Marina e Simão escrita por Mary


Capítulo 8
8




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Para Marina não era novidade nenhuma que Lilly inventasse ideias mirabolantes para ganhar dinheiro sem trabalhar, trapaceando na escola e tentando sempre sair por cima. Embora a namorada de Simão não concordasse, estava ciente também que os pais da amiga não davam a mínima para o que faziam os filhos, uma vez que por serem bem relacionados com membros da alta sociedade, encontravam-se atolados de eventos para ir, nunca chegavam a estar em casa.

A bola da vez era a tal da “prova de fidelidade” na qual Lilly insistia com ardor, como se tivesse provas reais da falta de caráter de Simão Novaes.

— Eu se fosse você não dava muita demonstração de afeto a Simão ou então ele vai ficar muito convencido que te tem na mão e pode fazer o que quiser que você vá perdoar.

Você acha? — suspeitou Marina com o coração em pedaços só de pensar em não ser a única na vida de Simão.

Você tem que fingir que não sente a falta dele. — aconselhou Lilly que estava loucamente apaixonada pelo namorado da amiga e destinada a destruir o relacionamento sem necessariamente perder a estima de Marina. De que modo faria isso não sabia direito, mas queria Simão para si.

Não é tão fácil assim! — redarguiu Marina.

Não quer parecer um cachorrinho correndo atrás dele, quer?

Em todos esses anos Simão nunca me despertou qualquer tipo de desconfiança. Quando se ama de verdade, a confiança só fortifica os laços dos apaixonados. Quem confia se entrega e não é pela metade.

Simão se aborrecia com as cobranças de Marina. Sabia em seu interior que sua conduta em nada desabonava o bem querer. Não entendia por que depois de tantas provas a namorada vinha se comportando de maneira estranha, supondo sandices e acreditando na tal Lilly que na concepção dele era o pivô da confusão.

Ela é que fica colocando essas ideias de jerico na sua cabeça, Marina. — concluiu Simão diante das calúnias escabrosas que Lilly fazia Marina acatar como verdades absolutas, embora não fosse nada fã das redundâncias.

— Ela é minha amiga e quer o meu bem. — defendeu-se Marina.

— Ela está te deixando maluca.

— Você me acha maluca?

— Mas é claro que não, Marina! Longe de mim pensar uma coisa dessas, mas admito que não gosto dessa Lilly.

— Eu não reclamo dos seus amigos.

Eu acreditava que você tinha mais discernimento, não sairia acreditando em qualquer bobagem que te dizem.

E eu pensava que você me entendia.

Sou eu que não entendo você e talvez nem queira mais. Sinceramente, Marina, deveríamos dar um tempo.

Dar um tempo? — estrilou Marina, atônita.

Não digo romper tudo pra sempre, mas considero que seja melhor que não nos vejamos por algum tempo.

Você está terminando comigo sim, por que não?

Simão não queria brigar com Marina. Por ser de natureza pacata preferia sempre negociar, ceder, chegar a um acordo que contemplasse as necessidades de ambos e essa calmaria tranquilizava a moça quando o medo a dominava. No entanto, aquelas insinuações fantasiosas deixavam-no possesso. Com toda razão de estar.

Bem que a Lilly tinha razão! Você tem outra garota, é por isso que pouco faz diferença que eu esteja aqui ou não. — acusou Marina, colérica.

Você perdeu o juízo?

Eu acho que foi você que perdeu.

Simão se retirou da mesa da lanchonete para não discutir e Marina, chorando, foi procurar Lilly que se satisfez com a tristeza da amiga, mas dissimulou com destreza.

Indício de traição. Não tenho dúvida. — Lilly balançou a cabeça.

Não acredito que ele está fazendo isso comigo.

Lilly abraçou Marina:

Não fica nessa tristeza não, Marina. Menino tem aos montes nesse mundo. Simão não é o único.

Pra mim é. — protestou Marina, inconformada.

Porque você só saiu com ele.

Não é assim, Lilly.

Na escola muitos meninos têm vontade de se aproximar, mas não o fazem porque você vive endeusando esse Simão aí...

Porque ele é o meu amor... Eu não vou desistir dele. Para mim não importa mais nenhum garoto, só o Simão. É dele que eu gosto, é com ele que eu quero ficar e por ele eu vou lutar enquanto sentir forças.

Eu ainda acho que você age movida pela emoção. Isso nunca termina bem!

Debaixo de chuva, Marina voltava para casa naquela turbulenta noite. O percurso era cumprido sem pressa nem animação. Cada esquina uma reta infinita de neblina e desgosto. A alma confusa se embriagava daquelas lágrimas com gosto de chuva.

O carro de Simão encontrava-se estacionado em frente a casa dos avós dela. A discussão terminara com dois corações partidos e a provável certeza de uma longa espera.

— Simão! — murmurou Marina, confusa.

Simão, ensopado, chamou a amada com as mãos e ela sem demora correu para os braços dele.

— Pensei que nunca mais voltaria a vê-lo! — confessou Marina.

— Como se eu conseguisse ficar longe de você por tanto tempo... — admitiu ele chateado com as insinuações dela, mas habilitado a contornar com maturidade as diferenças entre eles.

— Não acredito! — exclamou a D. Regina. — Vocês estão ensopados!

Marina e Simão, abraçados, riram de si mesmos, das loucuras que faziam por amor, acatando de imediato a determinação de Regina para entrarem em casa e tomarem banho. Ambos contraíram resfriado, mas antes um nariz trancado do que um coração em pedaços.


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