Miraculous - Defensores de Paris escrita por Blue Blur


Capítulo 21
Esperança


Notas iniciais do capítulo

Cicatrizada da terrível batalha contra Pain-e, Marinette é obrigada a lidar com uma nova e sombria realidade: a de passar o resto de sua vida confinada numa cadeira de rodas, sendo lembrada constantemente do terrível erro que cometera, que lhe custara também seu Miraculous. Porém, um segredo relacionado ao passado, à própria história dos Miraculous, é revelado a Diego, que agora tem motivos mais do que de sobra para por em prática um plano repleto de astúcia.



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Havia se passado cerca de duas semanas após o incidente de Pain-e e Marinette agora já podia circular pelo hospital. Seus pais ficaram o tempo todo com ela, dia e noite. Tom volta e meia trazia da padaria algum agrado para a filha, apenas para rever aquele sorriso alegre que ela costumava ter. Aquelas semanas haviam se passado lenta e tristemente. Quando Marinette recebeu alta, seus pais a levaram na cadeira de rodas até a saída, mas no caminho a garota mestiça viu um rosto que não esperava encontrar: Jacques Olivier.

(Marinette): Pai, espera, me leva até o Jacques.

Depois que Tom atendeu seu pedido, Marinette notou que Jacques também compartilhava de uma expressão de angústia e tristeza, mas era diferente da dos outros.

(Marinette): Jacques, o que aconteceu?

(Jacques): Uma coisa terrível, Marinette. Depois da... tragédia que aconteceu com você, a cidade simplesmente virou de ponta cabeça. Os criminosos simplesmente ficaram fora de controle! Todos estão falando de um brutamontes com máscara de caveira que está reunindo criminosos de tudo que é canto. Dizem que ele está planejando algo enorme!

(Marinette): Mas e a sua mãe? Digo, a capitã Charlotte! Ela não...?

O olhar cabisbaixo que Jacques lançou fez com que Marinette interrompesse sua pergunta na metade.

(Marinette): Jacques, cadê a sua mãe?

(Jacques, com um nó na garganta): Ela está nesse quarto.

Jacques entrou no quarto com Marinette e os pais dela. A mestiça cobriu a boca em choque ao ver a cena: Charlotte estava com o rosto cheio de hematomas e cortes, um dos olhos horrivelmente inchado. O braço direito e a perna esquerda dela estavam engessados.

(Marinette, chocada): Charlotte! O que aconteceu com você?

(Sabine): Marinette, vamos. Precisamos deixar Charlotte descansar.

(Marinette): Não mãe, eu quero ficar com a capitã Olivier!

(Charlotte): M-M-Marinette...

(Marinette): Estou aqui, Charlotte.

(Sabine): Nós vamos deixar vocês três a sós.

Sabine e Tom saíram, deixando apenas Marinette, Charlotte e Jacques no quarto.

(Marinette): O que aconteceu?

(Charlotte): Um... ak-k-kumatizado... ele usava...

(Marinette): ... uma máscara de caveira. Eu sei, foi ele que fez isso comigo.

(Charlotte): Também... m-m-mas havia outro... ele u-u-usava um olho m-m-mecânico... era muito b-b-bom de mira.

Marinette ficou perplexa. Hawk Moth não havia akumatizado apenas um dos líderes da Surveillance, mas também outro inimigo, que provavelmente devia ser o outro líder da Surveillance, Presque Rien.

(Marinette): O que ele fez?

(Charlotte): E-E-Ele libertou praticamente t-t-todos os presidiários que eu estava v-v-vigiando.

(Marinette): Oh meu Deus!

(Charlotte): Há um exército de c-c-criminosos lá fora! Ouço boatos de que S-S-Surveillance planeja algo grande! *suspiro* C-C-Como eu queria que a Ladybug estivesse aqui.

Marinette suspirou ao perceber a cruel ironia presente na frase da capitã da polícia.

(Marinette): Charlotte... Ladybug está morta.

(Charlotte): O quê?

(Marinette): Eu vi o akumatizado da máscara de caveira trucida-la logo depois de quebrar minha coluna.

Marinette viu que Jacques mostrou uma expressão de terror, como ela esperava. Charlotte, por outro lado, mantinha a serenidade no olhar.

(Jacques, aterrorizado): Primeiro minha mãe, agora a Ladybug! Paris vai cair em um estado de anarquia!

(Charlotte, firme): Não, não vai. Eu ainda estou viva, não vou deixar que a Surveillance destrua essa cidade como destruiu minha família. A Ladybug... também não vai permitir isso.

(Marinette, séria): Você não entendeu, Charlotte? Eu disse que a Ladybug está morta!

(Charlotte): Q-Q-Quem está morta... é apenas a garota que vestia o traje.

(Jacques): Como assim, mãe?

(Charlotte): Um inimigo pode quebrar pessoas... p-p-pode quebrar prédios... máquinas... m-m-mas não importa quão forte ele seja, ele não pode quebrar uma ideia!

Os dois jovens ficaram boquiabertos ao ouvirem as pérolas de sabedoria de Charlotte. O corpo da capitã da polícia estava muito ferido, mas seu espírito ainda estava forte.

(Charlotte): A vida me ensinou que heróis são pessoas que fazem o que é necessário, enfrentando as consequências! Is-so inspira as pessoas... a lutarem pelo amanhã... mesmo que L-L-Ladybug tenha morrido... cedo ou tarde uma nova Ladybug irá surgir... eu tenho certeza disso...

(Jacques, chorando): Mãe...

(Charlotte, estendendo a mão boa para Jacques): Tenha fé, meu filho...

Aquelas poucas palavras tocaram o coração de Marinette. Mesmo depois de tudo o que acontecera, Charlotte ainda acreditava na heroína que um dia tanto odiara, mesmo que a própria Marinette não acreditasse mais.

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(Tuggi, espantada): Você quer fazer o quê, Diego?

(Diego): É isso mesmo! Meu Miraculous tem o poder da não-letalidade, o poder de proteger o portador de ferimentos potencialmente letais! Talvez, se usarmos esse poder, possamos regenerar a coluna de Marinette! E então, o que você acha?

Tuggi ficou cabisbaixa por alguns momentos, sem encarar seu amigo humano.

(Diego, estranhando): Tuggi, você está legal?

(Tuggi, encarando Diego com fúria): Você é louco, Diego? Nós já perdemos a Ladybug, e agora você quer acabar com o poder do Chapolin Colorado? Qual é o seu problema, garoto?

(Diego, com raiva): Qual é o meu problema? QUAL É O MEU PROBLEMA??? Minha melhor amiga foi parar numa cadeira de rodas por causa de um akumatizado! Eu podia ter evitado isso se estivesse lá para lutar com ele! Ele não teria conseguido quebrar minha coluna por causa do meu poder! Agora eu só estou tentando reparar meu erro, como um homem faria!

(Tuggi, furiosa): Não tem nada para ser consertado! Nada disso é culpa sua! Supera isso e siga em frente! Paris está à beira de um colapso com dois akumas soltos, dezenas de presidiários foragidos e um dos Miraculous mais fortes nas mãos de um chefe da máfia! É com isso que temos que nos preocupar: recuperar o Miraculous da Ladybug e deter Hawk Moth!

(Diego, furioso): Não acredito que você está dizendo isso! Quer dizer que você se importa mais com um par de brincos estúpidos do que com a vida da minha melhor amiga?

(Tuggi, chorando): Não ouse falar assim da minha irmã, humano!

Diego ficou boquiaberto. Era impressão dele ou sua kwami havia acabado de chamar os brincos da Ladybug de “irmã”?

(Diego): Tuggi, do que você está falando?

(Tuggi, chorando): Há muito tempo, pouco mais de 5000 anos, os Miraculous de Ladybug e Chat Noir foram forjados. Eram os mais fortes que haviam sido feitos até então, sendo responsáveis pela criação e destruição. Mas séculos depois, quando esses Miraculous começaram a cair nas mãos de pessoas cruéis como a pirata Zheng Shi e o guerreiro mongol Genghis Khan, foi decidido que seria criado um terceiro Miraculous, para agir como guardião. Foi aí que eu nasci, minha missão era resgatar Tikki e Plagg de pessoas malignas que usassem os poderes deles para o mal.

(Diego): E onde entra a parte dessa tal... “Tikki” ser sua irmã?

(Tuggi): Quando meu Miraculous foi forjado, usaram como base o Miraculous da Ladybug como fonte parcial de meus poderes. Você nunca estranhou o fato de ter o poder de criar equipamentos de batalha, do mesmo jeito que a Ladybug faz? Ou de ter tamanha sorte, mesmo enfrentando alguém mais forte?

(Diego): E então, o que aconteceu?

(Tuggi): Para que eu pudesse enfrentar inimigos cruéis que controlavam os poderes de Ladybug e Chat Noir, eu recebi o poder da não-letalidade: a capacidade de receber todo tipo de dano, desde socos e chutes até golpes de armas brancas e disparos de armas de fogo. Eventualmente, eu resgatei Tikki e Plagg, e virei amiga dos dois, mas era com Tikki que eu tinha um vínculo fraternal mais forte. Afinal, foi ela que inspirou a criação do meu Miraculous, ela era praticamente minha irmã mais velha!

Diego ficou admirado com tudo aquilo, agora realmente muita coisa fazia sentido: os poderes dele, a ligação dele com Ladybug. Explicava até o motivo do porquê, como Chapolin Colorado, ele viver pegando no pé de Chat Noir. Certamente era Tuggi tendo mais uma de suas crises de ciúmes e descontando no parceiro felino.

(Tuggi, chorando): Desde que eu falhei em proteger Tikki, eu sempre me olho no espelho me sentindo a pior kwami do mundo! Eu sinto vergonha de mim mesma! A Tikki nunca vai me perdoar pelo que aconteceu com a amiga humana dela, nunca!

(Diego): Tuggi, não diga uma coisa dessas! Se ela é mesmo sua irmã mais velha de consideração, como você diz, então ela vai lhe perdoar sim. Mas o fato de você ter falhado uma vez não deve servir como motivo para você desistir. Tuggi, tem uma garota confinada numa cadeira de rodas por culpa de uma crueldade arquitetada por Hawk Moth! Se Tikki estivesse aqui, o que ela pediria para você fazer?

(Tuggi, sorrindo enquanto enxuga as lágrimas): Tentar concretizar seu plano louco.

(Diego, sorrindo): Então Tuggi, vamos defende-la!

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Após mais três longas semanas, Marinette agora estava em casa. Na volta, ela pediu para seu pai que a deixasse sozinha no quarto. Lá dentro, a garota estava refletindo nas palavras de Charlotte: a fé que a policial manifestou era impressionante. De fato, se, de alguma forma, os brincos de Ladybug fossem recuperados, eles poderiam ser entregues à uma nova portadora, que poderia continuar a defender Paris dos akumas de Hawk Moth. Mas como ela recuperaria? Tudo isso parecia simplesmente impossível

(Marinette, triste): Ah Tikki... me desculpa... se eu tivesse seguido o conselho do Mestre Fu... agora você está nas mãos de um maníaco, eu estou confinada numa cadeira de rodas e o legado de Ladybug está acabado... Só um milagre vai salvar Paris da máfia agora.

Bem nesse momento, ela ouviu batidas na janela do seu quarto.

(Marinette): Mas o que o Chat Noir faz aqui?

Quando Marinette abriu a janela, ao invés de ver o ex-companheiro de olhos verdes, ela viu o seu outro companheiro de antenas vermelhas.

(Chapolin): Ora essa, moça, que história é essa de me confundir com aquele gato besta? (Pensamento: Droga Tuggi, não é hora para isso!)

(Marinette): C-C-Chapolin? O que você faz aqui?

(Chapolin, olhando para as paredes): Minha nossa, você é mesmo fissurada por aquele loiro aguado da revista de moda, né?

(Marinette, bem avermelhada): *Iiiirrrrcccc* N-N-Não é n-n-n-nada disso, viu? Eu só... eu só... admiro o trabalho dele, entende?

(Chapolin, sorrindo): Uhum, sei...

(Marinette, séria): Escuta Chapolin Colorado, eu não pedi para alguém vir me defender, então se você não tem nada melhor para fazer, é melhor...

(Chapolin, ficando sério): Espera Marinette, eu vim te ajudar.

(Marinette): Me ajudar com o quê?

(Chapolin): ...você sabe... o lance... da cadeira de rodas... acho que posso resolver isso.

Marinette estava intrigada, será possível que o Chapolin ia dizer o que ela estava pensando?

(Chapolin): Não sei se você sabe, mas o meu Miraculous... tem o poder da não letalidade. Ele me protege de ferimentos que matariam um jovem normal em questão de segundos.

(Marinette, sorrindo levemente): Tipo quando você enfrentou o sammy falso criado pela Sonata Mortífera?

(Chapolin, sorrindo): Ééééé, bem isso mesmo, hehe.

(Marinette): Mas o que isso tem a ver comigo?

(Chapolin, sorrindo): Acredito que o poder do meu Miraculous pode curar sua coluna. Você vai voltar a andar, Marinette.

Marinette ficou chocada. Claro, ela estava muito feliz só de pensar na hipótese de voltar a andar. Porém, para isso, Chapolin teria que remover seu Miraculous e revelar sua identidade secreta!

(Marinette): Não, Chapolin Colorado, você não pode fazer isso?

(Chapolin): O quê?

(Marinette): Se você tirar seu Miraculous, vou acabar descobrindo sua identidade secreta! Isso só vai lhe trazer muitos problemas! Olha o que aconteceu comigo depois que eu e Chat Noir descobrimos nossas identidades secretas!

(Chapolin): Eu vim preparado. Trouxe uma venda, assim posso remover meu Miraculous sem você ver quem eu sou de verdade.

Chapolin tapou os olhos de Marinette com a venda vermelha, depois entregou seu Miraculous para a garota mestiça. Chapolin Colorado voltou a ser o jovem Diego Rodrígues Broussard.

(Diego): Vou ficar escondido embaixo da sua cama. Não vá me bisbilhotar, hein?

Marinette então tirou a venda e olhou ao redor, sem ver o Chapolin. Sua cadeira de rodas estava de costas para a cama, então ela não podia visualizar direito o rapaz mexicano, que espertamente havia se ocultado ainda mais usando algumas almofadas para tapar o espaço que o deixava descoberto. Marinette então colocou o cinto do Chapolin Colorado e, assim como aconteceu da primeira vez que conheceu Tikki, um brilho inundou seu quarto e Tuggi apareceu. Por dentro, Marinette estava com um largo sorriso porque aquilo fazia ela se lembrar de Tikki. Mas ela não podia demonstrar isso senão daria pistas sobre sua outra identidade, então ela resolveu atuar como se aquela fosse a primeira vez que via uma kwami.

(Marinette, fingindo estar com medo): Ahhhh, é um... inseto gigante! Um rato! Um rato-inseto!

(Tuggi, tentando “acalmar” a garota): Ei, que papo é esse de me chamar de rato-inseto? Me respeita, ô Bárbara Gordon! Sou uma kwami!

(Marinette, mal disfarçando o riso enquanto tenta jogar coisas na Tuggi): Ahhhhh, o rato-inseto está falando!

Claro que Marinette não estava nem um pouco assustada, mas aquela sensação nostálgica... era indescritivelmente agradável! Ela queria sentir aquilo novamente!

(Tuggi): Olha Marinette, eu sei que isso pode ser muito estranho, mas eu vim ajudar você. Se acalme, por favor!

(Marinette): T-Tudo bem. Como você quer me ajudar?

(Tuggi): Bem, como o Chapolin Colorado já disse, eu tenho o poder da não-letalidade. Você só precisa dizer “Tuggi, vamos defende-los”.

(Marinette): Está bem... Tuggi, vamos defende-los!

Aconteceu: Uma luz brilhante amarela e vermelha recobriu o quarto de Marinette e ela se transformou numa versão feminina do Chapolin Colorado. Debaixo da cama de Marinette, Diego observava tudo atentamente e com muita expectativa.

(Diego): Marinette, agora tenta se levantar da cadeira de rodas!

Marinette ouviu a voz do Chapolin Colorado, agora destransformado, mas respeitou a vontade dele e não tentou xeretar sobre sua forma civil. Com pouca confiança, Marinette segurou firme nos braços da cadeira de rodas e fez um esforço tremendo para se levantar. Suas pernas não respondiam de jeito nenhum, mas ela não desistiu.

(Diego, pensando): Você consegue, Marinette!

Marinette se apoiou sobre suas pernas, sem largar da cadeira. Foi aí que ela notou algo estranho: suas pernas estavam firmes, apesar de ela não conseguir movê-las. Marinette estava morrendo de medo de tomar uma queda horrenda, o que seria gravíssimo no estado de saúde atual dela, mas ela também tinha muita fé no amigo herói que apareceu para ajudá-la, então ela parou de se apoiar na cadeira de rodas, jogando todo seu peso para cima de suas pernas.

O impossível aconteceu: apenas cinco semanas haviam se passado desde o trauma que ela sofrera, mas graças ao poder do Miraculous de Chapolin Colorado ela estava lá, de pé, firme, mesmo com todos os médicos falando que ela jamais voltaria a andar. Algo miraculoso estava acontecendo, e Diego observava tudo aquilo maravilhado, ainda debaixo da cama de Marinette.

(Diego, com um largo sorriso): Não fique aí parada Marinette! Vamos, você vai conseguir!

Marinette sentiu como se suas pernas pesassem mais do que colunas de concreto. Mesmo fazendo um esforço colossal, ela conseguiu dar um, dois, três, quatro passos. Apesar de ainda caminhar muito lentamente, ela já conseguia dar passos com maior firmeza. Então ela se sentou no chão, de costas para a cama, removeu o Miraculous e jogou para debaixo da cama, sem se virar.

(Marinette): Pega Chapolin!

Diego pegou o cinto e se transformou novamente no Polegar Vermelho, então saiu de baixo da cama para falar com a amiga..., mas não sem antes, é claro, fazer algo bobo, como bater com a cabeça na quina da cama.

(Marinette): Chapolin! Você se machucou?

(Diego): Não, fiz intencionalmente para treinar meus ataques de cabeçada. Todos os meus movimentos são friamente calculados.

(Marinette): *Rrrnnnggg* N-Não consigo me levantar mais! Chapolin, sem o seu Miraculous... eu não consigo... *começa a ficar triste de novo* eu não tenho mais os seus poderes...

(Chapolin, sorrindo): Marinette, você não precisa deles. Se a capacidade de se regenerar sumisse depois de desativar a transformação, então eu deveria estar morto há um tempão. Lembra do incidente do Sammy? Pois é... vamos Mari, você vai conseguir! Aqui, segura minha mão.

A garota mestiça segurou a mão de Diego, que a puxou com força para novamente coloca-la de pé. Apesar de Marinette sentir seus pés bambearem, ela já estava novamente de pé.

(Chapolin, sorrindo): Agora Marinette, comece a caminhar.

Com mais um esforço colossal, Marinette deu o primeiro passo, agora em sua forma civil. Logo depois deu o segundo, então o terceiro, e depois deu o quarto. Era algo miraculoso! Claro que ela andava de forma lenta e pouco firme, quase como uma criança dando seus primeiros passos, mas para alguém que estava aparentemente confinada à uma cadeira de rodas, aquilo era algo incrível. Marinette não conseguiu mais conter as lágrimas de alegria e se jogou em cima do super-herói vermelho.

(Marinette, chorando de alegria): Obrigada, Chapolin Colorado! Muito obrigada! Eu nem sei como te agradecer!

Diego, em sua forma de super-herói, ficou lá abraçando a amiga. Seu plano havia dado certo: Marinette voltou a andar. Claro que ela tinha ainda dificuldades para andar, mas isso era provavelmente porque ela passou muito tempo sem exercitar as pernas. A vontade do rapaz era ficar ali, abraçando a amiga por um tempão. Pena que não foi possível: suas anteninhas começaram a apitar, e já estavam ficando amarelas.

(Chapolin): Marinette, eu preciso ir agora. Minha transformação está se esgotando.

(Marinette, sorrindo): Adeus Chapolin.

Chapolin Colorado saiu pela janela e foi saltando até sua casa.

(Marinette): Mãe! Pai! Venham cá ver isso!

Tom e Sabine foram correndo até o quarto de Marinette e ficaram boquiabertos com o que viram: a filha estava de pé e conseguindo andar razoavelmente bem, para alguém que sofreu um trauma terrível na coluna vertebral. Os pais não se contiveram diante daquela cena emocionante e se envolveram num abraço muito apertado!

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Diego estava em seu quarto, olhando enquanto Tuggi devorava um sanduíche de presunto. O rapaz mexicano não conseguia tirar o largo sorriso de seu rosto ao se lembrar da boa ação que fizera ainda há pouco. Tuggi percebeu o sorriso do amigo humano e parou de comer seu lanche para mostrar o quanto estava feliz também.

(Tuggi, sorrindo): Você conseguiu Diego, meus parabéns!

(Diego, sorrindo): Nós conseguimos, Tuggi. Se não fosse pelos seus poderes, nada disso teria sido possível.

Ao ouvir essas palavras Tuggi se sentiu lisonjeada, mas também um pouco culpada pelo que disse mais cedo: que queria usar os poderes para ajudar a recuperar o Miraculous da Ladybug ao invés de “perder tempo” ajudando uma garota que já era um caso perdido.

(Tuggi, séria): Diego, sobre o que eu disse mais cedo... sobre sua ideia de ajudar a Marinette... me desculpe. Eu não sei o que deu em mim.

Diego não desmanchou o sorriso, e agora fazia um pequeno agrado na cabecinha da kwami.

(Diego): Ei, não se martirize por conta disso. Tikki é sua irmã, é normal você se preocupar com ela. Escuta, eu prometo que nós vamos recuperar o Miraculous de Ladybug e salvar sua kwami-irmã, está bem?

(Tuggi, sorrindo): Eu já te contei que você é o melhor amigo que uma kwami poderia desejar?

(Diego): Awwwn, você está falando isso da boca para fora!

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Nesse meio tempo que Marinette já havia recebido, outra pessoa também já estava em sua casa: Charlotte Olivier. A capitã da polícia havia recebido um período de folga para se recuperar psicologicamente de tudo o que havia lhe acontecido. Agora ela estava sozinha em casa, já que seu filho estava na escola. Ela estava em seu quarto, no computador, lendo dezenas de notícias, todas sobre jornalismo policial, uma com uma manchete mais sinistra que a outra.

“Elemento armado com arma de fogo desconhecida ataca presídio e liberta 50 presos”

“Sujeito com máscara de caveira ataca 10 policiais, deixando-os em estado grave”

“Loja de armas invadida por criminosos. Suspeita-se de envolvimento da máfia”

“Foragidos armados com equipamento militar atacam delegacia de polícia”

As notícias que Charlotte lia seguiam todas esse mesmo padrão. A mulher loira suspirou profundamente, sua amada cidade estava lentamente caindo nas mãos da máfia. Seu falecido esposo havia dedicado grande parte da vida combatendo a máfia, só para que agora ela fracassasse miseravelmente nessa missão. A briosa capitã da polícia de Paris nunca havia se sentido tão impotente.

Porém, uma daquelas notícias chamou a atenção de Charlotte. Curiosamente, não se tratava de nenhuma notícia postada por algum site jornalístico importante, mas sim por um blog. A manchete dizia:

“A queda da defensora de Paris! Testemunha de ataque de akuma diz ter visto Ladybug ser morta na frente dela! ”

Charlotte não leu essa notícia, já sabia perfeitamente a quem se referia: Marinette Dupain-Cheng. Charlotte simplesmente não conseguia imaginar o terror que a jovem garota passou nas mãos do mesmo monstro que a atacou e quase quebrou seu corpo em pedaços enquanto ela tentava proteger seu parceiro, o tenente Roger.

Lembranças começaram a inundar a mente de Charlotte: lembrou-se das diversas vezes que tentou ameaçar Ladybug com uma arma de fogo. Lembrou-se das vezes em que chegou a atirar contra a heroína e seu parceiro, inclusive quando ela acertou o ombro de Chat Noir naquela noite antes de seu próprio filho ter sido akumatizado. Lembrou-se também de quando a heroína, destemidamente, enfrentou os agentes da máfia, derrubando todos eles mesmo lutando numa desvantagem de 10-15 para um.

Ao pensar nessas lembranças, Charlotte sentiu vergonha por ficar alimentando pensamentos de impotência. Ladybug e Chat Noir eram apenas dois jovens, da idade do filho dela, usando seus poderes para lutar contra a máfia. A única arma de Ladybug era basicamente um brinquedo: um simples ioiô. Mesmo assim, era tudo o que ela precisava para confrontar dezenas e dezenas de mafiosos armados com pistolas e fuzis. Enquanto isso, a capitã da polícia de Paris; veterana; treinada em kung-fu, caratê e defesa pessoal; especialista em desarme e uso de armas de fogo; estava ali, sentindo pena de si mesmo enquanto Paris inteira pouco a pouco mergulhava no caos.

(Charlotte, pensando): Eu não tenho tempo para ficar sentindo pena de mim mesma! Minha amada cidade está à beira de uma guerra civil encabeçada pela máfia! Agora que Paris não tem mais a Ladybug, mais do que nunca eu tenho que estar preparada para proteger Paris... ou morrer tentando!

Charlotte se levantou da frente do computador e quase tropeçou e caiu no chão. Ela ainda tinha sequelas de seus ferimentos. Olhou de relance para a bengala apoiada na cadeira em que estava sentada, mas resolveu não a usar por uma questão de orgulho. Andando de forma manca, mas cheia de determinação, Charlotte foi até a garagem, entrou no carro e o dirigiu apenas até a frente de casa, estacionando-o lá. Depois voltou para a garagem. Ela costumava usar esse lugar da casa para treinar artes marciais. Charlotte pegou dois cassetetes de policial que estavam numa mesa, ao lado de uma fotografia que mostrava Charlotte, mais jovem, com seu filho, que ainda era criança, e um homem, que era seu marido Achilles.

(Charlotte, cochichando): Farei isso por nossa família.

Pegando os dois cassetetes e empunhando-os como tonfas, Charlotte foi caminhando, em guarda, até um saco de pancadas, onde estava colada uma foto de Presque Rien. A mulher fez uma expressão de raiva e voltou a falar sozinha.

(Charlotte, cochichando): Não vou deixar que você e seu grupo de psicopatas façam com Paris o mesmo que fizeram com minha família!

Charlotte começou a desferir vários golpes contra o saco de pancadas, iniciando um treinamento intenso. Ela não ligava mais para a dor de suas feridas, ou para as notícias sobre os ataques criminosos que beiravam o terrorismo, ou para a tristeza sobre a morte de Ladybug. Agora, tudo o que importava para ela era ficar mais forte para proteger Paris das garras da Surveillance.


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Notas finais do capítulo

Tcharans! Eu disse, não disse? Disse que tinha um motivo muito forte para fazer Ladybug ir parar numa cadeira de rodas, não disse? Pois é, aí está a grande revelação: Tikki e Tuggi são irmãs, ou quase. Esse conceito eu fui criando na minha cabeça espontaneamente: primeiro eu percebi que o poder especial que eu criei para o Chapolin Colorado, Astúcia, não era muito diferente do poder Talismã da Ladybug. Depois percebi que ambos são personagens que frequentemente contam com a sorte para vencer os oponentes, sem falar em como são desajeitados (com a diferença de que Ladybug é desajeitada em sua forma civil, enquanto o Chapolin é desajeitado como herói). Daí eu pedi para a leitora beccadesings11 fazer um desenho da Tuggi, de forma que fosse parecida com a Tikki (inclusive eu botei num dos capítulos o link) e voilá, o conceito estava pronto!

A ideia de fazer Tuggi ser a caçulinha veio de uma pesquisa que fiz sobre as duas franquias: a aparição mais antiga da Ladybug é mostrada no episódio "O Faraó", onde há um hieróglifo mencionando uma Ladybug no Egito Antigo. Já na franquia Chapolin, o episódio onde mostra a aparição mais antiga do Chapolin se chama "A Bruxa Baratuxa", que mostra o herói na Idade Média, ou pelo menos parece isso. Com base nisso defini a idade das duas para usar nessa fanfic, a não ser, é claro, que mais alguém conheça um episódio do Chapolin ambientado ANTES do Egito Antigo.

Ah, e é exatamente agora que vocês devem começar a formular suas teorias sobre o que aconteceu com a família de Charlotte. Se bem que acho que deixei as coisas um tanto óbvias nesse final.

A propósito, quero agradecer à leitora beccadesings11 pela fanart que ela fez da Lila, mostrando a cena onde ela começa a chorar porque seu melhor amigo vermelho não acredita que ela é inocente de ter contribuído para Ladybug ser partida ao meio. Achei incrível uma leitora que se autodeclara como sádica ter ficado tão tocada com essa cena.

Link: https://plus.google.com/u/0/photos/photo/111284235825141630573/6381916498761647554?icm=false&authkey=CJK-6u-I4vX8Vw

Enquete rápida: Vocês acham que Charlotte Olivier deve descobrir a verdadeira identidade de Ladybug e Chat Noir? Afinal, ela é uma policial, ela deve ter habilidade investigativa, ou mesmo descobrir por acidente. Isso certamente daria um impacto enorme, se não nessa, numa possível segunda temporada. O que vocês me dizem?



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