Marina e Simão escrita por Mary


Capítulo 13
13


Notas iniciais do capítulo

Obrigada àqueles que estão acompanhando esta história. Espero que estejam gostando.



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Pouco antes da cerimônia, enquanto Simão se arrumava no quarto, Luís Carlos, o irmão de Lilly, foi procura-lo.

Ainda bem que é você. — brincou Simão que tinha uma afeição fraternal por Luís Carlos que ao contrário da irmã era ingênuo e muito franco, franco até demais.

Luís Carlos fez silêncio enquanto observava Simão abotoando a camisa. Não estava nem um pouco contente. Até uma criança perceberia.

Quer trocar uma ideia? — perguntou Simão.

Eu tenho uma coisa pra te falar. — começou Luís Carlos.

Pode falar. — assentiu o rapaz.

Luís Carlos podia estar fazendo a coisa errada, mas sentia naquele momento que honrar a verdade era o seu dever como pessoa.

Eu prometo que vou fazer sua irmã feliz. Não vou tirá-la do seio familiar para dar-lhe uma vida indigna. — garantiu Simão que realmente faria tudo o que fosse possível para que Lilly fosse feliz ao lado dele, ainda que brigasse com o coração desde sempre por ainda amar Marina, mesmo depois de tudo.

Eu só queria te dizer uma coisa que você pode não gostar de saber.

Lilly e eu já tivemos relações, se é o que quer saber.

Falo da Marina.

— De quem?

— Da Marina. A menina do aparelho. Aquela que tinha um aparelho enorme na boca.

Simão ainda estremecia quando o nome de Marina era mencionado, ainda que por acaso. Havia tantas Marinas no mundo, mas para ele, apenas uma.

Marina e eu não temos mais qualquer tipo de envolvimento há muitos anos.

Luís Carlos puxou a manga do paletó de Simão, decidido a se fazer notar:

Não, Simão, o que eu estou querendo dizer é que a Marina...

O que vem de Marina não me interessa — declarou Simão, esperando convencer o cunhado de que detestava Marina.

Será que você se esqueceu completamente ou só se faz de durão?

Não te interessa.

Simão, irritado com a abordagem de Luís Carlos, abriu a porta do quarto do hotel onde estava hospedado, o mesmo em que dormiria com Lilly depois da festa antes de embarcarem na manhã do dia seguinte para passar a lua-de-mel em Paris:

— Agora, por favor.

Por favor, Simão, eu preciso falar isso porque não sei se vou conseguir falar quando for à hora do “fale agora ou cale-se para sempre”.

Simão, apesar de fazer pouco caso, decidiu ouvir o que tinha a dizer o irmão da noiva.

É muito sério?

É... E eu não vou conseguir falar com a igreja toda me olhando... — confessou Luís Carlos, cabisbaixo. — Você deve ter raiva de mim porque pensa que eu saí com a Marina...

— São águas passadas...

Coisas que são mentiras.

Eu já fiz minha escolha e não vou voltar atrás.

— Aí é que está o problema: você pode escolher coisas as quais não poderá voltar atrás.

— Eu sei o que é melhor para mim!

Pois devia reconsiderar... — Luís Carlos seguiu adiante com suas considerações: — Você vai ser feliz de verdade vivendo com a Lilly para sempre?

Lilly é uma ótima pessoa e poderá me fazer feliz.

Eu sei que sim, mas...

Marina é parte do meu passado.

Marina sempre teve olhos só pra você — teimou Luís Carlos que parecia mais ser irmão de Marina do que de Lilly.

— Eu não me importo se você gosta da Marina. Pode ficar com ela. Seja feliz.

— Eu não posso ficar com ela porque não gosto dela e ela não gosta de mim! E se você quiser saber da verdade, eu nunca saí com a Marina!

— Isso não tem mais... Como?

— Isso mesmo! Marina e eu nunca saímos.

Mas...?

A Lilly me obrigou a escrever uma carta me passando por um namorado da Marina porque tinha inveja da amiga, queria separá-la de você para poder ser sua namorada, e me usou para isso, mas eu nunca vi a Marina desse jeito. Eu sempre amei a Érica, Simão! Eu sempre amei a sua irmã, meu cunhado, e a perdi para sempre por causa dessa farsa. Érica me odeia porque assim como você, acha que aquela carta é verdadeira...

Marina nunca me traiu? — quis saber Simão.

— Marina nunca te traiu... — confirmou o rapaz.

— Eu sabia!

— Se sabia, então por que duvidou dela?

Não importava mais.

Simão abraçou Luís Carlos e chorou sem recriminações. Por ter sido injusto com a amada. Por tê-la acusado de algo que não fez. Porque apesar de negar todos os dias, ainda a amava tanto quanto se sentou ao lado dela naquele tronco quebrado de um ipê naquela colônia de férias anos atrás.

— Eu sinto muito, Simão. — lamentou Luís Carlos, sentindo que não suportaria estar no lugar de Simão, pois não queria se casar com ninguém, por mais que as circunstâncias indicassem que Érica Novaes nunca mais seria sua garota.

Simão agarrou os ombros gorduchos de Luís Carlos e beijou-lhe a testa, de tão radiante que estava:

— Eu preciso repetir tudo isso na igreja? — indagou Luís Carlos, suando frio num paletó xadrez esturricado demais cujos botões nem fechavam.

— Não vai precisar repetir nada. — Simão tranquilizou o amigo.

— Ufa! — suspirou Luís Carlos. — E ainda bem! Eu fico meio encabulado quando preciso falar em público. Minha irmã vai me odiar por isso, mas eu não queria que você morresse pensando que a Marina é uma má pessoa porque ela não é.

Simão alimentou a crença de ter sido traído por Marina. Humilhado demais fugiu dela, nem sequer a permitiu entender que tudo acabou. Escreveu inspirado pelo ódio, onde disse diversas palavras de mau gosto à sua amada, insistindo para sentir o que dizia.

Simão nunca encontraria palavras justas para agradecer ao ex-cunhado pela grande revelação, ainda que estivesse casado com Lilly na esfera civil havia uma semana, mas para ela o grande momento era sem dúvida alguma a entrada triunfal na igreja, a recepção no restaurante, a valsa dos noivos, tudo o que não teria.


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Notas finais do capítulo

Viram como a verdade sempre aparece?



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