Marina e Simão escrita por Mary


Capítulo 14
14


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado à Lena. Muito obrigada pela leitura!



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Marina não conseguia sair do lugar, Simão menos ainda. Era realmente difícil começar uma conversa depois de tantos anos de silêncio.

Marina? — exultou Simão.

Simão? O que faz aqui?

Vim ser seu. — disse ele com um sorriso plácido e os olhos denunciando a mais profunda emoção.

Meu? Mas e o casório? E a Lilly? — perguntou Marina, muito confusa, como qualquer outra pessoa estaria.

Simão tomou Marina nos braços e beijou-a com todo o ardor apaixonado que nunca se esgotou naqueles anos todos. Ao final do beijo, sem fôlego, sussurrou no ouvido dela:

É você que eu quero.

Simão, você não está fazendo o que é certo.

E o que é certo para você?

Eu só queria que você fosse feliz.

Hoje seria o dia do nosso casamento, minha Marina, mas mentiras nos separaram. Inverdades que contamos a nós mesmos para sabotarmos nossa felicidade e nos afastarmos daquilo que merecemos. Muito provavelmente eu não sou digno do seu amor, no entanto com a humildade que cabe, aproveito a referida oportunidade para retratar-me do dano que minha indiferença provocou em sua vida. Envenenei minha consciência com falsas convicções, incentivando-me a acreditar que você seria capaz de me trair. Eu fui tão tolo e egoísta por duvidar da sua fidelidade, por ter partido o seu coração sem me permitir enxergar as verdadeiras evidências. Pedir-te perdão ainda é irrisório. Devo-lhe mais do que um simples pedido de desculpas. Comportei-me sem maturidade ao julgá-la com base na fúria do momento.

Eu já superei os nossos desatinos passados, Simão. Eu já reconstruí minha vida. Não vivo remoendo mágoas passadas e nutrindo ressentimentos. Aprendi com eles, por isso estou aqui agora.

Simão fitava diretamente os olhos da amada, sorrindo, esperando que um dia ela conseguisse perdoá-lo de todo o coração:

Isso não é o suficiente para me convencer — desabafou Simão, arrependido.

— Agora chegou o momento de você se perdoar e desse modo nós poderemos escolher não lembrar o que nos separou...

Eu almejo muito mais que do fingir que tudo está bem. A vida não seria nada proveitosa se eu assumisse um compromisso tão profundo com outra mulher que não fosse você, Marina.

Mas e se assim desejasse o destino? — rebateu Marina.

Não creio que ele seja tão sádico de separar almas gêmeas por puro despeito... — Simão apanhou as mãos de Marina e beijando docemente dedo por dedo, queria saber: — Você ainda aceita meu perdão?

Eu esperei por esse perdão por muito tempo e morreria esperando.

Na cerimônia de formatura de Marina, Simão a aplaudia de pé, orgulhoso de se lembrar de que aquela menininha tímida que soluçou em seus braços por se sentir feia e inadequada era agora uma mulher consciente de seu próprio valor, aventureira, alegre, uma profissional que mal começava a dar os primeiros passos no jornalismo e mostrava ter escolhido a área certa depois de tantos tropeços.

Pouco antes de concluir o curso de jornalismo, Marina foi efetivada como repórter do jornal do almoço de uma famosa emissora, a RPN, chamando atenção não apenas pela beleza exótica, mas também pela desenvoltura diante das câmeras, por ser uma repórter versátil, com a entonação que familiarizava o espectador com a notícia.

Marina Luísa de Queiroz através do trabalho teve oportunidade de juntar todos os seus desejos vocacionais num só e tamanho era o seu amor pelo que fazia que recebia cartas de fãs de todas as idades, de crianças a idosos, viajando para cobrir fatos que entravam para a história e fazendo o seu nome dentro do canal, tanto é que precisou cobrir as férias de um apresentador do famoso noticiário “Vinte Horas” e acabou se efetivando na bancada, uma vez que o antigo âncora recebeu proposta na concorrente e a jovem era muito simpática diante das câmeras, sabendo dosar maturidade e credibilidade para deixar os telespectadores antenados.

Simão progredia como engenheiro e representava o país por uma famosa empresa multinacional que tinha filiais situadas em grandes capitais. Ele precisava viajar muitas vezes por conta da profissão, mas Marina confiava nele, o amava, sabia que a ausência se devia a uma causa importante, maior do que qualquer desconfiança tola.

Apesar de Marina e Simão serem um casal bastante reservado, todos sabiam que eles eram muito apaixonados um pelo outro, mas não podiam se casar e consumar a união como desejavam desde a mocidade, tudo porque Lilly, com o orgulho ferido, passou a infernizá-los, negando o divórcio. Embora não fosse um papel o determinante da felicidade deles, tinham vontade de reafirmar os votos de ficarem juntos para sempre.

O amor de Marina e Simão era aquele tipo de história que sempre fazia até os menos românticos suspirarem e torcerem pelo final feliz.


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