Guardiões escrita por Godsnotdead


Capítulo 2
Janto fora e invadem minha mente.


Notas iniciais do capítulo

Como não sei quando irei postar o próximo, aqui está um capítulo beeem grande.

PS. ouçam https://www.youtube.com/watch?v=vRITIll_iMc



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Arrastei-me até o sofá da minha casa, mal conseguia me mover, voltava de mais uma patrulha turbulenta. Essa semana não preguei o olho uma única vez, estava totalmente esgotado, mal tinha forças para caminhar. Por que Los Angeles tem que receber tantas visitas indesejadas? Acho que as mulheres do vento se divertem vendo as pessoas correndo e gritando quando começam a fazer ventanias do nada, como se não bastasse o caos que L.A já é sem a interferência delas, e para completar, elas literalmente escapam por entre os dedos e riem da sua cara depois, é frustrante.

Fechei os olhos na tentativa de conseguir dormir, e torcer para nada acontecer nesse meio tempo, por que não há nada pior do que ser acordado por gritos histéricos dentro de sua mente, acredite, isso acontece com mais freqüência do que eu gostaria.

Aos poucos meu corpo foi se entregando a letargia do sono, sentia o formigamento familiar nas costas que indicava que minhas asas estavam se retraindo. A respiração também se tornou regular e compassada, logo estava totalmente submerso no tão desejado descanso que somente o sono me proporciona.

Logo me vi com cinco anos parado em um corredor largo e iluminado, as paredes adornadas com quadros retratando os grandes conselheiros em poses heróicas ou destruindo algum grande mal, denunciaram que estava no palácio do alto conselho em Guardia. Meu eu infante mal via à hora de também ganhar um lugar ali e ser conhecido por todos assim como meus pais.

Corri em direção as grandes portas duplas construídas em ouro maciço que levava para a sala do conselho. Do lado de fora estavam por um par de guardas responsáveis pela proteção dos conselheiros, essa era uma honra concedida a poucos. Os dois me deram passagem sem pestanejar, afinal eu sou filho de um dos grandes e um dia seria chefe deles, pelo menos era isso que na inocência da infância desejava.

A grande sala do conselho se encontrava quase vazia, apenas a figura imponente de meu pai estava lá. Ele observava de maneira atenta o grande globo reluzente que pairava sobre a mesa redonda de sete lugares. O globo mostrava o que estava acontecendo em cada universo, assim o conselho poderia interferir e impedir grandes catástrofes.

 “Papai.” minha voz esganiçada de criança ressoou na grande sala, chamando a atenção do grande homem. Meu pai mudou a atenção para mim, abrindo um de seus grandes sorrisos calorosos, ele era conhecido por ser o conselheiro mais gentil e compassivo. “Venha aqui Sky”. Não esperei outro convite, corri pelo pequeno espaço que nos mantinha distantes. Ele me pegou no colo como sempre fazia, e me mostrou o grande globo, que agora mostrava um lugar de árido. “Onde é isso papai?” Não conseguia afastar o olhar. “isso é a Terra meu filho.” Meu pai sempre teve um grande fascínio pela terra e seus habitantes. “Um dia quero conhecê-la”, “um dia meu filho, um dia...” “O que é aquilo?” Perguntei mostrando uma grande pirâmide de pedra sendo erguida. “São os egípcios erguendo mais uma de suas pirâmides.” “Um dia irei visitá-la”. “Claro que sim, meu grande aventureiro.” Ele me fez cócegas, arrancando risadas que se juntaram as dele, ambas ecoaram pelo grande salão. Aos poucos a voz de meu pai foi ficando distante dando lugar a outra que chamava meu nome.

Acordei me dando conta que não estava em Guardia, e também não era uma criança sem responsabilidades. Pairando sobre mim estava Edward, me chamando como seu eu estivesse em coma.

— Já acordei. – Bocejei sem pressa. – Por quanto tempo dormi Edward?

— Quase trinta e seis horas meu senhor. – Edward tratava tudo com muita naturalidade, nem mesmo o fato de que dormi por quase dois dias o abalava, possivelmente isso fazia parte de seu treinamento.

Ele é uma espécie de guardião faz tudo, me auxilia nas missões, atua como meu motorista, mordomo e personal trainer nas horas vagas. Infelizmente não consigo persuadi-lo a parar com essa coisa de “meu senhor”. – Não vi necessidade em acordá-lo, não tivemos nenhum incidente.

— Tudo bem Ed. – Sentei devagar, sentindo os músculos rígidos protestando. – Vou tomar um banho, depois vamos fazer uma seção de treino.

— Sim meu senhor, mas antes o senhor irá comer algo. – Esqueci de mencionar que Edward também atua como babá.

— Que seja. – Levantei e caminhei em direção a escadaria, não estava com forças para discordar.

A cada passo que dava sentia o chão de cerâmica fria contra o solado de meus pés sensíveis acordando as ultimas células sonolentas. Ao chegar ao quarto deixei as roupas em cima da cama, teria que colocar para lavar mais tarde. Adentrei no banheiro e em seguida no box, ajustei a água para morna e deixei que as gotículas caíssem sobre mim, relaxando meus músculos rijos e doloridos. Não tive pressa para terminar, só saí quando a água começou a ficar fria demais a ponto de me causar calafrios. Apesar de ser resistente estava sujeito a sofrer um choque térmico. Saí sacudindo água dos cabelos jogando gotículas por onde passava e escorregando por está descalço. Ao conseguir chegar ao closet procurei uma roupa mais adequada para uma sessão de treino, vesti um calção de box e uma camisa sem mangas e desci ainda descalço.

            Na cozinha uma refeição completa estava a minha espera, mas Edward não estava à vista. Devorei as panquecas, depois passei para o bacon e os ovos e terminei com um suco de laranja. Coloquei a louça suja na lavadora e corri para a sala de treino.

— Que tal fazer isso em quem sabe se defender? – Coloquei a proteção de cabeça, e depois as luvas. Edward deixou aparecer um pequeno sorriso divertido, entramos os dois no pequeno ringue montado no meio da sala. – Vamos lá, dê tudo que tem. – Fiquei em posição.

— Não será problema meu senhor.

            Ambos nos estudamos por alguns segundos antes de partir para o ataque com a velocidade de um suspiro, os punhos de Ed golpeavam com força suficiente para quebrar qualquer osso que alcançasse, me esquivei em igual com velocidade, interceptei um dos golpes com um soco, as dobras de meus dedos latejaram com o impacto, não esperei que ele se recuperasse e ataquei com socos diretos - que ele não demorou a se defender - dei um cruzado de esquerdo esperando pegá-lo em seu ponto cego, mas Ed se abaixou e na seqüência e me passou uma rasteira, me fazendo cair de costas, rosnei furioso com minha própria falta de atenção. Levantei e dei alguns passos para trás, buscando brechas na defesa dele, eu tinha força, mas Ed tinha técnica, o que nos deixava empatados. Avancei em velocidade, Edward fez o mesmo, colidimos quase em pleno ar, trocamos socos e esquivas, então consegui acertar um forte golpe na lateral da cabeça de Edward que grunhiu com o impacto, ele sacudiu a cabeça atordoado, dois segundos depois Ed revidou com um cruzado de esquerda em meu queixo, senti o osso protestando, cambaleei para trás. Ed não esperou que me recuperasse e saltou chutando, se não fosse por meus reflexos rápidos ele teria me pegado, me transportei antes que o golpe dele me acertasse, no minuto seguinte reapareci atrás dele pegando-o com um mata leão.

— Peguei. – Ofeguei.

— Bom trabalho meu senhor, mas pode me soltar agora? Preciso respirar agora. – O soltei.

— Vamos de novo. – Voltei para a posição de ataque.

            Ficamos nisso até anoitecer, até que deixei Ed descansar e passei a treinar com os outros equipamentos da sala, levantando peso, correndo na esteira, socando o saco de areia, só parei quando voltei a sentir fome, já passava das dez da noite. Decidi que não iria perturbar Edward para fazer o jantar, iria me encher de gordura, comeria um belo de um hambúrguer. Foi já sentindo o sabor de meu jantar que tomei um banho rápido, peguei uma calça jeans, uma blusa branca de manga e um casaco, calcei um tênis e corri para a garagem, onde Ed já me esperava com a porta traseira do Porsche aberta.

— Pretendia te dar folga.

— Gentileza sua meu senhor, a onde vamos?

— Naquela lanchonete nova em Santa Monica, ouvi coisas boas sobre o lugar. – Entrei já sacando meu celular a procura de alguma coisa interessante em minhas redes sociais, havia apenas o de sempre, os guardiões pelo mundo relatavam diversos incidentes e se queixavam de coisas banais, como o calor intenso do Saara.

— Sim senhor. – Não demorou muito para deslizarmos rapidamente pelas ruas de Beverly Hills, meu Porsche Panamera chegava a velocidade máxima de 306 km/h. e alcança os 100 km/h em 3.8 segundos, era um jeito rápido e estiloso de chegar a alguma emergência sem chamar muita atenção, com toda certeza chama menos atenção do que um cara alado cortando o céu.

            Em menos de quarenta minutos estávamos onde desejava. Ed queria tomar um café expresso em uma cafeteria não muito longe dali, pretendia caminhar um pouco depois que comesse. Procurei um lugar ao fundo, não estava em meus planos chamar atenção.

Não demorou muito para uma garçonete pegar meu pedido, logo soube que ela era uma refugiada de um dos universos, as orelhas pontudas confirmaram isso, não houve necessidade de tentar me esconder.

— Em que posso ajudá-lo? – Os olhos dela viajaram sobre mim, assim que a compreensão chegou a seus olhos ela se encolheu, talvez achando que estava encrencada.

— Está tudo bem, quero apenas o a moda da casa e um Milk shake de chocolate. – Sorri para tranqüilizá-la.

— Vai querer mais alguma coisa? – Ela não foi capaz de esconder o alivio.

— Não, só isso, por favor. – Ela assentiu e se retirou.

            De onde estava podia observar as pessoas que entravam e saiam alheia ao que os cercava, não podia deixar de me sentir orgulhoso, afinal eu as mantinha em segurança.

No fundo da minha mente algo me incomodou, havia algo errado. Tentei ignorar, mas logo o desconforto se transformou em vozes. Não tive escolha a não ser ouvir e descobrir o que acabara de chamar a minha atenção. “Solte-me, por favor.” Era uma voz feminina assustada. “Não se assuste doçura, só queremos conversar.” A voz masculina deixava bem claro que suas intenções estavam bem longe disso.

            Travei o maxilar e cerrei os punhos, normalmente essas situações não chegam até mim, me mantenho longe de grandes multidões na maior parte do tempo, mas agora que ouvi isso não poderia ficar parado, o guardião dentro de mim urrou em fúria querendo fazer o que fazia melhor, proteger.

 Levantei lutando para não me transportar ou sair correndo em super velocidade, havia pessoas demais ali. Nunca em toda a minha existência senti algo tão intenso, sempre fui capaz de controlar meus instintos.

Caminhei rapidamente para a saída, Ed ainda não se encontrava no estacionamento, teria que ser do meu jeito, não havia tempo para ligar para ele, não me seguraria por mais tempo, andei até o final da rua que aparentemente estava vazia, as vozes vinham de algum lugar a duas quadras de onde estava. Olhei para os dois lados, então me transportei para uma rua quase sem iluminação, as vozes vinham de um beco à frente, corri até lá.

            Fechei os punhos ao ver que uma garota indefesa contra três homens, todos bêbados, o cheiro quase queimou meu olfato sensível, dois deles estavam mais atrás apenas rindo e esperando a vez, um deles carregava uma arma branca provavelmente uma faca de médio porte, o que segurava a garota estava armado com o que parecia ser uma pistola. Arma e álcool, uma mistura imprevisível, havia uma chance de três para um de alguém sair ferido ou de eu ser revelado, as chances não estão boas para o meu lado.

— Por favor, não... – A garota choramingou. A ira dentro de mim inflamou, acalme-se Sky, você é um guardião. Seja imparcial, entoei mentalmente.

— Vamos doçura, não seja assim.       

— Solte a garota. – Minha voz reverberou pelo beco, os três homens viraram sobressaltados, talvez temendo terem sido descobertos pela policia, mal sabiam que foram descoberto por alguém bem pior, meus instintos gritavam para atacar de uma vez e machucar bastante os três crápulas.

— Vá embora garoto, isso não é dá sua conta. – Um deles riu desdenhoso, sem saber que estava cometendo um grave erro, meu estado de espírito não estava para brincadeira.

— Lamento, mas não vou a lugar nenhum sem ela.

— Garoto idiota, rapazes vocês sabem o que fazer. – O que segurava a garota aparentemente era o chefe, os outros dois obedeceram rindo como idiotas.

O primeiro tentou me acertar com um soco desajeitado, foi fácil me esquivar, antes que ele tentasse outra coisa o acertei com um soco nas costelas, apliquei força suficiente para machucar e deixá-lo fora de combate, ele caiu gemendo. O segundo não ria mais, agora parecia bem zangado. Esse parecia não estar tão embriagado como seu companheiro caído. Ele sacou uma pequena faca que parecia afiada.

            Ele veio para cima com intenção de me ferir, desviei e segurei em seu pulso com força o fazendo soltar a faca e berrar de dor, havia trincado o osso, o calei com o soco no nariz, senti os pequenos ossos se partindo contra meu punho e para finalizar também o acertei nas costelas, não podia correr o risco de ele tentar alguma gracinha enquanto eu cuidava do ultimo, agora só falta um, o mais perigoso.

Esse não esperou que eu chegasse mais perto, sacou a arma, e como deduzi, era realmente uma pistola de pequeno porte, muito provavelmente era ilegal. Ele disparou, segui a trajetória da bala e esquivei o corpo de maneire imperceptível, apenas o suficiente para o projétil passar de raspão e não correr o risco de acertar algum órgão vital. O que não quer dizer que não fosse doloroso. O liquido quente jorrou pela ferida recém aberta, a dor ardente se espalhou pelo lado direito de meu corpo trinquei os dentes e inspirei com força.

Abaixei-me dando a impressão de que iria cair, mas a verdade era que queria pegar a faca caída aos meus pés. A peguei rapidamente e a lancei, quase de imediato ele caiu gritando com a mão na perna, havia tomado o cuidado para não acertar alguma artéria importante, reprimi a vontade de querê-lo morto.

            Levantei ofegante, podia sentir o ferimento aos poucos se fechando por dentro, peguei o celular e chamei Ed e contei a situação rapidamente, não demoraria para que ele chegasse até mim. Agora só restava ver se a garota estava bem.

Ela havia se agachado em uma tentativa de se proteger, a maneira como tremia acendeu mais uma vez minha ira contra os três homens caídos. Sacudi a cabeça tentando manter o foco, sou um guardião não um justiceiro. Agachei-me de frente para ela ignorando a dor na lateral do corpo.

— Você está bem? – Mantive a voz baixa, não queria assustá-la ainda mais, ela abriu os olhos. Seus olhos azuis como diamantes estavam aterrorizados, talvez estivesse em estado de choque. – Eles não vão mais te fazer mal.

— Eu... – Ela desatou a chorar, me deixando sem saber o que fazer, nunca havia consolado uma garota humana antes, por sorte uma buzina soou na entrada do beco, era Ed agradeci mentalmente.

— Não se preocupe, está segura agora, vou levá-la para casa ok? – Ela assentiu tentando conter o choro. – Vamos. – Levantei engolido um gemido de dor. Estendi a mão para ajudá-la a levantar, ela aceitou relutante, antes de ir ela pegou uma mochila que estava caída ali perto.

            A acompanhei até o carro, Ed abriu a porta para entrarmos, pude ver seu olhar preocupado, ele sentia o odor de meu sangue derramado, tentei tranquilizá-lo com um meio sorriso, Afinal poderia ter sido bem pior, eu poderia ter sido descoberto.  

 


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