Guardiões escrita por Godsnotdead


Capítulo 44
Desfecho parte I.




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Estava tão descontraído e imerso na conversa animada com meu novo amigo que não percebi de imediato que Elizabeth não estava mais ao meu lado. Olhei em volta apreensivo a procura dela, mas não vi nem sinal de minha namorada.

— Com licença senhor Murray. - Interrompi o falatório do taberneiro. - Preciso encontrar minha dama.

— Claro rapaz. - O homem fez uma pequena reverência. - Foi bom reencontrá-lo. – Saí torcendo para não ter soado mal educado. No momento estava mais preocupado em encontrar Elizabeth.

Andei pelo salão buscando pela morena, no entanto não vi nem sinal dela. E ninguém parecia ter visto para onde ela foi.

— Edward. Você viu Madison? – A voz de lorde Sky mostrava que estava tão apreensivo quanto eu.

— Não. Também não vejo Elizabeth. - Trocamos olhares preocupados. Uma pontada de mau pressentimento contraiu meu coração. Algo estava errado e tinha medo de descobrir o que era.  

— Que caras preocupadas são essas rapazes? - Lorde alterf nos abraçou pelos ombros.

— Não achamos Elizabeth nem Madison.  - O sorriso do lorde desapareceu com a minha resposta.

— Vamos procurá-las.

Nós três nos misturamos entre os convidados perguntando se haviam visto alguma das garotas. A quantidade de pessoas reunidas ali tornava a tarefa de rastrear a aura das duas uma tarefa difícil. Entrei em um corredor aparentemente vazio, o cheiro metálico de sangue invadiu meu olfato sensível. Por favor, que não seja nenhuma as duas. Corri seguindo a trilha deixada pelo cheiro, podia ouvir os passos dos outros dois guardiões logo atrás de mim. Com toda certeza eles também sentiam o mesmo que eu.

Conforme o cheiro ficava mais forte, conseguia captar traços de aura. Meu sangue gelou nas veias ao reconhecer aquela energia. Virei uma esquina encontrando Lizie caída sobre uma poça de sangue.

— Não. – Ajoelhei-me e a tomei em meus braços. Sua respiração era quase imperceptível; sua força vital estava cada vez mais fraca. Senti lágrimas descerem por minha face. – Agüente Lizie, por favor. – Pressionei seu ventre tentando estancar o fluxo de sangue. – Não pode me deixar. – Solucei. – Minha existência não tem sentido se você não estiver comigo...

— Céus! – Lorde Sky e lorde Alterf finalmente me alcançaram.

— Meu senhor... Ajude-me. Não deixei-me perdê-la... – Implorei se me importar se estava sendo patético.

— Ed... – Ele olhou-me torturado. – Não há nada que eu poça fazer... Sinto muito...

— Não... – Enterrei a face em seus cabelos. – Não a motivo para que eu continue vivendo... – Murmurei ouvindo os batimentos cardíacos dela cada vez mais erráticos.

— Há um jeito. – Ergui a cabeça e olhei esperançoso para o conselheiro. – É algo que os conselheiros de Guardia mantiveram em segredo.  É arriscado, mas vai salvá-la.

— Faço qualquer coisa. Não importa o preço que terei de pagar.

— Divida sua imortalidade com ela. Mas saiba que vocês dois estarão irreversivelmente ligados. Enquanto você viver Elizabeth viverá.

— O que devo fazer? – Mal controlava meu desespero.

— O colar. Vocês dois devem segurar juntos. – Prontamente tateei o pescoço em busca do fecho. Os dedos trêmulos dificultaram essa simples tarefa.

            Abri a mão dela e coloquei o pingente em seguida cobri com a minha. O calor do artefato envolveu nossas mãos.

— Sinta seu poder Edward e deixe-o fluir para ela. – Fechei os olhos e fiz o que ele pediu.

            Senti meu poder escorrendo por entre meus dedos e fluindo para Elizabeth. Um puxão em meu estomago me fez arfar. Algo puxava minha essência. Minha cabeça girou; minha mão que segurava a de Elizabeth esquentou inacreditavelmente. Meu corpo pesou e senti-me exausto como se tivesse corrido uma maratona; minha testa ficou pegajosa de suor.

            A mão dela sob a minha fechou-se com força ao mesmo tempo que inspirava ruidosamente como se não houvesse ar suficiente para ela. Abri os olhos a tempo de vê-la abrindo os dela.

— Edward... – A voz dela estava incerta. Lizie parecia tão exausta quanto eu. – Levaram... Mady... Tentei... Impedir...

— Shhhh. Poupe suas forças fada. Iremos procurá-la. - Levantei e a peguei no colo. Inspirei buscando por ar. A transição que acabara de fazer havia mesmo me deixado esgotado. Os olhos castanhos de Elizabeth me fitaram preocupados. Sorri para tranqüilizá-la. Estaria bem se ela estivesse bem.

— Leve-a para o quarto. Enquanto isso eu e Sky faremos uma varredura pelo castelo. - Assenti.

Mesmo que quisesse protestar, o tom incisivo do senhor do castelo deixou bem claro que não haveria lugar para objeção. Voltei pelo corredor enquanto os dois guardiões seguiram em frente. Retornei para o salão onde a música continuava animada. Ninguém havia percebido nada de incomum. Antes de chegar à escadaria avistei um guarda que fazia a “segurança” dos convidados e o chamei.  Prontamente ele veio até mim. Estava inconformado com os eventos que aconteceram bem debaixo de meu nariz.

— Avise aos outros guardas que não deixem ninguém sair sem a ordem do senhor do castelo. Procurem por qualquer coisa suspeita.

— Desculpe a impertinência senhor, mas qual o problema? – O homem perguntou curioso.

— Levaram lady Madison e apunhalaram minha mulher. - O soldado arregalou os olhos surpreso. - Vamos. Mexa-se; não há tempo a perder. - Saindo do estado paralisia momentânea ele fez uma pequena reverencia e deu meia volta e começou a distribuir ordens aos companheiros que ali estavam.

Subi com Lizie para o quarto. A morena agarrava-se a mim com força demonstrando o quanto estava abalada, o silencio dela estava me deixando preocupado. Abri a porta e ao entrar a fechei com um pontapé e a deitei na cama sentando na beirada. Os olhos castanhos marejados estilhaçaram meu coração já contraído.

— Lizie... – Segurei sua mão.

— Eu tentei Ed... Tentei impedi-lo... – A morena solução já não contendo mais o choro. Ela sentou-se no colchão e jogou os braços a minha volta. O corpo temendo pelos soluços.

— Sei disso meu amor. – Afaguei suas costas. A vontade de colocar as minhas mãos no culpado só crescia. - Você viu quem foi? – Não queria ter que perguntar nada a ela nesse momento; mas era necessário.

— Um garçom... Na festa entregou uma bebida com algum tipo de droga e depois a atraiu para aquele corredor. Cheguei no instante em que ele a levava desacordada. Estava indo atrás dele, mas... – Lizie inspirou profundamente tentando conter o choro copioso. - Foi o capitão da guarda que... – Não precisava que ela completasse a frase para que eu entendesse que fora aquele moleque que a feriu. - Ele está trabalhando para Lesath...

— Aquele miserávelzinho... - Trinquei o maxilar. Minha respiração acelerou pela ira que corria dentro de mim. Nunca em toda minha existência senti tanta vontade de fazer alguém sofrer como estou agora.

— Tive medo de morrer sem... Te dizer o quanto te amo. - Elisabeth abraçou- me com mais força. De certa forma essas palavras aplacaram um pouco meu estado de espírito.

— Nunca mais perderei você de vista. - Afaguei seus cabelos. - Ficaremos juntos para sempre fada. – Ela ergueu a cabeça, sustentei o olhar dela para lhe transmitir toda convicção de minhas próximas palavras. - Me assegurarei para que ninguém mais te faça sofrer. - Beijei-lhe longamente. Colocando naquele simples e tão poderoso ato todo meu amor por ela. Enxuguei suas lágrimas com carinho ao separar nossos lábios.

— Vai achá-la?

— Sim meu amor. Madison estará aqui antes que diga Edward é gostoso. - Com satisfação a ouvir rir. - Assim é bem melhor. – Roubei-lhe um selinho. - Terei de deixá-la por algumas horas. Ficará bem sozinha?

— Sim. – Ela assentiu.

— Não demorarei. - Beijei- lhe a testa. 

Antes de sair troquei-me. Aquelas roupas não eram nem um pouco adequadas para o que estava por vir.  Já no térreo encontrei o salão que outrora estava animado e que agora a tensão era quase palpável. Os convidados trocavam cochichos entre si e olhavam apreensivos uns para os outros.

— Edward! - A senhora Clark passou pelas pessoas confusas e agarrou meus braços os olhos cor de chocolate estavam arregalados cheios de medo. - Minha Madison... Onde está minha Madison?! - Fiquei sem reação por alguns segundos diante do desespero dela.

— Vamos trazê-la. - A abracei. Ainda não entendia como uma noite que era para ser de comemoração se tornou esse desastre. Sentia-me de mãos atadas, gostaria de dá aquela mãe uma palavra de consolo; mas nada me ocorria naquele momento.

Pelo canto dos olhos vi os dois lordes retornaram. E pelas expressões graves em seus rostos eles não tinham notícias animadoras.

— É com grande pesar que encerro essa comemoração. – Lorde alterf ergueu a voz, para que todos o ouvissem. - Agradeço a presença de todos. – Estava mais do que claro que o senhor do castelo deu a festa como encerrada. Apesar de estarem atônitos e visivelmente curiosos; ninguém ali ousou contestar o anfitrião.

A senhora Clark vendo seu guardião saiu de meus braços e correu para os de seu amado. Ambos entraram na biblioteca enquanto os convidados se retiravam aos cochichos. Fui ao encontro de lorde Sky. Meu amigo estava devastado às feições amarguradas os olhos brilhavam com uma raiva contida.

— O quê faremos?

— Alterf mandou seus guardas fazer varreduras por toda região.

— Mas você acredita que ele não esteja mais por aqui.  – Era uma afirmação. O auto guardião concordou com um manear de cabeça.

— Tenho certeza de que Alterf tem uma carta na manga. – Lorde Sky falou mais para si mesmo do que para mim. Sem perder mais tempo adentramos na biblioteca encontrando o guardião consolando a esposa chorosa. – O que tem em mente?

— Nós três seguiremos os raptores já convoquei Hugo para ajudar nessa tarefa. Mandei os soldados apenas para despistar. Seria muito útil se soubéssemos a identidades dos seqüestradores.

— Foi seu chefe da guarda com a ajuda de um garçom que tenho quase certeza de que foi plantado por ele já com esse propósito.

— Que lastima. – O conselheiro fechou os olhos e suspirou cansado. – Trouxe um traidor para o meu lar. Realmente minha capacidade de julgamento está piorando com os séculos. Sinto muito Agatha isso tudo é minha culpa.

— Não querido. Não tinha como saber as más intenções daquele rapaz. Você só queria dá a ele uma chance de ter uma vida melhor ele jogou sua generosidade fora. – Tinha que concordar com ela. Nós nunca pensamos que alguém que damos a mão possa nos trair um dia, mas nem por isso podemos deixar que essas pequenas coisas venham marcar nosso caráter e mudá-lo.

Por fim saímos os três para o exterior do castelo onde um lobo caçador vestido uma cota de malha completa estava a nossa espera. O lobo olhou diretamente para lorde Sky, os dois se encararam mutuamente antes de o lobo rir e se curvar diante do senhor do castelo. 

— Quais as ordens meu senhor? – A voz rouca arranhou minha audição sensível.

— Rastreie Dalibor. – A voz de Alterf estava carregada de amargura. – O seguiremos pelo ar.

— Sim meu senhor.

Pegamos nossos colares fazendo as armaduras aparecerem. Iríamos ganhar o máximo de tempo possível. Alcei vôo e antes de me juntar aos dois guardiões que se distanciavam indo atrás do rastreador olhei para trás. Em uma das janelas do andar superior avistei Elizabeth no balcão de nosso quarto.

Não podia ir sem me despedir dela, não faria isso uma segunda vez. Voei ao encontro dela.

— Gostaria de ir junto, mas sei que só farei vocês se atrasem. Então só posso desejar boa sorte a vocês boa sorte e que voltem logo. – Lizie estendeu a mão tocando minha face.

— Voltarei logo. – Rompi a pequena distancia e tomei seus lábios com sofreguidão. – Estou deixando meu coração com você. – Encostei nossas testas. – Te amo Elizabeth. – A selei e então parti.

Do alto víamos o logo farejando o ar e analisando  marcas no solo o seguimos avançávamos rapidamente em direção ao leste.  Aproximadamente quarenta minutos de busca haviam se passado quando o lobo parou. 
Aterrissamos ao lado do lupino para saber o motivo da parada.

— Os dois cavalos se separam a pouco mais de um quilometro. Continuei seguindo o cavalo com mais peso deduzindo que ele estivesse carregando a prisioneira. Porem. Bem aqui nesse local o cavalo parou e pás pegadas que encontrei aqui havia alguém a espera dele. O cavalo seguiu em frente agora mais leve.

— E onde está o outro sujeito? – Lorde Sky questionou.

— Aí que está. As pegadas simplesmente param aqui. O cheiro também para aqui.

— Lesath... Obvio que era ele. Não a rastros porque ele simplesmente voou ou transladou. – Lorde Sky rangeu os dentes. – Miserável covarde.

— Não temos escolhas continuaremos a seguir Dalibor e torcer para que ele nos diga para onde aquele renegado levou Madison.

            Continuamos a perseguição pelo resto da noite. O sol nascia quando avistamos um cavalo em disparada no horizonte indo em direção a uma cidade. O lobo aumentou a velocidade em perseguição. Ficou claro que aquele era o nosso alvo. Cortamos o ar em plena velocidade todos nós asseávamos em colocar as mãos naquele moleque.

            Estávamos prestes a alcançá-lo quando ele entrou na cidade a toda sem se importar com as pessoas que quase atropelava em sua tentativa de fuga. Em um dado momento ele saltou do lombo do cavalo se embrenhou entre os passantes em uma tentativa de nos despistar.

— Separem-se! – A ordem dada pelo conselheiro foi rapidamente cumprida. Cada um tomou um direção diferente. Concentrei-me em rastrear a aura do ex capitão. Realmente foi uma boa idéia se misturar a tanta pessoas para dificultar nosso trabalho; no entanto ele não contava com a minha determinação em encontrá-lo. 

            Busquei por qualquer ruído que entregasse a posição dele. Foi um pequeno grito de susto que me deu o que queria.  Virei a esquerda em uma rua bem a tempo de o som de um coração acelerado e de uma respiração ofegante entrar em uma viela a esquerda. Subi um pouco para poder ver melhor. Vi o fugitivo indo em direção a uma pequena praça.

            Aumentei a velocidade para chegar antes dele ao final do beco. Parei na entrada bem a tempo, não houve tempo para que ele parasse.

— Peguei! – O segurei pelo colarinho. O encostei no muro e o ergui alguns centímetros do chão.

— Solte-me agora! – Dá para acreditar na ousadia desse cara?

— Cale-se! – Rosnei. – Onde está Madison?!

— Não sei do que está falando. – Dalibor claramente estava debochando de mim. Se antes eu já estava furioso agora estava quase insano e era hora de mostrar isso para esse projeto de vilão.

— Não brinco comigo! – Dei-lhe um tapa na face esquerda.

— Você vai pagar! – Não deixei que ele terminasse de falar e acertei a outra face.

— Você só tem duas escolhas. Você me conta o que quero saber e eu te mato rapidamente mesmo que não mereça ou você continua me fazendo de trouxa vou fazê-lo implorar para morrer! – Fiquei a centímetro dele.

— Você é um guardião. Não pode me matar é contra sua lei...

— Estou pouco me lixando para as leis do conselho. Você selou seu destino quanto apunhalou minha mulher e a deixou para morrer! – Rosnei a ultima parte. Dessa vez não eram ameaças veladas. Estava mais do que disposto a cumprir cada palavra dita. 

 


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