Guardiões escrita por Godsnotdead


Capítulo 4
Curiosidade.


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui de novo o/ espero não tê-lo deixado esperando demais. Provavelmente só haverá um novo capitulo depois do natal, há menos que vocês consigam responder há um pequeno enigma :3
Desde o primeiro capitulo venho deixando pistas (não foi proposital ok?) quero saber se alguém já sabe qual a idade aproximada do Sky. Se obtiver uma resposta certa postarei o próximo capitulo antes do previsto. Então boa sorte a todos, Luh acho que você sabe, então contenha seus dedinhos :*



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            A trégua das mulheres de vento finalmente havia acabado. Estava até começando a achar estranho esses últimos três dias sem um único incidente provocado por elas. Agora as Kiwidinok causavam pânico e desordem em plena calçada da fama. O ponto turístico que em um dia normal está apinhado de turistas tirando fotos, hoje está quase vazio.

Abri as asas e planei ao encontro delas, eram cinco ao todo todas exatamente iguais em sua transparência feminina.

— Senhoras, tenho que pedir que se retirem. – Tentei ser o mais cordial possível, mesmo que meu estado de espírito estivesse bem longe disso.

— Mas por que guardião? Estamos nos divertindo tanto aqui.

— As pessoas lá embaixo pensam diferente.

— Ah, que pena. – Uma delas riu e ficou de ponta cabeça abrindo um grande sorriso zombeteiro. – Que tal sair conosco guardião? Então vamos embora e não perturbaremos mais. – Vou fingir que não ouvi isso.

— Proposta tentadora senhoras, mas  sinto informar que vocês não fazem meu tipo.

— Ai, essa doeu guardião. – A que estava mais perto de mim levou a mão até o peito em um gesto exagerado para logo em seguida começar a rir - não pareciam estar me levando nem um pouco a sério - suspirei internamente. – Qual seria seu tipo? Garotas humanas indefesas?

— Não sei do que estão falando. – Cruzei os braços sobre o peito. Agora não estava mais brincando, elas acabaram de levar embora o ultimo resquício de bom humor que ainda habitava em mim hoje.

— Claro. – Elas desdenharam. – Nós entendemos sua atração por ela, o dom dela deve está deixando você inquieto? Ela vai precisar da sua proteção guardião.

— Como vocês podem saber? E de que dom estão falando?! – Estava começando a ficar irritado.

— Você saberá em breve, temos certeza.

— Não! Digam-me agora! – Explodi.

— E estragar a surpresa? De jeito nenhum. – As cinco desapareceram transformando-se em uma brisa de verão risonha.

— Como podem ser tão irritantes?! – Bufei contrariado, se soubesse que a chave para mandá-las para casa era fazer perguntas sem sentido já teria feito isso antes. – E não estou atraído coisa nenhuma! – Esbravejei sabendo que estaria falando sozinho.

            Obviamente as palavras delas acabaram por me incomodar. O fato de as mulheres do vento saberem da garota que salvei era inquietante, quem mais esta sabendo desse incidente? E o que elas queriam dizer com dom? Grunhi exasperado, sabendo que não conseguiria nenhuma resposta ali parado no meio do céu de Los Angeles falando sozinho. Abri as asas aterrissando no meio da rua munindo-me da camuflagem dada pela “ilusão”. Nenhum mortal que olhasse para mim veria um cara alado atravessando a rua.

Enquanto caminhava as asas se retraíram, entrei no porsche e acelerei, costurando pela rua enquanto desviava de carros retardatários. Apertei o volante com força, detestava não saber das coisas. Se meus irmãos me vissem agora ririam e perguntariam onde foi parar todo meu precioso alto controle. Estacionei o carro na garagem de casa a encontrei vazia já que havia dispensado Edward, não agüentava mais os olhares especulativos dele. Fui direto para a sala de treino. Eu passara a maior parte do tempo lá ultimamente. Tirei a camisa e joguei em um canto, fiquei de frente para o saco de pancada e comecei a golpeá-lo em uma tentativa de descarregar a ansiedade e a frustração que se acumularam nesses últimos dias.

 Não conseguia entender o porquê de estar me sentindo assim, mas se não fizesse alguma coisa acabaria explodindo. Desferia golpes cada vez mais fortes no saco de areia, sentia os nós dos dedos começando a protestar, o suor escorria pelo meu corpo e a respiração ficava cada vez mais ruidosa. Golpeei uma ultima vez com força suficiente para o saco balançar como um pêndulo e a corrente que o prendia ao teto estalar. Caminhei até uma das paredes e me sentei de costas para ela fechei os olhos com força, tentei manter a mente vazia mais uma vez não obtive sucesso, havia perguntas demais sem resposta.

— Meu senhor? – Edward resolveu aparecer, abri os olhos lentamente ele se encontrava de pé a minha frente. Ed me olhava de maneira cautelosa e a culpa é inteiramente minha, ando com o humor imprevisível. Inspirei arrependido, no momento estava relativamente sobe controle.

— Sim?

— Trouxe para o senhor. – Ele entregou um saco de papel que exalava um cheiro delicioso, pela primeira vez no dia me permiti sorrir.

— Obrigado Ed. – Peguei o saco de papel e o abri para sentir o aroma delicioso que se tornava cada vez mais familiar, me apressei a dar a primeira mordida.

— Se o senhor me permite dizer...

— Diga. – Deixei as boas maneiras de lado e falei de boca cheia.

— O senhor está desenvolvendo algum tipo de dependência a essa comida gordurosa.

— Não estou coisa nenhuma. – Engoli.

— Então há outro motivo para me fazer comprar isso todos os dias? – Ed olhou para mim de maneira acusatória, sabia que era uma pergunta retórica. Parei na metade do caminho da segunda mordida.

— Sabe, prefiro quando você guarda suas especulações para si próprio e só me olha acusador. – Resmunguei, Ed apenas suspirou relevando meu mal humor.

— Ela estava lá novamente. – Não podia nem fingir não saber de quem ele estava falando. – ela continua esperando revê-lo.

— Você está enganado.

— Meu senhor, ela me olha desapontada todas as vezes que entro lá, já estou ficando constrangido.

— Ela te reconheceu mesmo usando a “ilusão”? – A ilusão é um truque que usamos para passarmos despercebidos pelos olhos mortais, mesmo que alguém nos veja mais de uma vez nunca vai nos reconhecer é bem eficaz, pelo menos costumava ser.

— Como todos os outros dias.

— O quê que há com essa garota? – Bufei. – Talvez as Kiwidinok estivessem falando a verdade.

— O que elas disseram Meu senhor? – Edward me olhou curioso.

— Algo haver com um dom. Não entendi onde elas queriam chegar, se é que estavam falando a verdade, as mulheres do vento gostam de pregar peças e falar coisas sem sentido.

— Não podemos negar que ela tem alguma sensibilidade senhor, ela o reconheceu naquele dia e interferiu em sua capacidade de detectar um desequilíbrio, não era para isso ter acontecido.

— Eu sei Ed e isso está me deixando louco. – Coloquei o Hambúrguer dentro do saco e o deixei de lado. – Me pergunto o que mais ela é capaz de fazer.

— Estava pensando nisso quando estava a caminho daqui, e se por um acaso ela for capaz de ver as aberturas na “realidade”? E acabar achando alguma que nós não tenhamos conhecimento e acabar indo parar em outro universo?

— Seria um problema... Deveríamos ficar de olho nela por precaução. – Levantei me alongando. – Onde ela estaria uma hora dessas?

— No trabalho...

— Como sabe Edward? – Foi minha vez de olhar de maneira acusatória.

— Eu... A segui um dia desses.

— Ok, não importa, estarei pronto em um minuto.

             Eu e Ed nos transladamos para o mais perto possível do trabalho dela procuramos um lugar onde poderíamos observá-la sem sermos vistos. Reconheci quase de imediato o bairro em que o trabalho dela ficava, a apenas alguns metros estava o beco onde a salvei - Então naquela noite ela deveria está voltando do trabalho quando foi abordada -. Bom, pelo menos uma das muitas perguntas foi respondida.

Em apenas meia hora que a observávamos contei inúmeros pequenos acidentes que sofreu ou causou, ou ela tropeçava em alguma coisa, ou derrubava algum objeto. Estava surpreso com a capacidade de um ser tão pequeno causar tanto estrago, por acaso essa garota tem sangue de gremilin nas veias?

— Como ela conseguiu sobreviver por tanto tempo sem supervisão especializada? – Ed tinha uma expressão estranha no rosto, como se tentasse segurar o riso.

— Estou me fazendo essa mesma pergunta.

Ficamos o resto da tarde de olha em nossa pequena gremilin, iria chamá-la assim até que descobrisse seu nome verdadeiro. Me surpreendi ao perceber que estava achando fascinante observá-la, talvez por que em todo esse tempo que vivo no meio dos mortais, nunca me interessei pelo cotidiano deles, sempre me mantive alheio.

Quando ela saiu do trabalho também a seguimos. Primeiro até o ponto de ônibus depois até a casa dela.

— Acho que não há como ela se meter em alguma confusão agora. – Bocejei.

— Segundo estatísticas humanas a maioria dos acidentes acontecem dentro de casa meu senhor.

— Ótimo, agora vou ficar imaginando mil e uma maneiras de ela se acidentar dentro de casa, bom trabalho Edward. – Resmunguei procurando uma posição mais confortável no galho da arvore que estávamos usando como esconderijo.

— Obrigado senhor.

— Estava sendo irônico.

— Sei disso senhor. – Ouvi o riso dele vindo de algum lugar acima de onde eu estava.

— Quem é você e o que fez com o meu assistente?

            Já passava das vinte e três horas quando ela deu boa noite para a mãe e foi dormir. Permanecemos onde estávamos até que ouvi a respiração dela ficar lenta, sinal de que havia adormecido. Nosso primeiro dia de guarda havia terminado e não conseguia esconder a ansiedade pela chegada do dia seguinte.

            Logo antes do amanhecer estava de volta ao meu esconderijo na árvore em frente a casa dela. Passava das seis e quarenta quando ouvi os primeiros murmúrios vindos do quarto dela. Logo em seguida um berro quase me fez cair do galho onde estava, parece que ela dormiu demais. Recuperado do susto pude rir, era engraçado a forma com que ela lidava com o atraso e como estava ficando ainda mais suscetível a acidentes. Tive que segurar meu lado protetor quando ela tropeçou na mesinha de centro quando saia de casa. Ela chegou ao ponto de ônibus há poucos minutos antes de o veiculo passar.

 Assim que o veículo saiu estiquei as asas e a segui pelo ar, tomando cuidado para não voar baixo demais. Há muito tempo não fazia algo parecido, a ultima vez foi quando persegui um Coahoma que havia subido em uma carruagem de uma família que seguia a grande “marcha para o oeste”, lembro como se fosse hoje as caras assustadas dos viajantes quando me disfarcei de soldado e parei o comboio. Em 1790 as pessoas temiam um guarda de fronteira como um gangster teme a policia de narcóticos hoje em dia, felizmente consegui resolver a situação sem causar grande tumulto.

            Continuei seguindo-a mesmo depois que pegou mais dois ônibus e caminhou por mais meia hora até chegar a Escola para meninas de Marlborough, em Hancock Park. Procurei um lugar onde poderia descer sem ser visto, em seguida entrei em um café que ficava bem em frente ao colégio. Poderia ficar por lá e esperá-la sair.

Mandei uma mensagem para Ed com as minhas coordenadas só por precaução, por que muito provavelmente ele já sabia onde eu estava. E estava certo, por que quando estava na metade de meu chocotino Edward sentou no lugar vazio a minha frente.

— Bom dia meu senhor. – Vi nos olhos dele o quanto estava chateado por eu ter saído sem ele.

— Bom dia Ed. – Sorri entre um gole da bebida quente.

— Alguma novidade?

— Ela estuda nessa escola em frente.

— E isso nos diz o que? – Edward franziu o cenho, eu vivia a mais tempo entre os humanos do que Edward, então há coisa sobre o modo como vivem que ele ainda não entende.

— Essa é uma escola de ensino médio Ed, então ela provavelmente tem entre 18 e 19 anos e está cursando o ultimo ano.

— Ela parece tão pequena para ter essa idade.

— Não confunda falta de altura com juventude meu caro, confie em mim, ela não tem mais do que 19 anos, se fossemos compará-la com os nossos padrões ela seria apenas uma criança em desenvolvimento.

— E nós seriamos o que nos padrões humanos?

— Bom... Seriamos duas múmias bem, bem, bem velhas. – Ri com a comparação.

— Não sei como o senhor consegue achar isso tão natural.

— Apenas tive bastante tempo para me acostumar... – Olhei pela vidraça, as pessoas indo e vindo, se esbarrando e seguindo em frente. Se elas soubessem que seu tempo é tão curto, talvez parassem e apreciassem o que tem ao seu redor.

— Senhor?

— Sim?

— Algum problema?

— Não Ed, estava apenas pensando.

             As horas passaram de vagar, tivemos que sair do café e ficar no porsche para que as pessoas não começassem a estranhar a nossa presença ali. Por volta das quatorze horas as primeiras meninas começaram a sair, me concentrei para não correr o risco de não ver quando ela saísse. A avistei vindo mais atrás, ela caminhava mais devagar que as outras garotas que pareciam satisfeitas em finalmente ir para casa. Quando chegou ao portão, uma menina que caminhava logo atrás com mais duas garotas, pisou em seu all star fazendo-a cair de joelhos. Senti um formigamento incomodando no fundo do estomago assim que percebi que ela havia se machucado, não conseguiria ficar onde estava, ainda mais quando as três garotas começaram a rir e disparar palavras ofensivas. Destravei a porta traseira e me preparei para ir ao encontro dela, Edward seguiu cada movimento meu pelo espelho, com certeza temendo o que eu iria fazer.

— Senhor...

— Não se preocupe Ed, não vou fazer nenhuma bobagem. – Claro que minha voz contida não ajudou em nada a convencê-lo. - Siga-nos no porsche. – Fechei a porta ouvi o click familiar de quando esta sendo travada.

— Sim Meu senhor. – O ouvi suspirar, provavelmente desconte.

            Atravessei a rua lutando com a vontade de correr até lá, fechei os punhos com força quase me ferindo com minhas próprias unhas. Parei a poucos centímetros dela, ela não percebeu minha presença, mas as amigas simpáticas dela sim. As três pararam de rir ao mesmo tempo e me olharam de tal forma que cheguei a ficar constrangido, as ignorei sem cerimônia minha atenção era da garota caída.

— Posso ajudá-la? – Ela enrijeceu ao ouvir minha voz, ergueu a cabeça e me olhou primeiramente com incredulidade e depois com raiva, não entendi a segunda reação.

— Não obrigada! – Ela levantou e saiu mancando pela calçada, me deixando sem reação por alguns segundos. Tratei de segui-la. Não iria deixá-la sozinha e mancando, também queria entender o que fiz de errado.

— Espere. – Foi fácil alcançá-la.

— Por que deveria?! – Ela respondeu de maneira ríspida ainda caminhando.

— Não entendo por que está assim. – Me senti frustrado ao expor minha confusão para uma desconhecida.

— Você é bipolar por acaso? – Ela parou e virou de uma vez, teria esbarrado em mim se eu não tivesse bons reflexos e dado dois passos para trás, mais uma vez fui incapaz de esconder a confusão. – Primeiro você me salva e é todo atencioso e em menos de vinte e quatro horas você me trata com frieza e então simplesmente some. A única prova que tinha de que você realmente existia e não era mais um fruto da minha imaginação era o seu motorista que vai comprar hambúrguer todos os dias naquela mesma lanchonete, me deixando com a hipótese que você está me evitando! Agora você aparece sem mais nem menos como se nada tivesse acontecido! – Ela quase gritou a ultima frase enquanto pressionava o dedo indicador em meu peito. – E sabe o que é pior?! Nem ao menos sei o seu nome e isso tem me deixado doida, imaginando mil e uma teorias sobre você... – Ela parou ofegante, não pude deixar de sentir vergonha, ela tinha razão de está tão zangada comigo, não podia negar que a fúria dela era engraçada, parecia um filhote rebelde.

— Sinto muito, não quis ser mal educado aquele dia, não estava te evitando. – Estava sendo sincero, não era minha intenção desencadear tal reação nela, muito menos está tendo essa conversa com uma garota humana no meio da rua, ganhando olhares curiosos dos pedestres que passavam por nós, afinal meu plano desde o inicio foi passar despercebido, agora não sei serei capaz de me manter alheio a tudo o que me cerca. Principalmente não conseguirei me manter alheio a garota loira furiosa a minha frente.

 

 


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Notas finais do capítulo

Espero que isso seja um até lego, se caso não for, deixo aqui meu feliz natal a todos o/



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