Born To Die escrita por Sabsyoda


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Eu achei meio pesado esse capítulo porque aborda violência doméstica e estupro, então estou avisando antes pra caso alguém tenha infelizmente passado por isso não sentir-se mal. Lembrem-se do que eu disse no prólogo, se você vê algo parecido no seu dia a dia saiba que não é normal, é errado, gente. Essa fanfic está aqui exatamente pra mostrar isso.
Obrigada pelo feedback maravilhoso de vocês e boa leitura!



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— Isso é claramente alguma armação!

Tiffany e Joy exclamam surpresas com a afirmação de Wendy. Após o almoço, não ficamos no espaço reservado para o estudo como sempre fazemos. Assim que botei meus pés dentro do quarto, me apressei em contar sobre o anuncio que a professora Jeon fez.

— Uma armação? — questiono sem compreender.

Wendy está sentada em minha beliche ao lado de Joy e Gain enquanto eu e Tiffany permanecemos sentadas.

— Mas é claro! Não conseguem ver? — Wendy passa a mão pelas madeixas vermelhas, parecendo irritada.

— O que eu vejo é que o governo está querendo realizar uma celebração ao Dia da Glória maior que a de cinco anos atrás — Tiffany responde, as mão se fechando em punhos. Ela normalmente faz isso quando sente-se nervosa.

— E você pensa que é normal o governo fazer isso? — Wendy encara Tiffany, as sobrancelhas arqueadas numa expressão de incredulidade. — Ele que fez essasleis. Acha mesmo que ele iria contra o que criou?

— Engraçado. Você fala que é o governo, mas faz parecer que a culpa é somente de uma pessoa.

A frase de Gain deixou todas em silêncio. Suspirei, me apoiando na treliche das meninas. Não faz nem mesmo um dia que estamos juntas e há tanta tensão entre elas.

— Porque é somente de uma pessoa — Wendy olha para Gain, um sorriso triste lhe adornando os lábios — E não preciso dizer o nome dele para vocês saberem quem é.

~*~

Depois da conversa que tivemos, Joy sentiu-se mal. Entre nós, ela é a que mais sofre com problemas de cólica, tendo até mesmo desmaiado por conta disso. Como uma boa amiga, me disponibilizei a ir até a enfermaria pegar alguns remédios para ela. Seria bom as garotas passarem um tempo juntas com Wendy sem eu estar por perto, e talvez agora com o mal-estar de Joy elas possam não querer explodir a cabeça uma da outra.

NÃO! ME SOLTA! — paralisei ao escutar gritos vindos da porta um pouco à frente. Ela se abriu e uma garota correu até a outra parede, se apoiando na mesma — Eu não quero voltar! Vocês não podem me obrigar!

— Amber, querida. Você agora é uma Kim. Tem que portar-se como tal — Jeon apareceu na soleira da porta, observando a garota sem nenhuma emoção no rosto pálido.

— Não quero ser uma Kim, não quero...— a menina encostou as costas na parede e foi descendo até o chão, as mãos tremendo assim como todo o corpo. — Ele é mau, professora. E-Eu não aguento mais.

— Você não foi educada e criada para ser assim, Amber.

Ainda paralisada com a conversa, fitei melhor a garota no chão. Seu cabelo é de um castanho quase preto um pouco a baixo de seus ombros. A franja que cobria seu rosto com alguns fios não me permitiu enxergar direito seu rosto, contudo, no instante em que ela olhou para a professora Jeon eu a reconheci.

E fiquei completamente abismada com seu estado.

Amber possuí uma marca roxa enorme em volta de seu olho e alguns arroxeados em seu pescoço. Seu olho bom está com olheira e ela tem uma expressão abatida, a roupa que era para estar impecável encontra-se num estado lastimável.

Eu me recordo dela. Mas como poderia não lembrar? Amber é uma das garotas que nos servem de exemplo.

O Grande Dia dela foi no ano retrasado e não é algo fácil de se esquecer, porque foi sem dúvida nenhuma um dos eventos mais bonito que já tive a honra de ajudar a montar. O Grande Dia é uma cerimônia que é esperada desde o começo do ano, por isso as meninas começam os preparamentos meses antes e como boa vontade das garotas que vão se formar, as mais novas podem ajudar até um dia antes. Naquele ano, Amber era a garota em que menos acreditavam que ia se dar bem, todavia, contrariando todos, seu casamento foi de fato o mais invejável. O vestido que Amber preparou era tão lindo que sem dúvida nenhuma a ajudou conquistar seu marido. Diferente das outras garotas, ela escolheu um tom bege que combinou perfeitamente com sua pele e cabelo. O tal vestido possuía uma gola e os ombros eram tampados, porém seus braços à mostra e um decote fez com que toda a atenção se voltasse à ela. Ele era longo e a deixou com um ar leve e magnífico. Sei disso porque eu ajudei a produzir o mesmo e vesti-la. Seu parceiro no baile e depois futuro marido era ninguém menos do que Kim Kyungseong que, soubemos mais tarde pela professora Jeon, era um dos empresários mais cobiçados do país. Não me despedi de Amber após o Grande Dia, contudo, consegui vislumbrar seu nome ser adicionado ao mural de casamentos mais promissores da escola.

A imagem que tenho dela é tão diferente da que vejo agora.

— Deixe que eu cuido dela, professora Jeon! — Sunkyu surgiu correndo no outro lado do corredor. Em poucos segundos ela já está ao lado de Amber, ajudando a garota se levantar.

— Tem certeza de que vai conseguir agir corretamente aqui, professora Sunkyu? — Jeon a olhou de cima a baixo com evidente desgosto. Sempre soube que existia uma rivalidade entre as professoras, contudo, nunca imaginei que alguém poderia não gostar de Sunkyu.

— Sim. Já cuidei de casos assim antes — respondeu a Jeon, usando um tom incrivelmente firme para ela. Jeon observou a cena por um minuto, e balançou a cabeça concordando. Antes de ir embora, parou e me observou por alguns segundos, antes de retornar a sua caminhada.

— Poderia me ajudar aqui, Yerim?

~*~

A enfermaria é o lugar mais branco de toda a escola. Uma maca fica encostada na parede esquerda enquanto um enorme armário e uma escrivaninha ficam na direita. Sunkyu e eu ajudamos Amber a sentar-se na maca. Sem saber como agir, fechei a porta e encostei-me nela observando Sunkyu pegar algumas coisas no armário.

— Vou ter que tirar sua roupa, está certo? — a voz da professora é tão suave e mesmo desse modo Amber pareceu ficar apavorada. Balançou a cabeça em negação e começou a dizer coisas apressadas de forma apavorada — Hey, hey, querida. Está tudo bem, tá? Não se preocupe. Está segura aqui.

Amber fitou Sunkyu com evidente medo nos olhos e então assentiu. Sunkyu começa a desabotoar a camisa amassada dela, a tirando por completo e pondo delicadamente ao lado de Amber na maca. Se eu pensava que seu rosto e pescoço estavam acabados, assim que avistei seu colo e barriga fiquei estagnada.

Marcas amareladas estão em seu colo e uma marca tão roxa que parece que ela está se deteriorando. Além dessas que são mais visíveis, outras pequenas e vermelhas se espalham por seu tronco.

— Yerim. — Sunkyu me chama e hesitando, ando até as duas — Passe essa pomada nos machucados dela, está bem?

Aquiesço, pegando pomada. Devagar, aperto a mesma até que uma quantidade pequena se forme em meus dedos. Olho para Amber que evita meu olhar e começo a passar nas marcas arroxeadas em seu pescoço. Assim que a toca, ela se encolhe e meu coração se aperta. Sussurro um pedido de desculpas baixinho e continuo passando nas outras marcas.

Assim que termino de passar a pomada, Sunkyu pede que eu me encoste próximo a porta e não deixe ninguém entrar. Faço o que ela me pede. A professora diz algo a Amber que prontamente atende. No momento seguinte, a garota se deita na maca, soltando uns gemidos de dor. Sunkyu levanta delicadamente a saia de Amber, abaixando sua roupa íntima até os joelhos e faz um exame rápido que não compreendo, questionando-lhe algumas coisas, contudo, consigo escutar a última pergunta que ela faz.

Há quanto tempo isso acontece?

A voz da professora soou triste e pesada enquanto Amber tremia e demorava um pouco para responder. Após respirar fundo, a garota respondeu chorosa: — Há quase quatro meses. Eu perdi meu filho, professora. Depois disso, não consegui mais...— Amber soluçou e Sunkyu afaga seu braço num ato de consolo — Pedi a ele um tempo, para esperarmos, mas...Ele não me ouviu. E agora ele anda tão irritado por causa dos problemas do governo, não o reconheço mais. Não me casei com esse homem. Se ele fizer mais uma vez o que fez comigo, não vou aguentar.

— Você precisa ser forte agora, Amber — Sunkyu diz, ainda afagando o braço dela.
— Não sei se consigo.— a garota tampa os olhos com os braços e soluça — Eu me odeio.
Não fui capaz de ficar até o final e ajudar a professora com Amber. Ver a pessoa que tantas garotas estimam ser nesse estado foi devastador. Pedi uns comprimidos de cólica para Sunkyu e me despedi rapidamente das duas.
Quando sai da sala Amber ainda estava com os olhos tampados e chorando.

~*~


Demoro um pouco para começar a voltar para o quarto, pois parei num canto qualquer para me recuperar do que presenciei. Parece besteira ficar assim, quando quem tem que se recuperar de alguma coisa é Amber, todavia, vê-la daquele jeito foi hediondo. Descobrir que o que idealizamos desde pequenas pode se tornar em algo assim.
Chego ao quarto, e como se eu estivesse num pesadelo, vejo alguém que não é uma das garotas paralisada em frente a beliche. Sinto meu coração perder uma batida e entro me posicionando em frente a Wendy, que está tão paralisada quanto a outra garota.
— Não é o que você está pensando...
Seulgi olha para mim com os olhos completamente arregalados. Engulo em seco e começo a planejar em minha mente as palavras que cuidadosamente irei dizer para não contar nada a diretora quando de repente ela fecha os olhos e cai dura no chão. Um pouco atrás de onde ela estava parada, Joy me fita com uma expressão desesperada enquanto segura sua caixinha de ferro.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ♥
Entrem no grupinho que eu fiz pra fanfic: https://www.facebook.com/groups/750986605004221/
Vou aceitar as pessoas que pediram pra entrar hoje! Lá terá mais informações sobre a sociedade em que a história está se passando (e pequenos, não muitos, spoilers) e sobre os personagens haha. Espero vocês lá!
Bjsbjs e até daqui a pouco.



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