Marina e Simão escrita por Mary
Notas iniciais do capítulo
Quem desconfiou da Lilly acertou em cheio, ela finalmente mostrou a que veio...
Simão chamou Lilly para uma conversa importante. Ela aceitou o convite e eles se encontraram na mesma lanchonete onde se conheceram.
Ao chegar, Lilly pousou a bolsa de mão na alça da cadeira e não deixou de notar com espanto o abatimento físico de Simão. Cumprimentou-o de longe porque não sabia se era pertinente estreitar o toque físico logo quando as emoções dele ainda estavam agitadas, se o silêncio precedia o desmoronar.
— Por que me chamou?
— Porque eu preciso ter uma conversa com você. — esclareceu o rapaz.
Lilly arrastou a cadeira para sentar-se e ficar de frente para Simão.
— Sobre o que você deseja tratar comigo?
Simão não teve forças para continuar.
— Você brigou com a Marina e está arrependido?
Simão não ergueu os olhos para fitar Lilly:
— Marina e eu não somos mais noivos.
Uma onda de prazer correu por todo o corpo de Lilly, mas ela se manteve altiva e impassível.
— Eu fui feito de bobo por todos esses anos, Lilly. A minha ficha não cai.
— Nem sempre cai. — concordou Lilly encontrando qualquer maneira de poder tocar Simão.
— Pode não cair nunca. — lamentou o rapaz amassando o papel de carta, empurrando-a sobre a tábua da mesa, exigindo que Lilly lhe fornecesse satisfações sobre a traição.
Lilly aproveitou a fragilidade de Simão para inventar muitas calúnias acerca da integridade de Marina, tudo aquilo que se o rapaz estivesse sóbrio e calmo jamais daria ouvidos, mas estando ele muito magoado e atordoado, acreditou em tudo.
— Como amiga eu nunca concordei com as maldades da Marina, mas também não queria te magoar.
— Mais do que eu já fui magoado?
— Mas você também não pode passar a vida toda se tratando como um derrotado. Precisa ir à luta, sacodir a poeira, mostrar que não saiu por baixo.
— Não tenho forças.
— Você não podia permitir que uma abestalhada destruísse sua honra.
— Marina já o fez.
— Essa é a razão pela qual romance em que a diferença de idade atrapalha. Você está numa fase e ela noutra. Vocês não estão de acordo. — refletiu Lilly, completamente demagoga, uma vez que tinha a mesma idade de Marina.
— Marina se mostrou sempre tão madura, tão decidida, sábia, não poderia ser capaz disso.
— Encontrando motivos para desmentir o óbvio?
— Eu pensava que Marina era feliz comigo. — refletiu um Simão angustiado que bebia para afogar as mágoas e as lembranças, a própria realidade em suma.
— Nada é o que parece.
— Eu sei que você vai tentar defender sua amiga de todas as formas, mas eu preciso de um tempo para mim.
— Mas é claro que precisa, Simão. — Lilly meneou a cabeça, certa de que teria o noivo da amiga para si, que era questão de tempo para ele enfim nota-la. — Ninguém supera traição de uma hora para outra. Tudo que eu quero-te dizer é que você pode contar comigo para o que precisar, se quiser um ombro para chorar, uma amiga companheira, estarei aqui.
Simão, desolado, abraçou Lilly e chorou como um garoto que foi esquecido na porta da escola. Soluçava pedindo carinho, dizendo que queria morrer de coração partido, mas não suportava a ideia de ser traído. Não queria confrontar Marina porque olhar para ela depois de tudo só tornava mais difícil a tentativa determinada de esquecê-la para sempre.
— Pode botar tudo pra fora, meu amigo. — incentivou Lilly, correspondendo aos gestos de carinho que Simão lhe dava.
Lilly sabia muito bem pelo ombro amigo porque o infalível poder de persuasão que culminou no êxito dos planos elevou sua autoconfiança. Era questão de tempo para que Simão a pedisse em namoro para se vingar de Marina. A partir daí pouco importava a amizade dela. O mais importante estava em seus braços, tão carente quanto um cachorrinho que caiu do caminhão da mudança.
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