Guardiões escrita por Godsnotdead


Capítulo 31
Investida.




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A noite Havaí caído em Eskardya. A dimensão composta em sua maioria por pessoas simples do campo. O que dá margem para aproveitadores como o ruivo que Mady nocauteou hoje pela manhã agir livremente. Tocando o terror entre os moradores das pequenas cidades sem nenhuma resistência por parte dos moradores locais.

Fico profundamente chateado com o descaso do conselho com essas pequenas dimensões; meu pai vem tentando há séculos convencer os outros quatro conselheiros a enviar guardiões em treinamento para esses lugares com poucos incidentes seria perfeito para aperfeiçoar os jovens e manter esses lugares seguros. No entanto, influenciados por Acrab os outros três conselheiros rejeitaram a idéia. Meu pai ficou descontente claro, mas acatou a escolha da maioria.

Suspirei ao ter o rosto tocado pela brisa noturna. Assisti Edward ensinar Elizabeth como manter a lamina de sua espada afiada e limpa. Sorri ladino contente em ver meu amigo finalmente parando de lutar contra seus sentimentos. Tudo ficava tão mais fácil quando deixamos de racionalizar tudo e apenas vivemos os pequenos momentos que a vida nos agracia.

— Eles são fofos. – Mady sentou ao meu lado catando um graveto e cutucando as labaredas da fogueira. – Pena que são tão teimosos.

— Não são só eles que são teimosos. – A olhei de esguelha presenciando o instante em que ele estreitou os olhos fazendo-me rir.

— Muito engraçado. – A guardiã continuou com os olhos serrados agora um biquinho se formou em seus lábios. Céus! Como ela pode me tentar dessa maneira?

— As vezes o poder que você tem sobre mim é cruel, sabia? – A encarei. A garota franziu o cenho confusa. – E nem tem consciência disso. - Sustentando seu olhar.

— Do quê está falando? – Como pode ser tão inteligente e as vezes tão lerda? Pensei que essa função fosse minha.

— Madison Clark você me tem inteiramente em suas mãos.

— Ah... – Suas bochechas adquiriram um tom de cor de rosa quase incandescente por causa da luminosidade da fogueira. – Então estamos no mesmo barco. – Madison se achegou para mais perto de mim, fazendo nossos braços se tocarem.

— Seria muito narcisista dizer que é bom ouvir isso?

— Nem um pouco. – Ela negou com a cabeça.

— Hum... E se eu disser que estou me roendo para lhe roubar beijo, soaria inapropriado?

— Também não... Por que... Também quero te beijar desesperadamente. – Foi com contentamento que segurei em seu queixo e toquei seus lábios com os meus.

Era sublime a maneira como nossas bocas pareciam se encaixar, como se fossem feitas uma para a outra. Sorri ao sentir suas mãos embrenhando-se em meus cabelos aprofundando ainda mais nosso beijo.

— Por mais que deseje continuar perdendo-me em seus lábios... – A selei. – Temos que descansar pego o próximo turno da vigia.

— Hum... – Ela ronronou manhosa. – Tudo bem. – A loira se afastou, mas não antes de mordiscar meu lábio inferior. Céus essa garota vai roubar todo meu juízo!

            Desdobramos os sacos de dormi e entramos. Forrei a cabeça com a capa e fechei os olhos. Demorei um pouco para finalmente a pegar no sono, o gosto dos lábios dela permanecia em minha boca e tê-la ressonando a poucos palmos de mim não ajudou.  

            Só percebi ter adormecido quando fui chamado por Edward para a troca de turno.

— Parece cansado. – As vezes gostaria que Ed fosse menos perceptivo.

— Só estou um pouco tenso. – Levante espreguiçando-me. Ele ergueu uma das sobrancelhas questionador. – Não queira saber. – Seria constrangedor demais contar que a causa para minha falta de sono é o fato de está me sentindo como um adolescente com os hormônios a flor da pele. – Descanse. Amanhã nos separaremos e teremos que nos manter mais atentos do que nunca.

— Sim senhor. – Ele bateu continência como um soldado e se encaminhou para seu saco de dormir ao lado de Elizabeth.

— Céus! – Resmunguei e o ouvi rir baixo.

            Peguei minha capa e a coloquei em seguida puxei o capuz sobre a cabeça, em seguida peguei o arco e a aljava. Caminhei cerca de trinta metros saindo da área do acampamento. Subi em uma arvore escondendo-me em sua copa. Sentei-me em um galho mais grosso recostando-me ao tronco. De onde estava tinha uma boa visão dos arredores e ficava longe das vistas de eventuais invasores. A lua quarto crescente se encontrava no meio do céu, em poucas horas começaria a descer para dar lugar ao sol.

 Em certo momento ouvi o farfalhar de passos bem embaixo de onde estava, armei uma flecha no arco e preparei-me para saltar para o chão e pegar o intruso.

— Tente não atirar em mim ok? – Suspirei ouvindo a voz dela. Devolvi a flecha para seu lugar e saltei para o chão aterrissando ao seu lado.

— Como não a vi se aproximando? Poderia ter atirado em você. – A olhei com preocupação.

— Posso me gabar de minhas habilidades furtivas? – Ela sorriu, os olhos brilhando de empolgação ignorando minha preocupação. Bufei. Como esse ser de pouca estatura consegue me desarmar apenas com um sorriso? – Você se preocupa de mais. Sabia? - Suspirei ao ter seus braços em volta de meu pescoço.

— O que está fazendo sininho? – Está levando toda minha concentração embora.

— Não sei... Estou seguindo o conselho de Orion e ouvindo meus instintos. – Engoli em seco ao sentir seu hálito cada vez mais próximo. – Não sei se é o ar desse lugar; mas sinto-me tão viva. Como se pudesse fazer todas as coisas que quero fazer e uma delas e poder demonstrar adequadamente como sinto-me a seu respeito. Não quero mais segurar-me... – Deixei que seus lábios tomassem os meus ditando o ritmo.

Era engraçado como toda minha sanidade escorria pelos dedos todas as vezes que nos beijamos era quase como entrar em estado de êxtase e tudo deixasse de existir a nossa volta.

— Se formos atacados a culpa será toda sua. – Suspirei contente.

— Hum... É só me soltar. – Nem percebi ter soltado o arco e agarrado sua cintura mantendo-a colada a mim.

— Deve ser por que estou regredindo de guardião milenar a adolescente sob efeito dos hormônios. – Roubei-lhe um selinho.

— Pelo menos não sou a única adolescente da relação. – Ela riu e a contra gosto a soltei.

— Deveria ir dormir e aproveitar que o seu é o ultimo turno da vigia.

— Perdi o sono. Se importa se ficar com você?

— Nem um pouco.

            Sentei no chão recostando-me ao caule da arvore. Mady sentou entre minhas pernas aconchegando-se em meu peito. Coloquei minha capa em nossa volta para proteger do frio da madrugada.

Não vou negar que minha vigia estava sendo bem mais agradável com a presença de minha Madison. A conhecia a mais de dois meses e estávamos oficialmente juntos a um e foram poucos os momentos em que ficamos assim, apenas sentindo a presença um do outro.

Apesar de ser meio guardiã e ter aparentemente as mesmas habilidades que um guardião completo. Ela viveu dezoito anos de sua vida como humana. E mesmo não me dizendo sei que sente falta de algumas coisas. E esse desejo fica evidente ao ficarmos sozinhos; sinto-me meio perdido quanto a isso, meus milênios de experiência não valem de nada todas as vezes que sou arrebatado pelos beijos dela. "Está tão quieto". Ela murmurou em minha mente.

— Estou apenas pensando. - Suspirei repousando o queixo no topo de sua cabeça.

— Hum... Posso saber sobre o quê? Ou é muito pessoal. - Ri de sua curiosidade mal disfarçada.

— Só divagando a seu respeito. - Podia jurar que agora ela estava com o cenho franzido. - É... Que... Fico imaginando como virei sua vida de cabeça para baixo. E se você sente falta de quando tudo era menos complicado. Se gostaria de ter um namorado normal para te dar todo amor e carinho que merece. - Suspirei pesadamente.

— Já ouviu aquele ditado: Está procurando chifre em cabeça de cavalo?

— Ham... Não, mas o que isso tem haver com o que acabei de falar? – Falei sem ocultar a confusão.

— Tudo. - Ela se afastou e virou ficando de joelhos a minha frente. - Você está fazendo isso nesse exato momento. Procurando problema onde não tem. - Olhei dentro de seus olhos azuis brilhantes. - Não faz esse biquinho. Não roube minha concentração estou tentando te dá uma bronca.

— Não estou...

— Está. - Ela colocou o indicador sobre meus lábios. - Você sabe como era a minha vida antes de você entrar nela? - Neguei com a cabeça. - Era monótona em sem graça. Eu era só a garota baixinha e esquisita da escola. Não a esquisita com notas excelentes. A esquisita que ninguém dá à mínima. Só tinha uma única amiga e essa ainda é amiga da garota que me odeia com todas as forças. Eu era insegura e indecisa e você ensinou-me a confiar em mim mesma. - Ela segurou minhas mãos as apertando. - Tirando a parte de está sendo caçada isso tudo é maravilhoso e se não fosse por você, acha que eu ainda estaria viva? E quem precisa de um namorado normal quando se tem o guardião mais lindo e sabe tudo de todos os tempos? - Ri sentindo as bochechas esquentando. - Não quero outro que não seja você.

Não segurei-me e a puxei para meus braços selando seus lábios. Meus ouvidos estalaram sentindo meu controle esvaindo-se totalmente.

O amanhecer chegou rápido demais e com ele a nossa partida. Tomamos café da manhã em meio a olhares desconfiados de Edward que não fazia o mínimo de esforço para disfarçar. Mady parecia concentrada em sua caneca de café e eu não conseguia disfarçar meu sorriso idiota. Elizabeth nos olhava confusa. 
— Prontos? – Levantei chamando a atenção para mim antes que minha guardiã explodisse de tão corada que estava.

            Arrumamos a tralha e então partimos. Cavalgava mais atrás com Edward enquanto as garotas iam a frente conversando aos cochichos. Ed vez ou outra olhava-me de esguelha ainda com aquela expressão de desconfiança no rosto.

— O que foi? – Perguntei finalmente.

— Nada, nada. – Ele olhou para frente.

— Hum. – Sei. – O que será que as duas tanto conversam?

— Coisa de garotas de certo. – Um sorriso sugestivo apareceu na face dele. Céus! Ed Não deixa passar nada.

            Continuamos até finalmente alcançarmos a bifurcação onde nos separaríamos. Eu e Mady pegaríamos o caminho mais longo.

— Chegou a hora. – Parei Lancelot e encarei Ed e Lizie. – Tomem cuidado sim?

— Sim senhor. – Edward Assentiu divertido.

— Tentem não se matar enquanto estiverem fora das minhas vistas.

— Ham ram. Vou fingir não ter ouvido isso Mady. – Lizie estreitou os olhos de abrir um meio sorriso.

— Nos esperem na abertura. Provavelmente vamos demorar uns dois dias para nos juntarmos a vocês. – Ignorei o olhar malicioso de Edward.

— Nos vemos lá. – Ed acenou e virou Argos tomando o caminho da esquerda junto com sua parceira. – Vocês dois Juízo! – Ele berrou antes de desaparecer completamente na curva do caminho.

— Ele é impossível! – Mady bufou com as faces coradas.     

— Nem me fale. – Sacudi a cabeça em um gesto negativo. – Vamos embora, talvez consigamos chegar a próxima cidade antes do cair da noite.

            Tomamos o caminho da direita mantendo o meio galope constante. Assim percorreríamos uma grande distancia sem cansar os cavalos. Passava do meio dia quando meus instintos alertaram que algo estava prestes a dá errado. Meus sentidos estavam alerta procurando por ameaças em potencial. As orelhas de Lancelot mexeram captando ruídos. Minha audição aguçada captou quando um graveto se quebrou ao lado esquerdo da estrada logo a nossa frente.

— Sky...

— Também ouvi. Fique atenta... – Não tive tempo para terminar a frase, pois dez vultos corpulentos e um magricelo saíram dos lados da estrada. Era o ruivo cujo Mady havia nocauteado. Paramos os cavalos. Nossa passagem estava bloqueada.

— Nos encontramos de novo loira! – A voz do ser barbudo soou carregada de raiva. – Dessa vez irei ensiná-la uma lição pequena vadia!

— Vai coisa nenhuma! – Rosnei. A atenção do grandalhão se voltou para mim.

— Então esse pirralho é o seu acompanhante?! – A risada de escárnio trovejou pela estrada. – Quando acabar com ele você vai ver o que perdeu.

— Vai sonhando seu feioso. – Mady fez flecha levantar as patas frontais afastando os homens que estavam mais próximos. E então saltou para o chão sacando sua espada a girando ameaçadoramente. Dois dos mais corajosos partiram para o ataque tendo seus golpes rechaçados com facilidade.

            Saltei para o chão sacando a minha caminhei com passos firmes em direção ao líder que parecia confiante demais de sua vitória iminente. Segurava-me para não parti-lo em dois e acabar com sua arrogância, mas não podia deixar minha raiva nublar meu julgamento. Levantei a lamina de minha arma bloqueando o ataque que veio de minha direita. Desarmei o infeliz e o acertei com o cabo da espada o colando para dormir. Derrubei outros três antes de finalmente alcançar meu alvo. Espiei pelo canto do olho vendo Madison derrubando outro a seus pés se juntando a outros quatro.

— Nada mau garoto. Mas agora vou mostrar como um homem de verdade luta.

— Quando encontrar com ele me avise. – Devolvi com o mesmo tom de escárnio.

— Ora seu! – O ruivo atacou.

            Sua espada cortou o ar com a velocidade de uma serpente vindo em minha direção. Desviei o corpo sem problemas, aproveitando do momento em que ele ficou indefeso chutei a parte posterior de seu joelho, fazendo-o cambalear. Rosnando e agora meio manco ele voltou a atacar.

            Minha espada jogou a dele para o lado. O ruivo cambaleou para trás conforme investia sem dó variava meus ataques constantemente o deixando sem saber de onde viria a próxima estocada tampouco quando viria. O Homem agora segurava sua espada com as duas mãos aterrorizado.

            Sem outra escolha ele saltou para trás largando a espada e caindo de joelhos com os braços estendidos.

— Já chega! Tenha piedade! – Parei com a espada a centímetros de seu rosto o fazendo se encolher. Engoli a vontade de fazê-lo sofrer por ter insultado Mady.

— Você é um verme covarde! – O encarei com asco. Movido pela raiva o agarrei pela frente da camisa o fazendo levantar e o atingi com um forte cruzado de direita.

            O ruivo gritou havia deslocado o maxilar dele. O soltei insensível aos choramingos dele e me virei para ajudar Mady que acabava de derrubar o ultimo adversário. Preparei para ir a seu encontro, mas um movimento trás de mim me fez parar.

— Sky! – Os olhos delas estavam arregalados olhando para algo a minhas costas. – Cuidado. – Virei a tempo de ver o ruivo de pé com a espada em mãos pronto para me golpear. O rosto estava inchado o sangue escorrendo da boca os olhos brilhando com puro ódio.

            Mais alguns segundos eu estaria encrencado; mas esse segundo nunca chegou, pois algo passou zunindo por mim. Uma flecha de penas azuis se projetou no peito do homem que caiu para trás. Os olhos vidrados ainda cheios de surpresa.

            Voltei minha atenção para Mady no momento em que ela baixava o arco. Ela parecia tão surpresa quanto eu. Naquele momento tive a certeza de que minha guardiã já não era mais a mesma garota que conheci. Agora ela era uma mulher, a mulher que mais uma vez roubava meu coração.


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