Marina e Simão escrita por Mary


Capítulo 15
15


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês gostem do final da história...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/717541/chapter/15

Era o início de um ano emblemático: 1999. Marina e Simão comemoravam vinte anos do primeiro encontro deles, lá no tronco quebrado do ipê amarelo, no acampamento de férias. Continuavam sendo um casal apaixonado. Enfrentavam a distância sabendo que ela encurtaria mais cedo ou mais tarde, o que de fato se concretizou porque a apresentadora aceitou o convite do amado para morar com ele em Nova York.

Cada escolha traz consigo uma renúncia.

O jornalismo, outra paixão, seria sacrificado, em todo caso.

A emissora não queria perder um de seus mais brilhantes nomes do jornalismo, no entanto a apresentadora do afamado noticiário “Vinte Horas” estava cansada da responsabilidade de comandar um telejornal de dimensão nacional porque passava mais da metade do dia na redação, não podia se dedicar a nenhum outro projeto, nada, e também sentia falta dos tempos em que era repórter de rua, quando podia se deslocar da matriz da RPN para trabalhar em séries especiais.

Marina Luísa de Queiroz gostou muito da experiência na televisão, pretendia dar prosseguimento a carreira de jornalista, mas longe das câmeras, abrindo mão da bancada do “Vinte Horas”, notícia que deixou seus fãs de coração partido, mas ela, muito carinhosa, disse que a decisão era de caráter pessoal, não tinha nada a ver com desafetos e muito menos “disputas interiores” como especulavam aqueles colunistas sensacionalistas que viviam inventando problemas na RPN e especulando a vida pessoal da apresentadora, falando de desafetos, distorcendo uma matéria inteira com títulos chamativos e demagogos.

Muitos duvidavam que Marina ainda fosse virgem, mas ela era, esperava ansiosamente o dia em que poderia ser a esposa de Simão sob a unção de Deus, ainda que não fosse religiosa de todos os domingos. Foi uma promessa que fez a si mesma enquanto menina e a cumpriria.

Com a explosão da euro dance nas danceterias dos quatro cantos do mundo, Lilly juntou suas economias e embarcou com o irmão no primeiro avião com destino a Dinamarca, onde frequentou um curso livre para ser DJ. Conheceu por acaso o pacato sócio majoritário de uma gravadora de pequeno porte, mentiu ser uma famosa cantora brasileira e seduziu o homem, casando-se com ele para assegurar que o seu álbum seria lançado.

Apesar dos esforços dos empresários para alavancar a carreira da aspirante a diva, os álbuns de Lilly encalharam nas prateleiras e a gravadora enfrentou uma crise financeira tão grande que fechou as portas um ano depois. Mais uma vez, por causa de Luís Carlos, tudo deu errado. Ele mencionou acerca do passado da irmã que foi acusada de bigamia — crime no vilarejo onde viviam — e a sentença final foi à deportação, obrigando-a a voltar para o Brasil e a ouvir quase incansavelmente os meios de comunicação falarem sobre o casamento do ano: Marina Luísa de Queiroz e Simão Novaes.

Luís Carlos depois de contar a verdade para Simão perdeu o amor de Érica que partiu para concluir os estudos na Suíça e nunca mais voltou para o Brasil. Ele também nunca teve interesse em colocar ninguém no lugar dela, acompanhando sempre a irmã nos trambiques, ainda que o sincericídio colocasse tudo a perder.

Lilly, inconformada, queria arruinar o casamento da antiga amiga. Incansavelmente averiguou todos os detalhes sobre a recepção. Como não foi convidada (por motivos óbvios) conseguiu adentrar o grande salão passando-se perfeitamente por funcionária do luxuoso cerimonial que cuidava de todos os pormenores da celebração que reunia as grandes personalidades do jornalismo, da política, do entretenimento, além dos parentes dos noivos.

Para Luís Carlos o maior temor era ver Érica nos braços de outro homem, o que não aconteceu, pois ela estava completamente sozinha, sentada na mesa onde estavam também os pais do noivo e a D. Regina já com seus cabelos grisalhos e a tez envelhecida, como também não lhe passou pela cabeça que ele poderia estar ali.

Lilly se enturmou com Carmen Angélica Esteves, a maior fofoqueira da RPN. Se você tinha um segredo e queria que todo mundo soubesse, bastava contar a Carmen Angélica — conhecida por Noviça pela carreira de radialista nos anos 1980 onde se consagrou pela narrativa sensacionalista —, que num instante o Brasil inteiro ficava sabendo, mas nem ela podia ajudar a grande vigarista porque tinha vindo ao casamento determinada a apanhar o buquê e roubar docinhos depois da valsa dos noivos.

Um pouco antes de Simão e Marina liberarem a pista de dança para os mais festeiros, Renata, que costumava beber além da conta nas festas, se apossou do microfone que estava nas mãos do chefe de cerimonial e fez um discurso que levou muitas pessoas às gargalhadas.

Durante esse momento de distração, Érica reconheceu Luís Carlos e em consequência disso, Lilly também.

Estava tudo perdido.

Lilly não ambicionava ser desmascarada em público e por isso apressava-se em procurar um bom lugar para se esconder. Sem sorte esbarrou em Renata que rodopiava como se fosse uma borboleta e atirou a falsa funcionária do cerimonial logo de rosto no bolo dos noivos.

Simão e Marina, abraçados, assistiram de camarote ao mico do ano, reconhecendo Lilly. Aquele era um castigo merecido pelo que ela os fez passar. Nem sequer importava o que houve no passado. Eles estavam juntos. Casados. Para sempre. Era divertido ver a penetra com o rosto todo sujo de glacê, esbravejando com o irmão desastrado, enquanto Noviça, não muito longe dali, enfiava docinhos na bolsa pensando que ninguém estava vendo.

A propósito, Lilly descobriu algo melhor para fazer que perseguir Simão e Marina, decidiu aproveitar seu talento para trambiques a fim de conquistar “clientes” fieis com aquelas histórias de “traga a pessoa amada em três dias”, “emagreça dormindo”, dentre outros cambalachos.

— Você jura que esse gel redutor de medidas vai surtir efeito? — quis saber Noviça, curiosa.

— Esse gel de algas marinhas é importado, fabricado num vilarejo pitoresco da Dinamarca onde meu falecido esposo era conde...

— Seu falecido marido era conde?

— Sim, mas viver na Dinamarca significa estar próxima de todas as lembranças do meu querido conde, por isso voltei ao Brasil para refazer minha vida, retomar minha carreira...

— Carreira? Carreira do quê?

— Você provavelmente não sabe que eu sou uma grande referência no cenário da música pop na Dinamarca. Nos últimos meses dediquei-me inteiramente à cura do meu querido conde e abandonei os palcos, mas estou disposta a voltar com tudo...

Luís Carlos ria que dava gosto. A irmã havia encontrado a chave para a solução dos problemas financeiros deles.

Marina e Simão, como o previsto, mudaram-se para Nova York, curtiram a lua-de-mel pelo velho continente e no ano 2000 veio ao mundo a primeira filha deles, Mariana, cuja escolha do nome tinha um significado especial. O segundo filho, Igor, chegou em 2003.

Um dia, a já não tão pequena Mariana queria saber como os pais se conheceram, foi por isso que Marina e Simão muito gentilmente montaram uma cabaninha na sala de casa e decidiram contar aos filhos uma história de amor que não estava nos livros, mas nem por isso era menos importante, uma história que ainda continua sendo escrita pelas mãos do destino até o resto dos dias dos envolvidos, até porque o amor não tem um ponto final.

As crianças ouviam a tudo com brilho nos olhos, o mesmo que contemplavam nos pais ao olharem um para o outro. Mariana e Igor nunca encontrariam nada parecido nos livros...

FIM


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por terem acompanhado esta fic, pela disposição e paciência de lê-la integralmente. O conteúdo é bem simples, admito, pois idealizei esse romance quando tinha 13 anos. Sempre gostei de personagens cômicos e vocês devem ter percebido isso pelo fato de dar um final nada trágico à Lilly.
Espero que tenham gostado da leitura. Que nós nos encontremos em outra fic por aí. Beijos no coração e fiquem com Deus!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Marina e Simão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.