Guardiões escrita por Godsnotdead


Capítulo 32
Uma noite de carnaval.




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            Havíamos nos separado de Mady e Sky a pouco mais de meio dia e tinha a plena certeza de que não foi uma boa idéia. Pelo menos para mim, pois a tarefa de dá um gelo em Edward ficou quase impossível. Como resultado estava tensa e hiper-consciente da presença dele bem ao meu lado. De vez enquanto o olhava pelo canto dos olhos só para encontrá-lo com aquele sorrisinho irritantemente lindo nos lábios.

— Edward...

— Sim? – Ele tinha que ficar com esse sorrisinho o tempo todo?

— Não entendo uma coisa. – Detestava está tendo que dá o braço a torcer e puxar conversa. Pelo visto esse era o plano dele desde o principio. – Pensei que já estávamos na dimensão sombria; mas pelo que entendi ainda temos que atravessar outra passagem.

— Bem observado fada. – Sou muito idiota por gostar desse apelido? – A forma mais rápida de chegarmos ao nosso destino final é passando por Eskardya que é onde estamos agora e pela dimensão dos elfos.

— Porque você não me parece muito animado para passar pelos elfos? – Arqueei uma das sobrancelhas Ed por sua vez inclinou a cabeça para o lado pensando no que iria responder.

— Está tão obvio assim? – O guardião sustentou meu olhar e por alguns segundos perdi o fio da meada. – Lizie?

— Ham... – Sacudi a cabeça para clarear os pensamentos. – Mais ou menos. Você parece meio inquieto e está muito calado.

— Só estou respeitando seu espaço. – Claro. Quem não te conhece que te compre. Esse seu sorrisinho de canto não engana ninguém.

— Acha que estamos prestes a ter algum problema?

— Acho que é cedo para nos preocupar. – Ele piscou e eu estreitei os olhos indignada o que serviu apenas para diverti-lo. Bufei e voltei a olhar para frente.

            Mais uma vez o silencio se instalou como uma nuvem densa. Mexi-me inquieta na sela desgostosa. Que droga Edward!

— Fale alguma coisa! – Rosnei segurando as rédeas de Argos com mais força.

— O quê?! Não estou entendendo mais nada.

— Não se faça de inocente. Está fazendo isso de propósito!

— O que estou fazendo? – Está roubando minha sanidade. – Explique fada. Estou confuso.

— Está me dando esse tratamento de silencio! Era eu que deveria fazer isso.

— Ham... Você sabe que o quê esta dizendo não faz sentido. Certo? – Ele ergueu uma das sobrancelhas em um gesto que não deveria ser tão atraente e muito menos causar tantos danos a meu psicológico.

— Eu sei! – Exaltei-me. – Para de olhar para mim como se eu fosse louca!

— Tudo bem! – Ele ergueu a mão em rendição.  – Sinto muito.

— Pelo quê?

— Não queria que se sentisse incomodada. Só estava te dando espaço. – A cara de cão abandonado e a voz arrependida derrubou minhas defesas por terra. Revirei os olhos dando-me por vencida.

— Desculpe por ter explodido. – Suspirei resignada. A quem estou querendo enganar? Está mais do que na cara o quanto esse ser de cachos mexe comigo. Os atos anteriores dele não foram suficientes para sufocar meus sentimentos por ele. Bem que poderia ter me apaixonado por alguém menos complicado e... Mortal. Que graça teria não é mesmo?

— Então... Há mais alguma duvida povoando essa sua cabecinha? – Ele não deveria ter feito essa pergunta. Porque agora lembrei de algo. Sorri de antecipação.

— Na verdade tenho sim. Fiquei curiosa com uma coisa...

— Por que acho que isso não é nada bom para mim? – Alarguei ainda mais o sorriso.

— O quê aprontou quando ficou bêbado?

— Oh não. – O guardião gemeu e suas bochechas coraram levemente.

— Oh é tão constrangedor assim?

— Depende da sua definição de constrangedor. – Ele murmurou não tão empolgado em sustentar meu olhar como antes. – Tem certeza que quer saber?

— Pode apostar. – Assenti convicta só para ouvi-lo resmungar novamente. – Vamos Ed não enrola.

— Tudo bem, tudo bem. – Ele fez uma pausa. – Foi no final do século XIX quando lorde Sky ainda morava em Veneza. Eu havia acabado de ser mandando para ser seu ajudante. Eu era um guardião recém treinado e estava impressionado com meu novo lar, principalmente por que havia chegado na época do famoso carnaval de Veneza. Morávamos em uma das principais ruas e podia ver os foliões se divertindo.

            “No terceiro dia de festa dos dez não contive minha curiosidade e pedi para meu senhor que deixasse que eu saísse para explorar. Ledo engano. Claro que lorde Sky deixou. E meu eu jovem tratou de arranjar uma fantasia e saí para as ruas. Fiquei inebriado pela riqueza dos detalhes das fantasias, pela alegria das pessoas. Pela primeira vez em todos os meus milênios existência soube o que é realmente me divertir.”

            “Era impressionante como eles conseguiam montar aquelas pirâmides humanas.” Edward riu como se estivesse vivenciando mais uma vez aquela noite e eu estava mais do quê envolvida pela voz dele. “As pessoas ali não importavam-se com outra coisa a não ser com a diversão. Casais mascarados beijavam-se sem se importar com a identidade um do outro. Principalmente os quê já estavam altos por causa do álcool. Em certo momento fui apresentado ao poder abrasador do vinho, nunca soube quem ela era.”

— Espera. Ela? – O interrompi. – Está querendo dizer que... A note deve ter sido boa. – Estreitei os olhos. Por que estava com ciúmes de uma garota que nem existia mais?

— Está com ciúmes?

— Não! – Travei o maxilar e olhei para frente. Inspirei fundo tentando manter a racionalidade.

— Ainda quer continue com a história?

— Não! – Não queria ouvir a respeito da noitada dele mesmo que tenha acontecido antes de eu ter nascido! Não queria imaginá-lo com outra que não fosse... Eu.

— Elizabeth. – Edward chamou cauteloso.

— Não fique assim. Isso foi a tanto tempo.

— Acha que não sei?! É por isso mesmo! Quantas outras estiveram no lugar que agora ocupo? E quantas outras irão tomá-lo?

— Está sendo irracional de novo.

— A ultima coisa que uma garota quer ouvir quando está tendo um ataque de ciúmes é que está sendo irracional! – Esbravejei.

— Certo. Desculpe. – O vi segura o riso e tive vontade de saltar em sem pescoço. – Olha. Não aconteceu nada de mais entre mim e aquela mulher naquela noite. Fiquei bêbado demais, aparentemente guardiões tem baixa tolerância ao álcool. E nunca haverá outra alem de você, por que meu coração é e sempre será seu. – Perdi o fôlego momentaneamente tamanha era a sinceridade em suas palavras.

— Desculpe. – Murmurei.

— Tudo bem. – O guardião suspirou contente; mas não deu indícios de continuar com a história.

— O quê aconteceu depois? – Minha curiosidade falou mais alto.

— Tinha esperança de quê não fizesse essa pergunta. – Ele fez bico.

— Não tente me distrair.

— Espertinha... Depois de duas taças do bom vinho tinto veneziano não era mais dono de mim mesmo. Não lembro de muita coisa; mas sei que dancei com meia Veneza e tomei banho nu na água gelada do canal de Giudecca. – Cobri a boca para abafar o riso. – Hilário não é? – Ele fingiu uma risada que só me fez rir mais. – Quer ou não que termine de contar?

— Awm Ed não fique emburrado.

— Engraçadinha.

— É a convivência. – Enxuguei uma lágrima do canto dos olhos. – Vai continua.

— Não deveria.

— Ah qual é Ed? O que poder ser mais constrangedor do quê mergulhar nu em canal com todos vendo?  

— Quase beijar o capitão da guarda. – Ele murmurou desviando o olhar.

— Está falando sério? – Arregalei os olhos. O guardião assentiu ainda sem olhar para mim. – Céus! – Gargalhei jogando a cabeça para trás.

— Quase fui preso. Felizmente lorde Sky chegou a tempo e salvou minha pele. Desde então nunca mais coloquei uma gota de álcool na boca.

— Ainda bem. Ninguém merece ver um marmanjo como você desfilando por aí pelado.

— Pode ficar tranqüila esse privilégio é todo seu.

— Inconveniente. – Desviei o olhar. Corei até o ultimo fio de cabelo.

— Agora estamos empatados. – Foi a vez dele de gargalhar. Ser irritante.   

            Chegamos a uma vila no meio da tarde. Essa era bem maior do quê a que havíamos passado a noite mundo chegamos nesse mundo.  Poderíamos ter chegado bem antes se Edward não tivesse insistido para pararmos. Ele queria que eu treinasse mais um pouco com a espada. Segundo ele já era possível ver algum progresso, só não sei se ele estava falando sério ou só zoando. Quando se trata de Edward nunca se sabe.

            As ruas do vilarejo estavam apinhadas de gente tivemos que desmontar e guiar os cavalos por entre as pessoas. Aparentemente estava tendo algum tipo de feira na cidade.

— Isso que é dejavu! – Edward murmurou ao passarmos por uma barraca onde todo tipo de mascaras estavam expostas. Por todos os lados vendedores expunham seus artigos que em sua maioria eram adereços ou roupas. – Vamos procurar por uma pousada.

— Ah... Sim. – Distraí-me admirando um vestido azul de varias camadas.

            O segui pelas ruelas estreitas até finalmente chegarmos ao prédio de dois andares que era a pausada. Repetimos o ritual de tirar a cela e arreios dos cavalos e por fim alimentá-los para só então entrarmos no prédio. Mal conseguimos chegar até o balcão de tão lotado que estava o lugar.

— Com licença.  – Ed chamou atenção do taberneiro. – O homem parrudo parou o que estava fazendo e dirigiu o olhar para o guardião. – Precisamos de um lugar para passar a noite. Queremos dois quartos.

— Sinto muito senhor; mas estamos cheios. Por conta do festival só temos um quarto. – O senhor gorducho nos olhou se desculpando.

— Tudo bem Edward. Se não tem outro jeito. – Dei de ombros não querendo pensar muito no assunto. Não queria surtar. 

— Muito bem. Berenice! – O homem berrou. Uma moça de pouco mais de vinte anos saiu aos tropeços de uma porta lateral. – Mostre o quarto para o casal. – Ignorei o duplo sentido da frase.

            Seguimos a moça até o terceiro e ultimo andar do prédio e por fim parou em frente a uma porta no final do corredor.

— Obrigada. – Ed agradeceu e então entrou no quarto sendo seguido por mim. O cômodo era um pouco maior do quê o que havia dividido com Mady. No lugar de duas camas de solteiro havia uma cama de casal no meio do quarto e no canto esquerdo uma tina funda com água, provavelmente para tomar banho. – Vou deixá-la se acomodando em algumas horas estarei de volta. – Ele colocou a bolsa com suas roupas sobre a cama e se preparou para sair.

— Espere Edward... – Ele parou e esperou que eu falasse. – Vai demorar?

— Estarei de volta antes que perceba. – O guardião me lançou uma piscadela e então saiu.

            Poucos minutos depois Berenice retornou, agora trazendo água morna para encher a tina. Segundo ela foi pedido de Edward. Sorri idiota com a atenção dele. Fiquei dentro dá água até que minha pele começasse a ficar vermelha por causa da temperatura, ao sair ouvi batidas na porta. Estagnei. Será que Ed retornou? E agora?

— Edward? – Corri para a toalha que estava sobre a cama.

— Não senhorita. Sou eu Berenice: - Suspirei aliviada.

— Só um instante. – Entre abri a porta o suficiente para que moça entrasse. Ela trazia em seus braços um longo vestido azul. Reconheci de imediato. – O seu acompanhante pediu para entregá-la e disse que viria buscá-la ao anoitecer.

— Obrigada. – O que esse maluco está aprontando?

            Esperei que ela saísse para poder me vestir. E como combinado assim que a noite caiu e depois de eu ter quase surtado de tanta curiosidade ouvi duas batidas na porta. Corri até ela e abri. Quase tive um pequeno ataque cardíaco. Um ser vestido completamente de branco e usando uma mascara também branca com detalhes em dourado estava do outro lado.

— Edward? – Só podia ver seus inconfundíveis olhos verdes e sua boca.

— Está pronta fada?

— S-Sim. – Gaguejei.

— Que bom. Não agüentava mais esperar. Coloque isso. – Ele entregou-me uma mascara parecida com a minha só que totalmente branca. Prontamente a coloquei. – Vamos? – Segurei sua mão enluvada e caminhei para fora do quarto.

— O que está aprontando? – Perguntei desconfiada.

— Só achei que seria uma boa idéia participarmos do festival. O pessoal aqui parece bem animado e nada melhor do quê pessoas entusiasmadas para colher informações.

— Hum, não vai beber vai?

— Você nunca mais vai me deixar esquecer isso não é?

— Pode apostar. – O ouvi rir debaixo da mascara.

            Saímos para a rua, mal conseguíamos andar sem esbarrar em alguém. Tive minha cintura enlaçada pelos braços dele fazendo com quê nossos se tocassem. Arfei com a corrente elétrica que percorreu meu corpo. É hoje que perco o resto de juízo que ainda me resta.

            Caminhamos seguindo a multidão que convergia para um único lugar. Pouco a pouco podia ouvir o som de instrumentos, conversas e risos. Chegamos a uma praça enfeitada com bandeirinhas coloridas. No centro casais dançavam, mais ao longe vi um homem cuspindo fogo, outro fazendo malabarismo e para completar barracas vendendo comidas típicas estavam espalhadas por toda parte. Nunca em toda minha vida imaginaria vivenciar algo do tipo, era mais uma coisa que tinha que ser grada a Edward.

— Vamos! Ele me puxou para onde os casais estavam dançando um musica lenta.

— Ed não sei dançar. – Choraminguei ao ter minha cintura ter enlaçada pelas duas mãos dele.

— Não importa guio você. – Como negar algo a ele? Circundei seu pescoço com meus braços e deixei que me guiasse.

— Por que está fazendo isso? Poderíamos ter ficado na estalagem.

— Hum. A senhorita preferia ter ficado no quarto? – Estreitei os olhos para o tom malicioso dele. – É brincadeira fada. Onde está seu senso de humor?

— Você não me respondeu.

— Queria compartilhar esse momento com você. Não importa o quê aconteceu em meu passado. O quê importa é o presente e que quero você em meu futuro. – Não havia palavras suficientes para expressar meus sentimentos então fiz o que considerei mais apropriado para tal declaração. O beijei torcendo que conseguisse transmitir tudo o que sentia por ele e dali por diante carregaria a certeza de que eu sou dele e ele é meu.


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