Born To Die escrita por Sabsyoda


Capítulo 4
Capítulo 3




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O clima mudou de uma forma estranha. O vento passou por meus cabelos e queimou meu rosto naquela conhecida forma gélida. Sinto que paralisei por alguns segundos, não porque eu quis, mas de um jeito involuntário. Meus olhos se prenderam na figura caída em minha frente com o vermelho vivo não só em seus cabelos. Essa é a terceira vez que vejo pessoalmente sangue em grande quantidade. A primeira foi quando Joy ralou o joelho caindo na escada e a segunda foi Miryo escorregando no piso molhado e batendo a cabeça. Na primeira, uma simples lavagem com sabão e um pequeno band-aid resolveram, na segunda foi preciso levar ao médico. E agora?

Meu estômago se embrulha ainda mais ao perceber que o sangue da garota desconhecida está em minhas mãos.

Eu vou morrer...— a menina sussurra e pisca os olhos – Droga, droga! Devia ter prestado atenção no que Yeun disse.

Fecho minhas mãos em punho tão forte que acredito que minhas unhas vão perfurar a carne de minha mão e eu também começarei a sangrar. Lembro do trabalho que Tiffany teve ao pintá-las num tom rosa bebê e me xingo mentalmente por pensar nisso em um momento como esse.

Eu deveria chamar alguém, talvez uma das guardas da nossa propriedade. Ou então a diretora, ela saberia o que fazer com a garota. Provavelmente ofereceriam um quarto para ela ficar e então a preparariam para o Grande Dia, assim como todas as outras meninas. É a única coisa que me vem a mente.

Contudo, por que quando penso nessa possibilidade, meu coração se aperta? O que ela disse mesmo? "Se você chamar alguém, nós duas vamos morrer". Eu não quero morrer ou que ela morra. Isso seria horrível. Mas como posso acreditar nela? Mal a conheço. E se eu a levar para dentro de nosso campus, e ela fizer alguma atrocidade contra alguém? Eu seria a responsável por cuidar dela.

Talvez seja por isso que ela disse que íamos morrer.

 – Não se preocupe. – digo, mas não boto fé em mim mesma. Minha voz falha no final e tenho que engolir em seco para voltar a falar – Vou fazer o que é certo.
A garota dá risada em meio a dor. Seus olhos brilham e posso jurar que ela vai começar a chorar a qualquer segundo.
— Acho que nós temos conceitos diferente sobre o certo e errado.
A agonia toma conta de mim. Olho mais atentamente para a garota e sinto que ela não deve passar dos vinte e três anos. Consigo sentir o desespero vindo dela e isso me deixa ainda mais pior. Seus olhos encontram os meus diretamente e isso me desmonta. A coloração é quase a mesma que está nos dedos de Joy, um violeta forte e intenso. E se a desconhecida fosse ela? E se fosse Joy ali, ou Tiffany, ou Gain sem nenhuma esperança de sobreviver? Quem as ajudaria? E se a pessoa fizesse o mesmo que eu planejo fazer: dar as costas para seu pedido de ajuda e deixá-la no escuro, sem ajuda alguma.
Não consigo fazer isso.
O que eu poderia fazer? Fito o local onde estou, tentando encontrar alguma forma de ajudá-la. Como a faria passar pelo portão sem ninguém perceber que estou com uma estranha? Meus batimentos cardiacos começam a acelerar e tenho que respirar fundo para manter a calma. A primeira coisa que a professora Lee nos disse foi para manter a calma em qualquer situação de perder o controle. Se não estamos calmos, não conseguimos pensar e achar uma solução. Ou no caso, ajudar alguém.
Meus olhos param nos sacos de lixos vazios jogados ao meu lado. Eu os trouxe junto para cá por não ter tempo de deixá-los em meu dormitório. O que foi que a segurança disse mesmo?
"Se for para ficar muitos sacos lá no poste, não coloque todos. Traga alguns de volta e pode guardar na dispensa até amanhã. Recebemos reclamações do acumulo de lixo por lá."

Engulo em seco mais uma vez. Minhas mãos estão suando e sinto uma dor aguda na cabeça, mas não deixo me abater.

— Eu vou tirar você daqui. – a garota diz algo que não compreendo e eu suspiro – Não vou contar para ninguém que possa nos castigar. Prometo.

Ela pisca algumas vezes e lágrimas caem pelo rosto alvo.

— Mas você precisa me ajudar...– digo e pego, trêmula, os sacos vazios – Vou te colocar nesse saco de lixo e te levar lá pra dentro. Tem duas...– sinto o ar fugir por um momento e paro para tentar respirar melhor – Duas guardas no portão. Talvez elas tentem olhar dentro do saco, então vou ter que jogar lixo em cima de você – os olhos violetas da garota se arregalam e eu me apresso para tocar em seu braço, numa forma de acalmá-la – Não vou deixar que ninguém faça nada com você. Mas preciso que você colabore, se alguém souber o que estou fazendo...– a dor aumenta em minha cabeça – Ai nós não vamos morrer, porém vai ser algo bem próximo disso. Você vai me ajudar a te ajudar?

Ela responde um 'sim' tão baixo que demoro para perceber que respondeu. Ainda meio trêmula, abro o saco e o mantenho aberto para que ela possa entrar.

— Você vai ter que abraçar suas pernas para poder entrar de forma certa. – digo e assim ela o faz. Ouço um gemido de dor quando ela abraça as próprias pernas e um pouco de sangue sai mais de seu ferimento, – A-Agora só falta o lixo.

Me viro para abrir um dos enormes sacos cheios de lixo. Ignoro o odor horrível que sai dele e tento pegar as coisas menos sujas que vejo. Papéis amassados, pedaços de panos jogados foras e restos de comida do lixo da cozinha.

Me desculpe.— peço, antes de jogar tudo em cima dela que fica quieta durante todo o momento.

Amarro o saco no final e tento levantá-lo. Não consigo. Pego outro saco e o coloco com muito custo por cima do outro. Amarro mais uma vez e me agacho na frente dele.

— Vou te arrastar agora e você vai ter que ficar em silêncio, pelo menos até chegarmos ao meu dormitório. – digo, esperando que ela ouça – Eu realmente sinto muito se te machucar mais.

Começo a arrastá-lo e em nenhum momento ouço algum barulho. Ela realmente está dando tudo de si para não proferir nenhum som.

Chego perto do portão e ele é aberto sem eu dizer nada. A mesma guarda que falou comigo antes para ao meu lado.

— Está trazendo de volta? – ela aponta para o saco de lixo.

— S-Sim. – gaguejo e tento sorrir de forma normal, mas temo que não tenha conseguido – Achei que ia ficar muito lixo lá fora e ai lembrei do que você me disse.

— Ah sim – ela balança a cabeça, concordando com o que eu digo – Pode ir em frente, então. Deixe o lixo na dispensa antes de ir dormir.

Assento e torno a puxar o saco, ignorando meu nervosismo. Minhas mãos suadas se tornam geladas por causa do vento e quase piso em falso.

— Espere um minto! – paraliso e meu coração perde uma batida – Esqueci que tenho que verificar o que tem dentro do lixo quando ele volta. Sabe como é, normas da escola.

— Claro. – minha voz afina e tenho que pigarrear para fazê-la voltar ao normal – Vou abrir o saco e...

— Deixe que eu faço isso. – a guarda se aproxima de mim e toma a ponta do saco da minha mão. Ela desamarra o primeiro nó e se depara com outro saco – Você colocou em dois?

— É que estava rasgando.

Ela não diz mais nada. Abre o segundo nó e sinto meus dedos começarem a tremer novamente. Minha testa fica molhada pelo suor, e querendo me acalmar, passo a mão trêmula para limpá-la.

A mulher olha dentro do saco e mexe um pouco nele. A dor em minha cabeça volta e sinto que se ela demorar mais um pouco para averiguar, vou acabar desmaiando aqui mesmo.

— Eca! Lixo da cozinha. – ela faz uma careta e então larga a ponta do saco. Solto a respiração que nem mesmo tinha reparado que estava segurando – Leve logo isto daqui. E feche bem, o cheiro disso é horrível.

Concordo e rapidamente amarro as duas pontas. Volto a arrastar o saco e só paro quando já estou dentro do campus, parada perto do banheiro. Sinto minhas pernas fraquejarem e caio sentada.

Não acredito...Ela não a viu...— dou risada, nervosa, e algumas lágrimas caem dos meus olhos. Minhas mãos tremeram tanto que agora as sinto dormentes. Não posso acreditar que consegui trazer a garota para cá sem ninguém notar. Se alguém descobrisse...Balanço a cabeça, como se para tirar esse pensamento dela. Fico sentada no chão, normalizando minha respiração e me acalmando por alguns minutos até perceber que esqueci de algo importante.

A menina!— sussurro, afobada.

Desfaço os dois nós e tiro os lixos de dentro do saco. Com pesar, percebo que pus muito mais lixo do que o necessário, mas foi por puro medo de sermos castigadas. Depois de tirar tudo, encontro a garota com uma das mãos em suas pernas, as abraçando, enquanto a outra cobria seus olhos e nariz.

— Me desculpe...– sussurro e toco em seu ombro levemente – Hey, você está acordada?

A mão desce até suas pernas e a garota abre os olhos.

— Obrigada.

Não consigo responder, e mesmo que conseguisse, não saberia. Apenas a ajudo se levantar com cuidado, esperando que não façamos nenhum barulho.

— Você está toda fedida por minha causa...– comento, tirando alguns papéis que se enroscaram em seus cabelos.

— Melhor fedida do que morta.

Não respondo, pois ela está certa. Recoloco o lixo no saco e o fecho. Digo a garota para ficar em silêncio dentro do banheiro que eu já voltaria para ajudá-la. Andando de maneira silenciosa, vou até a dispensa e guardo o saco lá.

— Yerim?

Fecho a porta da dispensa num baque e me viro para frente assustada. Em minha frente, uma garota está parada como se segurasse o riso.

Jiyoon? —  indago e observo um sorriso surgir em seus lábios. Seu cabelo que antes era tão grande quanto o meu, está na altura do maxilar, a deixando com uma aparência mais fofa – Você quase me matou de susto!

— Não é muito difícil fazer isso, nunca vi pessoa mais assustada que você – ela ri e olha para trás de mim – O que você estava fazendo essa hora aqui, hein?

— E-Eu vim guardar o lixo na dispensa.

— Ah, é mesmo. Você ficou responsável pela coleta do lixo, né? – aquiesço e ela balança a cabeça para o lado pensativa – Que droga. Esse serviço nem é tão legal assim...

— Eu que o diga.

Ficamos num silêncio constrangedor por alguns segundos e sinto meu rosto esquentar.

— Você cortou seu cabelo? – comento, olhando para as madeixas agora curtas.

— Sim. Ficou bom? – ela dá uma voltinha e passa a mão em algumas mexas.

— Combinou com você. – e realmente combinou. Não existem muitas pessoas que ficam bem em qualquer corte.

— Ai que bom! – ela dá uns pulinhos e seu sorriso aumenta – Cortei para me solidarizar com a Mina. Vocês viram o que fizeram com o cabelo dela?

Ah, então aquela menina que eu e Gain vimos chorando era mesmo a Mina.

— Vi... – suspiro – Não sei porque algumas garotas insistem em ser tão más assim.

— É. Disseram que vão atrás da Momo agora – a expressão de Jiyoon se fecha e ela bufa – Como se já não bastasse a forma desumana que tratam a Tzuyu. Eu sei que elas são de outra etnia e isso por si só já as qualifica como inferiores, mas é preciso essa maldade toda?

Jiyoon divide o quarto com Mina, Momo, Tzuyu e Eunji e por várias vezes se prejudicou por causa das meninas. Não que isso abalasse o jeito gentil dela com as outras. Geralmente, quando Jiyoon ou Eunji estão por perto, ninguém faz nada contra as garotas por consideração à elas.

— Isso é bem maldoso, mesmo. – comento, surpresa por Jiyoon ter essa opinião.

É claro que eu não deveria ficar tão surpresa assim por ela ter esse jeito de pensar, contudo, o que me deixa surpresa é o fato dela falar isso tão abertamente. Se alguma superior escutar o que ela diz aqui, provavelmente a castigaria com algo leve. A maioria das professoras e a própria diretora não veem maldade nisso, já que por elas por terem nascido assim tem que se acostumar com qualquer palavra mal-intencionada ou atitude agressiva que lhes são direcionadas.

— Fico feliz que tenha mais gente que pense assim. – ela olha para os lados antes de se virar para a direção que eu iria antes de encontrá-la – Quer uma acompanhante tagarela até o seu quarto?

— Na verdade, eu vou passar no banheiro antes... – Jiyoon ergue uma sobrancelha, confusa – É que eu me machuquei e...

Ai minha nossa! É muito sério?! – seus olhos passam da minha cabeça até os pés a procura de um ferimento – Você precisa de ajuda em algo?

— Não, não...É só uma coisinha. – faço um gesto com a mão de desdém – Não é nada. Pode ir para o seu quarto.

— Tem certeza?

— Tenho. – dou dois tapinhas leves em seu ombro, a incentivando ir andando – Sei me cuidar. Além do que, é a Sulli que está de olho em quem já foi para o quarto, sabe como ela é.

Ah...— o rosto de Jiyoon se contorce numa careta e ela aquiesce – Tem razão. Bem, qualquer coisa dá um toque lá no meu quarto. Sei que a Eunji é muito boa com primeiros socorros.

Hmmmm, Jiyoon!— a chamo quando ela começa se afastar – Você pode chamar a Tiffany para mim?

~*~

Abro a porta do banheiro o mais silenciosamente possível e fecho da mesma maneira. Acendo a luz e busco em meio ao enorme espaço a garota de cabelos vermelhos.

O banheiro é como se fosse três quartos juntos. No centro que é um circulo, o piso é mais fundo e vários ralos pequenos são distribuídos por ele. No teto existe um aparelho como se fosse um enorme chuveiro que lança jatos fracos de água. Ao redor, cabines são dispostas com vaso sanitário dentro e lixeiras. No final do cômodo, um único espelho de corpo está grudado na parede ao lado de cinco pias e um armário que guardamos o kit de primeiro socorros.

Ando até o armário e pego o kit, para então procurar nas cabines a garota. Na sexta cabine, a encontro apoiada no vaso com os olhos fechados.

— Por um momento, pensei que você tinha fugido – solto sem pensar e fico em silêncio.

Seus olhos se abrem e seu intenso olhar violeta cai sobre mim.

— Bem que eu queria poder fugir – ri de forma fraca.

Me agacho ao seu lado e encosto em sua perna. Ela a estica de modo que consigo observar melhor o ferimento.

— Você sabe limpar ferimento de bala? – ela indaga.

— Não, mas eu chamei uma amiga para me...

— Você fez o que?! – sua expressão se torna agoniada por alguns segundos.

— Eu não conseguiria fazer isso sozinha – digo – Ela é confiável, eu juro. E é uma das melhores na aula de primeiro socorros.

Ela me fita nervosa e então suspira.

— Se você diz...

Ficamos em silêncio depois dessa conversa. Permanecemos assim até o momento em que a porta do banheiro se abre e Tiffany aparece na entrada.

Porém, ao contrário do que eu esperava, ela não está sozinha. Gain e Joy aparecem junto.

— Yerim? – Tiffany sussurra, olhando ao redor com uma expressão preocupada. Quando seu olhar para em mim, sua expressão se suaviza e ela começa a andar até onde estou – Está tudo bem? A Jiyoon apareceu lá no nosso quarto e me chamou dizendo que você tinha sofrido um acid...

Suas palavras morrem no instante em que ela para ao ver a garota ao meu lado.

Yerim, quem é ela?— a voz de Tiffany soa aterrorizada. Nunca presenciei Tiffany com uma expressão de medo como ela está agora.

— Fany, o que foi que...? – Joy se aproxima e paralisa atrás de Tiffany. Gain se aproxima em silêncio, a expressão de puro choque.

Quem é essa? – o medo na voz de Gain é óbvio de notar – O que ela está fazendo aqui?

— Nós temos que chamar alguém. – Joy sussurra. Seu rosto começa a ficar mais pálido que o normal.

— A diretora. – Tiffany diz e passa a mão pelo cabelo, numa atitude nervosa – Alguém precisa chamar a diretora. Ela vai saber resolver isso.

— Não! – minha negação quase sai num grito. Minhas companheiras me olham, pasmadas. – Não podemos chamar a diretora!

— E você quer que nós façamos o que? – Tiffany questiona gritando. Seu rosto torna-se pálido igual ao de Joy e ela dá um soco na própria perna – Que droga, Yerim! Por que você a trouxe para cá?! Mal a conhecemos!

— Porque ela podia ser uma de vocês! – também estou gritando. Me levanto e puxo Tiffany para mais perto – Olha pra ela, Tiffany! Ela levou um tiro. A droga de um tiro. O que você queria que eu fizesse? A deixasse lá para morrer? Não conseguiria viver com esse peso. Não sou assim.

Ela tá sangrando...?— Joy questiona baixinho e dá dois passos para trás. Tenho medo que ela desmaie, mas não me aproximo dela por medo de deixar a desconhecida sozinha.

— É claro que ela está sangrando, ela levou um tiro! – digo.

Ela é uma Rebellis?— Gain pergunta. Sua indagação deixa tudo num silêncio absoluto.

Meu coração bate mais acelerado e a vontade de chorar aparece. Olho para o rosto da garota, que observa tudo quieta. Ela não seria uma Rebellis, não é?

A professora Jeon sempre categorizou Rebellis como a escória da sociedade junto com pessoas de outras raças, cores e etnias, só que de uma forma pior. Elas lutam por algo que não tem direito e por pessoas que não valem toda a dor, são cruéis e assassinas. Se tornar uma Rebellis é a pior coisa que uma garota pode querer ser. Como poderia essa garota tão indefesa ser o monstro que todos nos falam sobre?

— Sabe, vocês poderiam parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui.

Todas nós olhamos para a garota que se ajeita na cabine.

— E sim, você está certa. Eu sou uma Rebellis – Joy arfa, Gain engole em seco e Tiffany permanece parada. Fito a menina sem acreditar em suas palavras – Mas ao contrário do que vocês pensam, nós não somos esses monstros que nos acusam de ser.

— Como é que é?! – Tiffany explode e volta a gritar – Por que raios acreditaríamos em você?

E por que não? — a garota rebate a pergunta. – Nunca se perguntaram o porquê de algumas garotas sumirem sem motivo? Por que vivemos desse jeito? Sem direitos, ideais, vontades? Sem amor? Essa palavra ainda é proibida aqui? – ficamos em silêncio e ela ri de maneira triste – Vocês ao menos sabem o que é isso?

— Ela disse uma palavra proibida – Joy sussurra depois de segundos. Ela pisca os olhos e sei que está lutando para não cair no choro.

— Você ao menos sabe o porquê dela ser proibida? – a garota questiona – Eles sempre mentiram para gente. Desde pequenas somos forçadas a acreditar em algo que não é a verdade.

— Eles quem? – não consigo me conter e pergunto.

— Todos. A sociedade, o governo...Os chame como quiser. Eu chamo de Destruidores de Sonhos, porque é isso o que eles são.

Fico quieta, um briga interna se formando dentro de mim. Fiz errado ao colocá-la para dentro e sem nem sequer saber sobre ela? Talvez, muito provavelmente que sim. Mas as coisas que ela disse, que eu sempre me questionei quando todas apenas abaixavam a cabeça e aceitavam tudo como era. Não posso negar que fiquei curiosa sobre tudo. Não é certo o modo que tratam Tzuyu, Momo e Mina, mas alguém vê isso? Pior, alguém se importa com elas? E não só elas, mas todas as garotas.

— Nós vamos chamar a diretora. É o certo a se fazer – Tiffany diz.

— Vocês não vão fazer isso.

— Como pode ter certeza disto? – Tiffany a encara, mais nervosa que antes.

— Por causa dela – a garota aponta para mim – Ela me trouxe até aqui e prometeu que me ajudaria. Confio nela.

Sinto meus dedos ficarem gelados e respiro fundo.O que foi que a professora Bae disse mesmo?

"Não sei como, mas eles descobriram! Se você saísse hoje, provavelmente morreria baleada e seria mais uma entre muitas das garotas que somem daqui e ninguém dá uma desculpa aceitável!"

— Não podemos dedurá-la. – digo e ignoro a expressão transtornada de Tiffany – Qual é, meninas! Nunca pararam para pensar no que ela disse? Eu quero respostas.

— Não é com ela que vamos encontrá-las.

— Você está errada, Fany. Você se lembra da Miryo? A nossa amiga? – a expressão dela se suaviza e eu engulo a vontade de chorar – Você teve alguma notícia dela? Porque eu não tive. Não acha estranho não sairmos daqui para ao menos visitá-la?

— A professora Jeon...

— Ela só nos disse que teríamos que esperar e não disse mais nada! Não disse se ela está bem, se está mal, se sente a nossa falta! Eu sinto a falta dela. E quero descobrir o que aconteceu com ela – viro-me para a desconhecida e aponto para ela – E se essa Rebellis é a resposta para isso, eu não me importo. Faço qualquer coisa por minhas amigas.

Mais uma vez ficamos em silêncio. Contudo, dessa vez o silêncio é diferente dos outros, um tipo de calma parece nos atingir e sei que elas vão concordar em mantê-la em segredo pela expressão triste de todas. Sei que elas também sentem a falta de Miryo e querem saber onde e como ela está.

— Tudo bem... – Tiffany diz e suspira – Mas antes de nós te ajudarmos ainda mais do que já estamos, temos que saber qualquer informação que você possa ter sobre a nossa amiga.

—  Bem, isso é fácil de aceitar – a garota ri e então faz uma careta de dor – Caramba, essa bala realmente acabou comigo. Ah, a propósito, meu nome é Wendy.


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Notas finais do capítulo

ai meu Deus uma Rebellis :v
O que vocês acharam? A Yerim tá fazendo o certo? Essa Wendy parece confiável? Cadê a Miryo? Como elas vão conseguir manter uma garota escondida numa escola cheia de regras? Aaaaaaaaaaaaaaaah.
Quem começou a ler pelos rapazes e até agora não apareceu nenhum (até porque é proibido né gente hahahahah), não se preocupe! Uma hora eles vão aparecer ♥
Bjsbjs
ps: quem achou que era a Wendy? tem muita idol que já teve o cabelo vermelho né :v



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