Guardiões escrita por Godsnotdead


Capítulo 3
Heroi solitário.


Notas iniciais do capítulo

Nem demorei u.u
Esse capitulo trás a narração da nossa protagonista, cada capitulo trará a narração de um dos dois protagonistas, assim vocês poderão ter uma melhor visão dos acontecimentos.
Só uma aviso antes do capítulo, esta história não é sobre Nicholas e Chloe, é somente para facilitar a visualização dos personagens o/ e agora quero deixar um agradecimento para a talentosa espetacular Mariana que mais uma vez se superou com essa linda capa, se você estiver lendo isso, muito obrigada você é demais.

As pessoas que tiram um pouco de seu tempo para ler, não sei quem são, mas já amo vocês :*



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Era para ser mais uma sexta-feira como todas as outras, porém mal sabia eu que seria um daqueles dias em que seria melhor nem sair da cama. Como não sou um exemplo de estudante a ser seguido e minhas notas estão longe de serem as melhores, não me dou o luxo de faltar.Acabei me obrigando a levantar.

Passei a manhã e boa parte da tarde na escola, depois comi naquela lanchonete nova antes de seguir para o brechó onde trabalho, porque trabalhar de estomago vazio não é para ninguém.

Enrolei lá por meia hora tentando me convencer que as orelhas de duende da garçonete era só mais um fruto de minha imaginação fértil, não era a primeira vez que eu via coisas que as outras pessoas não podiam, isso servia apenas para comprovar as palavras de meu terapeuta “você tem excesso de imaginação Madison, tente se concentrar apenas no importante”. Como se isso fosse fácil, doutor.

Sabia que poderia ir direto para casa hoje, porque dona Margareth gostava de me dar folga nas sextas, ainda assim por algum motivo decidi que seria legal trabalhar, afinal, não teria nada para fazer em casa. Já havia resolvido os deveres da escola, e minha mãe estaria de plantão. Ela é enfermeira no hospital de Santa Monica e não viria para casa hoje, não queria ficar sozinha em casa sem fazer nada pelo resto do dia.

            Com os planos já decididos segui para o brechó, seria uma caminhada curta pois se encontrava apenas a quatro quadras de onde estava. Ao chegar lá descobri que havia escolhido a sexta-feira errada para trabalhar, por que havia chegado um carregamento gigantesco de bugigangas novas, suspirei resignada, minha sorte continuava a mesma. Em uma escala de zero a dez, minha sorte esta em dez negativo, sou o que chamam de imã de problemas e o fato de ter TDA (déficit de atenção) não ajuda em nada.

— Boa tarde Magh. – Adentrei no estabelecimento fazendo ressoar o sininho da porta.

— Boa tarde Madison, fico feliz que tenha vindo hoje, isso aqui está uma bagunça. – Margareth é uma mulher de meia idade de estilo meio anos oitenta, é um pouco excêntrica, mas é inofensiva.

— Isso aqui esta parecendo o que sobrou depois da passagem de um furacão, o que houve? Aconteceu um surto de limpeza de garagem por acaso? – Peguei meu avental e uma flanela para limpar os itens mais empoeirados.

— É o que estou me perguntando até agora Mady, mas vamos lá, ou vamos virar a noite arrumando toda essa bagunça.

            Não viramos a noite, no entanto saímos bem tarde da loja, já passava das dez quando trancamos tudo. Magh se ofereceu para me acompanhar até o ponto de ônibus. Acabei por recusar, afinal não era tão distante e ela morava na direção contrária, não queria incomodá-la. Agora vejo o grande erro que cometi, por que quando virei a esquina, três homens mal encarados riam como hienas bêbadas. Atravessei a rua em uma tentativa de passar despercebida, outro grande erro. Eles não só me perceberam como fui parar na entrada de um beco sem saída, logo me vi cercada e indefesa.

            Quando me levaram para o beco soube que em breve eu seria mais um número nas estatísticas de violência. Aparentemente minha hora não havia chegado, por que antes de o ato ser feito e o pior acontecer um estranho apareceu. Ele deve ter ouvido meus lamentos quando passava por perto. Porém ele era apenas um e estava em desvantagem. Isso não pareceu intimidá-lo, ele caminhou despreocupadamente para dentro do beco. Em meio a nevoa de pânico que turbava meu raciocínio consegui perceber algo diferente naquele estranho, não sei se era o timbre grave, porem  agradável, ou a forma como ele andava, a postura ereta mostrava confiança e o andar quase felino me fazia não querer parar de olhá-lo.

            E ele realmente sabia o que estava fazendo, nocauteou dois dos homens rapidamente sem ser golpeando uma única vez. Talvez ele fosse um daqueles policiais disfarçados que andam por aí procurando bandidos em potencial e salvando garotas indefesas ou eu esteja vendo series policiais demais. O bandido que me segurava parecia está preparado para a situação, ele me empurrou contra a parede e sacou uma arma.

Agora seremos dois números para as estatísticas.

Abaixei-me em uma tentativa de me proteger, talvez ele se esquecesse de mim e fosse embora depois que terminasse com o herói solitário - sim estou sendo egoísta, não me culpe ok? Estou apavorada e só quero ir para a segurança do meu lar -. Fechei os olhos quando ele atirou, não queria ver aquilo, se eu sobrevivesse ficaria com aquela cena gravada na memória para o resto da vida e teria sonhos nada agradáveis. Então quase de imediato após o estampido o homem a minha frente berrou em agonia, ouvi quando seu corpo caiu próximo de mim ainda aos berros, será que ele estava tão bêbado aponto de atirar no próprio pé? Não me atrevi a abrir os olhos para descobrir. Ouvi passos vindo em minha direção.

— Você está bem? – Era a voz do meu herói solitário, parecia que ele estava tentando não me assustar mais, abri os olhos relutante, encontrei um par de olhos que por alguns instantes pensei que fossem do mesmo tom que os meus, mas logo me dei conta que não eram, provavelmente nunca encontrei alguém que tivesse um tom de azul tão intenso. – Eles não vão mais te fazer mal.

— Eu... – Então lembrei do que havia passado a pouco, não consegui evitar cair em pranto, ele pareceu ficar sem saber, antes que o rapaz a minha frente falasse algo uma buzina sou na entrada do beco, ele pareceu ficar aliviado.

— Não se preocupe, está segura agora, vou te levar para casa ok? – Inspirei profundamente tentando fazer com que o choro cessasse, então assenti concordando, não estava em condições de ir para casa sozinha e muito provavelmente perdi o ônibus. – Vamos. – Ele levantou e estendeu a mão para me ajudar. Agora aqui estou eu dentro de um carro caro, com dois desconhecidos me olhando de maneira curiosa.

— Para onde Senhor? – O motorista virou para frente e deu partida no carro, o motor ronronou como um gatinho em.

— Para onde senhorita? – Meu herói solitário ainda me olhava, lutei para não me distrair com aquelas orbes azuis hipnotizantes.

— É... – Onde moro mesmo?  - Nona com Montana Av.

— Ouviu a senhorita. – Ele sorriu ladino não entendi bem o que era o formigamento em minhas bochechas, mas acho que estou corando.

— Sim senhor.

— Ham... Ed antes me passa o kit de primeiros socorros, por favor? – O motorista obedeceu e retirou uma caixa branca de dentro do porta-luvas e entregou para seu chefe e só então partiu para minha casa. – Vamos lá. – Ele abriu o casaco escuro mostrando uma camisa que outrora fora branca e agora estava com uma grande mancha vermelha na altura do abdômen, arregalei os olhos me dando conta.

— Você foi baleado. – Arfei.

— Hey fique calma, não é tão grave quanto aparenta. – Como ele pode agir com tanta naturalidade? – Detesto isso... – Ele gemeu ao levantar a camisa e tirá-la em seguida, mostrando o abdômen definido, senti as bochechas esquentarem mais uma vez. Ouvi um riso baixo, apesar de tudo ele estava se divertindo com toda essa situação, contive o ímpeto de cobrir o rosto.

            Vamos lá Madison, faça algo de útil, afinal ele salvou a sua vida! Mexa-se mostre alguma gratidão! 

Bem que gostaria de ignorar minha consciência, mas ela tinha uma voz estridente demais. Voltei à atenção para o rapaz ao meu lado, ele parecia indeciso entre fazer um curativo ou não no ferimento em que tentava estancar o sangramento.

— Deixe-me ajudá-lo. – Peguei uma gaze de dentro da caixa branca que estava entre nós dois e peguei um vidrinho que me parecia ser um anticéptico e despejei no tecido. – Posso? – Ele arqueou uma das sobrancelhas em duvida. – Sei o que estou fazendo, apenas fique quieto. – Ele deu de ombros e tirou a mão. Engoli em seco antes de começar a limpeza, ele gemeu e se encolheu quando o liquido entrou em contato com o machucado. – Pedi para ficar quieto.

— Sim senhorita, acho que preferia quando estava envergonhada. – Muito engraçado, fiz um pouco mais de pressão. - Au, tome cuidado, sim? – Ops.

— Desculpe. – Sorri ingenuamente e ele estreitou os olhos. – você deveria ir para um hospital, vai precisar suturar.

— Não se preocupe, Ed cuida disso e não quero dar explicações demais. - Revirei os olhos, por que o sexo masculino tem tanto medo de hospital? Fiz um pequeno curativo que serviria para manter o lugar seco e limpo. – Obrigado. – Ele se ajeitou no banco olhando diretamente para frente, supus que deveria fazer o mesmo, não seria educado ficar encarando-o. – Ed, você chamou a policia?

— Sim senhor.

— Ótimo, espero que aqueles três fiquem um bom tempo atrás das grades. – As feições antes descontraídas, ficaram severas ainda assim não perderam a perfeição. Me obriguei a prestar atenção em outra coisa por que corria o risco de ficar admirando-o com cara de idiota. Minha mente insistia em ficar repassando em câmera lenta cada detalhe dele, como se quisesse ter certeza que meu herói solitário estaria inserido nas memórias de longo prazo.

Não tive escolha, a não ser deixar as imagens fluírem, não posse negar que estava gostando. Queria saber mais sobre esse estranho que salvou minha vida, por enquanto teria que me contentar com o que meus olhos viam.

Ele parecia não ter mais que vinte anos, provavelmente tinha uma estatura de mais ou menos um e oitenta, pele clara, cabelos negros como um céu noturno sem estrelas. Os cabelos eram um pouco compridos e chegavam a cobrir as orelhas, lábios grossos, nariz que parecia ter sido esculpido por um artista renascentista e havia os olhos de cor incomum, um azul elétrico que parecia quase líquido, meu herói solitário era perfeito demais para ser real.

Acho que fiquei devaneando por tempo demais, por que quando voltei para orbita, ele me observava de maneira zombeteira, ai meu Deus será que babei? Espero que não, seria mais uma coisa para entrar para meu hall de coisas constrangedoras.

— Chegamos senhorita. – Ele me deu um sorriso de dentes perfeitos e covinhas o que não ajudou em nada a recuperar a minha concentração.

— Ham... É... Obrigada. – Destranquei a porta e me preparei para sair. – Eu nem sei seu nome.

— Também não sei o seu, estamos quites. – Ele me lançou uma piscadela, isso foi uma maneira educada de me mandar parar de ser tão curiosa. – Tente não se meter em confusão ok? – Agora ele estava sério, será que ele acha que sou algum tipo de perigo ambulante?

— Vou tentar. – Saí, um vento frio passou por mim me fazendo tremer até o ultimo osso. – Cuide desse ferimento, por favor.

— Cuidarei, agora vá, antes que fique doente. – Fechei a porta do carro e corri para a entrada de casa. Peguei a chave que estava no bolso da calça, destranquei e entrei, somente quando fechei a porta ouvi o carro dar partida e ir embora, ele queria ter certeza que entraria em casa em segurança, isso foi muito atencioso da parte dele. Fechei os olhos e inspirei profundamente, as pernas começaram a tremer, calma Mady, não entre em pânico agora, o pior já passou você está segura em seu lar.

Respirei fundo mais uma vez acalmando o coração acelerado, subi devagar para o segundo andar segurando no corrimão, queria tomar um banho em seguida tentar dormir um pouco e torcer para não ter pesadelos.

Entrei no quarto e deixei a mochila na mesa de estudos, em seguida peguei a toalha e fui para o banheiro no corredor, onde não passei muito tempo, vesti meu pijama de flanela e finalmente deitei e me escondi debaixo das cobertas e repassei mais uma vez os acontecimentos dessa noite. Não poderia reclamar mais da minha sorte, hoje com certeza ela saiu da marca negativa e chegou a zero, o mais importante era a pergunta que rondava minha em minha cabeça, será que um dia voltarei a vê-lo novamente?

— Meu herói solitário. – Virei-me na cama buscando uma posição confortável, fechei os olhos e foi com a imagem do rosto dele que adormeci.

            Acordei na manhã seguinte me sentindo descansada, por incrível que pareça não tive um único pesadelo e muito menos sonhei, o que é muito raro. Sentei na cama coçando os olhos dei uma espiada no despertador, que marcava meio dia, mamãe ainda não havia chegado, caso contrário não teria dormido tanto assim. Espreguicei-me lentamente, e me obriguei a levantar e fazer minha higiene matinal.

            Acabei por decidir ir comer bobagem na rua, não estava com a mínima vontade de fazer algo para comer. Peguei um ônibus e desci perto do trabalho, de lá para a lanchonete nova era apenas vinte minutos. Ao entrar no estabelecimento algo chamou minha atenção, o lugar estava praticamente vazio, o que é estranho para um sábado, no entanto logo minha atenção foi capturada por alguém no balcão.

            Só há um jeito de saber, caminhei até lá e sentei ao lado dele, ele estava concentrado em belo hambúrguer, antes que tentasse chamar a atenção dele uma garçonete veio pegar meu pedido.

— Em que posso ajudá-la?

— Quero uma refeição sênior. – Dessa vez não me distraí com as grandes orelhas dela tinha outros interesses, antes que decidisse o que fazer para chamar a atenção dele, ele me percebeu, nossos olhares se encontraram e mais uma vez tive a impressão de que a cor dos olhos dele mudou, dessa vez de castanho para azul, não tinha duvidas, era o meu herói solitário. – Como está o machucado? – Ele franziu o cenho como se não tivesse entendido minha pergunta, então pareceu ficar tenso.

— Ham... Bem melhor.

— Que bom, não me sentiria bem se você ficasse com alguma seqüela... – Minha tagarelice foi interrompida pelo motorista dele que também pareceu ficar surpreso ao me ver, ambos cochicharam algo rapidamente e saíram deixando uma gorjeta e uma garota no vácuo totalmente confusa.


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Notas finais do capítulo

Comentem, deixe-me fazer o opinião de vocês.



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