Marina e Simão escrita por Mary


Capítulo 6
6




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Além de suportar a ausência de Simão, Marina Luísa de Queiroz encontrava-se diante de um desafio ainda mais emocionante: começar a vida estudantil numa nova escola. Não havia motivo para grandes preocupações com relação a vestimentas porque o uso do uniforme era obrigatório, implicando em memorando a desobediência às normas. Não obstante era sempre apavorante causar a primeira impressão.

O primeiro dia transcorreu sem problemas, apesar de Marina não ter se aproximado de ninguém. Apenas no terceiro dia os primeiros problemas surgiram. Aula de Educação Física, disciplina com a qual nunca teve qualquer afinidade, conhecendo então um garoto desengonçado que até então era o bobo das quadras, errando saques, chutando torto.

Marina não se importava de ser a última da fila na hora de treinar arremessos na cesta, conhecendo outra garota com a mesma ideia.

— Odeio fazer arremessos... — reclamou a menina.

— Fazer arremessos não é uma tarefa que incite grandes emoções em mim, mas se for para sair da escola o quanto antes, encarar esta fila não me parece tão desestimulante.

— Também não gosta da escola?

— O conhecimento me estimula, mas a escola não é o meu lugar preferido no mundo — revelou Marina.

— Você é a menina nova, não?

— Sou sim — confirmou Marina, assertiva.

— Eu sou Lilly! — A garota estendeu a mão direita para cumprimentar Marina que retribuiu aliviada por finalmente ter alguém para conversar.

— Lilly?

Lilly revirou os olhos:

— Meu nome de batismo é Eliane, mas todo mundo me chama de Lilly e eu prefiro assim.

— Eu sou a Marina!

— Ah... E aquele porquinho suado é o meu irmão, o Luís Carlos.

Luís Carlos, ofegante, retaliou:

— Eu escutei você me chamando de porquinho suado.

— E é o que você é! — bronqueou Lilly.

— Se eu sou o porquinho suado, você é uma nariguda.

Lilly cerrou os punhos, tencionando intimidar o irmão:

— Do que é que você me chamou?

— Nariguda! — fez ele, mostrando a língua.

Lilly arremedou os grunhidos de um porquinho e os irmãos seguiram discutindo.

— Não consigo nem respirar porque seu nariz sugou todo o meu nitrogênio! — devolveu Luís Carlos.

— Nitrogênio, seu tonto? Nós precisamos de oxigênio para respirar! — revidou a irmã enciumada. — Imagina Marina, que nós somos gêmeos... Aguento todos os dias o mini Einstein, então recomendo que se acostume com as inspirações — contou Lilly, irônica, ávida por chamar a atenção da nova aluna.

— Vocês dois são gêmeos? — exclamou Marina, muito impressionada.

— Um acidente genético, mas poderia ser pior.

Lilly convidou Marina para passar à tarde com ela. Com o passar dos dias, as duas garotas estreitaram os laços de amizade e nunca mais se separaram.

Como muitas adolescentes apaixonadas por música, Lilly sonhava em ser uma cantora internacionalmente conhecida. Não gostando do nome de batismo, procurou várias combinações agradáveis para causar uma boa impressão no mundo artístico, apesar de Luís Carlos acusa-la de não ter uma voz afinada, constatação feita também por Marina que mantinha essa opinião em segredo para não partir o coração da única amiga.

Luís Carlos era mais calado, seguindo as meninas para onde quer que fossem, brincando de vez em quando com os meninos mais novos.

Lilly também não tinha outras amigas e gostou de entrar na vida de Marina, tornando a mudança de escola uma experiência surpreendentemente positiva para a namorada de Simão.

Eu quero ser sua amiga pra sempre. — implorou Lilly fazendo uma imitação da Madonna no espelho do quarto da amiga, segurando a escova de cabelo e fazendo de conta que era uma popstar adorada pelo público.

Mas é claro que a gente vai ser. — prometeu Marina.

Mas você tem que prometer que é pra sempre. — pediu Lilly.

É tão bom ter uma amiga que nem você por perto. Amiga de verdade. Amiga que eu me atrevo a chamar de irmã.

Você é a irmã que eu não tive. — confessou Lilly com os olhos molhados.

As cartas de Simão preenchiam o coração de Marina com uma alegria inexplicável. Ela as respondia depressa e mesmo sem poder presenteá-lo como ele costumava fazer (com anéis, pulseiras, fotos e etc.), nunca deixava de escrever algum versinho.

Lilly e Marina passaram a ter seus segredos, mas a segunda considerava que ainda era muito cedo para falar sobre Simão. E talvez tivesse razão. Pensar antes de falar sempre será uma estratégia bem-sucedida.


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