nada a princípio. Havia apenas um clarão. Mas ele piscou várias vezes, acostumando-se novamente com a luz, e uma imagem surgiu: Shunrei, sorrindo pra ele, com os olhos marejados.

“Eu voltei!”, ele quis gritar, mas a voz não saiu.

— Meu amor! – ela disse, abraçando-o. – Eu sabia. Obrigada, meu Deus!

“Meu amor”, ele repetiu em pensamento e sorriu. “É tão bom ver você.”

— Shunrei – ele finalmente conseguiu falar num fiozinho de voz baixo e arrastado. – Eu lutei tanto pra voltar...

— Eu não sei como, mas senti você fazendo isso. Você me ouvia?

— Sim, eu ouvia você... ouvia Shoryu.

— Ah, você também ouviu as risadinhas dele?

— Sim. Onde ele está?

— Ele está aqui – ela disse, pegando o adormecido bebê no carrinho e mostrando ao pai, que se emocionou ao vê-lo.

— Quanto tempo se passou? – ele perguntou, erguendo a mão para acariciar a cabeça do filho. À medida que ia falando, a voz ia se encorpando e voltando ao normal.

— Foram pouco mais de duas semanas desde que você partiu.

— Pareceu tanto tempo... eu vi tanta coisa... – ele disse, e ponderou se devia contar a Shunrei sobre a visão que teve. Já que não tinha morrido no campo de batalha, então aquele futuro podia se concretizar? Poderia morrer de velhice, rodeado por filhos, netos e bisnetos? Ou ainda não tinha acabado? Ainda haveria outra guerra? Ele acabou decidindo não falar nada. Pelo menos não nesse momento.

— Foi até rápido, né? – ela disse e sorriu. Queria ficar ali, abraçada a ele, com Shoryu aninhado entre os dois, mas sabia que precisava chamar os médicos. Deu um beijo na testa dele e apertou a campainha. Em poucos minutos o quarto ficou cheio de médicos e logo Shiryu foi levado para exames. Ela aproveitou para avisar a Saori, que ainda estava no hospital ao lado de Seiya, e telefonar para Shun e Hyoga. Quando ela voltou para o quarto, não demorou muito para trazerem Shiryu de volta.

— Ele está bem – disse-lhe o médico que o acompanhou.

— Estou muito feliz por isso! – ela disse, tentando conter Shoryu que se agitou ao ver o pai acordado.

— Vamos deixá-lo em observação e ver como evolui – continuou o médico. – Se tudo correr bem, ele deve ter alta em breve.

Ela agradeceu e o profissional finalmente os deixou a sós.

— Papai está de volta, meu amor! – Shunrei disse ao filho, que abriu os bracinhos querendo o colo do pai. – Ainda não, querido. Logo, logo você estará no colinho dele, mas agora não.

— Olá, meu rapazinho – disse Shiryu, segurando uma das mãozinhas do bebê, que dava gritinhos de satisfação.

Shunrei notou que Shiryu estava emocionado, então resolveu colocar Shoryu na cama, ao lado dele, e abraçou os dois.

— Eu estou de volta – ele disse, deixando que as lágrimas fluíssem. – E com uma vontade imensa de viver. A determinação que me fez atravessar a distorção do espaço-tempo e voltar para lutar é a mesma que eu tenho agora para seguir em frente.

— Eu sei, meu amor – ela afirmou, enxugando as lágrimas dele com uma pontinha da manta de Shoryu. – E eu estarei do seu lado como sempre estive.

“Eu estou vivo”, ele pensou. “Tenho que continuar vivo para amar Shunrei, criar nosso filho, fazer nossa família crescer. Aquele futuro que eu vi pode ser construído dia a dia, passo a passo. O Deus Dragão me reconheceu na batalha contra Écarlate. Eu sou um guerreiro, sigo o caminho de um guerreiro, e não hesitarei novamente se for chamado outra vez para lutar, mas apesar de tudo ainda estou vivo e tenho que honrar essa benção. Serei um bom marido, um exemplo de coragem para o meu filho e um orgulho para o meu mestre, onde quer que ele esteja.”

Continua...


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